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PALAVRAS-CHAVE: Estágio Supervisionado, Prática docente, Alfabetização.

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Academic year: 2021

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Soraneide Soares Dantas³

UMA EXPERIÊNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES II DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UFRN:

REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA DOCENTE, A FAMÍLIA E A MOTIVAÇÃO DO ALUNO

RESUMO

O presente trabalho trata sobre a experiência do Estágio Supervisionado de Formação de Professores II do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Ele é resultado das experiências vivenciadas durante a realização do projeto Cantigas de Roda: brincadeira, práticas de leitura e escrita, na turma do 2º ano “B” do Ensino Fundamental I da Escola Estadual Joaquim Torres, localizada no Bairro de Lagoa Nova em Natal/RN. O objetivo do trabalho foi desenvolver uma reflexão acerca de nossa prática docente realizada durante o estágio: as diversas possibilidades de trabalho com o gênero cantigas de roda em uma turma de alfabetização; as dificuldades e desafios encontrados em uma sala de aula com alunos em diferentes níveis de escrita; a necessidade de adaptar as atividades as necessidades de aprendizagens dos alunos; o papel da família no processo de alfabetização dos educandos, principalmente quanto ao envolvimento ou omissão dos pais ou responsáveis em relação a um acompanhamento pedagógico que precisam ter em casa, essa é uma questão importante que também será destacada e analisada, a fim de evidenciar os benefícios ou malefícios para o desenvolvimento das crianças; por fim discute-se a importância de motivar o aluno por meio da ludicidade, para que ele venha a sentir interesse pelas atividades realizadas e assim progredir em seu processo de aquisição de leitura e escrita nas práticas sociais. Para fundamentar essa reflexão utilizamos as contribuições teóricas de Solé (1998), Moraes (2005), Fiqueira (2001) e Soares (2011), além das contribuições dos estudos de Emília Ferreiro.

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INTRODUÇÃO

A prática do professor em sala de aula em uma turma de alfabetização em que há alunos com diferentes níveis de escrita não constitui tarefa fácil. Tivemos essa visão ao vivenciar uma situação como esta no Estágio Supervisionado de Formação de Professores II em uma turma do 2º ano “B” do Ensino Fundamental I da Escola Estadual Joaquim Torres.

O presente artigo é fruto de uma reflexão sobre a nossa experiência no que concerne à prática docente. O trabalho se divide em três (3) tópicos: Desafios da alfabetização: como alfabetizar alunos em diferentes níveis de escritas?; A importância da família durante o processo de alfabetização e A motivação do aluno. Para fundamentar o nosso trabalho, fizemos usos dos estudos de alguns autores, como Solé (1998), Moraes (2005), Fiqueira (2001) e Soares, (2011), além das contribuições dos estudos de Emilia Ferreiro.

No primeiro tópico, descrevemos as dificuldades de alguns alunos em relação as atividades realizadas por não conhecerem ainda todas as letras do alfabeto, ou por não conseguirem ainda fazer a relação grafemas/fonemas, o que dificultou na realização de algumas atividades do nosso projeto.

No segundo tópico, destacamos a importância do papel da família no processo de alfabetização dos educandos, pois durante a realização do projeto percebemos que a maioria das crianças da turma não recebiam um acompanhamento pedagógico em casa pelos pais ou outros familiares. E no terceiro tópico abordamos sobre a influência de motivar o aluno para que ele venha a sentir interesse pelas atividades realizadas em sala de aula, assim como tentamos motivar a turma durante a realização do nosso projeto a sentir interesse pelas nossas atividades. Ao final, fazemos uma reflexão geral sobre nossa experiência de estágio numa turma de alfabetização, e ressaltamos a importância de atividades que sejam adequadas às especificidades de cada aluno.

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DESAFIOS DA ALFABETIZAÇÃO: COMO ALFABETIZAR ALUNOS EM DIFERENTES NÍVEIS DE ESCRITAS?

