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A ICONOLOGIA DE PANOFSKY NA ARTE CONTEMPORÂNEA: UMA LEITURA DA OBRA DE HENRIQUE DE ARAGÃO.

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A ICONOLOGIA DE PANOFSKY NA ARTE CONTEMPORÂNEA:

UMA LEITURA DA OBRA DE HENRIQUE DE ARAGÃO.

Marlene Ferreira Royer*

RESUMO: Este artigo propõe a análise da obra Gênesis do artista plástico Henrique de Aragão, tendo como base o método iconológico desenvolvido por Erwin Panofsky. O objetivo é verificar como um método elaborado para o entendimento da arte renascença pode ser aplicado na arte contemporânea. Para o teórico alemão Erwin Panofsky a leitura imagética ocorre em três níveis relacionados ao tema ou significado de uma obra de arte e que permitem compreender os conceitos de iconografia e iconologia que serão tratados neste artigo. A obra de Henrique de Aragão é influenciada, segundo o próprio artista, pela vida, por sua fé, por suas crenças e pelo modo com que se relacionada com o universo. Este trabalho descreve o que se julga ser a verificação e interpretação do significado intrínseco da obra Gênesis, baseando-se nos dados disponíveis e no entendimento do atual contexto histórico. Através da análise dos métodos de composição e da significação iconográfica pode-se perceber uma atitude básica do artista determinada pelo seu contexto histórico e assim, compreender a dimensão simbólica da sua obra.

Palavras-chaves: Erwin Panofski, Iconologia e Iconografia, Henrique de Aragão.

ABSTRACT: This paper proposes an analysis about Gênesis, work from the fine artist Henrique de Aragão, using the iconologic method developed by Erwin Panofsky. We aim to verify how can a method elaborated to understand Renaissance art can by applied on contemporary art. To the german theorist Erwin Panofsky, imagetical reading happens in three levels related to the theme or meaning of a work of art which allow the comprehension the concepts of iconography and iconology that Will be on this article. By his own words, Henrique de Aragão got his work influenced by life, his faith, his beliefs and by his way to stay in universe. Here, is a description of what we judge being the verification and interpretation of the intrinsic meaning of Gênesis, based on the available data and the current historical context. By the analyzes of the methods of composition and iconographic meaning we can realize a basic attitude from the artist determined by his historical context and, thereby, understand the simbolic dimension of his work.

Keywords: Erwin Panofski, Iconology and Iconography, Henrique de Aragão.

*Graduada em Comunicação Social – Habilitação Relações Públicas pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Especialista em Comunicação Empresarial e Mestranda em Comunicação Visual, pela mesma instituição, onde atua como professora colaboradora. (marlene@royer.com.br)

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1. INTRODUÇÃO - O ESTUDO DA ARTE

A imagem faz parte do cotidiano do homem desde o início da humanidade, e por meio dela, o homem se expressa, identifica sua cultura e seu modo de se relacionar em seu meio social. Diante da importância da imagem, muitas teorias procuram explicá-la, como linguagem ou como objeto de estudos antropológicos e sociológicos. Neste contexto, a arte também é foco de estudos de pesquisadores e artistas que desenvolveram várias abordagens para a leitura das imagens relacionadas à pintura, escultura, arquitetura entre outras. A semiótica e a iconologia são duas das principais diretrizes para o estudo da arte, que relacionam acima de tudo, o artista e sua produção.

Neste trabalho o enfoque será sobre a iconologia enquanto ciência voltada ao estudo e interpretação, de forma ampla, dos significados e simbolismos artísticos das obras de arte e dos artistas, em diferentes contextos históricos e culturais. Na história da arte, a iconologia designa uma área de estudos que define como determinados temas são tratados por diferentes artistas em diferentes épocas.

O primeiro pesquisador que explorou o campo das inter-relações entre imagens, arte e antropologia foi o pensador alemão Aby Warburg e seus estudos, até hoje, servem como base de reflexão aos estudos da imagem e da história da arte. “Warburg é, hoje, conhecido como o pai da iconologia moderna.” (SAMAIN, 2011, p.33).

Para Norval Baitello (2010), as ideias de Warburg tinham um caráter radicalmente inter, multi e transdisciplinar, e os resultados de seus estudos forneceram elementos para outros autores que trataram da iconologia, como Ernest Cassirer, Edgar Wind, Ernest Hans Gombrich, Fritz Saxl e Erwin Panofsky.

