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Gestão do uso da água em edifícios e critérios para obtenção do Selo Casa Azul da Caixa

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Academic year: 2021

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gestão do uso da água em edifí-cios habitacionais é um dos pré-re-quisitos do Selo Casa Azul, lançado em junho/2010 pela Caixa Econômica Federal. O selo é um instrumento de classificação de projetos de empreen-dimentos habitacionais segundo crité-rios socioambientais, que priorizam a conservação de recursos naturais e de práticas sociais. Assim, os empreendi-mentos que adotarem soluções mais eficientes nas fases de construção, uso e manutenção das edificações, de forma a propiciar o uso racional de recursos naturais e a melhoria da qua-lidade da habitação e de seu entorno, são reconhecidos por meio do Selo Casa Azul.

Para a concessão da marca o ban-co verifica, durante a análise de via-bilidade técnica do empreendimento, o atendimento aos critérios agrupados em seis categorias: qualidade urbana; projeto e conforto; eficiência

energé-tica; conservação de recursos ma-teriais; gestão da água; e práticas sociais. O selo é concedido ao pro-jeto que evidenciar o cumprimento de critérios estabelecidos pelo ins-trumento que estimula a adoção de práticas que promovam habita-ções mais sustentáveis.

A classificação socioambiental é feita em três níveis:

• bronze, caso sejam atendidos no mínimo 19 critérios obrigatórios; • prata, se 25 critérios forem cum-pridos, ou seja, os critérios obriga-tórios mais seis de livre escolha; • ouro, caso sejam atendidos 31 cri-térios, ou seja, os critérios obrigatórios mais 12 de livre escolha.

Neste artigo são apresentados os oito critérios da categoria “gestão da água”, quais sejam: medição individua-lizada; bacia sanitária com volume nominal de descarga de 6 L; sistema de descarga com duplo acionamento

Gestão do uso da água

em edifícios e critérios

para obtenção do Selo

Casa Azul da Caixa

Serão contemplados com a marca os empreendimentos habitacionais que adotarem soluções mais efi cientes nas fases de construção, uso e manutenção das edifi cações, de forma a propiciar o uso racional de recursos naturais e a melhoria da qualidade da habitação e de seu entorno.

(3/6 L); arejadores; registro regulador de vazão; aproveitamento de águas pluviais; retenção de águas pluviais; infiltração de águas pluviais; e áreas permeáveis. Desses oito critérios, so-mente três são obrigatórios: medição individualizada de água, bacia sanitária com duplo acionamento de descarga (3/6 L) e a consideração de áreas permeáveis no empreendimento.

Lúcia Helena de Oliveira é professora do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Epusp – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e pesquisadora da área de sistemas prediais

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dimensionados com o emprego de vazões de projeto determinadas pelo método probabilístico (ver edições da Hydro nº 11 e 22). A recomen-dação para a utilização do método probabilístico deve-se ao fato de se obterem valores de vazão de proje-to mais próximos das condições de operação do sistema predial de água, implicando maior confiabilidade da medição.

O traçado do sistema predial de água fria pode apresentar diversas configurações em função do sistema de medição e da forma de leitura dos dados, tendo-se como premissa a instalação dos medidores na hori-zontal e em local acessível. Dentre as configurações possíveis dos medido-res, destacam-se: agrupados no piso térreo; agrupados no barrilete; nos halls dos pavimentos; e nos halls dos

Sistema de medição

individualizada de água

Como instrumento de gerencia-mento do consumo de água potável em edificações, o sistema de medi-ção individualizada contribui para a redução de desperdícios provenien-tes de perdas por vazamentos e de usos excessivos, o que propicia a redução do consumo de água. Esse critério é obrigatório e, portanto, to-dos os edifícios habitacionais devem contemplar sistema de medição indi-vidualizada de água.

As recomendações técnicas para atender essa categoria consiste em empregar, no máximo, dois medido-res por apartamento, sendo um para água fria e outro para água quente. Esses medidores serão, no mínimo, de classe B ou classe C preferencial-mente, homologados pelo Inmetro e

pavimentos mas com a leitura remota centralizada no térreo.

