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EMPREGABILIDADE E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO BACHAREL EM DIREITO NO RECIFE-PE: UM ESTUDO DESCRITIVO

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Academic year: 2021

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EMPREGABILIDADE E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO

BACHAREL EM DIREITO NO RECIFE-PE: UM ESTUDO

DESCRITIVO

Diogo Oliveira Amorim1; Diogo Henrique Helal2

1Estudante do Curso de Direito – CCJ – UNICAP; E-mail: diogoliveiramorim@gmail.com, 2Docente/pesquisador da CGES da Diretoria de Pesquisas Sociais –DIPES – FUNDAJ. E-mail:

diogo.helal@fundaj.com.br.

Sumário: Este estudo trata da empregabilidade dos advogados em Recife-PE, descreve o

processo de profissionalização da advocacia com consequente criação da Ordem dos Advogados do Brasil, entidade que detém o monopólio da profissão de advogado e que exerce grande influência regulatória da qualidade dos cursos jurídicos.

Palavras-chave: cursos jurídicos; empregabilidade; exame de ordem; profissionalização INTRODUÇÃO

Pode-se dizer que ao longo da história a imagem dos bacharéis em direito vem sofrendo inúmeras mudanças. A depender da época, o advogado era visto de diferentes formas pela sociedade e exercia um status quo também diferenciado, a depender da época que se estuda. Como será explanado a seguir. Na Europa, no período que consiste nos séculos XVI e XVII, o império do Direito Canônico e a sua supremacia sobre as outras fontes de direito, em especial o Direito romano, impunha à sociedade um movimento de afastar-se das ações processuais de cunho meramente civil, quais sejam, questões que versem sobre posse e propriedade, direito comercial ou qualquer outra relação de direito civil propriamente dito. Desta forma, os juristas eram vistos como pessoas que instigavam o litígio e, em assim sendo, eram, de certa forma, vistas com maus olhos pela sociedade (COELHO, 1999). Com o passar dos anos o direito canônico passa a minguar a sua influência em questões estranhas à igreja, desta forma o ideal da razão passou a ser mais forte na sociedade e, consequentemente, no direito. Surgiu então o movimento do jusnaturalismo racionalista, o qual teve o escopo de diminuir os anseios divinos no Direito, e que precedeu o movimento do positivismo e do racionalismo de Hans Kelsen (ADEODATO, 2002). Aos poucos os bacharéis foram alcançando um status cada vez mais alto na sociedade. No Brasil imperial apenas os mais ricos poderiam cursar uma faculdade de Direito, uma vez que, até a criação dos cursos jurídicos de Olinda e São Paulo, os únicos bacharéis em direito que haviam no país eram formados em sua maioria em Portugal, sendo esses profissionais oriundos da mais alta elite aristocrática brasileira e

