_________________________________________________________ Direito Constitucional I
TEMA 3: ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO
BRASILEIRO
“A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição”
(Art. 18, da CRFB/88)
EMENTÁRIO DE TEMAS
:
Organização Político-Administrativa do Estado Brasileiro. Competências
Federativas.
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LEITURA OBRIGATÓRIA
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo. Atlas.
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LEITURA COMPLEMENTAR
:
CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito Constitucional. Belo Horizonte. Del Rey.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo.
Malheiros.
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ROTEIRO DE AULA
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ESTUDO DE CASO:
NOVO: “Em conclusão, o Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade da expressão ‘com porte de arma, independente de qualquer ato formal de licença ou autorização’, contida no art. 88 da LC 240/2002 do Estado do Rio Grande do Norte. A norma impugnada dispõe sobre garantias e prerrogativas dos procuradores do Estado. Na sessão de 16-11-2005, o Plenário assentou a inconstitucionalidade do inciso I e §§ 1º e 2º do art. 86, e dos incisos V, VI, VIII e IX do art. 87 da aludida lei – v. Informativo 409. Na presente assentada, concluiu-se o exame do pleito remanescente relativo ao art. 88, que autoriza o porte de arma aos integrantes daquela carreira. Asseverou-se que, se apenas à União fora atribuída competência privativa para legislar sobre matéria penal, somente ela poderia dispor sobre regra de isenção de porte de arma. Em acréscimo, o min. Gilmar Mendes ressaltou que o registro, a posse e a comercialização de armas de fogo e munição estariam disciplinados no Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/2003). Esse diploma criara o Sistema Nacional de Armas e transferira à Polícia Federal diversas atribuições até então executadas pelos Estados-Membros, com o objetivo de centralizar a matéria em âmbito federal. Mencionou precedentes da Corte no sentido da constitucionalidade do Estatuto e da competência privativa da União para autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico (CF, art. 21, VI). Aduziu que, não obstante a necessidade especial que algumas categorias profissionais teriam do porte funcional de arma, impenderia um diálogo em seara federal.” (ADI 2.729, rel. p/ o ac. min. Gilmar Mendes, julgamento em 19-6-2013, Plenário, Informativo 711.) Vide: ADI 3.112, rel. min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 2-5-2007, Plenário, DJ de 26-10-2007.
Nota: O Plenário do STF, no julgamento da ADPF 46, declarou como recepcionada pela
Constituição de 1988 a Lei 6.538/1978, que dispõe sobre o privilégio da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos na exploração dos serviços postais, emprestando interpretação conforme à Constituição ao seu art. 42.
“A CB confere à União, em caráter exclusivo, a exploração do serviço postal e o correio aéreo nacional (art. 21, X). O serviço postal é prestado pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), empresa pública, entidade da administração indireta da União, criada pelo Decreto-Lei 509, de 10-3-1969.” (ADPF 46, Rel. p/ o ac. Min. Eros Grau, julgamento em 5-8-2009, Plenário,
DJE de 26-2-2010.)
"Competência privativa da União para legislar sobre serviço postal. É pacífico o entendimento deste Supremo Tribunal quanto à inconstitucionalidade de normas estaduais que tenham como objeto matérias de competência legislativa privativa da União. Precedentes: ADI 2.815, Sepúlveda Pertence (propaganda comercial), ADI 2.796-MC, Gilmar Mendes (trânsito), ADI 1.918, Maurício Corrêa (propriedade e intervenção no domínio econômico), ADI 1.704, Carlos Velloso (trânsito), ADI 953, Ellen Gracie (relações de trabalho), ADI 2.336, Nelson Jobim (direito processual), ADI 2.064, Maurício Corrêa (trânsito) e ADI 329, Ellen Gracie (atividades nucleares). O serviço postal está no rol das matérias cuja normatização é de competência privativa da União (CF, art. 22, V). É a União, ainda, por força do art. 21, X, da Constituição, o ente da Federação responsável pela manutenção desta modalidade de serviço público." (ADI 3.080, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 2-8-2004, Plenário, DJ de 27-8-2004.)
