“Avaliação dos efeitos do aparelho TRANSFORCE
no arco dentário inferior por meio de Tomografia
computadorizada”
Hila Nascimento Vieira-Gonçalves
São Paulo 2012
“Avaliação dos efeitos do aparelho TRANSFORCE
no arco dentário inferior por meio de Tomografia
computadorizada”
Hila Nascimento Vieira-Gonçalves
São Paulo 2012
Dissertação apresentada a Universidade Cidade de São Paulo - UNICID, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ortodontia. Orientadora: Karyna Martins do Valle-Corotti
Ficha elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza. UNICID
V658a Vieira-Gonçalves, Hila Nascimento.
Avaliação dos efeitos do aparelho Transforce no arco dentário inferior por meio de tomografia computadorizada / Hila Nascimento Vieira-Gonçalves --- São Paulo, 2012.
36 p.
Bibliografia
Dissertação (Mestrado) - Universidade Cidade de São Paulo. Orientadora Karina Martins do Valle-Corotti.
1. Tomografia. 2. Arco dental. 3. Ortodontia I. Valle-Corotti, Karina Martins do. II. Titulo.
D4
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE E COMUNICADA À AUTORA A REFERÊNCIA DA CITAÇÃO.
SÃO PAULO_/_/_
______________________
FOLHA DE APROVAÇÃO
Vieira-Gonçalves, HN. Avaliação dos efeitos do aparelho TRANSFORCE no arco dentário inferior por meio de Tomografia computadorizada. [Dissertação de Mestrado] São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 2012.
São Paulo _____/_____/_____
Banca Examinadora
1. Profa. Dra. Ana Carla Raphaelli Nahás-Scocatte Julgamento:___________________________________ Assinatura:____________________________________
2. Profa. Dra. Mayara Pain Patel
Julgamento:___________________________________ Assinatura:____________________________________
3. Profa. Dra. Karyna Martins do Valle-Corotti Julgamento:___________________________________ Assinatura:____________________________________
Dedicatória
Aos meus pais,Sônia e Wilson,
pelo exemplo e apoio que serviram de base sólida
para concluir este trabalho.
Ao meu esposo Marcelo, por sua constante
torcida, apoio, amor e cumplicidade.
A minha filha Pietra, por alegrar e motivar
meus dias e conquistas.
A minhas irmãs Hélida e Haldine,
sempre companheiras e amigas.
Aos meus avós João, Dora e Edna,
pelo convívio do passado, que representam muito pra mim
e estão guardados no meu coração.
Confia ao senhor tuas obras e terão êxito os teus projetos. (prov:16,3)
Confia ao senhor tuas obras e terão êxito os teus projetos. (prov:16,3)
Confia ao senhor tuas obras e terão êxito os teus projetos. (prov:16,3)
Confia ao senhor tuas obras e terão êxito os teus projetos. (prov:16,3)
Agradecimentos
A toda minha família
minha família
minha família sempre presente, acompanhando e incentivando meus passos.
minha família
A minha orientadora, Profa. Dra Karyna Martins do Valle
Profa. Dra Karyna Martins do Valle
Profa. Dra Karyna Martins do Valle
Profa. Dra Karyna Martins do Valle-
-
-Corotti
-
Corotti
Corotti
Corotti, pela
dedicação que empenhou nesta minha fase de aprendizado, seu apoio e incentivo
foram fundamentais para concluir este trabalho. Muito obrigada pela
compreensão e por me conduzir com sabedoria e carinho.
Ao Prof. Dr. Vellini
Prof. Dr. Vellini
Prof. Dr. Vellini
Prof. Dr. Vellini, por sua bela e motivadora trajetória na Ortodontia.
Ao Prof. Dr. Acácio Fuziy
Prof. Dr. Acácio Fuziy
Prof. Dr. Acácio Fuziy
Prof. Dr. Acácio Fuziy um mestre sem dúvida singular, sempre disposto a
ajudar e acrescentar. Um exemplo de dedicação profissional.