São requisitos para a implemen-tação de sistemas de medição indivi- dualizada:

• Todos os componentes do sistema de medição, como concentradores e sistema de gerenciamento devem es-tar localizados em área comum de fácil acesso para manutenção e realização das leituras e medições;

• Nas áreas onde estão posicionadas as unidades de medição recomenda-se a instalação de um sistema de drenagem para eventuais vazamentos ou descar-gas de água, passíveis de ocorrer duran-te a realização dos serviços de manuduran-ten- manuten-ção, testes ou manobras operacionais hidráulicas; e

• Caso o sistema disponha de con-centrador geral, do qual são extraí-dos os daextraí-dos para emissão da fatura,

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Considerando-se que são compo-nentes simples e de baixo custo, é re-comendável a sua instalação em todos os pontos de consumo, tendo o cui-dado de compatibilizar o componente especificado com os níveis de pressão do local em que será instalado.

Os arejadores são disponibilizados para alta e baixa pressão hidráulica. Há também no mercado nacional are-jadores que mantêm a vazão constan-te, independentemente do valor da pressão, desde que esta última seja superior ao valor de 100 kPa.

Em casas com sistema misto, ou seja, pontos de consumo alimentados diretamente da rede pública e por re-servatório, esta ação deve ser conside-rada apenas naqueles pontos abasteci-dos diretamente pela rede pública de água, como a torneira de tanque, pois em geral os valores de pressão hidráu-lica nessas condições são elevados.

Registros reguladores de vazão

Tais componentes, diferentemente dos arejadores, são disponibilizados no mercado para toda a faixa de pres-são hidráulica dos edifícios, ou seja, um mesmo componente pode ser utilizado nas duas faixas de pressão hidráulica, permitindo a regulagem da vazão nula à vazão máxima. Isso per-mite a regulagem da vazão em todos os pontos de utilização de diferentes pavimentos. Assim, menores valores de vazão implicam menores volumes de água consumidos, desde que os valores de vazão não aumentem o tempo de utilização.

O indicador de atendimento a esse critério é a existência de registro regu-lador de vazão em chuveiro, torneiras de lavatório e de pias.

Ressalta-se que em locais com bai-xa pressão hidráulica, com valores de pressão inferiores a 100 kPa, a insta-de esgoto, tais como: energia,

sulfa-to de alumínio, cal, cloro, flúor, entre outros, preservando a qualidade das águas de superfície.

Tendo-se em vista o contínuo avanço tecnológico de produtos eco-nomizadores de água, caso seja es-pecificada uma tecnologia inovadora, como bacia sanitária com volume no-minal de descarga inferior a 6 L, deve ser apresentado o Datec – Documen-to de Avaliação Técnica conforme as diretrizes do Sinat – Sistema Nacional de Avaliações Técnicas de Produtos Inovadores.

A seguir são apresentados os com-ponentes economizadores de água contemplados pelo Selo Casa Azul.

Bacias sanitárias

Em edificações residenciais, as ba-cias sanitárias e os chuveiros, em ge-ral, representam as maiores parcelas do consumo de água. Assim, ações que visem à redução do volume con-sumido nesses aparelhos sanitários impactam sobremaneira o consumo total da unidade habitacional.

No caso de bacias sanitárias o Selo Casa Azul prevê em todos os banhei-ros e lavabos a instalação de bacia sanitária dotada de sistema de des-carga com volume nominal de 6 L e com duplo acionamento (3/6 L). Para maior conhecimento do desempenho dessas bacias sanitárias, ver matéria publicada na Hydro nº 6.

Arejadores

Esses componentes propiciam a re-dução dos valores de vazões de água em torneiras e também proporcionam maior conforto ao usuário, resultante da melhor dispersão do jato em tor-neiras e da eliminação de respingos. Desse modo, todas as torneiras de la-vatórios e de pias de cozinha devem contemplar arejadores.

ele deve ser colocado no pavimento térreo ou em outro local de fácil aces-so, preferencialmente junto à portaria do condomínio.

