Revista Eletrônica de Biologia
REB Volume 6 (1): 102-113, 2013ISSN 1983-7682 .
_______________________________________________________________ Plantas Aquáticas de Duas Represas da Floresta Nacional de Ipanema,
Iperó, SP
Aquatic Plants at the Two Reservoirs of Ipanema National Forest, Iperó, SP
Mike Temme Galindo1; Vilma Palazetti de Almeida2.
1
Graduação em Ciências Biológicas bolsista PIBIC/CEPE; 2 Departamento de Morfologia e Patologia. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC-SP, Campus Sorocaba, SP.
E-mail contato: vpalazzetti@pucsp.br
Resumo
Macrófitas são plantas aquáticas que contribuem na cadeia alimentar dos lagos. Como produtores primários, as macrófitas são fontes de alimento para vários animais. Estas plantas formam plataformas onde se desenvolvem algas, bactérias, protozoários junto a diversos detritos orgânicos e inorgânicos, formando o perifiton. O objetivo deste trabalho foi realizar o levantamento florístico de macrófitas em duas represas existentes na Floresta Nacional de Ipanema, município de Iperó. Para tanto foram realizadas 12 coletas aquáticas ao longo de um ano. Todo material foi herborizado, identificado e armazenado no Herbário Regional PUC/SP como referência. Foram encontradas 18 espécies na Represa Alvarenga e 33 espécies na Represa Hedberg. Há 15 espécies comuns aos dois corpos d’água, entretanto diferenças nas dimensões das represas, da qualidade da água e o impacto causado pelos ventos na Represa Hedberg fazem destes locais ambientes diferentes.
Palavras-Chave: macrófitas, lagos, florística, represa Hedberg.
Abstract
The macrophytes are aquatic plants that contribute to the range food from lakes. Like primary producers, they are food source for many animals. This plants have formed
platforms where algae, bacteria, protozoa were developed together to diverse organic and inorganic detritus, composing the periphyton. The objective these project was search of macrophytes in two dams from the National Forest of Ipanema, town of Ipéro, SP. Twelve levies of macrophytes were made in a year. All material were herborized, identified and stored in the Herbarium at PUC-SP. Eighteen species were found in Alvarenga dam and third three in Hedberg dam. There are common species in both water bodies. There are fifteen species common to the two water bodies. However differences in size of the reservoir, the quality of water and the impact caused by the winds in Hedberg, make those sites different environments.
Key-Words: macrophytes, lakes, floristic, dam Hedberg
1. Introdução
As macrófitas são plantas que ocorrem em ambientes aquáticos e dependem destes para sua sobrevivência. Pertencem a diferentes grupos taxonômicos podendo incluir algas talóides, musgos, hepáticas, filicíneas, coníferas e plantas com flores que crescem tanto em águas doces como salinas.
Existem várias classificações para as macrófitas. Porém a melhor classificação para os propósitos deste estudo é a que considera a forma de fixação no substrato. As macrófitas emergentes firmemente enraizadas em solo submerso, apresentam suas bases sob as águas e seu caule, folhas e flores acima da superfície (junco e papiro); enquanto outras são totalmente submersas (Utricularia) e as flutuantes, como a lentilha-d’água, o jacinto-d’água, o alface-d’água. (MADSEN. T.V. ; SAND-JENSEN, 1991).
As macrófitas contribuem de diferentes formas para a cadeia alimentar dos lagos: (1) de maneira direta, elas representam fontes de produção primária e de alimentos para uma grande diversidade de animais, desde invertebrados a antas e capivaras; (2) ecologicamente as macrófitas podem se constituir no principal produtor de matéria orgânica, atingindo cerca de 100t de peso seco ha/ano (PIEDADE et al., 1991); (3) as macrófitas formam uma plataforma em que se pode desenvolver uma comunidade chamada perifiton (SAND-JENSEN K & BORUM J., 1991). O perifiton compreende algas, bactérias, protozoários e diversos detritos orgânicos e inorgânicos a ela associados, podendo ser prejudicial ao crescimento das macrófitas já que competem com elas por luz e
talvez por dióxido de carbono, porém representam uma fonte de alimentos nutrientes para uma grande variedade de invertebrados, como lesmas, tricópteros e larvas de quironomídeos, os quais são fonte de alimento para predadores invertebrados e para os peixes (SAND-JENSEN K & BORUM J., 1991).