A Profa. Dra. Ana Carla Raphaelli Nahás
Profa. Dra. Ana Carla Raphaelli Nahás
Profa. Dra. Ana Carla Raphaelli Nahás
Profa. Dra. Ana Carla Raphaelli Nahás-
-
-
-Scocatte
Scocatte
Scocatte
Scocatte, pelas sugestões,
incentivo.
A Prof.
Prof.
Prof.
Prof. Dra. Mayara Pain Patel
Dra. Mayara Pain Patel
Dra. Mayara Pain Patel
Dra. Mayara Pain Patel, por aceitar prontamente participar da banca
examinadora.
Aos professores Danilo Furquim, Flávio Cotrim, Hélio Scavone Jr., Rívea Inês
Danilo Furquim, Flávio Cotrim, Hélio Scavone Jr., Rívea Inês
Danilo Furquim, Flávio Cotrim, Hélio Scavone Jr., Rívea Inês
Danilo Furquim, Flávio Cotrim, Hélio Scavone Jr., Rívea Inês
Ferreira e Paulo Eduardo Carvalho
Ferreira e Paulo Eduardo Carvalho
Ferreira e Paulo Eduardo Carvalho
Ferreira e Paulo Eduardo Carvalho pela dedicação, tempo e conhecimento
compartilhado.
Ao Prof.
Prof.
Prof.
Prof.Dr. Heitor Honório
Dr. Heitor Honório
Dr. Heitor Honório, pela contribuição e sugestões na análise estatística.
Dr. Heitor Honório
Ao Hospital da Face, ao Dr. Leandro Velasco
Dr. Leandro Velasco
Dr. Leandro Velasco
Dr. Leandro Velasco por ceder gentilmente as
tomografias utilizadas neste trabalho e a sua equipe em especial ao técnico João
João
João
João por
toda atenção na realização deste trabalho.
A dona Arlinda Galeano Miron
dona Arlinda Galeano Miron
dona Arlinda Galeano Miron
dona Arlinda Galeano Miron, por facilitar nosso trabalho na clínica,
sempre disposta a nos ajudar.
Agradeço a Deus
Deus
Deus pelas oportunidades que me foram oferecidas e
Deus
por concluir mais esta jornada!
Vieira-Gonçalves, HN. Avaliação dos efeitos do aparelho TRANSFORCE no arco dentário inferior por meio de Tomografia computadorizada. São Paulo Dissertação [Mestrado em Ortodontia] - Universidade Cidade de São Paulo; 2012.
Avaliação dos efeitos do aparelho TRANSFORCE no arco
dentário inferior por meio de Tomografia computadorizada.
Resumo
O presente estudo avaliou, por meio de Tomografia Computadorizada de Cone Bean, a espessura da tábua óssea vestibular e a inclinação dentária dos pré-molares e molares inferiores (34, 35, 36, 44, 45 e 46), em pacientes submetidos à expansão transversal do arco inferior com o aparelho Transforce®. Métodos: Foram avaliados 09 pacientes de ambos os sexos na dentadura permanente, com discrepância negativa, antes e após a expansão do arco inferior. Para a comparação entre as medidas inicial e final foram utilizados os testes “t” pareado (em caso de normalidade), o de Wilcoxon para as medidas que não passaram pelo teste de normalidade e o teste de correlação de Pearson. Resultados: A expansão do arco inferior com o aparelho Transforce® demonstrou diferença significativa na inclinação de canino (P=0,007) e primeiro pré-molar (P=0,016) esquerdo. Não foi observada diferenças na espessura da tábua óssea vestibular antes e após a expansão. Conclusões: Com base na metodologia estudada, o uso do aparelho Transforce® se mostrou efetivo na correção do apinhamento no arco inferior sem danos à tábua óssea vestibular.