Componentes

economizadores de água

A redução do consumo de água em aparelhos sanitários pode ser obtida por meio de duas ações: redução de vazão e diminuição do tempo de uti-lização. Menores valores de vazão re-sultam da redução de pressão hidráu-lica. No caso das bacias sanitárias com caixa de descarga, o controle é feito pelo volume de descarga. Tendo-se em vista que esses componentes dis-poníveis no mercado nacional apre-sentam o volume nominal de des-carga de 6 L, para obter a pontuação nesse critério deve-se fazer algo mais e por essa razão as bacias sanitárias com duplo acionamento de descarga de 3/6 L são as consideradas pelo Selo Casa Azul.

Os componentes economizado-res de água devem ser especificados tendo como premissa a pressão hi-dráulica disponível e a adequação às atividades dos usuários. Não é mérito algum reduzir o consumo de água e dificultar a realização da atividade do usuário. Um exemplo seria a instala-ção de torneira hidromecânica na pia de cozinha, a qual dificultaria as ati-vidades ou, até mesmo, contribuiria para o desperdício de água, devido ao seu tempo de abertura preestabe-lecido e vazão constante em função da pressão hidráulica naquele ponto de consumo.

A instalação de componentes eco-nomizadores de água contribui com a redução do volume de esgoto a ser coletado e tratado, diminuindo o uso de insumos aplicados tanto no trata-mento da água quanto no tratatrata-mento

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de drenagem urbana. Ao utilizar água pluvial para aqueles usos, economi- za-se a água que foi captada, tratada e transportada pelo sistema público, viabilizando a sua oferta a um núme-ro maior de usuários com a mesma infraestrutura de saneamento básico implantada.

O cumprimento desse quesito é opcional e a pontuação é obtida pela implantação de sistema de aprovei-tamento de águas pluviais indepen-dentemente do sistema de água potável.

Os pontos de consumo que rece-bem água pluvial, exceto os que ali-mentam as bacias sanitárias, devem ser instalados somente em áreas técnicas e ser de uso também restri-to por meio de restri-torneiras de aciona-mento reduzido. Esses pontos terão comunicação visual, indicando o for-lação de arejador e de registro

regu-lador de vazão é desnecessária, uma vez que somente a ação de um deles é suficiente para reduzir o valor de va-zão em níveis desejáveis. Nesse caso, o registro regulador de vazão pode ser substituído pelo arejador.

Águas pluviais

Sistema de aproveitamento

A execução desse sistema tem como objetivo ampliar a oferta de água e possibilitar a redução do con-sumo de água potável para determi-nados usos, tais como em descarga de bacia sanitária, irrigação de áreas verdes, lavagem de pisos, lavagem de veículos e espelhos d’água.

O aproveitamento de águas plu-viais possibilita também a redução de vazão de contribuição para o sistema

necimento de “água não potável”, e serão operados somente por usuários habilitados.

É necessário também que os sub-sistemas de coleta, armazenamento, tratamento e distribuição sejam ope-rados segundo um plano de gestão, de forma a evitar riscos para a saú-de dos usuários. Devem ser previs-tas medidas que impeçam o contato da água pluvial com a água potável, tais como a separação atmosférica e o emprego de componentes an-tirretrossifonagem, e de prevenção contra refluxo segundo as recomen-dações da NBR 5626/1998 e da NBR 15527/2007.

Sistema de retenção

A solicitação para a implementa-ção desse sistema tem como objetivo propiciar o escoamento de águas

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plu-Sistema de infiltração

Da mesma forma que o sistema de retenção, esse sistema tem como objetivo permitir o escoamento de águas pluviais de modo controlado ou favorecer a sua infiltração no solo, como prevenção do risco de inunda-ções, além de reduzir a poluição difu-sa, amenizar a solicitação do sistema público de drenagem e propiciar a re-carga do lençol freático.

Para que mantenha o desempe-nho durante um período chuvoso, recomenda-se que o sistema de in-filtração seja integrado a um sistema de aproveitamento de águas pluviais.

Assim como o sistema de aprovei-tamento, a execução de sistemas de infiltração também depende da deter-minação de alguns parâmetros locais, quais sejam: nível do lençol freático; perfil característico do solo local; coe-ficiente de permeabilidade; taxa de infiltração; tempo de esvaziamento; intensidade pluviométrica; tempo de recorrência da chuva; tempo de dura-ção da chuva; e área de contribuidura-ção. Esses parâmetros são utilizados no dimensionamento do sistema, na ve-rificação de desempenho e na viabili-dade de implementação dos sistemas de infiltração de águas pluviais.

