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Ninguém cria um filho pra morrer : reflexões sobre mortes e moralidades em uma favela carioca.

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Academic year: 2021

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XIII Reunião de Antropologia do Mercosul 22 a 25 de Julho de 2019, Porto Alegre (RS) GT 10 - Antropologia da morte, dos mortos e do morrer

“Ninguém cria um filho pra morrer”:

reflexões sobre mortes e moralidades em

uma favela carioca.

Autora: Lidiane Malanquini Magacho

Programa de Pós-Graduação em Serviço Social Universidade Federal do Rio de Janeiro

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2 Resumo:

O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre aspectos da construção do luto no contexto de violência armada em uma favela carioca. O texto apresenta casos de mulheres que tiveram seus familiares mortos durante operações policiais no Conjunto de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro, entre 2015 e 2018. A partir da minha atuação enquanto assistente social e coordenadora de projetos sociais em uma organização não governamental local, este trabalho pretende lançar um olhar antropológico sobre o acompanhamento social e o processo de construção do luto por mães que tiveram seus filhos mortos no contexto de violência armada no bairro da Maré. Neste sentido, o texto busca compreender como a construção social do “bandido bom é bandido morto” e todas as moralidades carregadas por esta categoria interferem na experiência e vivência do luto e sofrimento destas mulheres. Ainda, pretende-se, através da análise de discurso da grande mídia, organizações governamentais, não governamentais e lideranças comunitárias sobre estas situações compreender como o direito ao luto é negado individual e coletivamente para o conjunto de moradores de favelas e periferias brasileiras.

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3 Introdução

O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre os processos de construção do luto de mulheres que perderam suas familiares vítimas do contexto de violência armada no Conjunto de Favelas da Maré. As questões presentes nesse texto decorrem da minha atuação enquanto assistente social e coordenadora de projetos sociais de uma organização não governamental situada no conjunto de favelas da Maré, mais especificamente, no atendimento direito às vítimas de violações de direitos fundamentais no contexto da violência armada. Este estudo é vinculado a pesquisa “Análise comparada de categorias jurídicas em processos sociais de administração de conflitos: democracia, igualdade jurídica, cidadania e demanda por direitos”1, e faz parte da minha pesquisa de doutorado

no Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro..

Retomar as atividades acadêmicas tem uma relação intrínseca com meu cotidiano de trabalho, mais especificamente, ao cotidiano das operações policiais na Maré – destaco a operação do dia 20 de junho de 2018 como um marco nesse processo. Neste dia, por volta de 9h da manhã iniciou uma operação da Polícia Civil com apoio das Forças Armadas com intensos confrontos armados na região da Vila do Pinheiro. Na ocasião, o helicóptero blindado da Polícia Civil foi utilizado como plataforma de tiro assustando moradores e profissionais que atuavam na região. Como resultado da ação, 7 pessoas foram mortas: o menino Marcos Vinícius, de 14 anos, e outras seis pessoas, sendo 5 delas mortas em uma mesma casa com indícios de execução sumária – segundo relato dos moradores, os 5 jovens, possivelmente ligados ao comércio de drogas ilegais teriam se rendido e mesmo assim os moradores ouviram disparos e, em seguida, os corpos teriam sido jogados do 3º andar de um prédio.

Naquele dia, eu não estava no Rio de Janeiro, mas acompanhei pelas redes sociais tudo que aconteceu. Pela noite, acompanhei todos os noticiários que falavam da morte do menino Marcos Vinicius e pelas redes sociais a reprodução

1 Projeto de pesquisa coordenado pela Professora Dra. Katia Sento-Sé Mello (Departamento Política

Social e PPGSS-ESS/UFRJ) vinculado ao Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos – InEAC.

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das notícias da “grande mídia”, em um sentido de comoção geral pela morte do adolescente. Nos dias que se seguiram, houve uma grande comoção sobre a morte do menino Marcos Vinicius: o velório aconteceu na sede da Prefeitura da Cidade, as mídias tradicionais e comunitárias reproduziam o absurdo daquela morte, houve luto oficial na cidade e no estado do Rio de Janeiro e citação no Conselho de Direitos da Organizações das Nações Unidas em Genebra sobre o quão absurdo seria interromper a vida do menino Marcos Vinicius. Sua mãe, com a camisa suja de sangue do seu filho, em um ato de extrema força e resistência, forneceu entrevistas, circulou por espaços do poder público a nível municipal, estadual e nacional levando a memória do seu filho e o pedido de justiça.