Vieira-Gonçalves, HN. Evaluation of effects of the transforce® appliance by means of computed tomography. São Paulo Dissertation [Masters in
Orthodontics] - City University of São Paulo; 2012.
EVALUATION
OF
EFFECTS
OF
THE
TRANSFORCE®
APPLIANCE BY MEANS OF COMPUTED TOMOGRAPHY.
Abstract:
The present study evaluated through CT Cone Bean, the thickness of the buccal bone plate and tooth inclination of the premolars and molars (34, 35, 36, 44, 45 and 46), in patients undergoing transverse expansion lower arch with TransForce ® appliance. Methods: 09 patients of both sexes in the permanent dentition, with negative discrepancy before and after the expansion of the lower arch. For the comparison between the initial and final measures tests were used "t" test (if normality), the Wilcoxon test for measures that did not pass the test of normality and Pearson correlation test. Results: The expansion of the lower arch with the device TransForce ® demonstrated significant differences in slope of left canine (P = 0.007) and first premolar (P = 0.016). No differences were observed in the labial plate thickness before and after expansion. Conclusions: Based on the methodology studied, the use of the device TransForce ® was effective in correcting the crowding in the lower arch without damaging the buccal bone plate.
INTRODUÇÃO
O apinhamento dentário é um dos principais motivos que levam o paciente a buscar o tratamento ortodôntico (Van der Linden,1974). Na sociedade moderna, este tipo de má oclusão é uma característica muito comum, com prevalência de 70 a 80% da população (Little,1975/1991; Proffit, et al, 1998), e inúmeras vezes causado por atresia do arco inferior (Mills, 1964; Ballard 1994). As opções de tratamento do apinhamento são diversas, entre elas encontram-se as extrações, os desgastes interproximais, a inclinação vestibular dos incisivos e a expansão do arco
(
Zachrisson,1999; Bushang, 2001; James; McNamara, 2011;Sheridan, 1989; Schwarz, 1982; Tulley, 1965; Riedel, 1991).Dentre os aparelhos utilizados para expansão do arco inferior, encontra-se o aparelho Transforce® (Orthorganizers), deencontra-senvolvido para aumentar a distância intercaninos em ambos os arcos, e emprega força contínua de expansão com cerca de 200g, por meio de uma mola de níquel titânio dentro de um tubo (Clark, 2011). No entanto muitos de seus efeitos ainda não estão descritos na literatura, como por exemplo, os periodontais. E com a evolução nas técnicas de obtenção de imagens a tomografia computadorizada representa atualmente o método mais eficaz de avaliação dos tecidos duros da face, pois fornece detalhada identificação das estruturas anatômicas (Maltagliati; Capelozza Filho, 2008 ; Kobayashy et al , 2004, Tai et al, 2011. ).
A Tomografia Computadorizada é uma técnica de aquisição de imagens, que permite a reconstrução dos dentes de uma determinada região, útil para o diagnóstico odontológico. Com exposição reduzida do paciente a radiação, apresenta ainda, fácil manuseio, tempo de exame reduzido, baixo custo (em relação aos tomógrafos médicos) e uma excelente qualidade de imagem. Em
apenas uma sessão se faz a aquisição das imagens e posteriormente com auxílio de um software, pode se realizar reconstruções em vários planos, que possibilita a obtenção de diferentes tipos de imagens, como reconstrução oclusal, panorâmica, trans axial, coronal e também a reconstrução 3D, entre outras (Garib et al, 2010
)
.Na literatura encontram-se pesquisas que demonstram a relação entre o posicionamento vestíbulo lingual dos dentes e a qualidade da tábua óssea vestibular (Fuhrmann et al, 1996; Jin et al, 2005). No entanto muitos estudos foram realizados com exame clínico e radiografias convencionais (Lux et al, 2006; Mah et al, 2003; Capelozza Filho et al, 2008), outros foram feitos com imagens tomográficas no arco superior (Garib et al 2005) ou ainda avaliaram a expansão obtida com o uso do aparelho fixo convencional (Rossouw et al, 1993; Pandis et al, 2009).