A Floresta Nacional de Ipanema (FLONA de Ipanema), única unidade de conservação localizada na região de Sorocaba, encontra-se no sudeste do estado de São Paulo, a 125 Km da capital paulista, entre as latitudes Sul 23º25’ e 23º27’ 47º37’ e as longitudes Oeste 47º35’ e 47°40’. O cenário hídrico da FLONA de Ipanema, de acordo com Albuquerque (1999) e Regalado (1999), é composto por três cursos d’água e 16 espelhos d’água, sendo que apenas um espelho é natural (Lagoa do Padre Velho). O conhecimento das macrófitas existentes nas represas da região poderá auxiliar no manejo com intuito de preservação do patrimônio histórico e ecológico da FLONA.
Os levantamentos de macrófitas no Brasil se concentram na região do Pantanal, o que gerou numa listagem das espécies baseada nos levantamentos de bibliográficos de dez anos (POTT, V.J., 1977). Cervi et al. (2009) menciona em sua pesquisa no estado do Paraná, que há falta de levantamentos da flora de macrófitas do Brasil apesar de apresentar a maior rede hidrográfica do mundo.
O objetivo desta pesquisa foi o levantamento florístico preliminar dos gêneros de macrófitas na Represa Hedberg e na Represa Alvarenga na Floresta Nacional de Ipanema, município de Iperó, SP.
2. Objetivo
Levantamento florístico preliminar dos gêneros de macrófitas na Represa Hedberg e na Represa Alvarenga na Floresta Nacional de Ipanema, no município de Iperó, SP.
3. Material e Método
Foram realizadas 10 saídas a campo para coletas de macrófitas em estado reprodutivo ou vegetativo, durante o período de fevereiro de 2003 a
janeiro de 2004. Os locais de amostragens foram no entorno das margens da Represa Hedberg e na Represa do Alvarenga. Para a primeira, as coletas foram principalmente a montante, na entrada do Rio Ipanema, onde se está a maior concentração de macrófitas. Para ambas as represas as coletas foram nas margens das represas ou com auxílio de puçás. O material botânico foi prensado e herborizado de acordo com técnica descrita por Fidalgo (1989).
A identificação das macrófitas foi feita até a categoria de gênero através das chaves dicotômicas (KISSMANN, K.G.; GROTH, 1955) (WANDERLEY, M. G. L; SHEPHERD, G. J. & GIULIETTI., 2002) (SOUZA, V. C. ; LORENZI, 2005), contando também com o auxílio das ilustrações.
Descrição dos pontos de coleta:
a) Ponto 1: neste local existem duas represas artificiais que deságuam na represa Hedberg. As coletas foram feitas na primeira represa que recebe águas do córrego que vem do morro de Araçoiaba da Serra e ela é conhecida por “Lagoa do Alvarenga” (Latitude 23°25’47 sul Longitude 47°35’55 oeste). O local fica próximo à sede da FLONA, têm aproximadamente 16m de comprimento por 3m de largura, suas águas e não recebe nenhum despejo urbano ou rural por ser um corpo d’água que nasce na FLONA. É uma área pouco visitada, protegida dos ventos, onde não há corte raso para a limpeza e acesso se destacam as macrófitas: “taboa” (Thypha sp) que cerca quase toda a volta da lagoa e ciperácea (Cyperus sp) que crescem da margem para o centro da lagoa, junco-manso (Eleocharis) e “rabo-de-burro” (Andropogon bicornis). No mês de abril os aguapés estavam em floração e em maio filamentos de Spirogyra estavam bem desenvolvidas e em abundância, as “taboas” não estavam em floração a os aguapés alguns estavam no final da floração. A água se apresentava com uma coloração verde claro diferente dos pontos P2 e P3 e inodora. Em junho a água se apresentava com uma coloração marrom escuro e com um crescimento vegetativo das ciperáceas. Em julho a água estava transparente com Spirogyra bem desenvolvidas e ao redor da “lagoa” não havia macrófitas em flor. Em agosto as macrófitas próximas à borda estavam em estado de decomposição. Em outubro a água apresentava-se turva e com pouca visibilidade e as macrófitas haviam crescido e estavam com a
aparência esverdeada. Em novembro a água estava transparente e as macrófitas estavam com o desenvolvimento bem acelerado. Em dezembro, janeiro e fevereiro ocorreram fortes chuvas característica desta época o que ocasionou um aumento da população de macrófitas.