Criador de uma das mais importantes bibliotecas de Ciências da Cultura, no início do século XX, AbyWarburg (1866-1929) deixou uma herança material notável em livros (hoje alocados no Warburg Institute, da Universidade de Londres), mas atualmente se reavalia que sua maior herança foram suas reflexões teóricas sobre a comunicação visual, ou seja, sua teoria da imagem ou iconologia. (BAITELLO, 2010, p.59)

Dos seguidores de Warburg, Erwin Panofsky é hoje o mais conhecido por ter desenvolvido e explicado o método iconológico no seu livro O Significado das Artes Visuais,

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onde propõe, à partir do objeto artístico, reconstruir seu contexto histórico e todo o processo de elaboração da imagem (PANOFSKY, 1991). O método foi sistematizado no seu artigo mais conhecido, Iconologia e Iconografia: uma introdução ao estudo da Arte na Renascença, publicado em 1939. O método iconológico desenvolvido por Panofsky é considerado um dos mais bem sucedidos métodos de pesquisa da história da arte no século XX. Criado à partir da iconografia, que já era utilizado como método para descrição de elementos visuais.

Posteriormente, Gombrich, ligado à semiologia, se contrapõe à Panofsky e direciona seu estudo para problemáticas ligadas ao estilo e dando valor, sobretudo, à tradição, desinteressando-se pela relação entre a realidade e a arte.

2. O MÉTODO ICONOLÓGICO DE PANOFSKY

PANOFSKY (1991) faz questão de distinguir os significados de iconografia e iconologia, mesmo considerando que ambos fazem parte de um mesmo processo. Iconografia tem seu sufixo vindo do verbo grego graphein, “escrever”. Assim sendo, implica um método de proceder puramente descritivo, ou até mesmo estatístico. “A Iconografia é um ramo da História da Arte que se ocupa do significado das obras de arte em oposição à sua forma” (PANOFSKY, 1991, p.47).

Na leitura iconográfica ocorre a decomposição dos elementos o que permite uma análise que identifique, classifique e descreva os motivos artísticos. A leitura iconográfica auxilia no estabelecimento de datas, origens e autenticidade e serve como base para interpretações posteriores da obra de arte, fase esta denominada por Panofsky como iconologia. Enquanto o sufixo “grafia” denota algo descritivo, o sufixo “logia” – derivado de logos, quer dizer “pensamento” – denota algo interpretativo. Iconologia é, portanto, um método de interpretação, advindo da síntese mais do que da análise.

Desse modo para PANOSKY (1991), o significado de um tema, ou objeto artístico, é revelado em três partes:

1. Significado primário ou natural, subdividido em factual e expressional – apreendido

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artísticos (cores, formas, linhas, traçados,…) e na representação de objetos naturais: humano, animais, plantas, ferramentas, etc..; Esta identificação é imediata e acessível a qualquer pessoa dependendo porém, da experiência prática de cada observador. Este nível corresponde a que Panofsky denomina descrição pré-iconográfica.

2. Significado secundário ou convencional – apreendido pela compreensão dos motivos

artísticos associados aos assuntos e conceitos. A significação das imagens é determinada por convenções. Neste momento é possível reconhecer os símbolos, que são imagens que veiculam ideias ou noções gerais e abstratas como fé, amor, luxúria, sabedoria, etc... Este nívelde identificação corresponde à análise iconográfica.

3. Significado intrínseco ou conteúdo - apreendido tendo em conta o contexto

histórico-social da época em conjunto com as características específicas da personalidade do artista. Ocorre com a determinação daqueles princípios subjacentes que revelam a atitude básica de uma nação, de um período, de uma classe social, crença religiosa ou filosófica, qualificados por uma personalidade e condensados em uma obra. Este nível corresponde à interpretação iconológica.

Portanto, na leitura iconológica ocorre a interpretação dos objetos artísticos, seja arquitetura, pintura ou escultura. Nesta análise, percebe-se a decomposição das imagens e a reconstrução de seus percursos no tempo e no espaço, onde são descobertos e interpretados todos os valores simbólicos presentes na imagem.

A descoberta e interpretação destes valores “simbólicos”(que muitas vezes são desconhecidos pelo próprio artista e podem, até, diferir enfaticamente do que ele conscientemente tentou expressar) é o objeto do que poderia designar por “ iconologia” em oposição a “iconografia” ( PANOFSKY, 1991, p.53)

O autor resumiu seu estudo num quadro sinóptico, ressaltando, porém, que a representação interdependente, na verdade se refere a aspectos de um mesmo fenômeno, ou seja, à obra de arte como um todo, “assim sendo, no trabalho real, os métodos de abordagem que aparecem como três operações de pesquisa irrelacionadas entre si, fundem-se num mesmo processo orgânico e indivisível.” (PANOFSKY, 1991, p.64).