Porém, uma pergunta não parava de ecoar na minha cabeça: e os outros meninos? Cadê essas famílias? Quais são seus nomes? Quais são suas histórias? O que faz com que, a sociedade em geral, se mobilize mais por determinadas mortes do que outras?

Nota metodológica

Neste sentido, cabe destacar tamanho desafio em escrever essas linhas e propor as reflexões aqui presentes. Atuo há 4 anos como assistente social nessa organização, local de afeto e onde escolhi conformar processos de lutas na construção de uma sociedade menos desigual. Foi através desta organização que tive a oportunidade de conhecer a Maré e desenvolver com esse território e seus moradores o compromisso ético com as lutas sociais ali presentes, sobretudo na construção do direito à segurança pública.

Os dois casos que aqui apresento mantive contato através da atuação como assistente social nesta organização que há 20 anos mantém relação de confiança e vínculo com os moradores da região. Organização que atua em diferentes projetos sociais (educação, arte e cultura, política para mulheres, juventudes, entre outros) que possui uma relação histórica e muito específica com quem mora na região. Desta forma, as informações e os dados aqui apresentados não discorrem de um processo de uma relação entre objeto e pesquisadora, nos moldes clássicos da pesquisa acadêmica. Nos termos de Mello (2011), tratasse de uma participação observante uma vez que eu,

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pesquisadora, atuo profissional e cotidianamente com o tema a ser estudado. Desta maneira, não trata-se aqui, de um modelo clássico de pesquisa antropológica onde a pesquisadora determina e objeto e posteriormente vai a campo. É a partir da realidade e do processo do cotidiano que esse objeto de pesquisa vem sendo construído (e reconstruído) no processo de pesquisa.

Sem sombra de dúvidas, o trabalho que vem sendo realizado a mais de 20 anos por essa organização permitiu e permite que cotidianamente eu tenha novas descobertas e inquietações sobre a construção (ou desconstrução) da segurança pública na região. É por esse trabalho e pela necessidade de refletir sobre essa realidade que retomo, depois de 5 anos, minhas atividades no espaço acadêmico.

Mostra-se fundamental destacar que no âmbito desta pesquisa existe uma linha tênue entre pessoal, profissional e acadêmico que atravessam esse texto e toda pesquisa de doutorado. Historicamente, nas ciências sociais se acreditou ser possível realizar uma “observação neutra”. Velho (2013), aponta que uma vez o pesquisador sendo membro da sociedade, a isenção total no processo de pesquisa é uma utopia e pode construir o erro. O autor continua, afirmando que a realidade é sempre absorvida pelo olhar do pesquisador, o que não significa a falência do método: “[a realidade] é sempre filtrada por determinado ponto de

vista do observador, ela é percebida de maneira diferenciada [...] não proclama, assim, a falência do rigor científico no estudo da sociedade, mas a necessidade de percebê-la relativa, mais ou menos ideológica e sempre interpretativa”.(abid

p. 75)

Ao mesmo tempo, é um exercício constante “estranhar o familiar”, uma vez que mantenho contato diário e intenso com esse espaço e seus moradores e, que, sem sombra de dúvidas influenciam minhas percepções, reflexões e convicções. O que requer um exercício permanente de ter uma “proximidade que estranhe e

numa distância que não imobilize”, nos termos de Peregrino (2010).

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O Conjunto de Favelas da Maré encontra-se situado na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro e ocupa cerca de 4,3 km² entre a Avenida Brasil e Linha Vermelha, principais vias expressas de acesso ao centro da cidade. Segundo dados do Censo Maré, realizado pelo Observatório de Favelas e Redes da Maré, em suas 16 favelas, a Maré conta com cerca de 140 mil habitantes distribuídos em 47 mil domicílios. Sua população confere a Maré uma dimensão municipal, sendo considerada maior que 95% dos municípios brasileiros. Para além disso, os movimentos sociais e comunitários existentes ali desde meados de 1980 conferem a Maré um lugar específico na cidade, contando com uma série de equipamentos públicos e uma visibilidade na cidade conquistadas através da luta por direitos protagonizada por suas moradoras e moradores. Hoje a Maré, por exemplo, conta com 46 escolas de ensino básico, 3 escolas de ensino médio, 7 unidades de saúde, 2 postos do DETRAN e um Centro de Defesa à Cidadania2.