A alfabetização é um processo através do qual as pessoas aprendem a ler e a escrever. Estes procedimentos, porém, vão muito além de certas técnicas de translação da linguagem oral para a linguagem escrita. O domínio da leitura e da escrita pressupõe o aumento do domínio da linguagem oral, da consciência metalingüística (...) e repercute diretamente nos processos cognitivos envolvidos nas tarefas que enfrentamos (para não mencionar o que significa em nível de inserção e atuação social). (SOLÉ, 1998, p.50)

De acordo com Solé (1998), a alfabetização está muito além do simples domínio da leitura e da escrita. Ela abrange capacidades de manipulação e reflexão sobre a linguagem, tanto oral quanto escrita. A sala de aula é o ambiente ideal para esse trabalho com as diversas possibilidades de uso da linguagem.

Segundo Ferreiro (2001 apud LOPES e VIEIRA, 2011), a escrita é importante na escola porque é importante para a sociedade. Ensinar e aprender uma língua significa permitir que as crianças se apropriem dela a fim de corresponder às exigências sociais e participar das possibilidades do seu uso na cultura.

Ao participar da atividade coletiva especial de estágio supervisionado II, a sala de aula se tornou um laboratório de investigação do processo de alfabetização e experiências dos alunos em relação a leitura, a escrita e a oralidade. Antes da realização das atividades do nosso projeto, foram feitas observações da prática da professora tutora da turma, com a qual discutimos também acerca de como contribuir para o desenvolvimento dessas habilidades.

No primeiro dia de observação, presenciamos a realização de uma atividade realizada pela professora tutora. Ela entregou aos alunos um texto com a letra da música ciranda do anel, e solicitou que procurassem no texto palavras que começassem com todas as letras do alfabeto. Percebemos que alguns alunos se encontravam com dificuldade para fazer essa tarefa, pois pareciam não conhecer ainda algumas letras do alfabeto.

No quadro da sala estavam expostas todas as letras do alfabeto, que serviam como orientação para a turma identificar a ordem das letras. Para que conseguissem encontrar no texto uma determinada palavra que começasse com uma determinada letra, a professora tinha que apontar no quadro as letras, só assim conseguiram concluir

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a atividade. Contudo mesmo identificando a forma das letras, alguns não sabiam falar que letra era aquela, não conseguindo corresponder o som à grafia.

Esse momento em que ocorre a correspondência do som e da grafia é chamado de fonetização da escrita, que representa um salto qualitativo no processo de alfabetização. Ou seja, "entendendo por este momento em que [as crianças] começam a compreender que há uma relação bastante precisa, mas não muito clara para elas ainda, entre a pauta sonora da palavra e o que se escreve [...]" (FERREIRO, 1992, apud CAMPELO, 2011, p.5). Alguns alunos já conseguiam realizar essa correspondência, fazendo rapidamente a tarefa, outros não.

Foi a partir dessa observação que percebemos o quanto era difícil para a professora da turma alfabetizar alunos em diferentes níveis, pois enquanto uns já sabiam ler, outros ainda nem reconheciam as letras do alfabeto. Dessa forma, resolvemos construir um projeto que pudesse contribuir para o processo de alfabetização dos educandos e que pudesse atender as suas especificidades.

A razão que motivou a escolha do gênero cantigas de roda para o desenvolvimento do projeto foi o gosto das crianças pelas diversas músicas populares, inclusive as cantigas. Após perceber esse interesse, optamos por trabalhar esse gênero conciliando-o ao processo de alfabetização da turma, a fim de contribuir na evolução do seu quadro de alfabetização.

Ao introduzir o projeto, no primeiro dia foram explorados os conhecimentos prévios das crianças sobre as brincadeiras mais populares entre elas, e consequentemente sobre as cantigas de roda, com isso valorizamos os conhecimentos que a turma já tinha em relação as cantigas de roda. Sem inicialmente recorrer à definição deste gênero, optamos por fazer alguns questionamentos, como: o que são cantigas de roda? O que vocês já sabem sobre as cantigas? Quem já brincou de cantiga de roda? E quais as cantigas que conhecem?

