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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

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Registro: 2017.0000094894

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 1005016-81.2014.8.26.0565, da Comarca de São Caetano do Sul, em que é apelante SYLMEA MARIA BARBOSA, é apelada FABIA BARBOSA INACIO (JUSTIÇA GRATUITA).

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 5ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores A.C.MATHIAS COLTRO (Presidente sem voto), MOREIRA VIEGAS E FÁBIO PODESTÁ.

São Paulo, 20 de fevereiro de 2017. James Siano

Relator Assinatura Eletrônica

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VOTO Nº: 27410

APELAÇÃO Nº: 1005016-81.2014.8.26.0565 COMARCA: São Caetano do Sul

MM. Juiz(a) de 1º grau : Dr. (a) Daniela Anholeto Valbão Pinheiro Lima APELANTE (S): Sylmea Maria Barbosa

APELADO (S): Fabia Barbosa Inacio

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL E MORAL. Tratamento ortodôntico. Pretensão em razão da ausência de obtenção do resultado esperado. Sentença de procedência em parte para condenar a ré a compensar danos morais no importe de R$ 5.000,00 e para indenizar danos materiais a serem apurados em liquidação, a fim de que a autora seja ressarcida dos custos com os procedimentos odontológicos necessários ao fechamento do espaço interdental causado pela ausência de dois dentes.

Apela a ré sustentando ter o laudo pericial concluído que a extração dos dentes é conduta amplamente utilizada pelos ortodontistas e que não houve dano, apenas falta de finalização do tratamento, por abandono da parte contrária.

Contrarrazões com pedido de majoração da verba honorária em razão do recurso.

Descabimento.

Autora se submeteu a tratamento ortodôntico, com extração de dois dentes, porém sem obtenção do resultado esperado de correção do posicionamento da arcada dentária.

Decisão saneadora determinou a produção de perícia e a inversão do ônus da prova. Prontuário incompleto impossibilita considerar que o tratamento foi realizado segundo a melhor técnica e que o insucesso se deu por culpa da paciente. Na hipótese de ortodontia a responsabilidade do profissional não é de meio, mas sim de resultado.

Danos morais. Circunstância caraterizadora. Sofrimento psicológico decorrente do resultado frustrado e do espaço interdental em razão da extração de dois dentes sem ter sido obtida a correção do posicionamento.

Dano material vinculado ao tratamento para preencher o espaço interdental. Necessidade de retorno da parte no mínimo ao “status quo”.

Honorários advocatícios. Majoração da verba devida ao patrono da autora de R$ 1.000,00 para R$ 1.500,00. Inteligência do art. 85, § 11, do CPC/2015.

Recurso improvido.

Trata-se de apelação interposta em face da sentença de f. 295/299, que julgou procedente em parte ação de indenização por danos materiais e morais proposta por Fabia Barbosa Inacio contra Sylmea Maria Barbosa, para condenar a ré a compensar danos morais no importe de R$ 5.000,00 e para indenizar danos materiais a serem apurados em liquidação, a fim de que a autora seja ressarcida integralmente dos custos com os procedimentos

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odontológicos necessários ao fechamento do espaço interdental causa pela ausência dos dentes 14 e 24. Foi atribuída a sucumbência recíproca, cada parte respondendo por despesas processuais, bem como pelos honorários da parte adversa, fixados para o advogado da autora em R$ 1.000,00 e em R$ 500,00 os devidos ao patrono da ré.

Apela a ré (f. 302/305), sustentando: (i) laudo pericial concluiu que a extração dos dentes é conduta amplamente utilizada pelos ortodontistas e que não houve dano, apenas falta de finalização do tratamento; (ii) apelada abandonou o tratamento.

Recurso respondido, com pedido de majoração da verba honorária (f. 313/317).

É o relatório.

O apelo não procede.

Noticia a inicial que a autora-recorrida em 2012 se submeteu a tratamento ortodôntico, com a extração de dois dentes, ministrado pela ré-apelante. Porém, passado mais de um ano, não houve o resultado que se esperava de correção do posicionamento da arcada dentária.

Para apuração dos fatos houve determinação de realização de perícia e inversão do ônus da prova em decisão saneadora (f. 108/109), por meio da qual coube à ré demonstrar que todo o tratamento foi realizado segundo a melhor técnica, de modo que apenas uma questão da fisiologia da autora ou sua culpa exclusiva poderiam obstar o resultado esperado.