Nota: O Plenário do STF, no julgamento das ADI 3.999 e ADI 4.086, confirmou a
constitucionalidade da Resolução 22.610/2007 do TSE, que disciplina o processo de perda de mandato eletivo por infidelidade partidária.
“Fidelidade partidária. Ação direta de inconstitucionalidade ajuizada contra as Resoluções 22.610/2007 e 22.733/2008, que disciplinam a perda do cargo eletivo e o processo de justificação da desfiliação partidária. Síntese das violações constitucionais arguidas. Alegada contrariedade do art. 2º da Resolução ao art. 121 da Constituição, que ao atribuir a competência para examinar os pedidos de perda de cargo eletivo por infidelidade partidária ao TSE e aos TREs, teria contrariado a reserva de lei complementar para definição das competências de Tribunais, Juízes e Juntas Eleitorais (art. 121 da Constituição). Suposta usurpação de competência do Legislativo e do Executivo para dispor sobre matéria eleitoral (art. 22, I; arts. 48 e 84, IV, da Constituição), em virtude de o art. 1º da Resolução disciplinar de maneira inovadora a perda do cargo eletivo. Por estabelecer normas de caráter processual, como a forma da petição inicial e das provas (art. 3º), o prazo para a resposta e as consequências da revelia (art. 3º, caput e parágrafo único), os requisitos e direitos da defesa (art. 5º), o julgamento antecipado da lide (art. 6º), a disciplina e o ônus da prova (art. 7º, caput e parágrafo único, e art. 8º), a Resolução também teria violado a reserva prevista no art. 22, I, e arts. 48 e 84, IV, da Constituição. Ainda segundo os requerentes, o texto impugnado discrepa da orientação firmada pelo STF nos precedentes que inspiraram a Resolução, no que se refere à atribuição ao Ministério Público eleitoral e ao terceiro interessado para, ante a omissão do Partido Político, postular a perda do cargo eletivo (art. 1º, § 2º). Para eles, a criação de nova atribuição ao MP por resolução dissocia-se da necessária reserva de lei em sentido estrito (art. 128, § 5º, e art. 129, IX, da Constituição). Por outro lado, o suplente não
estaria autorizado a postular, em nome próprio, a aplicação da sanção que assegura a fidelidade partidária, uma vez que o mandato ‘pertenceria’ ao Partido.) Por fim, dizem os requerentes que o ato impugnado invadiu competência legislativa, violando o princípio da separação dos poderes (arts. 2º e 60, §4º, III, da Constituição). O STF, por ocasião do julgamento dos Mandados de Segurança 26.602, 26.603 e 26.604 reconheceu a existência do dever constitucional de observância do princípio da fidelidade partidária. Ressalva do entendimento então manifestado pelo Ministro Relator. Não faria sentido a Corte reconhecer a existência de um direito constitucional sem prever um instrumento para assegurá-lo. As resoluções impugnadas surgem em contexto excepcional e transitório, tão somente como mecanismos para salvaguardar a observância da fidelidade partidária enquanto o Poder Legislativo, órgão legitimado para resolver as tensões típicas da matéria, não se pronunciar. São constitucionais as Resoluções 22.610/2007 e 22.733/2008 do TSE.” (ADI 3.999 e ADI 4.086, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 12-11-2008, Plenário, DJE de 17-4-2009.)
NOVO: “O texto impugnado permite à administração utilizar em serviços de inteligência veículos particulares apreendidos. Como a regra não especifica os motivos pelos quais os veículos passíveis de utilização foram retirados da esfera de uso e gozo de seus proprietários, a permissão se estende aos veículos apreendidos não apenas em razão de infração de trânsito,
mas de outras violações, como a da ordem tributária. Ao assim prescrever, a Lei 8.493/2004 viola o direito constitucional ao devido processo legal que leva à perda compulsória da propriedade ou do direito de uso e gozo (posse), cuja positivação no campo infraconstitucional é atribuída à União, seja no campo da legislação de trânsito ou não (arts. 5º, caput, XXV e XLV, e 22, I, III e XI, da Constituição). (...) Nos termos da Constituição, compete à União legislar sobre direito penal (perdimento de bens), processual (apreensão), requisição civil (uso de bens particulares enquanto não declarado o perdimento ou resolvida a situação lesiva, e devolvido o
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bem ao proprietário) e de trânsito. Portanto, não poderia o Estado-Membro criar hipóteses semelhantes à requisição administrativa para aplicação no período em que o veículo aguarda definição de sua alienação compulsória ou de retorno ao proprietário.” (ADI 3.639, voto do rel. min. Joaquim Barbosa, julgamento em 23-5-2013, Plenário, DJE de 7-10-2013.)
