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Quero agradecer o amável convite para estar presente. neste Atlantic Business Forum. Esta semana tem sido,

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1 Atlantic Business Forum

5 de junho de 2015

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Quero agradecer o amável convite para estar presente neste Atlantic Business Forum. Esta semana tem sido, em Portugal, uma semana virada para o mar. Como certamente sabem, estamos a acolher a primeira Semana Azul, dedicada ao papel dos oceanos no crescimento económico.

A realização deste Fórum nesta mesma semana é, portanto, uma coincidência muito feliz e uma

excelente oportunidade para refletir sobre o papel muito particular que o Oceano Atlântico tem para Portugal.

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A narrativa portuguesa sobre política externa tem, de facto, no Oceano Atlântico um dos seus elementos centrais. A posição geográfica portuguesa, “à beira-mar plantado”, impeliu-nos historicamente para o beira-mar. Os Descobrimentos foram, ao longo de séculos, o

esteio de toda a política e economia de Portugal. Hoje os tempos são outros. A transição para a

democracia em Portugal – para cujo sucesso foi, aliás, fundamental a relação transatlântica e o papel dos Estados Unidos da América – consolidou a posição de Portugal como um país não só Atlântico, mas também europeu, num movimento de aproximação ao

continente que vinha já desde a instituição da República no início do século XX.

Mas essa transição nunca constituiu uma escolha dilemática para o meu País, tendo, antes, permitido

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uma nova forma, plural e moderna, de olharmos o Atlântico.

Somos, hoje, um país simultaneamente atlântico e europeu e entendemos a nossa pertença a ambos os espaços como duplamente benéfica, quer em termos de segurança, quer em termos económicos.

Esta visão não se esgota, aliás, na definição das nossas políticas nacionais. Defendemo-la ativamente também dentro da UE: a visão de uma Europa aberta ao

Atlântico e ao Mundo.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

A nossa pertença à NATO e a manutenção até agora de uma relação privilegiada na área da defesa com os Estados Unidos, alicerçada na cedência de facilidades militares nos Açores e num vasto conjunto de

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programas de cooperação, é um dos principais pilares das nossas políticas externa e de defesa e que

queremos manter.

A contribuição de Portugal para a segurança

internacional tem sido, por isso, sempre enquadrada naquelas que são as prioridades da NATO. Relembro, por exemplo, que o principal esforço nacional de

participação em operações de manutenção de paz – em termos de homens e de sustentação no tempo – se

centrou nos Balcãs – um espaço que, em teoria, nos seria pouco familiar – durante quase duas décadas e no quadro de operações, tanto da aliança atlântica, como da União Europeia.

Também no que diz respeito ao relacionamento entre a União Europeia e os EUA em matéria de segurança e defesa, olhamos de forma muito positiva para os

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benefícios de eficiência e ganhos de escala que podem resultar de um aprofundamento sério da política de defesa na Europa, em estreita cooperação com a aliança atlântica, cujo papel é insubstituível. Durante algum tempo, tendeu-se a olhar para o

investimento na defesa como um fator incentivador de um eventual desinvestimento estratégico dos Estados Unidos na Europa. Na minha perspetiva, essa análise não pode ser mais errada. A UE e os países europeus têm interesses e responsabilidades específicos. A manutenção da paz dentro da Europa foi um dos objetivos fundadores do projeto europeu.

Hoje, mais do que nunca nas últimas décadas, são a paz e a estabilidade na nossa vizinhança que devem ser uma preocupação fundamental. Só com um

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podemos garantir um grau de envolvimento

equivalente na manutenção da estabilidade regional por parte do nosso principal aliado.

Nos últimos anos, a forma como a União Europeia e os Estados Unidos têm trabalhado em conjunto no que diz respeito aos principais temas de segurança

internacional revela bem a comunhão de valores democráticos e pacíficos que fundamenta o nosso relacionamento.

A reação coordenada à invasão da Crimeia pela Rússia – um grave atentado à legalidade internacional em pleno solo europeu – parece ter simultaneamente posto em causa os mitos do desinvestimento americano na

Europa e da incapacidade europeia de adotar posições coerentes em matéria de política externa. O regime de sanções imposto à Rússia, em total coordenação entre

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a UE e os Estados Unidos, visa repor a legalidade internacional, ao mesmo tempo que continuamos a demonstrar a vontade e a capacidade de continuar a trabalhar com a Rússia em matérias da maior

importância, como a proliferação nuclear.

