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A unidade da classe trabalhadora e a luta pelo socialismo João Batista Lemos

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Academic year: 2021

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A unidade da classe trabalhadora e a luta pelo socialismo

João Batista Lemos Camaradas,

A crise econômica internacional evidenciou os limites do capitalismo, as falácias do neoliberalismo e o esgotamento da ordem imperialista liderada pelos EUA. Daí emerge a necessidade de intensificar a luta dos povos por uma nova ordem mundial, por novos modelos de desenvolvimento nacional e pelo socialismo. O socialismo, bandeira histórica da classe trabalhadora reiterada agora no programa dos comunistas, é na verdade a única saída progressista e definitiva para os graves dilemas que desafiam as sociedades humanas na atualidade.

A classe trabalhadora tem sido duramente afetada pela crise em todo o mundo. É castigada pelas demissões em massa; pela redução de direitos e salários; pela precarização das relações e contratos de trabalho.

O neoliberalismo está desmoralizado. As classes dominantes rasgaram o discurso do Estado mínimo e apelaram aos favores do poder público para debelar a recessão e salvar a própria pele.

O Brasil conseguiu contornar com relativa eficácia os efeitos da crise. As medidas anticíclicas adotadas pelo governo Lula, incluindo a redução da taxa básica de juros e do superávit primário, expansão do crédito pelos bancos públicos e isenção de

impostos, amenizaram os impactos da recessão, que, todavia vai nos roubar pelo menos um ano de desenvolvimento.

Também contribuíram decisivamente para este desempenho o aumento real do salário mínimo e a redistribuição de renda via Bolsa Família, que fortaleceram o mercado interno; a diversificação do destino das exportações, que nos tornou menos dependentes dos EUA, e o acúmulo de reservas, estimadas em US$ 233 bilhões no final de outubro.

É inegável que o Brasil e muitos países da América Latina vivem um novo cenário político, caracterizado pela crescente contestação do hegemonismo e unilateralismo dos EUA e pela busca de novos rumos. É um período promissor, de transição política. Entretanto, não podemos nos dar por satisfeitos com as atuais condições. Apesar dos avanços, subsistem sérios problemas.

O índice de desemprego, estimado pelo Dieese em cerca de 15% da população economicamente ativa nas principais regiões metropolitanas do país, é escandaloso; os salários reais são risíveis, 62% dos ocupados formais ganham menos que três salários mínimos; pouco mais de um terço dos trabalhadores e trabalhadoras integram o mercado formal de trabalho; cerca de dois terços estão na informalidade, sem

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carteira assinada e sem direitos, no subemprego ou desempregados; é notória a carência de serviços públicos básicos, nas áreas de saúde, educação, transporte e moradia; a violência cresce e assusta, vitimando principalmente os indivíduos mais pobres e vulneráveis.

Os trabalhadores e o povo têm reagido a essa situação. Percebe-se uma retomada das lutas sindicais e populares. Em 2008 ocorreram 411 greves de trabalhadores, o maior número desde 2004, segundo dados do DIEESE. A maioria dessas greves – 224 – ocorreu no setor privado. Isso é um claro sinal de que com o desempenho

econômico, amplia-se a capacidade de mobilização dos trabalhadores.

Frente a tal realidade é preciso intensificar a luta pelas transformações sociais mais profundas. Precisamos avançar na direção de um Novo Projeto Nacional de

Desenvolvimento, fundado na soberania que possa nos conduzir ao caminho de transição ao socialismo.

Este novo projeto terá que se afirmar na luta, em oposição ao neoliberalismo, compreendendo em seus objetivos gerais a defesa da soberania e a valorização do trabalho como pressupostos do fortalecimento do mercado interno e do crescimento robusto e sustentado da economia. O desenvolvimento das forças produtivas deve ser posto a serviço do ser humano e não mais da ganância capitalista. O objetivo da produção deve ser a satisfação das necessidades sociais, ao invés da maximização dos lucros. (essência do pensamento socialista)