b) Ponto 2: este ponto é a jusante da represa Hedberg, as macrófitas que existem em sua margem são Myriophyllum sp (“pinheirinho-d’água”), Thypha sp (“taboa”), amarantáceas e poligonáceas a correnteza desta área é fraca. Por possuir construções antigas em ruínas, que contam um pouco da história da FLONA, é muito visitada por turistas. É um local usado para pesca pelos moradores do local. No mês de abril, a água tinha coloração levemente amarronzada e não apresentava nenhum odor. Em maio água possuía coloração marrom, tinha odor desagradável. Havia indicações de poda recente da borda da represa. As amarantáceas estavam em flor, as ciperáceas em crescimento e presença de aguapés. Em junho a água estava com uma coloração marrom esverdeada. Na superfície observou-se a presença de bactérias ferruginosas que se comprovou com observação das lâminas. No sedimento formava-se uma camada mucilaginosa de cianobactérias com muitas borbulhas. Foram encontrados no local, fezes de cavalo e capivara, as amarantáceas e poligonáceas estavam em floração. Em julho a água estava transparente e dava para observar as fezes de capivara no fundo do lodo. A água não apresentava nenhum odor. Em agosto as macrófitas estavam em estado de decomposição devido às baixas temperaturas. Em outubro a água apresentava-se turva e com pouca visibilidade e as macrófitas haviam crescido e estavam com a aparência esverdeada. Em setembro a água apresentava-se com o fundo esverdeado e na superfície da borda da represa observou-se cianobactérias e ecsúvias de libélulas em suspensão. Em novembro as macrófitas se desenvolveram rapidamente ocupando toda a margem da represa. Em dezembro, janeiro e fevereiro ocorreram fortes chuvas característica desta época, que ocasionaram um acúmulo de Eichhornia azurea na barragem da represa, que necessitou ser retirada para não
ocorrer o rompimento da barragem. Com o aumento do nível da água, as macrófitas da borda ficaram submersas.
c) Ponto 3 : esta área é a montante da Represa Hedberg, possui uma correnteza moderada, neste local se encontra a maior concentração de macrófitas porém com pouca diversidade, o aguapé é a espécie endêmica que formam grandes massas flutuantes. Este local é visitado somente pelos moradores do FLONA e os animais o mais freqüente são as capivaras (Hydrochaeris hydrochaeris). No mês de abril o aguapé estava em floração, a água tinha coloração parda e não apresentava nenhum odor. Em maio a água já apresentava uma coloração verde claro, os funcionários da FLONA fizeram a limpeza ao redor da margem da represa, cortando o capim presente na estrada. Neste mesmo período ascomportas da represa foram abertas por três dias e o volume da água diminuiu significativamente e com a geada que ocorreu nestes duas as folhas das macrófitas ficaram amareladas; o aguapé não estava mais em floração; nas margens as samambaias estavam em fase reprodutiva e as “sangra-d’água” estava em floração. No período de junho a água estava com aparência leitosa de coloração marrom esverdeada de menor intensidade que a jusante (P2) e o volume já tinha voltado ao normal. Na região marginal, haviam muitas fezes de capivara e as samambaias estavam com folhas novas e bem verdes devido a à poda, feita no local, no mês anterior. As massas flutuantes de aguapé cresceram significativamente, as macrófitas não estavam em floração, as ciperáceas estavam secas e filamentos de Spirogyra estavam bem evidentes.Em agosto as macrófitas estavam em estado de decomposição devido a baixa temperatura e a decorrência de chuvas e geadas neste período. Em outubro a água apresentava-se turva e com pouca visibilidade e as macrófitas haviam crescido e estavam com a aparência esverdeada. Em novembro as macrófitas se desenvolveram rapidamente ocupando toda a margem da represa. Em dezembro, janeiro e fevereiro ocorreram fortes chuvas característica desta época, que ocasionaram o desprendimento de grandes massas de Eicchornia azurea que foram carregadas pela correnteza até o ponto de coleta 2 na barragem.
