T E M P E S T A D E E G A L A N T E R I E
T E M P E S T A N D G A L A N T E R I ENights at Queluz
4ª TEMPORADA DE MÚSICA DA PARQUES DE SINTRA 4th PARQUES DE SINTRA MUSIC SEASONPORTUGAL NO MAPA DO BARROCO
E UM “HIT” DE BOCCHERINI
Palácio Nacional de Queluz
Sala do Trono
3 Nov ››› 21:30
2018
Queremos saber a sua opinião
PSML | Luís Duarte
PORTUGAL NO MAPA DO BARROCO E UM “HIT” DE BOCCHERINI
Sala do Trono
03/11
SÁBADO>>>
21:30
ORQUESTRA BARROCA CASA DA MÚSICA
ANDREAS STAIER ::: CRAVO E DIREÇÃO
VIOLINOS I ::: HUW DANIEL, CÉSAR NOGUEIRA, CECÍLIA FALCÃO,
MANUEL MAIO
VIOLINOS II::: REYES GALLARDO, BÁRBARA BARROS,
PRISCA STALMARSKI, ARIANA DANTAS
VIOLAS ::: RAQUEL MASSADAS, MANUEL COSTA
VIOLONCELOS ::: FILIPE QUARESMA, VANESSA PIRES
CONTRABAIXO ::: JOSÉ FIDALGO
CRAVO ::: FERNANDO MIGUEL JALÔTO
PROGRAMA
William Corbett (1680-1748)
• Concerto “Alla Portugesa”, Op. 8, 3º Livro, nº 7 Allegro
Largo e pia[no] Allegro
Carlos Seixas (1704-1742)
• Concerto para cravo, em Sol menor Allegro
Adagio Allegro assai
Domenico Scarlatti (1685-1757)
• Sonata para cravo, em Sol menor, K8 Allegro
• Sonata para cravo, em Sol maior, K13 Presto
• Sonata para cravo, em Si menor, K 173 Allegro
Carlos Seixas (1704-1742)
• Concerto, para cravo, em Lá maior Allegro
Adagio Giga: Allegro
- intervalo -
Charles Avison (1709-1770) / Domenico Scarlatti (1685-1757)
• Concerto nº 5, em Ré menor Largo Allegro Andante moderato Allegro Domenico Scarlatti (1685-1757)
• Sonata para cravo, em Mi maior, K380 Andante comodo
• Sonata para cravo, em Mi maior, K381 Allegro
Luigi Boccherini (1743-1805)
• Quintettino, Op. 30 nº 6, em Dó maior “La Musica Notturna delle strade di Madrid”
(Transcrição para orquestra de cordas de Andreas Staier)
1. Ave Maria (Imitando il tocco dell’Ave Maria della Parrochia) 2. Minuetto
3. Rosario
4. Los Manolos. Passa Caille 5. Ritirata con variazioni
PORTUGAL NO MAPA DO BARROCO E UM “HIT” DE BOCCHERINI
Seixas, Scarlatti, Avison, Corbett e Boccherini
Este programa intenta um retrato da música nas duas monarquias ibéricas no século XVIII. Temporalmente, estamos nos anos 30 e 40 de Setecentos, excepção feita à peça de Boccherini, datável de c. 1780. Esta e o Concerto de Corbett são as únicas que fogem ao referencial oferecido pela figura de Domenico Scarlatti (1685-1757), sob o qual se podem inscrever as restantes obras em programa: os contactos entre o já famoso italiano, chegado a Lisboa em 1719, e o nativo Carlos Seixas na corte de D. João V; o volume de Sonatas (‘Essercizi’) para tecla suas, publicadas em 1738, em Londres, com dedicatória ao monarca português; o reflexo directo dessa edição sobre o inglês Charles Avison (1709-70), que construiu um Concerto grosso a partir de quatro sonatas do napolitano e que foi dado à estampa em 1744. Concomitantemente, Boccherini e Corbett ligam-se a Scarlatti por outra via: a da influência das músicas populares (ritmos-base, contorno melódico, ornamentações, figurações, tipo de baixo utilizado, etc.) da Península Ibérica sobre a música erudita/escrita: todos três foram impregnados por elas, se bem que, no caso de Corbett, de uma forma mais pretensa que propriamente autêntica...