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2330 Quadro 1 - Quadro sinóptico de Erwin Panofski

OBJETO DA INTERPRETAÇÃO ATO DA INTERPRETAÇÃO EQUIPAMENTO PARA INTERPRETAÇÃO PRINCÍPIOS CORRETIVOS DE INTERPRETAÇÃO I – Tema Primário ou natural. - Fatual - Expressional

Mundo dos motivos artísticos.

Descrição Pré Iconográfica.

Experiência prática, familiaridade com objetos e eventos.

História do estilo; Compreensão da maneira pela qual, sob diferentes condições históricas, objetos e eventos foram expressos pela forma.

II - Tema Secundário ou convencional.

Mundo das imagens, estórias e alegorias.

Análise Iconográfica Conhecimento de fontes literárias, familiaridade com temas e conceitos específicos.

História dos tipos; Compreensão da maneira pela qual, sob diferentes condições históricas, temas ou conceitos foram expressos por objetos e eventos.

III – Significado Intrínseco ou conteúdo.

Mundo dos valores simbólicos Interpretação Iconológica Intuição sintética, familiaridade com as tendências essenciais da mente humana, condicionada pela psicologia social e Weltanschauung.

História dos sintomas culturais ou “símbolos”; Compreensão da maneira pela qual, sob diferentes condições históricas, tendências essenciais da mente humana foram expressas por temas e conceitos específicos. Fonte : (PANOFSKY , 1991, p.64-65)

3. A ARTE CONTEMPORÂNEA DE HENRIQUE DE ARAGÃO

Panofsky elaborou o método iconológico e o aplicou para o entendimento da Arte da Renascença. Para Raquel Quinet Pifano (2010), Panofsky, como um detetive, procura no contexto onde o artista e a obra se inserem, aqueles elementos que nutrem a imaginação do artista na elaboração de uma imagem e que ele traduz visualmente mesmo que inconscientemente. Sugere-se então, que o método iconológico pode ser aplicado em qualquer momento da história da arte, daí o interesse em utilizar esta metodologia na arte

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contemporânea do artista plástico Henrique de Aragão, para compreender a dimensão simbólica de sua arte.

O artista plástico Henrique de Aragão, de 81 anos, é escultor, pintor, desenhista, diretor teatral, teatrólogo, poeta e animador cultural, e atualmente mora na cidade de Ibiporã/Paraná. Seu interesse e talento pela arte se manifestaram na infância, na cidade de Campina Grande, no estado da Paraíba. Aos 14 anos surge a atração pela pintura o que o motivou a frequentar um curso técnico de Belas Artes no Recife/ PE. Em 1951, realizou sua primeira exposição individual na Galeria Lemac na mesma cidade.

Em 1959, em Roma, frequentou o curso de Anatomia para Artistas, na Escoela di

Belle Arti Torre del´ laRipeta . Em 1960, participou do Salão Anual de Artes Plásticas da

cidade de Thiene e em 1961 do Salão de Verão de Acitrezza, na Sicília, ambas na Itália. Ao retornar ao Brasil, em 1962, o artista dedica-se à arte sacra e passa a realizar trabalhos em diversas igrejas por todo o país. Em 1965, muda-se para Ibiporã, no Paraná, onde executa o projeto de construção da Capela Guarany, a pintura da cúpula da Igreja Nossa Senhora da Paz e faz da cidade, uma galeria de obras de arte a céu aberto ao expor suas esculturas em locais públicos.

Henrique de Aragão desenvolveu na região Norte do Paraná um trabalho pioneiro do ensino de arte e se consolidou como um dos grandes renovadores da arte sacra nacional. Alguns de seus principais trabalhos podem se vistos em igrejas como a Capela de São Cristóvão, no rio de Janeiro; Capela do Seminário Maior dos Camilianos, em São Paulo; Capela do Seminário Maior da Arquidiocese, no Rio de Janeiro; Sagrados Corações, em Londrina; São Francisco de Assis, em Maringá; Nossa Senhora Aparecida, em Abatia.