Porém, o contexto de violência armada nesse território, mostra-se extremamente complexo, afetando o acesso a direitos sociais básicos, como educação e saúde, por exemplo. Há mais de três décadas a população da Maré convive com a ocupação do seu território por grupos armados ligado a redes criminosas, que circulam pelas ruas e vielas ostentando seu poderio bélico, ao mesmo tempo, que regulam uma série de relações sociais existentes naquele espaço. Atualmente, existem 3 grupos armados que atuam nas 16 favelas da Maré: dois grupos de venda de drogas ilegais e um grupo paramilitar. Para além dos confrontos armados protagonizado entre estes grupos, existe uma regulação do espaço público e atuação na resolução de conflitos que, muitas vezes, ocorrem de maneira autoritária e violenta e que podem ser consideradas como produto da violência armada na região.

As forças policiais, por sua vez, atuam de forma pontual e extremamente violenta. Não é comum observarmos policiais circulando pelas ruas da Maré. Toda vez que as forças policiais precisam circular, utiliza-se de grande aparato bélico, tendo como consequência intensos confrontos armados que coloca em

2 A um observador desatento, a quantidade de equipamentos, se comparados a outros espaços

periféricos, poderia ser considerado a construção de uma cidadania plena para a população da Maré. Porém, o funcionamento e a qualidade dos serviços prestados é algo que necessita de ampla discussão que não confere objeto desse texto.

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risco tanto a vida de quem circula cotidianamente pela Maré, como dos agentes de segurança.

Desta maneira, o direito à segurança pública pode ser considerado um dos direitos mais distantes da população que vive na Maré. Esta parcela da população carioca, assim como outros moradores de favelas e periferias da cidade, ainda não pôde experimentar de forma republicana e democrática o direito à segurança pública. Pelo contrário, quando falo da segurança pública enquanto um direito básico, muitos dos moradores, baseados em suas vivências e experiências, afirmam que segurança pública é sinônimo de “violência”, “violação” ou “esculacho”.

Para refletir sobre o direito a segurança pública na Maré, buscarei uma abordagem ampla e complexa da categoria violência armada. Esta não pode ser compreendida apenas como as situações com uso direto de arma de fogo - como no caso dos confrontos armados, pessoas feridas ou mortas por armas de fogo – envolvendo membros dos grupos armados e forças policiais.

O grave contexto de violência armada que vivenciamos hoje no Rio de Janeiro está intrinsecamente ligada a construção do Estado brasileiro e da vida política do país. No Rio de Janeiro, por exemplo, a Guarda Real – embrião do que conhecemos hoje como Polícia Militar - foi criada em 1808, tendo como diferencial o uso de armas na sua atuação, para cumprir seu objetivo-fim: a manutenção da ordem nas vias públicas. Sousa (2012) aponta que naquela época não era permitido que escravos permanecessem em vias públicas confraternizando, cabendo aos guardas o uso de açoites para castiga-los e leva-los para as senzalas.

Pensar no desenvolvimento das armas do império até os dias de hoje, requer pensar como Estado vem reinventando maneiras de manutenção da ordem pública, através do uso legítimo da forças (e das armas) pelas forças policiais somado a super-estrutura do tráfico internacional de armas – que de alguma maneira, também é alimentado por essa estrutura de Estado.

Atualmente, o comércio de drogas ilegais vem sendo eleito como o principal crime a ser combatido pelo Estado e, consequentemente, pelas forças policiais. O avanço tecnológico da indústria bélica vem impactando sobremaneira nas

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dinâmicas de violência armada, especialmente nos territórios de favelas e periferias. ´Ora o Estado busca inovações bélicas, seguido em tempo real pelos grupos armados; uma “corrida armamentista” insana que beneficia diretamente os donos das indústrias bélicas, sem considerar o impacto na vida de quem vive em um território com tamanha circulação de armas com alto nível de letalidade3.

Desta maneira, compreende-se por violência armada as múltiplas violências que decorrem da circulação e do uso ostensivo de arma de fogo, seja por agentes de segurança seja por membros de grupos armados com anuência do Estado, e podem ocorrer de forma individual ou coletiva e não precisa, necessariamente, ter como disparados (concreto) da violência o disparo da arma de fogo.

Existem múltiplas formas que a violência armada se reproduz no cotidiano de quem vive na Maré: fechamento de equipamentos públicos, limitação do ir e vir, casas invadidas e celulares apreendidos sem mandado judicial, coerção, agressão física, ameaças, assédios também podem ser percebidas como a materialização da violência armada no cotidiano de quem vive ali. Historicamente, se convencionou a relacionar confrontos armados, feridos e mortos por armas de fogo como consequência da violência armada; porém, a circulação ampliada de armas de fogo que vivenciamos no Rio de Janeiro, sobretudo nas favelas e periferias, criam dinâmicas de violências que impactam na dimensão social, psíquica, econômica e no acesso a direitos sociais básicos de uma parcela significativa de cidadãos, sobretudo aqueles que vivem em favelas e periferias.