Além de valorizar os conhecimentos prévios, nossa intenção ao fazer uso desses questionamentos era estimular também a expressão da oralidade. O momento da roda de conversa era bastante oportuno para isso. Um dos principais objetivos desse momento é trabalhar a oralidade entre os alunos para "valer-se da linguagem para melhorar a qualidade de suas relações pessoais, sendo capazes de expressar seus sentimentos, experiências, ideias e opiniões, bem como de acolher, interpretar e considerar as dos outros, contrapondo-os quando necessário" (PCN, 1997, p.33).

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Com o intuito de identificar os níveis de escrita da turma, aplicamos também nesse primeiro dia do projeto um pequeno questionário sobre brincadeiras e cantigas. Dos quinze (15) alunos da turma apenas nove (9) participaram da realização do questionário, pois os demais faltaram nesse dia.

Apesar da pouca quantidade de alunos nessa turma, sentimos dificuldades no desenvolvimento de algumas atividades devido aos diferentes níveis de alfabetização das crianças, principalmente aquelas relacionadas à leitura e a escrita. Dentre as nove (9) crianças que participaram da atividade diagnóstica, apenas 2 (duas) eram alfabetizadas. A maioria se encontrava no nível pré-silábico, caracterizado por um tipo de escrita com caracteres sem relação alguma com o som da palavra. Durante a atividade notamos diferentes reações, como: as duas crianças alfabetizadas leram o questionário e responderam rapidamente; outras, mesmo não sabendo ler e escrever responderam espontaneamente, ou seja, da forma como achavam que deveriam escrever, isso logo após lermos as perguntas para elas; e outras crianças ao receberem o questionário, afirmaram que não sabiam ler e só começaram a responder após nossa intervenção.

A maioria das atividades propostas foram feitas sob nossa intervenção, principalmente aquelas relacionadas a leitura e a escrita. Durante a realização do questionário, uma das perguntas foi: você gosta de brincar? Alguns alunos não sabiam escrever a palavra “sim” por si só, então nos utilizávamos de questionamentos para que eles pudessem escrever a palavra chegando a sua própria conclusão. Se eles tinham que escrever a palavra “sim”, perguntávamos: com que letra começa essa palavra? Pronunciávamos a palavra chamando atenção para seu som conforme a professora da turma nos orientava a fazer: quais as letras da palavra sim? Algumas crianças chegaram a conclusão pelo som da palavra de que ela começava com as letra “S” seguida da letra “I”, porém não conseguiam identificar com que letra terminava a palavra. Praticamente todos os alunos precisaram do reforço das professoras, seja questionando, seja pronunciando a palavra com entonação para que pudessem ter ideia de como escrevê-la. Dessa forma, vimos que fazer a criança refletir sobre os sons das palavras é um caminho importante para ajudá-la no seu processo de alfabetização. Segundo Moraes et al (2005), as habilidades de reflexão fonológica dizem respeito à capacidade de representar conscientemente as propriedades e unidades fonológicas, além de refletir sobre o sons da fala e sua organização na formação das palavras. A consciência

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fonológica então é um caminho importante para o sucesso na aprendizagem da escrita alfabética.

Percebemos também que ao mesmo tempo em que era necessário realizar uma intervenção minuciosa nesse aspecto com aqueles que estavam com mais dificuldade, as outras crianças que responderam rapidamente já estavam dispersas da aula. Por isso, foi preciso pensar em diversas estratégias de ensino durante a realização do projeto que pudessem atender as necessidades de toda a turma, como: contação de histórias, jogos de alfabetização, jogos com bingos, caça-palavras, quebra-cabeças, desenhos e colagens, vídeos, além das atividades de leitura e escrita com o gênero cantigas de roda e outros gêneros (músicas, paródias, anúncios, poemas, receitas culinárias etc).