QUESTÕES RELACIONADAS:
Questão 1- No âmbito da repartição de competências materiais, é de competência comum
da União, estados, DF e municípios registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios. ( ) Verdadeiro
( ) Falso
Questão 2- Dentre outras, é competência comum da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios:
A) Emitir moeda.
B) Estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.
C) Organizar, manter e executar a inspeção do trabalho.
D) Exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e televisão.
E) Instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos.
Questão 3- Aos estados-membros são reservadas as competências administrativas que
lhes são expressamente conferidas pela CF, restando à União e aos municípios, na área administrativa, todas as competências que não forem dos estados:
( ) Verdadeiro ( ) Falso
Questão 4- De acordo com o modelo de repartição de competências adotado pela
Constituição Federal, pode-se afirmar que
A) É permitido à União renunciar, em favor dos Estados-membros, ao exercício de competência que lhe foi outorgada pela Constituição Federal.
B) Cabe também aos Municípios o exercício das competências materiais comuns conferidas à União, aos Estados-membros e ao Distrito Federal.
C) Aos Estados-membros não foram conferidas competências materiais privativas. D) Lei complementar federal pode autorizar os Municípios a legislarem sobre
questões específicas das matérias de competência privativa da União.
E) No campo das competências legislativas, cabe ao Distrito Federal exercer somente aquelas conferidas aos Municípios.
Questão 5- Determina a Constituição que Leis complementares fixarão normas para a
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. Esta regra
constitucional aplica-se no caso de competência:
A) Comum.
C) Suplementar.
D) Concorrente.
E) Remanescente.
Questão 6- A competência para legislar sobre desapropriação é: A) Privativa da União Federal.
B) Comum de todos os entes federativos.
C) Comum dos Estados, Distrito Federal e Municípios, apenas quanto a normas específicas.
D) Concorrente da União Federal e dos Estados.
E) Concorrente dos Estados e Municípios, apenas quanto a normas específicas.
Questão 7- Compete privativamente à União legislar sobre cultura:
( ) Verdadeiro ( ) Falso
Questão 8- Com relação às competências dos entes da Federação:
A) aos Estados compete estabelecer com a União formas de colaboração para o atendimento socioeducativo em meio aberto.
B) aos Estados compete criar e manter os programas de atendimento para a execução das medidas socioeducativas de internação, semiliberdade e liberdade assistida.
C) aos Municípios compete editar normas complementares para a organização e funcionamento dos programas do seu Sistema de Atendimento Socioeducativo. D) à União compete elaborar o Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo, em
parceria exclusiva com os Estados e o Distrito Federal.
E) à União compete o desenvolvimento e a oferta de programas próprios de atendimento para execução de medida socioeducativa de internação.
Questão 9- Os municípios dispõem de competência para suplementar a legislação
estadual, no que couber, mas não a legislação federal: ( ) Verdadeiro
( ) Falso
Questão 10- Sobre a competência dos Municípios, é correto afirmar que poderão:
A) Organizar distritos, observada a legislação estadual, sendo que a criação e supressão de distritos deve ser realizada por Lei Federal.
B) Instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei.
C) Prestar diretamente, sendo vedado o regime de concessão ou permissão, o serviço público de transporte coletivo, pois tem caráter essencial.
D) Manter programas de educação infantil, sendo vedada a cooperação técnica e financeira da União.
E) Promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, dispensável prévio planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação de solo urbano.