Na verdade, para além da UE, a Rússia é a única outra verdadeira potência regional na Europa. Por isso, o nosso relacionamento é crucial para uma Europa pacífica e estável, mas também para a segurança internacional. Ao mesmo tempo que fazemos um esforço no sentido de manter um diálogo aberto e construtivo com Moscovo, esperamos que, pela outra parte, sejam respeitadas as obrigações muito

particulares que resultam do papel internacional que lhe é reconhecido.

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Foi isso que aconteceu o caso nas negociações com o Irão para limitar a proliferação nuclear. Esse é um bom acordo que deve agora ser cuidadosamente

implementado, já que o estabelecimento de condições para um melhor diálogo político com o Irão poderá ser positivo para todo o Médio Oriente.

De facto, a Europa e os Estados Unidos encontram hoje no Médio Oriente e no Norte de África o principal

desafio para a segurança internacional. As

intervenções militares que conduzimos na última década não conduziram à estabilização política da região. Pelo contrário, as situações vividas na Síria, no Iraque e na Líbia são atualmente de uma gravidade extrema e exigem uma abordagem política conjunta urgente por parte dos Estados Unidos, da Europa e da

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comunidade internacional, com o pleno envolvimento dos países da região.

Por estas, mas também por outras razões que a falta de tempo me coíbe de enumerar, considero

fundamental a manutenção, aos níveis político, de segurança e de defesa, de uma relação transatlântica forte e coesa. Não é apenas a estabilidade das duas margens do Atlântico que o exige, mas, igualmente, a própria segurança mundial que o determina.

Minhas Senhoras e Meus Senhores,

As relações transatlânticas têm ainda muito a ganhar com um novo impulso económico. A crise económica global afetou gravemente o funcionamento das nossas economias e estamos agora, finalmente, a consolidar a saída da crise, embora a ritmos diferentes.

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A conclusão do TTIP, que espero possa ocorrer a breve trecho, permitirá aumentar o potencial de crescimento das economias dos dois lados do Atlântico e aumentar as oportunidades para as empresas europeias e

americanas poderem investir e negociar de forma mutuamente benéfica. De resto, serão as Pequenas e Médias Empresas que mais terão a ganhar com um bom acordo comercial, já que não são as grandes

multinacionais que mais beneficiam deste tipo de acordos. Tenho, aliás, a certeza que nenhum de vós aqui presente teve qualquer dificuldade em comprar um telemóvel da Apple na Europa, assim como nenhum americano tem dificuldade em comprar um carro BMW nos Estados Unidos. As PME continuam, contudo, a enfrentar pesadas barreiras não-tarifárias e

regulatórias que as impossibilitam de fazer negócios na Europa ou nos Estados Unidos.

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Ao mesmo tempo, um acordo comercial ambicioso entre os dois principais blocos comerciais do mundo, terá um impacto muito positivo na economia mundial, não só na contribuição direta para o crescimento

económico, mas, também, devendo influenciar positivamente os standards de regulação global em áreas tão diversas como a propriedade intelectual e a proteção dos investimentos.

Esperamos que nos próximos meses, de um lado e doutro do Atlântico, seja possível reunir as condições políticas para avançar decisivamente no sentido da conclusão, até ao final de 2015, de um acordo justo e equilibrado, conforme foi já expresso pelo Conselho Europeu.

Portugal, dada a natureza do nosso tecido empresarial – com médias empresas que à escala europeia são

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relativamente pequenas – poderá ser particularmente beneficiado por um acordo com os EUA. O nosso tecido empresarial é, na sua grande parte, composto por

PMEs, menos de 10% das quais exportam para fora do mercado europeu.