Estes dados motivaram a realização do presente trabalho, que buscou avaliar os efeitos dentários e periodontais promovidos pelo aparelho Transforce® no arco inferior, através de imagens de Tomografia Computadorizada de Cone Bean. O anseio de esclarecer a segurança e a efetividade desse aparelho levou ao uso das imagens para conferir a quantidade de vestibularização dos dentes posteriores e a espessura da tábua óssea vestibular com riqueza de detalhes ainda não estudada. Como objetivo, esse trabalho procurou avaliar a efetividade do aparelho Transforce® baseado nas respostas das questões a seguir. O aparelho selecionado promove inclinações dentárias? A quantidade de inclinação promovida pelo Transforce® provoca reabsorções excessivas na tábua óssea vestibular dos caninos e pré-molares? Existe alguma correlação entre a quantidade de inclinação e a reabsorção da tábua óssea vestibular, como conseqüência do uso do aparelho Transforce®?
MATERIAL E MÉTODO
Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Cidade de São Paulo – UNICID, sob o protocolo nº 135441013, (ANEXO) CAAE0023.0.186.000-11.
A presente amostra foi selecionada a com uma avaliação criteriosa inicial de 50 pacientes. A partir destes, foram selecionados 11 pacientes de ambos os sexos de acordo com os critérios de inclusão, que apresentavam documentação inicial com Tomografias Computadorizadas Cone Bean e pertencentes à clínica do mestrado de Ortodontia da Universidade da Cidade de São Paulo. Durante a execução da pesquisa, dois pacientes foram excluídos da amostra devido a abandono do tratamento. Os pacientes selecionados para a amostra seguiram os seguintes critérios de inclusão, pacientes não tratados ortodonticamente no arco inferior, presença de todos os dentes permanentes irrompidos até os primeiros molares, discrepância de modelo no arco inferior negativa de no mínimo 3mm, faixa etária dos 11 aos 17 anos, modelos de gesso sem distorções, bolhas, fraturas e presença de TCCB na documentação inicial.
Essas imagens foram adquiridas pelo Tomógrafo Computadorizado de feixe cônico i-CAT™ (Imaging Sciences Hatfield, PA, EUA), funcionando no regime de trabalho de120 KVp, 47,74 mAS, tempo de exposição de 40 segundos, com protocolo de aquisição Extend Height 20+20 de 0,4 voxel / seg, que permite a reconstrução craniofacial em três dimensões.(Figura 1)
Figura1- Tomógrafo iCAT Vision
O paciente foi posicionado de acordo com as recomendações técnicas para adequar o posicionamento da cabeça (posição natural de cabeça, com horizonte visual do paciente paralelo ao solo).
As imagens da TCCB foram adquiridas em formato DICOM (Digital Imaging and Communication in Medicine). Este tipo de arquivo permite que as imagens possam ser posteriormente processadas e reconstruídas por meio de softwares específicos (single, multislice, feixe cônico). Este tipo de formato de arquivo apresenta uma chave de segurança que impossibilita a sua modificação, mantendo a fidelidade das imagens. Posteriormente as imagens foram mensuradas ultilizando o software Dolphin (Dolphin Imaging and Management solutions Chatsworth, CA,EUA), que possibilita reconstrução em 3D.
Para a mensuração da espessura da tábua óssea vestibular, a cabeça foi posicionada de forma que a linha horizontal axial de referência do programa estivesse posicionada abaixo das órbitas e a linha vertical média sagital de referência do programa fosse posicionada coincidente com a linha média do paciente (Figura 2).