As relações de poder na Maré são, em parte, atravessadas por todo esse poderio bélico. Mesmo que a arma não seja utilizada diretamente como instrumento da violência, seja por policiais ou por membros dos grupos armados, o fato desses atores poderem acessá-las garante a estes atores um poder (simbólico) e impacta na forma como as pessoas se relacionam nesse espaço.

Certa vez chegava no trabalho quando o baile estava acabando, e percebi que um rapaz magro e sem camisa espancava uma mulher na rua – que mesmo

3 É válido destacar que as armas que chegam nestes territórios, nas mãos das forças policiais ou dos

grupos armados, contam com a anuência do Estado uma vez que essas armas atravessam fronteiras para chegar até as favelas do Rio de Janeiro.

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caída no chão continuava a ser chutada. Parei e fiquei olhando, tentando entender como poderia intervir naquela situação. Na rua, todos passavam e desviavam o olhar. Foi então que uma mulher me puxou e disse: “deixa isso pra

lá, vai arrumar problema pra você...”. Fomos caminhando e ela continuou me

contando que aquele jovem integrava o grupo armado local e que por isso ninguém poderia intervir. Aquele misto de impotência e covardia me tomou por alguns dias: questionava-me como aquele rapaz praticava tamanha covardia sem que qualquer morador pudesse intervir: era um jovem, franzino, sem camisa e não estava armado, na minha cabeça alguém poderia controlá-lo.

A questão central dessa situação é que embora aquele jovem não tivesse empunhando uma arma, seu corpo comunicava algo para aqueles que passavam, principalmente quem morava ali. Nos termos de Bordieu (1989), existia ali um poder simbólico que aquele jovem carregava consigo que mesmo que ele não empunhasse uma arma ou tivesse ameaçando os transeuntes, os moradores se sentiam coagidos a intervir. Embora aquela senhora que me puxou pelo braço, falasse do absurdo daquela violência, as relações de poder estabelecidas naquela rua, impedia que ela cogitasse a possibilidade de intervir4.

Para um transeunte desavisado, aquela poderia ser uma situação de violência de gênero – grave por si só – mas é fundamental pensar aquela situação também situada em um contexto de violência armada.

Neste sentido, embora não seja objeto central desse trabalho, é válido destacar tamanha complexidade das dinâmicas de violência armada na região, não podendo ser compreendida a partir dos binômios polícia-bandido ou tiroteio-mortos. São dinâmicas que extrapolam estes atores e afetam uma parcela significativa da população da cidade que sofrem cotidianamente os impactos dessas violências sobre seus corpos e mentes.

4 É interessante observar que eu, enquanto uma pessoa que não conhecia tão bem o território, muito

menos aquele jovem, me permiti parar, olhar e pensar em intervir, enquanto os outros transeuntes desviavam o olhar. Ao mesmo tempo que essa senhora, moradora antiga da rua em que trabalho me puxou pelo braço, dei-me conta que estar ali parada poderia representar algum perigo para mim.

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10 Mortes, luto e moralidades.

É diante o contexto de violência armada e construção da segurança pública enquanto um direito que desenvolvo meu trabalho na Maré. Atualmente, coordeno o setor de uma organização não governamental dedicado a criar ações no campo do “Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça”. São desenvolvidas ações para a mobilização dos moradores, atendimento direito às vítimas de violência, produção de conhecimento e incidência na política de segurança.

Uma das atividades que estou diretamente envolvida, trata dos plantões em dias de confrontos armados. Todos os dias em que há confrontos armados, sobretudo durante operações policiais, uma parte da equipe é direcionada para acolhimento e atendimento das vítimas em situações de violação de direitos fundamentais. Nestas situações a equipe lida com uma séria de violências e violações de direitos: invasões de domicílio, violência física e psicológica, prejuízos e danos materiais e atendemos famílias de pessoas feridas ou mortas.

É a partir da experiência desses plantões, do acolhimento e acompanhamento das famílias que tiveram algum familiar morto ou desparecido que trago as experiências descritas nesse texto. Comecei a realizar esse tipo de acompanhamento em setembro de 2015 e a primeira família que atendi, já despertou uma séria de indagações e inquietações.