A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA DURANTE O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

O acompanhamento da família é crucial para o avanço da criança durante sua alfabetização. A professora da turma destacou que sem o reforço e o auxílio da família, pode ser que o aluno leve mais tempo para se alfabetizar, pois depende unicamente da escola nesse processo. Alguns não recebiam esse acompanhamento em casa pelos pais ou outros familiares. Quando a professora propõe uma atividade para casa, poucos alunos voltam a escola no dia seguinte com a atividade realizada.

Foi constatado durante a realização do nosso projeto que poucas vezes os pais questionaram sobre as atividades realizadas ou procuraram saber algo a respeito do projeto. A fim de envolver ou ter uma participação da família, os alunos foram incentivados a realizar uma entrevista com os pais ou outros familiares sobre as cantigas que eles conheciam e gostavam.

Das quinze (15) crianças da turma, apenas 4 fizeram a entrevista com os seus familiares, as demais alegaram que esqueceram ou não tinham com quem fazer. Assim, chegamos a conclusão de que alguns pais ou familiares não sentiram interesse em saber se os educandos tinham ou não alguma atividade para fazer.

Para Fiqueira (2001), a família que durante muito tempo assumiu o papel de alfabetizadora de suas gerações mais novas, passou a perder esta função com a propagação das escolas. Atualmente, ela encontra-se desprovida desse papel. Por causa

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da nova dinâmica familiar, por ambos os pais trabalharem em longas jornadas, entre outros fatores, a educação passa a ser relegada exclusivamente ao ambiente escolar.

A autora ainda defende que a alfabetização inicia-se com a vida e que a vivência familiar propicia à criança experiências únicas, o aprendizado de valores a serem vividos no dia a dia. Cabe à família resgatar este papel, pois a educação do educando é de responsabilidade não só da escola, mas da família também.

Outro aspecto negativo durante a realização do projeto foi em relação a freqüência dos alunos na maioria de nossas aulas de estágio. Dos seis (6) dias que tivemos de regência, em apenas um dia a freqüência foi de 100%. Durante os demais dias, da quantidade de 15 alunos, apenas 6, 8 ou 9 compareciam as nossas aulas. Por esse motivo, nem todos puderam participar de todas as atividades propostas. Ao questionar a professora da turma sobre essa ausência, ela afirmou que freqüentemente eles faltavam as aulas.

Um fator positivo no nosso projeto foi o envolvimento do educando, e consequentemente a sua tentativa de envolver a família. Isso foi observado no seguinte depoimento de uma aluna:

Aluna: “eu gostei tanto da música da abóbora que cantei e dancei pra minha tia

e minha prima”.

Professora: “Elas conhecem a música”? Aluna: “não”...

Professora: “e o que elas acharam da música”?

Professora: “elas riram quando eu comecei a cantar e dançar, mas também gostaram muito”...

É essencial que na sala de aula o professor motive o educando a se interessar por aprender. Porém não cabe unicamente apenas ao docente assumir essa responsabilidade, é preciso também que esse aluno tenha um acompanhamento em casa com os seus pais, com seus familiares. Se ele não tiver esse acompanhamento pelos pais, se não for incentivado pela família a estudar, a realizar as atividades sugeridas para casa, de que forma vai se interessar por aprender algo? Dificilmente somente o professor conseguirá fazer com que esse educando sinta interesse em aprender. Por isso é de suma importância o incentivo da família no processo de aprendizagem de seus filhos.