Mensuração da Inclinação
Figura 2
-
Imagem das linhas de referência para posicionamento da cabeça.Para a obtenção da espessura da tábua óssea vestibular, bem como da inclinação dentária, foram feitos cortes parassagitais individuais (Figura 3). Lembrando que cada medição foi realizada em uma posição de cabeça diferente. Quando obtida a melhor visualização de ápice e coroa dos caninos e pré-molares inferiores, direito e esquerdo, o elemento dentário era posicionado paralelo à linha média sagital de referência (Figura4).
Figura 3- Corte parassagital mostrando o dente a ser avaliado
Figura 4- Imagem selecionada para mensuração com a melhor visualização de ápice e coroa.
Mensuração das imagens da tábua óssea vestibular
A obtenção das medidas da espessura da tábua óssea vestibular foi realizada em milímetros a partir do limite vestibular do contorno radicular até a porção mais externa da cortical óssea, perpendicularmente ao longo eixo do dente(Figura 5). Foram escolhidos, para as medições, o terço vestibular médio e
terço vestibular apical dos caninos e pré-molares inferiores. Para determinar “o nível do terço médio” foi demarcada a metade da distância entre a junção amelocementária e o ápice radicular (Figura 6)
.
Figura 5- Mensuração da tábua óssea vestibular antes e após o uso do Transforce®.
Figura 6 - Terço Médio e Terço Apical.
Para a mensuração das inclinações dentárias a cabeça foi posicionada utilizando o plano mandibular coincidente com a linha de referência horizontal axial do programa (Figura 7).
Terço Médio Terço Apical
Figura 7 - Linhas horizontal e sagital do programa
Nas mensurações das inclinações dentárias, foram escolhidos um ponto na incisal da coroa, e outro no ápice, para formar o longo eixo do dente. As inclinações dentárias foram obtidas a partir do ângulo formado por esse longo eixo e o plano mandibular do paciente (coincidente com a linha horizontal de referência do programa) (Figura 8).
Figura 8 - Mensuração da inclinação dentária do 1⁰ pré molar.
Figura 9 - Aparelho Transforce®.
O aparelho Transforce® (Figura 9), foi selecionado de acordo com a prescrição do fabricante, através de um compasso de ponta seca, medindo a distância intercaninos do arco inferior, a partir da margem gengival lingual do canino direito até a margem gengival do canino esquerdo (Figura 10). Para o arco inferior, o aparelho Transforce® está disponível em dois diferentes tamanhos, sendo 26mm e 28mm (ativo). Nesta amostra as medidas das distâncias intercaninos, ficaram entre 18 e 21mm. Portanto, o aparelho Transforce® de 26mm foi a melhor opção.
A montagem do aparelho teve início com a seleção das bandas para os primeiros molares inferiores, utilizando tubo com presilhas soldados na lingual. O aparelho foi ajustado no modelo de gesso antes de ser cimentado definitivamente na boca do paciente, as bandas foram amarradas ao aparelho Trasforce® com fio de amarrilho (Figura 11).
Figura 11- Aparelho adaptado no modelo de gesso. Prende se o aparelho à banda com fio de amarrilho.
O aparelho foi removido em conjunto com as bandas do modelo de estudo para facilitar a adaptação na boca, posteriormente, o aparelho foi ajustado e as bandas cimentadas com ionômero de vidro (Figura 12).
.
Figura 12 -Aparelho preso com elástico para facilitar a cimentação- Bandas com tubo lingual.
Figura 13 – Aparelho já instalado, as setas indicam o sentido da ação das forças
.
O dispositivo de expansão já está ativado e terá uma força lenta e contínua de 200g (Figura 13). Após a expansão (120 dias), o aparelho foi
removido e foram realizadas as Tomografias para avaliar os efeitos do aparelho Transforce®. Como contenção, foi adaptado um arco lingual (Figura 14)
.