Áreas permeáveis

O cumprimento desse critério é obrigatório e a consideração de áreas permeáveis visa, tanto quanto possí-vel, melhorar as condições de infiltra-ção no solo, prevenir o risco de inun-dações em áreas com alta impermea-bilização do solo e amenizar a solicita-ção do sistema de drenagem urbana.

A existência de áreas permeáveis em pelo menos 10% acima do exigi-do pela legislação local indica que o critério foi atendido. No caso de ine-xistência de legislação local, será

con-siderado, para o cumprimento desse item, um coeficiente de permeabilida-de (CP) igual ou superior a 20%.

Esse sistema promove o restabele-cimento, a manutenção do equilíbrio natural do balanço hídrico nas áreas edificadas, por meio da infiltração da água de chuva através do solo e, con-sequentemente, a reposição do nível do lençol freático.

Um dos sistemas de infiltração mais simples e de baixo custo é o pavimen-to permeável, que consiste no assen-tamento de blocos vazados, intertrava-dos ou “concregrama”, sobre uma ca-mada de brita e areia ou diretamente sobre um solo com boa capacidade de infiltração. Para isso, o solo deve ter co-eficiente de permeabilidade (k) supe-rior a 1 x 10-4 cm/s, como pedregulho,

areia e mistura de pedregulho e areia. Quando são utilizados blocos va-zados, seu preenchimento pode ser feito com grama que auxilia a reten-ção do escoamento superficial e in-filtração da água de chuva. Quando são executados sobre terrenos natu-rais compactados, recomenda-se que sejam assentados sobre uma camada de brita ou de pedregulhos e areia, formando um reservatório que facilita o processo de infiltração, o que me-lhora consideravelmente o desempe-nho de infiltração do sistema.

No caso de utilização de pavimen-to do tipo “concregrama”, o preenchi-mento com vegetação gramínea auxi-lia na retenção do escoamento super-ficial e na infiltração das águas pluviais. Assim, por meio do Selo Casa Azul, a Caixa Econômica Federal tem por objetivo estimular o aumento do número de empreendimentos mais sustentáveis, mostrando que é possí-vel estabelecer um equilíbrio entre a proteção ambiental e a justiça social para diferentes níveis de orçamentos disponíveis.

viais de modo controlado, com objeti-vo de prevenir o risco de inundações em regiões com alta impermeabiliza-ção do solo devido ao amortecimento das vazões no sistema de drenagem urbana.

Atender a esse critério é opcional e a pontuação é obtida pela implan-tação de reservatório de retenção de águas pluviais, com escoamento para o sistema de drenagem urbana nos em-preendimentos com área de terreno impermeabilizada superior a 500 m².

A implantação de sistemas de re-tenção de águas pluviais possibilita que, em cada elemento de ocupação urbana, seja residencial, comercial ou industrial, haja redução da vazão de contribuição para os sistemas de dre-nagem urbana. Desse modo, o efeito multiplicativo de redução da vazão de contribuição, devido à adoção de vá-rios pontos de controle na fonte, pode evitar o aumento das vazões máximas a jusante de uma bacia hidrográfica urbana, minimizando a ocorrência de enchentes.

O sistema de retenção opera ade-quadamente quando está vazio em um período de chuva. Para que man-tenha o desempenho durante um pe-ríodo chuvoso recomenda-se que seja integrado a um sistema de infiltração ou a um sistema de aproveitamento de águas pluviais (ver Hydro nº 26).

Considerando-se que a facilidade de manutenção é indispensável para o desempenho desse sistema, reco-menda-se a instalação de sistema de recalque com dois conjuntos mo-tobomba, de forma que, se um deles estiver em manutenção, o outro ga-ranta o recalque da água pluvial, tão logo seja possível, após um evento de chuva. O acesso para a limpeza do reservatório do sistema de re-tenção também deve ser previsto no projeto.

Referências

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