Era de manhã bem cedo quando pelos grupos de aplicativo de mensagens fiquei sabendo que uma operação policial se iniciava na região de Nova Holanda. Depois de muito tempo da ocupação das Forças Armadas, entre abril de 2014 e junho de 2015, àquela era a primeira vez que a polícia retornava através de uma operação policial àquelas localidades. Ao chegar na sede da ONG, a recepcionista me procura e diz que precisava de uma assistente social para acolher uma mãe. Fui até a sala onde uma senhora negra de cerca de 40 anos me esperava. Chegando lá, muito assustada, ela contou que policiais entraram na sua casa com a foto do seu filho no celular e perguntando por ele. Desesperada e chorando muito, a mãe dizia: “eles [policiais] tavam com a foto

do T.! Sabiam até o nome dele. Ele está na rua desde a madrugada quando avisaram que ia ter operação.”.

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Após alguns minutos, chega a notícia de que um jovem foi alvejado há alguns quarteirões dali. A mãe olha para mim e minha colega de trabalho e pede para que a gente acompanhe até o local. No caminho, ela vai nos trazendo alguns elementos que dá pistas sobre o porquê da sua preocupação: “Falei tanto para

esse garoto não se meter com o que não presta. Parar de ir pra rua fazer besteira...”. Ao chegarmos no local fomos informadas pelos moradores que o

jovem já saiu sem vida do local, naquele momento a mãe se ajoelha e começa a chorar. Enquanto tentávamos acolhê-la e ao mesmo tempo descobrir quem era o jovem que tinha sido alvejado, um adolescente negro e magro se aproxima e diz: “Tia, T. mandou avisar que está bem. Que é pra senhora ir pra casa que ele

tá em um lugar tranquilo.”. Acompanhamos a mulher até a sua casa e nos

despedimos, de certa forma aliviadas.

Dois dias depois, se inicia uma nova operação. Quando chego até a Maré a operação policial já tinha terminado e recebemos a notícia de que um jovem teria sido morto. Tentamos descobrir quem era, para tentarmos acolher a família, mas não encontramos5. Já no início da noite, a mulher do dia anterior chega até a

sede da ONG e procura por mim e minha colega de trabalho. Vou até a recepção, lhe dou um abraço e pergunto se está tudo bem. A mulher me responde: “o

menino que morreu hoje foi T. Vim aqui agradecer a você e a outra moça pelo que fizeram e avisar que o velório vai ser na quadra do Gato (escola de samba localizada na Nova Holanda).”

Ao ouvir aquelas palavras, fiquei paralisada e sem saber o que dizer para àquela mãe. Tentei abraça-la e levá-la para uma sala reservada e ofereci café e água. Se curvando ao meu abraço, ela me responde: “minha filha, eu tô bem. O que

eu tinha pra fazer por T eu fiz com ele em vida. Ninguém cria um filho pra morrer! Mas ele escolheu o caminho dele, ele sabia que essa era a consequência. Tenho que ir porque estou atrasada e pego no trabalho às 19h.”. Tentei orientá-la que

devido a morte do filho, ela teria direito a uma licença no trabalho e ela me

5 Realizamos um trabalho de busca-ativa após as operações policiais para encontrar pessoas e famílias

que foram vítimas de alguma violação de direitos fundamentais. Quando ocorrerem mortes,

geralmente, encontramos as famílias com maior facilidade, porém, caso esse jovem seja ligado a alguma atividade criminosa, a equipe encontra dificuldade nessa localização.

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responde: “Vou trabalhar. Vou ocupar minha cabeça. O enterro é só amanhã e

não quero ficar em casa.”.

As frases ditas por aquela mãe que acabara de perder o filho me atormentaram por muito tempo. Questionava-me como era possível que uma mãe pudesse comunicar a morte do filho sem chorar e ainda dizer que estava a caminho do trabalho. Aquela mulher, na prática, desconstruía todos os padrões romantizados do que imaginava ser mãe, do que ouvi das mulheres-mães com quem convivia. Intrigava-me entender o porquê daquela postura e onde estaria o luto daquela mulher.

Na Maré, assim como em outras favelas e periferias, a maioria dos lares são chefiados por mulheres. Dados do Censo Maré, apontam que 44% dos domicílios da Maré são chefiados unicamente por mulheres. Mulheres que são responsáveis pelo sustento da casa, mas também pela governança do lar e cuidado dos filhos. Essas mulheres, muitas vezes, centralizam e não compartilham essa responsabilidade com terceiros e contam com uma limitada rede de apoio.