Análise Estatística
Para as comparações (INICIAL X FINAL ou I x F) da inclinação e da espessura da tábua óssea, foi inicialmente aplicado o teste de normalidade (Shapiro-Wilk). Caso os dados “passassem” pelo teste de normalidade, o teste aplicado seria o teste “t” pareado (teste paramétrico). Caso os dados não “passassem” pelo teste de normalidade (e isso só aconteceu uma vez: Espessura do Terço Apical Inicial- A 33 I x Espessura do Terço Apical Final- T.A 33F) o teste aplicado seria o de Wilcoxon (teste não paramétrico). Realizamos também o teste de correlação de Pearson.
Para a análise do erro do método, considerando que foram utilizadas medidas quantitativas, foi utilizado para o erro sistemático o teste “t” pareado e para o erro casual o teste de Dahlberg.
RESULTADOS
Tabela I - Cálculo do erro na avaliação da inclinação dentária e da espessura da tábua óssea vestibular
Média (Dp) 1ª Med Média (Dp) 2ª Med Média (Dp) da diferença r (p) Dahlberg t P valor Inclinação 86,837 (8,168) 86,838 (8,160) 0,001 (0,048) 1,00 (0,000) 0,03 0,199 0,843 Espessura 3,252 (2,105) 3,271 (2,093) 0,019 (0,142) 1,00 (0,000) 0,10 1,923 0,056
A tabela I apresenta os resultados da avaliação dos erros sistemáticos e casuais, por meio do teste t pareado e da formula de Dalhberg.
Tabela II – Resultados para comparação da Inclinação dentária inicial e final, utilizando o teste “t”pareado. (I- inicial e F- final)
Dente N Media Desvio
Padrão SEM P valor 33 I 33 F Difference 9 9 9 94,656 88,822 5,833 6,291 6,732 4,919 2,097 2,244 1,640 0,007* 34 I 34 F Difference 9 9 9 88,667 80,422 8,244 9,467 4,371 8,180 3,156 1,457 2,727 0,016* 35I 35 F Difference 9 9 9 83,544 80,778 2,767 6,609 4,611 7,482 2,203 1,537 2,494 0,299 43I 43 F Difference 9 9 9 96,956 92,033 4,922 6,382 7,009 6,485 2,127 2,336 2,162 0,052 44I 44F Difference 9 9 9 84,822 84,511 0,311 6,357 7,585 5,699 2,119 2,528 1,900 0,874 45I 45F Difference 9 9 9 83,911 82,922 0,989 7,528 5,435 8,738 2,509 1,812 2,913 0,743 *Estatísticamente significante
Dentre as variáveis estudadas, apenas no dente 33 e 34, apresentam diferença significativa, considerando significância para p<0,05.
A tabela III apresenta apenas um caso em que foi realizada a análise não paramétrica (teste de Wilcoxon) pois os dados não passaram no teste de normalidade (Terço Apical 33 I x Terço Apical Final). Os resultados não apresentaram diferença significativa.
Tabela III- Comparação da espessura da tábua óssea vestibular nos terços médio (M) e apical (A) das raízes, antes (I) e após (F) o uso do aparelho Transforce ®. Considerando significância para p<0,05.