Nossa meta é o pleno emprego, o aumento real dos salários, a redução da jornada de trabalho sem a redução de salário, a formalização das relações trabalhistas, a

universalização dos direitos, serviços públicos gratuitos e de qualidade para todos; soberania nas relações internacionais, integração e solidariedade na América Latina; juros baixos, rigoroso controle sobre o câmbio e o fluxo de capitais, redução do

superávit primário e mais investimentos públicos; reformas democráticas da educação, do sistema político, do sistema tributário, dos meios de comunicação; reforma agrária e reforma urbana. Queremos o fortalecimento do SUS. BANDEIRAS... Os interesses da classe trabalhadora estão em harmonia com o desenvolvimento nacional e os interesses da maioria da sociedade, o que não ocorre com a oligarquia

financeira.

Tudo isto supõe o fortalecimento do Estado e um papel muito mais proeminente deste no processo de desenvolvimento. O fracasso do neoliberalismo desmoralizou o

discurso do Estado mínimo e fez com que as próprias classes dominantes buscassem socorro nos governos, mas o intervencionismo estatal que ora defendem não tem um sentido progressista, popular; visa tão somente livrar a cara dos especuladores,

socializando os prejuízos impostos pela crise com a promessa de sair de cena quando a turbulência passar, contabilizando déficits e acumulando desequilíbrios fiscais.

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De todo modo, o fato que transparece nas crises é que as forças que configuram o chamado mercado capitalista (tão mistificado pela ideologia neoliberal) não garantem o equilíbrio social, estimulam os excessos e tendem a conduzir as economias e os povos à anarquia e à barbárie. A verdade é que não se pode prescindir do Estado na condução do processo de desenvolvimento, muito menos quando se pleiteia um novo projeto de nação.

Camaradas,

Nosso maior desafio é reunir forças e condições sociais e políticas para viabilizar as mudanças. Aqui cabe lembrar o debate recorrente na vida partidária sobre o papel do proletariado na estratégia do PCdoB e na árdua batalha pela transformação social. Não restam dúvidas de que os trabalhadores e trabalhadoras têm um papel central a

desempenhar neste sentido.

O resultado da nossa luta vai depender da maior ou menor mobilização e participação da classe trabalhadora. É fundamental elevar o protagonismo da classe e do

movimento sindical na vida política nacional, mas isto não se resolve com a mera proclamação de princípios e intenções.

O protagonismo não é algo que encontramos pronto e acabado na história. Deve ser construído levando em conta a própria experiência da luta de classes e a necessidade de elevar o grau de consciência das lideranças e das bases. Emergem daí tarefas indeclináveis e candentes para o Partido Comunista do Brasil.

A análise da realidade objetiva nos revela uma classe trabalhadora pouco organizada e consciente, sindicatos com baixa inserção e influência nas bases e reduzida

capacidade de mobilização. A situação dos comunistas neste terreno também

apresenta notórias debilidades, em que pese o avanço do trabalho do nosso Partido no movimento sindical.

Convém notar que, em certa medida, o governo Lula tem estimulado uma maior intervenção política dos sindicatos e dos trabalhadores.

As centrais foram legalizadas e seus dirigentes são consultados regularmente sobre questões relevantes para o destino da nação, o que desperta a ira da direita neoliberal, que não se cansa de reclamar da suposta “república sindical”, ressuscitando o discurso golpista usado contra João Goulart nos anos 1960.

É significativo que Lula tenha atribuído sua eleição ao avanço da “consciência da classe trabalhadora”. Isto é verdade e deve ser levado em conta, mas obviamente não significa que o grau de consciência alcançado seja o ideal demandado pelo processo de transformação revolucionária da sociedade brasileira.

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A verdade é que, em sua maioria, os trabalhadores assimilam a ideologia das classes dominantes, reproduzida diariamente pela mídia capitalista. O Partido Comunista reivindica a condição de portador da consciência mais avançada do proletariado. Levar esta consciência às massas, ligando-a aos movimentos espontâneos dos trabalhadores é, para nós, o problema central.