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A MOTIVAÇÃO DO ALUNO

Um ponto crucial para a prática docente é o entusiasmo, a motivação do aluno por aprender e em participar das atividades propostas. Segundo Solé (1998),

Não devemos esquecer que o interesse também se cria, se suscita e se educa e que em diversas ocasiões ele depende do entusiasmo e da apresentação que o professor faz de uma determinada leitura e das possibilidades que seja capaz de explorar. (SOLÉ, 1998, p. 43)

Tentamos motivar as crianças sempre que era possível. Como o tema do nosso projeto fazia referência as cantigas de roda, no inicio de nossas aulas na roda de conversa, cantávamos algumas músicas desse gênero, e também dançávamos junto com as crianças. A nossa intenção era tentar animar a turma, levar um pouco de ludicidade para a sala de aula por meio do nosso projeto. As crianças gostavam e se animavam quando fazíamos isso no início de cada aula. Além da motivação por meio da ludicidade, também tentávamos motivá-las por meio de elógios, de palavras de incentivos.

No momento das atividades, alguns alunos falavam que não sabiam ou não conseguiam realizá-las porque não sabiam ler ou por não conhecerem algumas letras. Esta foi uma fala muito comum entre as crianças e com o tempo percebemos que essa situação ocorria porque elas não tentavam ler e compreender o conteúdo dos exercícios. Diante dessa situação, decidimos que precisávamos incentivá-las, motivá-las, mostrando-as que seriam capazes de fazer as tarefas solicitadas, mas que para isso tinham que olhar para o papel, tentar ler e compreender o que estava escrito, se não tentassem ler não teria como fazer coisa alguma. Aqueles que tinham dificuldade na leitura recebiam o nosso auxilio para realizar as tarefas, e assim conseguíamos obter resultados. Sempre após terminar as atividades, as crianças vinham até nós para mostrar que tinham concluído, e quando faziam isso as elogiávamos parabenizando-as.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por se tratar de uma turma de alfabetização, é preciso conhecer os alunos, seus níveis de escrita, estabelecer critérios e objetivos bem definidos de trabalho a fim de progredir durante este processo. Durante a aplicação do questionário, percebemos que a turma apresentou diferenças acentuadas e significativas. Apenas dois alunos já eram alfabetizados, uma parte já conhecia as letras e a outra não. Essa diferença, a nosso ver, é um ponto crucial para o professor repensar sua prática de modo a tentar adaptá-la as necessidades dos seus alunos para que possam progredir no seu processo de aprendizagem.

É evidente que a alfabetização é mais que a relação fonema-grafema, é evidente também que sabemos que para que uma pessoa se torne verdadeiramente alfabetizada, ela precisa compreender e expressar significados por meio da escrita. “Sem dúvida, a alfabetização é um processo de representação de fonemas em grafemas, e vice-versa, mas é também um processo de compreensão/expressão de significados por meio do código escrito" (Soares, 2011, p.16). Além disso, também a compreensão do uso social da leitura e da escrita exercem importante papel nesse processo.

Como essa foi nossa primeira experiência numa turma de alfabetização, temos que admitir que foi difícil para nós nos depararmos com alunos em diferentes níveis de escrita. Mais difícil ainda foi adequar nossas propostas de atividades as suas especificidades, pois chegamos a planejar muitas atividades que não atenderam as necessidades de todos os educandos pelo motivo de alguns serem mais avançados na leitura e na escrita, enquanto outros ainda não. Um exemplo disso, é que chegamos a levar para a sala de aula uma atividade de montagem de um quebra cabeça com as partes da cantiga ”Atirei o pau no gato”. Quando sugerimos que a turma, em pequenos grupos, montassem esse quebra cabeça, apenas um grupo, aqueles das crianças mais avançadas no nível de alfabetização conseguiram realizar sem dificuldade, enquanto

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que o restante desistiu. O nosso objetivo com esse exercício era influenciar o educando a ler e montar esse quebra cabeça a partir de seus conhecimentos prévios sobre a escrita. Mesmo que não soubessem ler alfabeticamente, pensamos que poderiam fazer inferências baseadas nas primeiras letras, nas sílabas ou teriam o auxilio dos colegas mais avançados.

Depois dessa experiência percebemos que as atividades não podem ser as mesmas para todos, algumas devem ser mais simplificadas e adequadas ao nível de cada aluno. Outra questão importante a considerar, é que as atividades de escrita devem influenciar a reflexão fonológica, ou seja, é preciso que o professor leve seu aluno a pensar sobre as palavras, sobre a escrita das palavras, sobre a relação fonema-grafema.