O estudo que conduzimos sobre o impacto potencial do TTIP estima em 0.75% o aumento do nosso PIB e em 40 mil os novos empregos. Mesmo sendo difícil avaliar, com toda a certeza, o impacto de um acordo desta natureza e dimensão, o TTIP será certamente um bom impulso para o esforço de internacionalização e

abertura da sua economia que Portugal terá, nos próximos anos, de prosseguir. E se olharmos

especificamente para as barreiras pautais que ainda existem, percebemos que as principais exportações portuguesas para os EUA estão entre aquelas

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especialmente afetadas pelos “picos tarifários” que os EUA aplicam, nomeadamente ao calçado, alguns

têxteis e às conservas de peixe, em especial de atum. Mas mesmo na ausência de um acordo comercial,

Portugal mantém, desde 1997, uma balança comercial positiva com os EUA, num caso único e singular no panorama do comércio bilateral extracomunitário português. Nos últimos anos, tem-se igualmente registado um forte investimento de empresas

portuguesas nos EUA, com destaque para a área da energia e da saúde.

Em 2014, as exportações portuguesas para os EUA aumentaram 5,6%, consolidando quatro anos

consecutivos de elevado crescimento, durante os quais as exportações duplicaram, passando de mil milhões

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para mais de dois mil milhões de euros, transformando os Estados Unidos no quinto cliente de Portugal.

Este aumento das exportações ocorreu em simultâneo com uma diversificação de sectores, com destaque para a exportação de medicamentos que subiu 309% e do calçado que teve um aumento de 69%.

Minhas Senhoras e Meus Senhores,

As relações transatlânticas oferecem ainda um enorme espaço para aprofundamento numa outra área, a

energia, que pode claramente ser valorizada, com consequências positivas em termos económicos e de segurança. A União Europeia e os Estados Unidos podem fazer mais – e fazer mais em conjunto – no

combate às alterações climáticas e na definição de um mercado global de energia mais equilibrado e que

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assegure a transição energética para uma economia de baixo carbono.

O compromisso dos Estados Unidos com a Cimeira de Paris, no final do ano, é absolutamente crucial e muito bem-vindo. Juntos, os dois principais blocos

económicos mundiais contribuirão não só para uma

ação global mais decidida por um ambiente sustentável – influenciando, igualmente, nesse sentido quer os

países desenvolvidos, quer os países emergentes – como poderão estabelecer incentivos de mercado essenciais para o investimento e a inovação por parte das empresas, aliando a sustentabilidade ambiental e o crescimento económico. Na transição para uma

economia de baixo carbono, a forma como podemos trabalhar juntos na definição de um mercado global de Gás Natural Liquefeito poderá trazer uma nova

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centralidade geopolítica e geoeconómica ao Atlântico, contribuindo para uma nivelação, a nível global, dos preços dos hidrocarbonetos e para a limitação da utilização do gás como instrumento político. Neste contexto, a posição geográfica de Portugal e da

Espanha pode-lhes permitir ser a porta de entrada para uma verdadeira União para a Energia na Europa, cujo centro se desloque de leste para o Atlântico.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Mas outras razões concorrem igualmente para que Portugal seja um firme defensor de uma relação forte e estreita com os Estados Unidos.

Vivem naquele país mais de 1.4 milhões de pessoas que reclamam uma ligação a Portugal, que nós muito

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A cooperação científica entre o meu país e os Estados Unidos ascendeu já a um nível de excelência, através de parcerias entre as nossas Universidades e as suas congéneres nos EUA como o Massachusetts Institute of

Technology (MIT), a Carnegie Mellon, a University of Texas/Austin e a Harvard Medical School, em áreas tão

distintas como a engenharia de sistemas, a bioengenharia, medicina, gestão, computação avançada, tecnologias de informação ou

nanotecnologia. Destes projetos resultaram já várias

start-ups, registos de patentes e invenção de produtos.

A qualidade da ciência produzida tem sido evidenciada pela atribuição de prémios internacionais e de boas posições em rankings mundiais. Dois cursos

portugueses de MBA associados ao MIT foram incluídos no ranking dos 40 melhores a nível mundial, tendo o

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próprio MIT considerado o programa com Portugal como a sua melhor parceria.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Se a mera localização geográfica de Portugal constitui, por si só, fator mais do que suficiente para que

reclamemos o contínuo reforço desta relação, a verdade é que o meu país olha para o outro lado do Atlântico com ambição e com o firme empenho em, tanto ao nível bilateral, como ao nível europeu, aprofundar, em todos os domínios, uma relação transatlântica de enorme potencial futuro, um

relacionamento que só pode trazer vantagens mútuas e que será sempre um pilar fundamental do nosso

desenvolvimento social, do nosso crescimento económico e da estabilidade mundial.

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Muito obrigado

Referências

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