Entender o papel da mulher na estrutura familiar, ajuda a refletir sobre determinadas posições e posturas que observo no meu cotidiano de trabalho. Uma vez que a responsabilidade do desenvolvimento da família é centralizada na figura da mulher, esta tem responsabilidades sob o sustento, organização do lar e cuidado dos filhos. Esta responsabilidade, muitas vezes vivida solitariamente, traz reflexo para o cotidiano dessa mulher, inclusive para a forma como essa mulher se permite ao luto após a morte de um filho. Quando a mãe vai trabalhar no mesmo dia da morte de T., pode ser reflexo do seu papel central no sustento do lar, mas também, como ela mesma diz, uma forma de ocupar seu tempo e não pensar naquela situação. Quando essa mulher afirma: “O que eu

tinha pra fazer por T eu fiz com ele em vida. Ninguém cria um filho pra morrer! Mas ele escolheu o caminho dele...” , de alguma maneira, pode ser percebido

como um processo de informar sobre sua dedicação no processo de cuidado e criação dos filhos, como se ela precisasse justificar que “cumpriu seu papel de mãe”.

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Possivelmente a junção dessa responsabilidade solitária, faz com que uma mãe negra moradora de favela quando tem seu jovem filho morto tenha uma outra maneira de viver o luto que aquele idealizado pelo senso comum. À uma mulher negra da Maré, que criou solitariamente seus dois filhos, a morte de um filho ligado a redes criminosas e seu processo de luto é acompanhado por uma gama de violências e violações que resultam das desigualdades de gênero, raça e classe que acompanham a trajetória dessa mulher. (Davis, 2016)

Nos dias que se seguiram, fomos até sua casa. Muitas fotos, camisas e quadros espalhados pela sala com os dizerem: “T. eterno”. Nas conversas com ela, pude compreender que existia dor, sofrimento e desespero pela morte do seu filho; mas que precisava ser recolhido e mantido em sigilo. Certa vez essa mãe nos disse: “choro sim, minha filha, mas só choro no banheiro. Lá dentro sou eu e

Deus”. A sensação que tive durante as conversas é que àquela mulher não se

permitia viver o luto em público, mas que tinha um processo de luto que não dividia com terceiros, nem mesmo com seu filho caçula. No banheiro e na sua fé, talvez, era o momento em que àquela mulher se permitia o luto.

Somado a isso, tem-se como hipótese que uma série de moralidades sobre a atuação de jovens em redes criminosas e a responsabilidade da mulher na criação dos filhos interferem na construção do luto dessas mulheres. As mortes de crianças e alguém “inocente” gera comoção em toda sociedade; enquanto mortes brutais e intencionais como a que ocorre com T. não ganham tamanha visibilidade, não geram comoção pública – nem sequer citam o nome destes mortos.

Pouco mais de um ano depois, em novembro de 2016, uma situação muito parecida aconteceu. Durante uma operação policial extremamente violenta, o irmão de um colega de trabalho foi alvejado e morto por policiais. Quando descobri tentei iniciar uma conversa com D, meu colega de trabalho, e ouvi novamente: “ele escolheu o caminho dele”. Já há algum tempo trabalhando com a temática, rapidamente entendi que V., jovem executado por policiais em uma laje no Parque Maré, tinha alguma relação com atividades criminosas e que a frase “ele escolheu o caminho dele” era uma maneira que familiares e amigos encontravam para se confortar e se blindar de críticas diante a brutalidade daquele assassinato. A equipe tentou que de alguma maneira ele pudesse nos

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levar até o restante da família, mas sempre era muito reticente quanto a abordagem, sobretudo quando questionávamos sobre a mãe. Sugeriu que tentasse falar com J., esposa do seu irmão, e nos forneceu o contato dela. Em contato com J., esposa e mãe do filho de V., a mesma disse que não teria interesse em formalizar denúncia, mas que falaria com a sua sogra – já no primeiro contato, J. alertava que mantinha uma relação complicada com a sogra e que as vezes a irmã de V. mediava essa relação.

A equipe sempre teve muita dificuldade em fazer contato com J.: ora seu celular mudava o número, ora se mudava de casa. Algum tempo depois, uma das técnicas da equipe a encontrou na rua e trocaram telefones. Na conversa, J. dizia que não voltou a nos procurar porque não tem interesse em formalizar a denúncia na justiça, mas que estava precisando de ajuda pois passava dificuldade com a filho. Na semana seguinte, J. compareceu a sede da ONG para atendimento informando formalmente a equipe o seu desinteresse em formalizar a denúncia – “não vai da em nada, ele era do crime”, disse ela - , mas pedindo apoio da equipe para inscrição no Bolsa Família.