4. Resultados e discussão
A represa Hedberg, faz parte do patrimônio histórico da FLONA, junto com o casario da Vila. Com grande potencial ecoturístico, a represa tem sido preocupação dos administradores do FLONA, que visam a proteção deste patrimônio histórico e buscam meios de potencializar as visitas para fins de educação e lazer. Entretanto a represa recebe sedimentos e dejetos trazidos principalmente pelo rio Ipanema. A beleza da paisagem proporcionada pela represa é prejudicada nos períodos de chuva quando a água fica turva de coloração amarronzada devido ao sedimento devido assoreamento das margens do Ipanema. Com um assoreamento gradativo a represa tem ampliado o desenvolvimento das macrófitas nas bordas. De acordo com Wetzel (1975) a grande maioria dos lagos no mundo são pequenos e rasos, com características morfométricas que proporcionam o desenvolvimento de extensas comunidades de macrófitas aquáticas em suas regiões litorâneas, as quais desempenham importante papel no metabolismo de todo o sistema. As macrófitas aceleram o envelhecimento de um lago provocando aumento na velocidade do processo de assoreamento, por abrigar e consolidar sedimento, já que um lago, do ponto de vista geológico, e um elemento transitório e está gradualmente sendo preenchido Welch (1980).
Na represa Alvarenga foram encontradas oito famílias (Tabela 1): Cyperaceae 33,4%, Poaceae 22,3%, Onagraceae 16,7%, Asteraceae 11,1%, as outras famílias menos representativas em número de espécies porém com grande número de indivíduos foram Polygonaceae e Typhaceae. Na represa Hedberg foram encontradas 17 famílias: Cyperaceae 28%, Asteraceae 14,2%, Onagraceae 10,7%, Poaceae 10,7%. Kita & Souza (2003) também encontraram em Porto Rico na planície alagável do alto rio Paraná, as famílias Cyperaceae, Asteraceae , Onagraceae e Poaceae, como sendo as mais representativas. O mesmo foi observado para macrófitas das regiões do Pantanal, MS Brasil (PIVARI, M.O. POTT, V.J.; POTT, 2008)
Tabela 1. Listagem de espécies da Lagoa do Alvarenga (P1); e da Represa Hedberg a juzante
(P2) e a montante (P3), indicando a presença (+) ou ausência(-). Forma de Vida (FV): Anfíbia (ANF), terrestre (TER), emergente (E), submersa (S) e flutuante (F).
GRUPO TAXONÔMICO
PONTO DE
COLETA FV
P1 P2 P3
Amaranthaceae
Alternanthera philoxeroides (Mart.) Griseb. - + + ANF
Alternanthera tenella Colla - + + ANF
Apiaceae
Apium leptophyllum (Pers.) F. Muell.ex Benth - + + TER Asteraceae
Eclipta alba (L.) Hassk. + - + E
Jaegeria hirta (Lag.)Less. + - + E
Parthenium hysterophorus L. - + - E
Soliva anthemifolia (Juss.) Swett - + - E
Commelinaceae
Commelina sp + + - ANF
Cyperaceae
Bulbostylis capillaris (l.) C.B. Clarke + + + E
Cyperus giganteus Vahl - + + E
Cyperus meyenianus Kunth + - + E
Cyperus odoratus L. + - + E
Eleocharis interstincta (Vahl) Roem. & Schult. + - - E
Pycreus decumbens T.Koyama + - + E
Rhynchospora corymbosa (L.) Britton + + + E Fabaceae
Aeschynomene americana L - + + TER
Glycine wightii (Graham ex Wight & Arn.) Verdc.