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com o intuito de agregar a classe dos advogados e buscar uma uniformização da jurisprudência brasileira, que ainda não tinha se desprendido dos velhos paradigmas portugueses oriundos da disputa entre fontes do direito, quais sejam, o direito canônico e o direito romano. Após essa época, o Brasil viveu, nos anos de 1889 a 1930, o período que consiste na república velha, durante todo este período, a política brasileira foi intensamente dominada pelas oligarquias, em especial pelos senhores do café, de forma que toda a estrutura social do país estava voltada para atender aos próprios interesses dos aristocratas. O que sofreu grande abalo após a revolução de 1930. O momento vivido na era pós-30, fez surgir na elite aristocrática brasileira a necessidade de criar uma nova política social e redesenhar a estrutura das profissões, com o intuito de manter a política de acumulação, surgiu, portanto, o fenômeno da profissionalização, trazendo consigo “a construção de uma ideologia que fornecia as bases de legitimação dos poderes profissionais e do monopólio de mercado” (BONELLI, 1999). Foi então que ocorreu o movimento de surgimento das faculdades, previamente explanados. Tal movimento foi acelerado com o advento dos ideais de cunho neoliberal, que passaram para o cidadão, cada vez mais, a responsabilidade por estar empregado, criando a necessidade do investimento no capital humano como uma forma de tornar-se mais atrativo ao mercado, nos termos dos estudos acerca do conceito de empregabilidade. Diante do avanço no número de vagas criadas para o curso de direito, algumas consequências passam a ser observadas. A primeira delas é, segundo Joaquim Falcão (1984), a perda da qualidade do serviço prestado por muitos advogados e a redução significativa nos honorários cobrados, haja vista o aumento de profissionais disputando o mercado. Por outro lado, pode-se afirmar que boa parte dos avanços conquistados no sentido de proporcionar ao cidadão o devido acesso à justiça se deu por conta dos bacharéis em direito, como decorrência do crescente numero de profissionais que levaram o direito às pessoas, bem como no aumento da força do lobby da classe. Diante deste contexto, a OAB passa a exercer o papel de regulação e avaliação dos cursos de nível superior, bem como do próprio exercício da profissão de advogado. Isto se efetivou, em grande parte, com a aprovação da lei n° 8.906 de 1994 que dispõe sobre o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. Faz-se necessário, portanto, analisar a relação existente entre a qualidade dos cursos de direito oferecidos, especificamente na cidade do Recife, e o número de aprovados, por instituição de ensino, no exame de ordem e, com base nisto, expor a empregabilidade do bacharel em direito.

MATERIAIS E MÉTODOS

É intenção deste subprojeto analisar e descrever o mercado de trabalho do formando em direito no Recife. Para tanto, parte do levantamento da história da advocacia, seguindo para o estudo da profissionalização da advocacia e da empregabilidade dos formandos em Direito. Posteriormente, foram coletados dados quanto à qualidade dos cursos de Direito no Recife junto ao Ministério da Educação no portal e-MEC fazendo o cotejo com a tabela de aprovação no exame de ordem 2010.3 fornecido pela Ordem dos Advogados do Brasil.

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RESULTADOS

Segundo dados fornecidos pelo Ministério da Educação, existem em Recife 13 instituições de ensino autorizadas a graduar alunos em ciências jurídicas e que efetivamente mantêm o curso de graduação em Direito ativo. O quadro abaixo organiza as faculdades de forma a apontar os índices CC, CPC e ENADE que são, respectivamente, o Conceito do Curso, Conceito Preliminar do Curso e a nota do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes do INEP, ambos com conceito que varia de 1 a 5. Tais conceitos partem da necessidade de mensurar a qualidade dos cursos superiores oferecidos em todo o país por meios de critérios objetivos. O Conceito Preliminar de Curso é a consolidação numérica de uma série de variáveis que influenciam na qualidade do serviço prestado aos alunos, quais sejam; corpo docente, instalações, desempenho dos estudantes no ENADE e os recursos didático-pedagógicos do curso. A faculdade que obtiver o índice CPC inferior a 3 deverá ser visitada por avaliadores do INEP, os quais deverão apontar o Conceito de Curso com base no que viram. Obtendo um índice igual ou superior a 3, caberá à instituição de ensino receber ou não a visita dos avaliadores, podendo tomar o Conceito Preliminar de Curso como o Próprio Conceito de Curso. O Ministério da Educação conceitua com 3 os cursos que atendam plenamente os critérios de qualidade exigidos pelo governo e com 5 os que atingirem altos índices de excelência.