De acordo com Kant de Lima (2004) e Mello (2011), a estrutura no sistema jurídico brasileiro se reproduz um modelo inquisitorial, quando o réu é acusado por um crime e convocado a provar sua inocência. Em outros modelos jurídicos, geralmente, que acusa é responsável por provar a culpa, não havendo essa centralidade em que um réu prove a sua inocência. Somado a isso, os autores destacam que embora exista uma igualdade jurídica no plano formal, a forma como cada situação passa pelo sistema de justiça responde as sensibilidades jurídicas dos operadores do direito. Mello (2011), aponta que há uma série de moralidades que são acionadas pelos operadores do sistema de justiça e que interferem no curso do projeto.

Desta maneira, uma vez que V. teria alguma ligação com atividades criminosas, existe uma série de moralidades que podem ser acionadas acerca da situação de homicídio que pode contestar a gravidade do crime cometido pelos policiais6,

6 Para além da ideia que o policial possui fé pública, é muito comum nestas situações a defesa de

policiais alegarem que houve troca de tiros e que “por fatalidade” acometeram as pessoas mortas. Essa tese é utilizada em larga escala desde o processo investigativo até a construção da defesa de policiais que alegam grande parte desses homicídios como legítima defesa.

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que faz com que J. reafirme “não vai da em nada, ele era do crime”. Experiências pretéritas, informações veiculadas pela grande mídia, conversa com familiares e amigos, podem contribuir para a construção dessa percepção, uma vez ser muito raro a condenação de policiais pela morte de jovens ligados a redes criminosas.

Alguns meses depois, a irmã de V. começou a trabalhar na ONG. Todos nós sabíamos que ela era irmã de V. – inclusive a organização tem como política trazer pessoas que foram diretamente afetadas pela violência armada para trabalhar na área de segurança pública e acesso à justiça – porém, poucas vezes me senti a vontade de abordar sobre essa questão com ela. Embora estivéssemos muito próximas, uma vez que ela não falava muito sobre o assunto, evitava falar por achar que poderia estar invadindo sua privacidade. A única vez que conversamos, ela falou longamente da dificuldade que foi para a família a morte de V. Segundo ela, os conflitos já existentes entre esposa e mãe de V. se acirraram, ao mesmo tempo, que todas estavam vivendo um momento de dor e sofrimento. Ela falou pouco do irmão, a dificuldade da família em aceitar a entrada dele para os grupos armados e o quanto isso seria difícil para família:

“a gente sempre foi pobre. Pobre de verdade, Lidi. Mas a gente nunca se meteu com coisa errada. Por isso, D. [irmão que trabalhava na ONG] tinha tanta vergonha dele trabalhar com isso...” . Ela continuou dizendo: “no Natal estava todo mundo triste né, primeiro natal sem ele. Minha mãe virou e disse: ‘pelo menos não tem confusão nesse natal, V. não está aqui!’...”

A entrada de um jovem para as redes criminosas de um território como a Maré pode ser sentida e percebida de maneiras muito diferentes pelas famílias. Novaes (2007) conceitua a juventude como uma espécie de “moratória social”, ou seja, a fase de preparação e inserção dos sujeitos nas diversas dimensões da vida social (constituição de família, inserção no mundo do trabalho, exercício de direitos e deveres). A autora argumenta que saindo da infância e adolescência, o sujeito é “chamado” pelos diferentes setores da sociedade a se preparar para a vida adulta. A juventude, desta forma, é percebida como um momento de transição da infância para a vida adulta e mais que isto, uma fase de preparação para esta vida adulta quando estes jovens necessitam definir sobre seu futuro e aspirações. Nesta fase ímpar da vida de um sujeito, a sua associação ao comércio ilegal de drogas, geralmente é lida de maneira muito

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negativa pelas famílias, que muitas vezes exprimem o seu descontentamento através de conflitos cotidianos com estes jovens, sentem vergonha e não chegam a falar sobre o assunto entre si e com terceiros.

Quando isso acontece com uma família negra da Maré, estas questões são potencializadas. Nos termos de Wacquant (2003) existe um processo histórico de criminalização da parcela mais pobre da sociedade que é resultado da estrutura de um Estado Penal, que ora encarcera ora mata esta parcela da população. Possivelmente, a afirmação “a gente sempre foi pobre. Pobre de

verdade, Lidi. Mas a gente nunca se meteu com coisa errada...” é um reflexo

sobre como, para essa irmã (mulher negra e moradora da Maré) é fundamental a distinção entre pobreza e criminalidade.