- + + TER
Geraniaceae
Tabela 1 (continuação) GRUPO TAXONÔMICO PONTO DE COLETA FV P1 P2 P3 Haloragaceae
Myriophyllum aquaticum (Vell.) Verdc. - + - E Hydrocharitaceae
Apalanthe sp - + + E
Lamiaceae
Hyptis suaveolens (L.) Poit. - + + TER
Lentibulariaceae
Utricularia foliosa L. - + + S
Onagraceae
Ludwigia elegans (Cambess.) H. Hara + - + ANF Ludwigia octavalvis (Jacq.) P.H. Raven + - + TER Ludwigiasericea (Cambess.) H. Hara + - + TER Poaceae
Andropogon bicornis L. + - - TER
Paspalum elliptica + - - TER
Paspalum sp - - + TER
Pennisetum purpureum Schumach. + + - TER
Schizachyrium condesatum (Kunth) Ness + - + E Polygonaceae
Polygonum persicaria L. + - - ANF
Polygonum acuminatum Kunth - + + ANF
Pontederiaceae
Tabela 1 (continuação) GRUPO TAXONÔMICO PONTO DE COLETA FV P1 P2 P3 Rubiaceae
Diodia saponariifolia (Cham. & Schltdl.)K. Schum.
- + + ANF
Spermacoce verticillata L. - + + ANF
Thelypteridaceae
Thelypteris dentata (Forssk.) E.P. St.John - + + TER Typhaceae
Typha angustifólia L. + + + E
Total de espécies 18 22 28
Na represa Hedberg há predominantemente ilhas de E. azurea principalmente a montante, onde a qualidade da água indica maior concentração de poluentes. A eutrofização da água leva ao aumento de biomassa das macrófitas em resposta do aumento de nutrientes, o aumento de biomassa por sua vez leva um aumento de matéria orgânica morta da macrófita que acaba resultando na alteração química da água. Pandit (1984) afirma que as macrófitas de água doce tem uma maior influência sobre a parte física e química do ambiente do que as plantas terrestres.
Na América do Sul, em geral, há grandes bacias, com regime hidrológico caracterizado por amplas flutuações no nível da água. Nos períodos de enchente, lagoas e outros corpos d'água marginais, antes isolados, tornam-se parte do rio principal para o qual as macrófitas são arrastadas. Porém, assim que as águas baixem e esses corpos d'água tornem-se novamente isolados, as macrófitas voltam a formar camalotes. Mitchell (1971) afirma que a probabilidade de crescimento explosivo dessa vegetação é potencial em todo ambiente tropical, particularmente quando o regime hidrológico é alterado.
A importância da espécie Eichhornia azurea , interferindo no sistema natural de fluxo de rios e represas é comumente relatada visto sua rápida expansão adventícia dominando grandes áreas. No lago Biwa, no Japão, atingiu em cinco anos 93% do volume total do lago, segundo Cook &
Urmi-Konig, 1984. A produtividade desta espécie é grande devido a capacidade de mobilização de nutrientes do sedimento, absorvendo-os através de seu sistema radicular produzindo grande quantidade de biomassa que acaba se decompondo (BARKO, J.W. & SMART, 1980) Deve-se também considerar quanto à presença e abundância de macrófitas livres flutuantes, sua capacidade de prover ambiente favorável à proliferação de organismos de importância sanitária, tais como insetos tabanídeos, culicídeos e outros, bem como o de moluscos vetores de doenças. Beyruth (1992) estudando um lago marginal ao rio Embu Mirim (SP) observou que a proliferação de macrófitas aquáticas propiciava o aumento da densidade populacional desses mosquitos, sugerindo o comprometimento da qualidade de vida dos habitantes da região.
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