Aprendemos também que elevar o protagonismo da classe não depende apenas da teoria e da prática do PCdoB, em que pese o seu papel proeminente neste sentido. A experiência nos indica que o caminho nesta direção passa por uma ampla unidade política e de ação da classe trabalhadora, que deve envolver todas as centrais

sindicais, sem exclusões, e as forças políticas progressistas na luta pela transformação social.

Precisamos construir uma coalizão de centrais em torno de uma plataforma comum. Unidos, os trabalhadores reúnem melhores condições de influir nos rumos políticos da nação e jogar um papel mais decisivo. A unidade da classe trabalhadora é uma condição essencial para a vitória do povo brasileiro. (sublinhado acima)

Várias experiências políticas que envolvem a unidade das centrais e dos movimentos sociais estão sendo realizadas. Cabe destacar as marchas a Brasília em defesa do desenvolvimento com valorização de trabalho, redução da jornada e valorização permanente do salário mínimo, entre outras reivindicações, agora em sua sexta versão, reunindo lideranças de todas as centrais sindicais e diferentes organizações sociais.

Neste cenário, é de extraordinária importância a proposta da CTB de realizar uma nova Conclat (Conferência Nacional da Classe Trabalhadora), com a participação de milhares de dirigentes de todas as centrais e entidades sindicais, para definir uma plataforma comum da classe trabalhadora, para debater um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento e jogar um peso maior nas eleições de 2010, visando garantir a continuidade e o avanço do ciclo de mudanças iniciado pelo governo Lula em 2003. Foi a intervenção do movimento social nas batalhas políticas em curso que viabilizou a vitória Hugo Chávez na Venezuela, de Evo Morales, na Bolívia, Rafael Correa, no Equador e Daniel Ortega, na Nicarágua, entre outros. Os movimentos sociais ganham força na medida em que abraçarem com mais ousadia a perspectiva política de poder, articulando-se com os partidos políticos nas lutas institucionais e eleitorais.

Historicamente as massas se mobilizam quando percebem possibilidades concretas de transformações políticas.

O imperativo da unidade da classe trabalhadora transcende o âmbito nacional e tem abrangência internacional, pois o enfrentamento do capital transnacional requer o internacionalismo solidário de todos os proletários, o que nos recorda o lema inscrito no Manifesto Comunista: “proletários de todo o mundo, uni-vos”.

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Vivemos, afinal, sob o tacão do imperialismo, liderado pelos EUA, que impõe mecanismos de dominação com a cumplicidade de lacaios internos e que deve ser combatido com uma ampla unidade antiimperialista, nacional e internacional, sobretudo latina americana. Ao mesmo tempo em que luta pelos seus próprios interesses, o proletariado também luta pelos interesses da maioria da sociedade. Camaradas,

Nosso Partido vem colhendo êxitos significativos no movimento sindical brasileiro e entre os trabalhadores, com uma orientação política que no fundamental tem se revelado justa seja na resistência ao neoliberalismo, quando atuamos principalmente através da CUT ou mais recentemente na CTB.

A fundação da CTB em dezembro de 2007, feita em aliança com sindicalistas independentes e de outras correntes que atuam no movimento operário, refletiu o crescimento da influência dos comunistas no sindicalismo nacional, cabendo notar que lideranças ligadas a outras centrais sindicais também foram incorporados recentemente às fileiras partidárias. Em apenas dois anos de existência, a CTB esta organizada em todos os 26 estados e no Distrito Federal. Suas mais de 600 entidades filiadas representam mais de sete milhões de trabalhadores do campo e das cidades. É preciso, no entanto, avançar mais, muito mais, para tornar mais próximos os nossos objetivos estratégicos, a conquista de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, que hoje é a forma concreta de abordar a luta de classes em nosso país, a caminho da transformação maior, a superação do capitalismo e a construção de uma nova

sociedade, socialista.

Os comunistas têm o dever de redobrar os esforços para organizar o Partido no seio da classe trabalhadora, zelando pela mais ampla unidade dos sindicatos, procurando construir sólidas organizações no interior das empresas, inclusive

comissões sindicais de base, trabalhando pela nova Conclat, batalhando por um novo projeto de nação e participando ativamente das eleições de 2010.

À LUTA

Referências

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