Dente N Media Desvio
Padrão SEM P valor M 33 I M 33 F Difference 9 9 9 1,100 0,989 0,111 0,614 0,330 0,609 0,205 0,110 0,203 0,599 A 33 I A 33F A 33 I A 33F Difference 9 9 9 9 9 5,200 5,000 5,200 5,222 -0,0222 4,700 4,700 0,853 0,680 0,755 5,800 5,950 0,284 0,227 0,252 0,641 0,932 M 34 I M 34 F Difference 9 9 9 1,078 1,133 -0,0556 0,476 0,436 0,613 0,159 0,145 0,204 0,792 A 34I A 34F Difference 9 9 9 5,044 5,289 -0,244 1,133 1,074 0,493 0,378 0,358 0,164 0,175 M 35 I M 35 F Difference 9 9 9 1,833 1,689 0,144 0,650 0,988 0,757 0,217 0,329 0,252 0,583 A 35 I A 35 F Difference 9 9 9 5,444 5,100 0,344 1,292 0,598 1,342 0,431 0,199 0,447 0,463 M 43 I M 43 F Difference 9 9 9 1,200 0,978 0,222 0,548 0,273 0,497 0,183 0,090 0,166 0,217 A 43 I A 43F Difference 9 9 9 4,989 5,033 -0,0444 0,871 0,946 0,780 0,290 0,315 0,260 0,868 M 44 I M 44 F Difference 9 9 9 1,278 1,122 0,156 0,291 0,538 0,568 0,096 0,179 0,189 0,435 A 44 I A 44F Difference 9 9 9 5,433 5,056 0,378 0,926 0,974 0,893 0,309 0,325 0,298 0,240 M 45 I M 45 F Difference 9 9 9 1,678 1,378 0,300 0,712 0,435 0,945 0,237 0,145 0,315 0,369 A 45 I A 45 F Difference 9 9 9 5,644 5,144 0,500 0,548 0,416 0,747 0,183 0,139 0,249 0,079
A tabela IV demonstra a análise da correlação entre a quantidade de inclinação dentária e a alteração da espessura da tábua óssea vestibular nos terços médio e apical, causada pelo uso do aparelho Transforce®, indicando que não houve correlação entre as variáveis estudadas (p>0,05).
Tabela IV – Avaliação da Correlação entre a espessura da tábua óssea vestibular e das inclinações dentárias.
Espessura da Tabua óssea / Inclinação
Pearson (r) p Valor
Terço Médio -0,657 0,156
Discussão
Avaliações acerca da possibilidade real de expansão no arco inferior têm sido uma constante na literatura ortodôntica bem como os problemas periodontais causados pelo tratamento ortodôntico. Dentre as opções para a expansão do arco inferior estão a placa lábio ativa e o expansor removível, porém, sabe-se que não são capazes de realizar alterações ortopédicas neste arco (Bushang; James; McNamara 2011). Os desgastes interproximais e a vestibularização dos dentes também são opções para tratar o apinhamento dentário do arco inferior (Sheridan et al, 1989). No presente estudo foi utilizado o aparelho Transforce®, indicado para casos com apinhamento dentário devido à atresia dos arcos, na dentição mista ou permanente, com a vantagem de não precisar da colaboração do paciente, visto que é um aparelho fixo nos molares inferiores (Clark et al, 2005; Clark et al, 2010; Chenin et al, 2003; Sharma, 2010). A seleção da amostra foi realizada com o intuito de escolher casos com apinhamento dentário inferior o mais semelhante possível, com atresia de arco, sem tratamento ortodôntico prévio e na presença de todos os dentes permanentes até primeiros molares. Isto possibilitou que fosse selecionado um mesmo tamanho do aparelho Transforce® para todos os pacientes da amostra. Estes fatores colaboraram para a composição final da amostra, por nove indivíduos.
Antes do surgimento da tomografia, o método de diagnóstico por imagem utilizado nos estudos, eram as radiografias bidimensionais (Teleradigrafia, panorâmica, etc), que apresentam sobreposição de imagens (Macchi et al, 2006; Wortche et al, 2005; Mah et al, 2003, Hatcher, 2004; Scarfe et al., 2006; Capelozza Filho et al, 2008). Atualmente a Tomografia Computadorizada Cone Bean, é o exame de diagnóstico mais indicado para a avaliação dos tecidos duros da face. Neste trabalho, as medições foram realizadas por meio da Tomografia Computadorizada Cone Bean, pois possibilita a avaliação real do elemento dentário e seu relacionamento com o osso alveolar por meio do corte parassagital. Semelhante ao presente estudo outros trabalhos na literatura utilizaram a tomografia para avaliar a inclinação dentária (Razera, 2010; Moraes,
2010; Maltagliatti, 2009), e também a espessura da tábua óssea (Marinho, 2010; Garib, 2010).