O Estado brasileiro historicamente mantém um sistema de justiça e de segurança pública que atuam conjuntamente como instrumento de criminalização de pobres e negros. Olhando a história recente do país, podemos indicar que desde o período escravagista as leis e as forças policiais vem sendo utilizadas conjuntamente para criminalizar os corpos e os territórios negros. Conforme remonta Rolnik (2013), os quilombos, e os negros fugidos, no século XIX, eram criminalizados por força da lei e cabia aos capitães do mato o seu cumprimento. Com a “abolição da escravidão”, foi constituída a lei da vadiagem7

e os cortiços do centro do Rio de Janeiro removidos e criminalizados. Nos dias de hoje, elegeu-se o comércio de drogas ilegais como o principal crime a ser combatido pelo Estado Penal. A criminalização do comércio de drogas ilegais acontece de forma seletiva e tem como alvo os corpos negros e os territórios de favelas e periferias como alvo. Do quilombo à favela, do escravo fugido ao varejista do comércio de drogas: os corpos e territórios negros vem sendo criminalizados por um Estado Penal brasileiro.

Este processo de criminalização da pobreza, dos corpos e territórios negros impactam diretamente na forma com as famílias de um jovem negro ligado as redes criminosas vivem seu processo de luto. “Fazer besteira”, “se meter com o que não presta”, “ele escolheu o caminho dele”, “ se meteu com coisa errada”

7 A lei da vadiagem determinava à época que aqueles homens que não tivessem carteira assinada

poderiam ser detido pelas forças policiais. Àquela época, os escravos recém libertos, compunha grande parte dessa população uma vez que viviam a precariedade de emprego e acesso ao mercado de trabalho.

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são categorias que são usualmente acionadas por familiares de jovens ligados às atividades criminosas que denotam como uma série de moralidades são acionadas em situações como essas.

Cabe, por fim, destacar que existem múltiplas formas de famílias negras e periféricas lidarem como esses processos que envolve moralidades, julgamentos, culpas, dor e sofrimento. Mas que tudo isso, de alguma forma, denuncia a forma como o Estado e a sociedade percebem esses sujeitos, ao mesmo tempo, que limitam o direito primário dessa família na busca de memória, verdade e justiça sobre a morte destes jovens.

Principais elementos para reflexão:

O texto apresenta como o contexto de violência armada impacta nas relações sociais existentes em territórios de favelas e periferias. A partir da experiência do conjunto de favelas da Maré, apresenta-se as múltiplas formas de violências e violações de direitos que decorrem da violência relacionada ao uso ostensivo de armas na região. Violências e violações que extrapolam o homicídio em si, principal e talvez a mais grave forma de violência; mas aponta para uma série de outras violências e violações a que estão submetidas as sujeitas e sujeitos que residem nesse espaço.

A partir da descrição do acompanhamento das famílias de dois jovens negros moradores da Maré e ligados a grupos armados que atuam na região que foram assassinados pelas forças policiais, o texto apresenta as múltiplas formas de violências a que estão submetidas suas famílias, sobretudo as mulheres. Se os jovens negros são as principais vítimas de homicídios por armas de fogo, são as mulheres negras que vivenciam violências nos seus processos de luto que são invisibilizados cotidianamente pela sociedade. Violências que atingem o processo de luto, dor e sofrimento que são inquantificáveis e causam uma série de danos para corpo e mente destas mulheres.

As mulheres historicamente representam um papel fundamental na luta por direitos, sobretudo nas favelas. Atualmente, vivenciamos o fortalecimento de movimentos de mães de vítimas de violência do Estado que se amplia na

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América Latina e no mundo. Estas mulheres cumprem um papel fundamental na luta pelo direito a memória, verdade e justiça de seus familiares que foram assassinados. Porém, famílias como as apresentadas nesse texto, em sua grande maioria, não acessam esse espaço de militância, luta por direitos e visibilidade.

De maneira geral, o senso comum tende a criar julgamentos sobre o processo de luto dessas mulheres, sem reconhecer a complexidade do luto para uma mulher negra e pobre. Entender como o Estado Penal e as moralidades acerca do comércio ilegal de drogas e do papel da mulher na sociedade operam para a construção do direito ao luto, mostra-se fundamental para se pensar na garantia de direitos e cidadania para estas mulheres.

Pensar no impacto da violência armada e na construção de políticas de reparação as vítimas de violência, passa, obrigatoriamente, pelo reconhecimento das especificidades das várias atrizes sociais que são afetados por essas violências. Compreender como as desigualdades de gênero, raça e classe operam no processo de luto dessas mulheres, possibilita com que se repense a forma como Estado atua nesses territórios frente a violência armada.

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Referências

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