Eclético, o artista é reconhecido por suas pinturas e esculturas grandiosas, entre elas destacam-se os monumentos públicos O PASSAGEIRO, no Terminal Rodoviário de Londrina/PR; O DESBRAVADOR, na Praça 7 de Setembro, em Maringá/PR; o MARCO COMEMORATIVO DO CINQUENTENÁRIO, em Ibiporã/PR.

Suas esculturas são realizadas no corte e na solda de chapas de metal e algumas delas, complementadas com madeira. Para o artista, existe a possibilidade de utilizar qualquer

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material em suas obras por isso, em sua oficina, uma mistura de diferentes materiais - bronze, ferro, aço, cobre, latão, concreto, madeira, fibra de vidro e inox, serve como matéria prima para suas criações.

4. LEITURA ICONOLÓGICA – GÊNESIS

Diante da quantidade e grandiosidade das obras de Henrique de Aragão, optou-se por uma escultura denominada GÊNESIS, para uma leitura iconológica. A escolha baseou-se no fato da mesma ter sido produzida em 1985 e ser considerada pelo próprio artista, uma de suas principais criações. “Gênesis tem um simbolismo religioso, símbolos de fé, não necessariamente minha fé. Cada vez minha percepção é clara, uma obra orgânica, que eu imaginava e que eu vivo intensamente, ainda hoje.” (ARAGÃO, 2012 – entrevista concedida à autora em 02/06/2012).

Figura 1: Henrique de Aragão e a obra Gênesis.

Fonte: Fotografia produzida pela autora em 02/06/2012).

4.1. Descrição Pré-Iconográfica

Seguindo o método de Panofsky, a descrição pré-iconográfica identifica as formas puras, assim, por meio da observação é possível descrever a obra e identificar seus os motivos artísticos. Gênesis é um móbile confeccionado em ferro e latão, na cor dourada, formado por

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um círculo de aproximadamente 1.60 m de diâmetro, um triângulo, dois pássaros, uma esfera e a flor que sustenta o móbile. Sua instalação permite que o móbile se movimente em seu eixo. As peças foram cortadas e soldadas e a escolha dos materiais, segundo o artista, determina que o local de exposição seja em ambiente interno. Esta identificação é possível, porque existe uma familiaridade e convivência com as formas utilizadas na obra, ou seja, as formas geométricas – círculo, triângulo, esfera, e os motivos da natureza, representados pelos pássaros e pela flor.

4.2. Análise Iconográfica

Na análise iconográfica proposta por Panofsky, pode-se constatar a representação de cada elemento que compõe a obra, ou seja, cada motivo artístico ou o conjunto destes, é associado a um conceito, muitas vezes determinado por convenções. A partir desta fase, o conjunto de motivos artísticos pode ser denominado como imagem. Para uma análise iconográfica, além da experiência prática, é necessário o conhecimento de temas específicos ou conceitos adquiridos por fontes literárias ou tradição oral – história dos tipos - “o modo pelo qual, sob diferentes condições históricas, temas específicos ou conceitos eram expressos por objetos e fatos” (PANOFSKY, 1991, p. 51)

Para a análise iconográfica da imagem, recorre-se primeiramente à própria denominação da obra – Gênesis, que significa origem, princípio. Gênesis ou Gênese, de acordo com o dicionário MICHAELIS tem a seguinte definição:

sf (latgenese, gr génesis) 1 Geração.2 Origem e formação dos seres organizados.3

Desenvolvimento gradual de um ser, de uma idéia, de uma instituição, de um tipo.sm Primeiro livro do Antigo Testamento, escrito por Moisés, em que se descreve a criação e os primeiros tempos do mundo. Var: gênesis. (MICHAELIS, 2012)

A partir do conhecimento do significado da palavra Gênesis e por meio da própria descrição e significação repassada pelo artista, pode-se fazer a seguinte representação da obra:

- Móbile – representa movimento constante; - Flor – representa a natureza;

- Formas geométricas – círculo e triângulo – representam a perfeição; - Esfera – representa um ovo;

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Assim, a partir destas representações, conclui-se que a obra representa a origem da vida e o universo. Estas simbologias estão relacionadas com as crenças do artista, que não é única, mas, uma mistura que advém do estudo de várias religiões e do esoterismo.

