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Discurso do diretor Luiz A Pereira da Silva no SICOOB - Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil

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Brasília, 23 de novembro de 2011

Discurso do diretor Luiz A Pereira da Silva no SICOOB - Sistema de Coope-rativas de Crédito do Brasil

1. Senhoras e senhores, boa tarde.

2. Inicialmente, eu gostaria de agradecer ao convite formulado gentilmente

pe-lo Sicoob para este evento, e cumprimentar a todos os presentes, dirigindo minha saudação ao Senhor Presidente do Sicoob, José Salvino de Mene-zes, e ao Senhor Presidente do Bancoob, Marco Aurélio Almada, parabeni-zando-os pela iniciativa.

3. É sempre com muito interesse que o Banco Central participa de eventos em

conjunto com o setor cooperativo de crédito, sempre excelentes oportunida-des para conversarmos um pouco com os senhores, no sentido de avaliar nossos objetivos, nossas ações normativas, transmitir as nossas preocupa-ções, e também obter subsídios que consideramos extremamente importan-tes para a continuidade do nosso debate.

4. O diálogo entre a autoridade normativa e as instituições financeiras tem-se

mostrado profícua ao desenvolvimento de uma estrutura regulamentar ade-quada a um sistema hoje altamente sofisticado, competitivo e globalizado. Temos hoje um sistema financeiro robusto, que opera em um arcabouço prudencial exigente, fortalecendo a nossa estabilidade macroeconômica e financeira.

O setor cooperativo de crédito (SCC) é tratado de forma integrada com o restante do SFN no tocante aos objetivos essenciais do BC.

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5. O presidente Tombini tem dedicado considerável volume de recursos e es-forços na atenção ao setor cooperativo de crédito, tanto no que se refere a sua regulamentação quanto a fiscalização do setor, aprimorando as normas e modernizando a metodologia empregada em suas ações.

6. Esse esforço está integrado no projeto maior de modernização de toda a

regulamentação do sistema financeiro, sempre com vistas à elevação dos níveis de segurança, de confiabilidade e de qualidade das instituições e dos serviços prestados ao público.

7. Nessa linha, o Banco Central procura aplicar ao setor cooperativo de crédito

as mesmas normas operacionais e prudenciais aplicáveis à generalidade das instituições do SFN, procedendo a adaptações condizentes com a natu-reza, o porte e a complexidade operacional das cooperativas, mas sempre com base nos mesmos fundamentos e princípios que nortearam a edição das normas gerais. Exemplo recente dessa diretriz são as normas referen-tes à aplicação de regimes prudenciais diferenciados, conforme o porte e o risco das operações ativas mantidas pelas cooperativas de crédito.

8. Parece-nos claro que esse critério contribui significativamente para a

eleva-ção dos níveis de estabilidade e solidez das cooperativas de crédito, tendo-se em conta a sinergia que tendo-se estabelece, de forma natural, entre os desa-fios apresentados pelas exigências da regulamentação e os corresponden-tes esforços do setor, para alcançar progressos técnicos e organizacionais.

Importância do SCC para o equilíbrio do mercado financeiro e desenvolvi-mento econômico da sociedade

9. O cooperativismo de crédito tem importante papel dentro do SFN, entre

ou-tros aspectos, como um dos fatores que contribuem para equilibrar o binô-mio oferta-demanda de serviços financeiros, para a difusão do acesso a

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es-ses serviços a toda a população, dentro do conceito amplo de “Inclusão Fi-nanceira”, e para o fomento à captação de poupança com aplicação em créditos em favor de empreendimentos localizados na própria região da co-operativa, fomentando o desenvolvimento econômico local e a geração de empregos.

10. Uma adequada regulamentação proporciona aos cidadãos moldes seguros para a organização e operação de empreendimentos cooperativos de crédi-to, e dá condições seguras para a produção e o fornecimento dos serviços financeiros necessários ao funcionamento de uma sociedade moderna, ao desenvolvimento das atividades dos associados, desde as domésticas até as profissionais e aos empreendimentos econômicos de todo tipo.

11. O cooperativismo de crédito apresenta-se como uma das expressões do direito básico de associação para consecução de fins justos, garantido ex-pressamente em nossa Carta Magna. É também sinônimo de iniciativa pri-vada, com recursos privados e correndo riscos por conta própria. Necessita ser defendido e fortalecido, para que os cidadãos possam exercer o direito de empreender na medida de suas possibilidades e das suas necessidades econômicas e financeiras.

A conjuntura econômico-financeira e as mudanças nos paradigmas sociais e tecnológicos afetam igualmente o SCC

12. As cooperativas de crédito estão sujeitas, entretanto, à mesma conjuntura que afeta todos os agentes econômicos do País, especialmente as institui-ções financeiras, não podendo escapar das mudanças de paradigmas e de todo o cenário em que se desenvolve o seu funcionamento.

13. O cenário econômico atual é complexo, por força de diversos fatos de co-nhecimento geral. Seus componentes têm diversas origens, e pela

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crescen-te increscen-ternacionalização da economia afetam sem exceção todos os agencrescen-tes econômicos e especialmente o setor financeiro. Assim, é preciso aperfeiço-ar constantemente o controle sobre os fatores de risco que podem determi-nar a descontinuidade das instituições financeiras, e adotar as correspon-dentes medidas de ajuste.