Conclui a prova pericial que “o prontuário odontológico é de

extrema importância na Odontologia (principalmente ortodontia) e este que foi apresentado está incompleto, sendo assim, insuficiente para a correta condução de um tratamento ortodôntico e de um tratamento de paciente portador de doença infectocontagiosa (Hepatite C)” (f. 255).

É bem verdade que a perita também considerou que a retirada dos dois dentes foi um conduta coerente, sem a existência de dano (f. 255).

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No entanto, o prontuário incompleto não demonstra a conduta regular do profissional em todo o tratamento e assim impede que a ré se desvencilhe do ônus probatório.

Salienta-se, ainda, que no caso da ortodontia a responsabilidade do profissional não é de meio, mas sim de resultado.

Nesse sentido, precedente do STJ:

RESPONSABILIDADE CIVIL. RECURSO ESPECIAL. TRATAMENTO ODONTOLÓGICO. APRECIAÇÃO DE MATÉRIA CONSTITUCIONAL. INVIABILIDADE. TRATAMENTO ORTODÔNTICO. EM REGRA, OBRIGAÇÃO CONTRATUAL DE RESULTADO. REEXAME DE PROVAS. INADMISSIBILIDADE. 1. As obrigações contratuais dos profissionais liberais, no mais das vezes, são consideradas como "de meio", sendo suficiente que o profissional atue com a diligência e técnica necessárias, buscando a obtenção do resultado esperado. Contudo, há hipóteses em que o compromisso é com o "resultado", tornando-se necessário o alcance do objetivo almejado para que tornando-se possa considerar cumprido o contrato.

2. Nos procedimentos odontológicos, mormente os

ortodônticos, os profissionais da saúde especializados nessa ciência, em regra, comprometem-se pelo resultado, visto que os objetivos relativos aos tratamentos, de cunho

estético e funcional, podem ser atingidos com

previsibilidade.

3. O acórdão recorrido registra que, além de o tratamento não ter obtido os resultados esperados, "foi equivocado e causou danos à autora, tanto é que os dentes extraídos terão que ser recolocados".

Com efeito, em sendo obrigação "de resultado", tendo a autora demonstrado não ter sido atingida a meta avençada, há presunção de culpa do profissional, com a consequente inversão do ônus da prova, cabendo ao réu demonstrar que não agiu com negligência, imprudência ou imperícia, ou mesmo que o insucesso se deu em decorrência de culpa exclusiva da autora.

4. A par disso, as instâncias ordinárias salientam também que, mesmo que se tratasse de obrigação "de meio", o réu teria "faltado com o dever de cuidado e de emprego da técnica adequada", impondo igualmente a sua responsabilidade. 5. Recurso especial não provido. (REsp 1238746/MS, Quarta Turma, Rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, j. 18.10.2011).

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responsabilização civil, nos termos do art. 9271 do Código Civil e em razão do

que exsurge o dever de indenizar, consubstanciados na conduta culposa do agente (procedimento inadequado), o nexo causal (liame) e o dano (sofrimento físico e psicológico, pelo insucesso do tratamento prometido).

Restaram configurados os danos morais e o nexo causal, essenciais à compensação pleiteada.

O dano moral puro pressupõe lesão (...). Por isso, não se

torna exigível na ação indenizatória a prova de semelhante evento. Sua verificação se dá em terreno onde à pesquisa probatória não é dado chegar.2

Nesse sentido, manifesta-se a jurisprudência desta Corte:

RESPONSABILIDADE CIVIL - Danos morais - Acidente com passageiro de ônibus Responsabilidade objetiva mediante a qual a transportadora é obrigada a transportar o passageiro são e salvo até seu destino - Indenização devida.

O dano moral é mensurado independentemente de provas rígidas e cabais, visto que se refere à dor interior, psíquica, aliada, no caso em testilha, ao sofrimento de ordem física suportado pela vítima, em face de grave lesão corporal por ela

suportada.

Recurso parcialmente provido. (TJSP 14ª Câmara de Direito

Privado Apelação nº 991.09.019456-0 Embu rel. Des.

PEDRO ABLAS j. 15.09.2010 v.u.)

Também adequada a condenação pelo dano material, que representa o custo do tratamento que deverá ser realizado por outro profissional para o fechamento do espaço interdental, para que a autora ao menos retorne ao “status quo”.

Cabe majorar a verba honorária devida ao patrono da autora para o importe de R$ 1.500,00, nos termos do art. 85, § 11º, do CPC/2015.

Ante o exposto, nega-se provimento ao recurso.

JAMES SIANO

Relator

1 Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,

ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Referências

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