4.3. Interpretação Iconológica.

Através da análise dos métodos de composição e da significação iconográfica pode-se perceber uma atitude básica do artista determinada pelo seu contexto histórico e assim, compreender a dimensão simbólica da obra. Gênesis não é apenas o resultado da consciência do artista, mas, uma identidade entre as formas escolhidas de maneira consciente e as imagens de seu inconsciente. Ao se questionar o que nutriu a imaginação do artista Henrique de Aragão ao conceber esta obra e escolher as representações, é necessário entender, antes de tudo, a relação do mesmo com a vida, com o seu tempo e com sua arte. Para Aragão, a arte é impregnada de vida e fruto de suas constantes inquietações com o mundo. Assim, de acordo com o artista, Gênesis é uma obra figurativa da vida, e representa a relação do homem/ser vivo com o universo:

Quadro 2: Interpretação iconológica da obra Gênesis.

DESCRIÇÃO REPRESENTAÇÃO INTERPRETAÇÃO

MÓBILE Representa movimento

constante.

O conjunto do móbile significa o universo e seus elementos, harmonizados e em constante movimento. FLOR Representa a natureza. A flor significa a natureza e sua presença torna possível a

existência do universo. CÍRCULO E

TRIÂNGULO

Representam a perfeição. A perfeição das formas geométricas representa o criador, o cosmos.

ESFERA Representa um ovo. O ovo significa a origem e o mistério da vida e este encontra-se no centro do universo, ao redor do qual giram os demais elementos. Ao mesmo tempo, aos olhos dos seres vivos, significa amor e incerteza.

PÁSSAROS Representam dois seres

vivos.

Os pássaros representam os seres vivos que habitam o universo. Podem significar os seres humanos, ou qualquer ser na natureza, suas asas abertas e a movimentação sugerida pelo móbile mostram a constante observação da vida e a tentativa, infinita, de decifrar seus mistérios.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A obra de Henrique de Aragão é influenciada, segundo o próprio artista, pela vida, por sua fé, por suas crenças e pelo modo com que se relacionada com o universo. As representações de mundo, da natureza e do próprio homem estão sempre presentes em suas criações, e nestas, é possível observar a inquietação do artista, que serve de inspiração para sua arte.

Os símbolos de Henrique de Aragão, na acepção de Cassirer, ou sintoma cultural, na acepção de Panfosky, são os motivos artísticos de suas obras, criados para compreender a sua realidade. Para entender e interpretar sua obra, é necessário compreender o período histórico que a mesma é produzida, neste caso, segunda metade do século XX e primeiras décadas do século XXI, o contexto social e cultural que marcam este período e o conhecimento das ideias políticas, teológicas e filosóficas do próprio artista.

À sua experiência da realidade é sempre interposta uma espécie de véu, ou seja, uma teia simbólica que difere de cultura para cultura. O homem não é somente um animal racional, mas precisamente um animal simbólico, essa é a lição de Cassirer. Seria esse “véu” (ou “lentes”), mediador da relação artista e realidade, diverso em espaço e tempo (e nem sempre consciente ao artista) que Panofsky quer entender, ou seja, a dimensão simbólica da obra. (PIFANO,2010, p.9)

Neste trabalho, a proposta foi, por meio da leitura iconológica de Panofsky, compreender e interpretar a arte contemporânea de Henrique de Aragão e iniciar um processo de conhecimento da dimensão simbólica de sua obra. A leitura de apenas uma obra – a Gênesis, pode ser o início de um trabalho minucioso, que possa analisar cada criação, cada motivo artístico escolhido pelo artista para representar as imagens do seu consciente e inconsciente.

O artigo descreve o que se julga ser a verificação e interpretação do significado intrínseco da obra Gênesis, baseando-se nos dados disponíveis e no entendimento do atual contexto histórico. Em se tratando de estudos da história da arte, que este possa ser mais um capítulo da história da arte de Henrique de Aragão.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAITELLO JUNIOR, Norval. A serpente, a maçã e o holograma:esboços para uma teoria da mídia. São Paulo:Paulus,2010.

PANOFSKY, Erwin. Significado nas Artes Visuais. São Paulo: Perspectiva, 1991.

PIFANO, Raquel Quinet,História da Arte Como História das Imagens: A Iconologia de Erwin Panofsky. Fênix – Revista de História e Estudos Culturais. Setembro/ Outubro/ Novembro/ Dezembro de 2010 Vol. 7 Ano VII nº 3 - ISSN: 1807-6971 - Disponível em: www.revistafenix.pro.br.

SAMAIN, Etienne. As “Mnemosyne(s)” de Aby Warburg: Entre Antropologia, Imagens e Arte. Revista Poiésis, n 17, p. 29-51, Jul. de 2011.

http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=gênese. Acesso em 23/07/2012.

http://www.cam.cultura.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=30. Acesso em 12/06/2012.

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