E quanto a relação família-escola, acreditamos que o trabalho do professor deve ser mediado pela família. Esta tem o papel central na alfabetização de seus filhos. Os pais devem se interessar pelas atividades dos filhos, se interessar pela escola, pelo que os educandos estão aprendendo. O aluno precisa ser estimulado a ler e a escrever constantemente, não como uma atividade forçada ou imposta, mas como uma atividade de prazer.

Neste caso, a motivação surge como o principal ingrediente da aprendizagem. O educando motivado a aprender, demonstra maiores níveis de interesse pelas atividades propostas. Por isso, a brincadeira, que traz a ludicidade é um importante instrumento para ajudar nas práticas de alfabetização e letramento. Daí a importância de se trabalhar as cantigas de roda, que são músicas populares fáceis, e que remetem à brincadeira.

O brincar com a língua faz parte das atividades sociais que a criança realiza quando canta cantigas de roda, recita poemas, ler quadrinhos e adivinhações, quando lê contos de fadas, faz palavras cruzadas ou brinca de adedonha. Essas atividades lúdicas que envolvem formação de palavras permitem à criança o entendimento do sistema de escrita alfabético, ao mesmo tempo, que se constituem em momentos prazerosos de utilização da leitura, escrita e oralidade nas práticas sociais (LOPES e VIEIRA, 2011, p.13).

Esperamos assim que este trabalho tenha contribuído para uma reflexão acerca do processo de alfabetização em relação ao atendimento das especificidades de cada educando e às diversas possibilidades de atividades que o professor dispõe em seu contexto. Além disso, reforçamos que o interesse do aluno e o apoio da família são fundamentais para o processo de ensino-aprendizagem.

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Notas de final de texto

___________________________

Graduanda do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail:

shirleide.sn@hotmail.com

²Graduanda do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail:

suzanesmb@yahoo.com.br

³Doutora em Educação. Professora Adjunta da UFRN. E-mail: neidesd@uol.com.br

REFERÊNCIAS

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa. MEC, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: 1997.

CAMPELO, Maria Estela Costa Holanda. A apropriação da escrita pelas crianças dos anos iniciais do ensino fundamental: a Psicogênese da Língua Escrita de Emilia Ferreiro.In: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO/UFRN. CONTINUUM - Programa de Formação Continuada do Professor para a Educação Básica - Curso de Aperfeiçoamento: Infância e Ensino Fundamental de nove anos. Módulo III -Linguagem, Alfabetização e Letramento. Natal: UFRN/ CONTINUUM, 2011.

FIQUEIRA, Joyce Cardoso. Alfabetização: a influência da família e do contexto social. Revista Linhas, Santa Catarina, vol2, nº 1, jul. 2001.Disponível em: <www.revistas.udesc.br/index.php/linhas/article/download/1300/1111> Acesso em 07

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LOPES, Denise M. de Carvalho; VIEIRA, Giane Bezerra. Linguagem, Alfabetização e Letramento: o trabalho pedagógico nos três primeiros anos do Ensino Fundamental e as especificidades da criança. In: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO/UFRN. CONTINUUM - Programa de Formação Continuada do Professor para a Educação Básica - Curso de Aperfeiçoamento: Infância e Ensino Fundamental de nove anos. Módulo III - Linguagem, Alfabetização e Letramento. Natal: UFRN/ CONTINUUM, 2011.

MORAIS, Arthur Gomes de; ALBUQUERQUE, Eliana Borges C. de; Leal, Telma Ferraz. (Orgs) Alfabetização: apropriação do sistema de escrita alfabética. Belo Horizonte: Autêntica, 2005, p. 71-88.

SOLÉ, Isabel. Estratégias de Leitura. Porto Alegre: Artmed, 1988.

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