FACULDADES CC CPC ENADE

1 FACULDADE BOA VIAGEM – FBV 3 3 4

2 FACULDADE DAMAS DA INSTRUÇÃO CRISTÃ – FADIC 5 4 4

3

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS DE

PERNAMBUCO – FCHPE 3 2 2

4 FACULDADE DO RECIFE – FAREC 3 2 2

5

FACULDADE ESTÁCIO DO RECIFE – ESTÁCIO FIR –

FIR - 3 3

6 FACULDADE INTEGRADA DE PERNAMBUCO – FACIPE - 2 2

7 FACULDADE MARISTA – FMR 5 3 3

8 FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU – FMN - 3 3

9 FACULDADE SALESIANA DO NORDESTE – FASNE 3 2 2

10

INSTITUTO PERNAMBUCANO DE ENSINO SUPERIOR –

IPESU - 2 3

11

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO –

UNICAP - 3 3

12 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO – UFPE - 3 3

13 UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA – UNIVERSO - 2 2

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instituições que conseguiram um índice de aprovação superior a 10%, o que, dentro dos números atuais da OAB, é considerado um bom índice, obtiveram um CPC superior a 3. A qualidade do curso oferecido ao aluno da graduação influenciará, portanto, no índice de aprovação no exame para ingresso na Ordem dos Advogados do Brasil, conforme atesta o resultado das últimas provas aplicadas em 2010.

DISCUSSÃO

A perspectiva de poder exercer a atividade de bacharel em Direito em diversas áreas, tanto na esfera pública quanto na iniciativa privada, encheu os olhos de quem buscava a qualificação como forma de facilitar a sua entrada no mercado de trabalho, ou seja, de aumentar a sua empregabilidade. Neste contexto o curso de Direito é, hoje, o segundo maior em número de alunos matriculados, segundo dados do MEC, perdendo apenas para administração. Portanto, a necessidade da prova da OAB nos remete ao que dispõe Sadek(2000), no sentido de que a criação do exame da OAB teve o propósito de aferir o conhecimento dos graduandos em Direito e de proteger o mercado de trabalho dos advogados, face ao crescimento do número de cursos de Direito no país, já na década de 1970.

CONCLUSÕES

Diante de todo o exposto, conclui-se que o monopólio da profissão de advogado por parte da Ordem dos Advogados do Brasil deriva do forte processo de profissionalização sofrido pela atividade, tendo a OAB conseguido o controle sobre a formação do estudante de Direito e o exercício da advocacia, na tentativa de desacelerar o movimento de perda de qualidade nos serviços prestados pelos advogados e redução dos honorários diante do aumento da concorrência. É inevitável falar em um verdadeiro controle de mercado praticado pela OAB, uma vez que, controlando a quantidade e a qualidade de advogados que são habilitados para o exercício de suas funções, a ordem pretende com isso proteger a própria classe do desemprego e da redução dos honorários. Por fim, é possível perceber a relação ente a qualidade dos cursos de direito oferecidos por certas instituições de ensino e a aprovação dos alunos no certame da ordem. Ficando clara a fragilidade de certos cursos cuja finalidade precípua é o enriquecimento do grupo empresarial diante da promessa de um curso promissor que atenda à necessidade de investimento em capital humano por parte do aluno.

AGRADECIMENTOS Agradecemos ao CNPq pela bolsa de PIBIC concedida.

REFERÊNCIAS

ADEODATO, JOÃO MAURÍCIO. Ética e retórica – para uma teoria da dogmática jurídica. São Paulo: Saraiva, 2002.

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BONELLI, M. da Glória. 1999. O instituto da ordem dos advogados brasileiros e o

estado: a profissionalização no Brasil e os limites dos modelos centrados no mercado. In:

Rev. Bras. de Ciências Sociais, vol. 14, nº 39, fevereiro/1999.

COELHO, Edmundo Campos. As Profissões Imperiais – Medicina, Engenharia e

Advocacia no Rio de Janeiro 1822 – 1930. Rio de Janeiro: Record, 1999.

FALCÃO, Joaquim. Os advogados: ensino jurídico e mercado de trabalho. Recife, Fundação Joaquim Nabuco: Editora Massangana, 1984.

SADEK, M.: DANTAS, H. Os bacharéis em direito na reforma do judiciário: técnicos ou curiosos? São Paulo em Perspectiva, v.14, n02, 2000, PP.101-111.

Referências

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