Por outro lado, este programa foi construído à volta dos dois concertos para tecla e orquestra de Carlos Seixas (1704-42), gravados por estes mesmos intérpretes em Fevereiro passado. Trata-se, no caso concreto dessas obras, de contribuições importantes para a música concertante para tecla europeia do Barroco final/Rococó, já que poderão mesmo ser (e empregamos ‘poderão’, pois eles não são datáveis com precisão), em termos cronológicos, os primeiros concertos para tecla solo e orquestra – serão em todo o caso muito próximos dos de J.S. Bach (datáveis de c. 1730) e com grande probabilidade anteriores aos de Händel, editados, como os ‘Essercizi’ de Scarlatti, em Londres, em 1738, mas destinados na verdade ao órgão e não ao cravo (a menção ao cravo na 1.ª edição foi uma manobra comercial do editor…).
Comecemos por Seixas. Trata-se de dois concertos bastante diferentes entre si: o em lá M é mais curto e luminoso, e é monotemático; o em sol menor dura quase o dobro e é mais escuro e dramático. Ambos acusam, porém, um substrato de música tradicional portuguesa, patente em certas fórmulas idiomáticas e progressões harmónicas. Mas a linguagem em nada trai uma suposta (ou esperada) influência de Domenico Scarlatti sobre o seu mais jovem colega luso. Une-os o formato em 3 andamentos da escola norte-italiana/veneziana, num idioma por sua vez mais afim da escola galante de procedência napolitana.
O Concerto em lá M tem um 1.º andamento breve e de perfil muito italiano, ao passo que o ‘Adagio’ é uma (breve) ária de um ‘pathos’ devedor da ‘opera seria’. A Giga final é viva e saltitante no característico padrão ternário. O Concerto em sol m apresenta um ‘Allegro cantabile’ na forma-ritornello, um ‘Adagio’ (sem o solista, mas com solo de violino) muito galante e um andamento conclusivo de feição mais ibérica, com influências do fandango.
O ‘Concerto grosso’ de Avison é o seu n.º 5, em ré menor. Constitui-se de um ‘Largo’ modulante, com o seu quê de patético, que cadencia para o ‘Allegro’, todo ele italiano e concertante. Segue-se um ‘Andante moderato’, espécie de continuação mais comedida, de escrita mais imitativa, do precedente. O ‘Allegro’ conclusivo tem ritmo ternário e dá destaque ao concertino. Os andamentos 2 a 4 são baseados, respectivamente, nas Sonatas K11 (transposta), K41 e K5. A base do 1.º and. é de origem desconhecida. Foi, como dissemos, publicado em 1744, integrando um conjunto de ‘12 Concerti grossi a 7 partes, segundo Sonatas para cravo de Scarlatti’.
Do seu compatriota William Corbett (1680-1748) provém o ‘Concerto alla Portugesa’ [sic], em sib M, o sétimo constante do 3.º Livro do seu op. 8, globalmente intitulado ‘Le bizzarie universali’ e compreendendo 35 concertos a 7 partes (’Concerti grossi’) na edição de 1742. No total, esta colecção descreve 16 cidades italianas e 17 nações e/ou regiões, incluindo ainda 2 concertos não descritivos. A música das diferentes nações foi um ‘topos’ muito em voga no Barroco pleno e tardio, mas se Couperin, por exemplo, transpõe efectivamente proveniências
geográficas na colecção ‘Les Nations’ (Paris, 1726), já Corbett,
compositor de bem menor envergadura que o francês, auto-propôs-se este propósito enciclopédico, mais pela extravagância (a ‘bizzaria’ do título) do acto em si, que por um propósito fundado num real conhecimento de ritmos e danças características de cada paragem que pretende retratar. É nesse sentido que deveremos escutar esta obra. O 3.º Livro, onde se inscreve este ‘alla Portugesa’, contém 11 concertos e “visita” as paragens mais distantes/excêntricas: além de Portugal, ainda a Turquia, Moscovo, Hungria, Dinamarca e Suécia. Todos os concertos seguem o padrão vivaldiano em 3 andamentos na ordem vivo-lento-vivo.
O ‘Quintettino’ de Boccherini (em dó M, op. 30 n.º 6, para 2 violinos, viola e 2 violoncelos) cedo se tornou uma das suas obras mais populares, tanto assim que o próprio dele fez arranjos para quinteto com piano, quinteto com guitarra e quinteto com duas violas. Apresenta sete andamentos, que pretendem retratar os momentos que vão desde o toque de recolher da guarda (sinalizado primeiro por sinos) até à (suposta) entrada no quartel, tudo isto se passando nas ruas de Madrid e fazendo confluir os sons da cidade (sinos, cantos, danças) com a música da banda militar que marca o passo dos soldados, incluindo curiosos efeitos sonoros de aproximação/ distanciamento – patentes, por exemplo, no andamento final (‘Ritirata. Maestoso’), que apresenta um Tema (‘Tempo di marcia’), seguido de 11 variações, com o clímax na n.º 6. É portanto um eficaz exemplo de música descritiva ou programática no século XVIII, enriquecida, no caso, pelas alusões a danças tradicionais espanholas (seguidilha, tirana, fandango, folia).