14. Poderíamos destacar como fatores importantes de alteração do cenário e-conômico-financeiro, que exigem maior capacidade de controle por parte das instituições, a redução das margens operacionais; o aumento da con-corrência pela disputa de clientes em segmentos sociais de menor renda; o aumento da volatilidade dos mercados, em parte causada pela crescente complexidade da cadeia de transmissão de riscos, e a maior exposição a riscos daí derivados; e em consequência a elevação dos níveis de controle e de capitalização exigidos pela autoridade reguladora.

15. As cooperativas de crédito, mesmo trabalhando apenas com associados-clientes, estão sujeitas às mesmas condições econômicas, e devem buscar suas próprias soluções nesse cenário.

Medidas prudenciais do BC visando adequar o controle dos fatores de risco e a capitalização das instituições a novos fatores conjunturais

16. Nesse sentido, mostrou-se providencial o esforço empregado pelo BC para a adequação das normas contábeis e prudenciais aos padrões internacio-nais, envolvendo também setor cooperativo nessas metas. Temos por certo que grande parte da elevação dos padrões de gestão ocorridos no setor de-correu dos esforços despendidos para adaptação dos padrões aos níveis mais elevados das exigências regulamentares.

17. Gostaria de destacar aqui a aplicação dos acordos de Basileia à realidade do Sistema Financeiro Nacional (SFN), desde Basileia I, passando por

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Basi-leia II e agora na etapa BasiBasi-leia III, cada uma das quais afetando as coope-rativas de crédito, seja de forma direta, na medida em que o porte e a com-plexidade da instituição assim o exijam, seja de forma indireta, pelo fato de que os sistemas cooperativos são levados a aperfeiçoar seus sistemas pa-dronizados de controle de riscos, e em consequência elevam a qualidade da gestão de todas as cooperativas associadas.

Acordo de Basileia - III

18. A crise financeira de 2008 evidenciou, em nível mundial, a necessidade de as instituições manterem mais capital para fazer frente a riscos não espera-dos. Não apenas isso, indicou o quanto é importante que esse capital seja de melhor qualidade. Esses fatos contribuíram para a aprovação de Basileia III, acordo no qual o Brasil teve participação efetiva, assumindo o compro-misso de sua implementação.

19. Por Basileia III, os novos requisitos de capital serão contracíclicos, exigindo mais capital durante a fase expansionista de um ciclo econômico, permitin-do sua adequação durante os períopermitin-dos de sua contração. Também foram propostos requerimentos visando assegurar a liquidez de curto prazo e a li-quidez de longo prazo das instituições.

20. Ainda pelo Novo Acordo, as instituições deverão observar o limite do índice de Alavancagem, o que evitará a exposição excessiva e o consequente processo de desalavancagem nas crises, o que poderia gerar efeitos nega-tivos sobre a economia.

21. Nesse sentido, o Comunicado Bacen 20.615/2011 já explicitou as grandes linhas sobre como Basileia III será implementado gradualmente no Brasil ao longo dos próximos anos, até 2018.

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22. Obviamente, entendo que a implementação de Basileia III deve, naquilo que for necessário, observar o porte e a complexidade das instituições do SFN, como tem sido prática atualmente na regulamentação, a exemplo do Regi-me Prudencial Simplificado (RPS). No entanto, é possível concluir, a partir dos estudos iniciais realizados pelo Banco Central, que o universo das coo-perativas de crédito poderá se adequar à nova definição de capital prevista em Basileia III sem maiores dificuldades, principalmente em função dos al-tos níveis de capitalização observados no setor.

Integração do SCC às novas exigências e objetivos da regulamentação

23. Observo, novamente, que, nas normas editadas pelo BC, os objetivos de aperfeiçoamento institucional do sistema financeiro incluem o sistema coo-perativo de crédito, o qual, submetido às mesmas normas que regem as demais instituições financeiras, deve desenvolver-se no sentido da crescen-te solidez e confiabilidade.

24. O setor cooperativo, desse modo, será cada vez mais submetido às exigên-cias crescentes de maior capitalização, controle e de excelência técnica com vistas à redução de riscos, aumento da solidez e confiabilidade de su-as instituições. Conforme já observei há pouco, poderá acontecer que, dada a natureza peculiar das cooperativas de crédito, em alguns casos não se-jam aplicadas a elas normas idênticas às que deverão ser observadas pelas demais instituições, mas os conceitos básicos e os fundamentos que hoje norteiam nossas ações normatizadoras, com toda certeza, deverão ser apli-cadas, de forma oportuna, ao setor cooperativo.

25. Será preciso, de forma criativa, acompanhar os níveis de qualidade estabe-lecidos para o sistema financeiro em geral, sob pena de perda de credibili-dade do sistema cooperativo perante a população, o que representaria a

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deterioração de um instrumento essencial para o conjunto do Sistema Fi-nanceiro Nacional (SFN) visando o atendimento satisfatório das demandas de serviços pela sociedade brasileira.

26. Pelo que demonstrou até o momento, entendo que não será difícil para o setor adaptar-se à evolução das normas prudenciais, e posso assegurar que o BC não se furtará à costumeira colaboração com o setor, para que a regulamentação seja elaborada levando em conta as características das cooperativas de crédito, e sua aplicação seja realizada com inteiro sucesso. 27. Era isso o que tinha para transmitir aos senhores. Gostaria de renovar os

meus agradecimentos, e colocar, a mim e a toda a minha equipe, à disposi-ção do Sicoob e de todo o setor cooperativo de crédito, desejando que nos-sa colaboração continue e se aperfeiçoe, com vistas a contribuir efetiva-mente para o desenvolvimento do setor.

Referências

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