Para avaliar a inclinação dentária, foi usado o plano mandibular (Go/Me/Me) e o longo eixo do dente (ápice/coroa), diferente de outros trabalhos na literatura que usaram, por exemplo, o plano oclusal (Capelozza filho et al, 2005) ou o IMPA ( Marinho, 2010). Nesta pesquisa foram avaliadas as inclinações de caninos e pré-molares sendo que os dentes que sofreram maior inclinação foram os caninos, seguidos dos primeiros pré-molares e por fim pelos segundo pré-molares (Tabela II). Os resultados apresentados neste estudo demonstram que tivemos um bom controle clínico, sem inclinações excessivas. Na comparação entre as medidas iniciais e finais, os dentes que apresentaram diferenças estatisticamente significantes foram o 33 (canino inferior esquerdo) e o 34 (primeiro pré-molar inferior esquerdo). O dente que mais sofreu inclinação foi o primeiro pré-molar inferior esquerdo, com média de 8,18⁰ de inclinação (Tabela III). Outros trabalhos avaliaram inclinação após movimentação ortodôntica, porém com metodologia diferente (Maltagliatti et al, 2005; Condi,2010). Buschang et al, 2001, realizou uma análise com Expansor removível e Placa lábio ativa e relatou que a dissolução do apinhamento dentário inferior provem do aumento da distância intercaninos e não da inclinação vestibular dos dentes. Para a confiabilidade da metodologia foram realizadas análises para o erro do método (Tabela I) e verificou-se ausência do erro sistemático p>0,05 e casual (<que 1⁰ e 1 mm) para todas as medidas realizadas, tornando os resultados confiáveis. Em relação à espessura da tábua óssea vestibular obtidas no início em comparação com as medidas obtidas após o uso do Transforce®, verificou se que não houveram diferenças significativas estatisticamente. A mensuração da espessura da tábua óssea vestibular foi realizada no nível apical e médio da raiz, posições semelhantes à utilizada em um estudo com o expansor removível Schwarz, onde foram realizadas as medições a partir da junção amelocementária em duas alturas 3 e 8 mm (Tai et al, 2011). Na literatura encontram-se trabalhos com medições realizadas em até cinco regiões da cortical óssea (Chen et al, 2010; Silva Filho et al, 2010), entretanto, a dificuldade de visualização da tábua óssea no terço cervical, impossibilitou a mensuração nessa região no presente estudo. O uso do
aparelho Transforce® foi efetivo na correção da má oclusão, bem como outros aparelhos são capazes de fazê-lo (Buschang et al, 2001; Yu e Qian, 2007), porém sem causar danos a tábua óssea vestibular, pois não se observou diminuição excessiva da espessura da mesma. Esses resultados demonstraram que o aparelho Transforce® representa uma opção favorável na correção do apinhamento dentário inferior com atresia de arco, sem danos biológicos ou periodontais. Na tabela III, os resultados não demonstraram diferença estatisticamente significante entre as medidas inicial e final, nos terços médio e apical.
Não foi encontrada correlação entre a inclinação e a espessura da tábua óssea, como observado na Tabela IV, possivelmente devido às suaves inclinações obtidas neste estudo. De acordo com a metodologia utilizada, a correção da atresia do arco inferior foi satisfatória e atendeu os requisitos biológicos de um tratamento ortodôntico bem realizado, sem danos periodontais aos pré-molares e caninos na fase inicial da correção ortodôntica. Desse modo, o aparelho Transforce® pode ser utilizado para correção apinhamento dentário leve ou moderado.
Conclusão
De acordo com a metodologia utilizada, o aparelho Transforce® promoveu alterações dentoalveolares eficientes no arco inferior para a correção da atresia e apinhamento dentário, sem reabsorção excessiva da tábua óssea vestibular. Não foi encontrada correlação entre a inclinação dentária e a espessura da tábua óssea vestibular ao nível médio e apical.