A solo, Andreas Staier interpreta ainda cinco Sonatas de Scarlatti, todas elas num único andamento: a K8, em sol m (Allegro); a K13, em sol M (Presto); a K173, em si m (Allegro); a K380, em mi M
(Andante comodo), por vezes apelidada de ‘Cortège’; e a K381, também em mi M (Allegro).
BERNARDO MARIANO
ORQUESTRA BARROCA CASA DA MÚSICA Laurence Cummings, maestro titular
A Orquestra Barroca Casa da Música formou-se em 2006 com a finalidade de interpretar
a música barroca numa perspetiva historicamente informada. Para além do trabalho regular com o seu maestro titular, Laurence Cummings, a orquestra apresentou-se com maestros e figuras incontornáveis da música antiga.
O cravista de renome internacional Andreas Staier escolheu a Orquestra Barroca Casa da Música para gravar o seu mais recente disco com os dois concertos de Carlos Seixas, uma colaboração que dará lugar, ao longo de 2018, a atuações não só no Porto, como também na Ópera de Dijon, na BASF em Ludwigshafen am Rhein, na Konzerthaus de Viena e nas Noites de Queluz em Sintra. Os concertos da Orquestra Barroca têm recebido a unânime aclamação da crítica nacional e internacional. Fez a estreia portuguesa da ópera “Ottone” de Händel e, em 2012, a estreia moderna da obra “L’Ippolito” de Francisco António de Almeida. Apresentou-se em digressão em Espanha, Inglaterra e França, além das atuações em várias cidades portuguesas. Em 2015 estreou-se no Palau de la Musica em Barcelona, conquistando elogios entusiasmados da crítica. Ainda no mesmo ano, mereceu destaque a integral dos Concertos Brandeburgueses sob a direção de Laurence Cummings e concertos para cravo com Andreas Staier.
A Orquestra Barroca Casa da Música editou em CD gravações ao vivo de obras de Avison, D. Scarlatti, Carlos Seixas, Avondano, Vivaldi, Bach, Muffat, Händel e Haydn, sob a direção de alguns dos mais prestigiados maestros da atualidade internacional.
ANDREAS STAIER
Como intérprete, Andreas Staier notabilizou-se na interpretação do repertório barroco, clássico e romântico em instrumentos de época. Reconhecido no meio especializado e por um vasto público, Staier continua a seguir altos padrões intelectuais e artísticos, não só nas obras conhecidas, mas também naquelas mais negligenciadas entre o repertório para teclado. Andreas Staier nasceu em Göttingen, em 1955, e estudou piano moderno e cravo em Hanover e Amesterdão. Durante três anos, foi cravista do Musica Antiqua Köln, com o qual fez numerosas gravações e digressões. Como solista, toca por toda a Europa, EUA e Ásia com orquestras como Concerto Köln, Freiburger Barockorchester, Akademie für Alte Musik Berlin e Orchestre des Champs Elysées em Paris. É regularmente convidado de importantes festivais internacionais e tem-se apresentado nas principais salas do mundo. É solista convidado regular da BBC. Artista associado da Ópera de Dijon desde setembro 2011, Andreas Staier apresenta-se num ciclo eclético de programas para cravo e pianoforte, tanto em recital como em música de câmara e com orquestra. Prossegue com a sua colaboração com o compositor Brice Pauset, que inclui a estreia mundial da obra Kontra-Sonate (gravada para AEON) e a interpretação do Kontra-Concert com a Freiburger Barockorchester. A sua extensa discografia para as editoras BMG, Teldec Classics e Harmonia Mundi France conquistou importantes prémios da crítica internacional. Na temporada 2017/18 foi artista em residência da Wissenschaftskolleg, em Berlim.
PRÓXIMO CONCERTO
04/11
RAFFAELLA MILANESI (soprano)
DIVINO SOSPIRO / MASSIMO MAZZEO (direção)
Mozart e o estilo napolitano Sala do Trono
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21:305ª TEMPORADA DE MÚSICA DA PARQUES DE SINTRA – 2019
Bilhetes à venda brevemente
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