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CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS - UDC CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

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Academic year: 2021

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS - UDC

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

DÉBORA MAGALI MORA DÍAZ

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS ESTUDANTES DE MEDICINA NO

PARAGUAI

FOZ DO IGUAÇU/PR 2019

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DÉBORA MAGALI MORA DÍAZ

REPRESENTAÇÕES SOCIAS DOS ESTUDANTES DE MEDICINA NO

PARAGUAI

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Administração, do Centro Universitário Dinâmica das Cataratas.

Orientador: Professor Me. Fábio Aurélio de Mário.

FOZ DO IGUAÇU/PR 2019

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TERMO DE APROVAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado como requisito parcial para a obtenção do Titulo de Bacharel em Administração pelo Centro Universitário Dinâmica das Cataratas

Foz do Iguaçu, 21 de Novembro de 2019.

__________________________________________ Profª Mestre Sínvales Roberto Souza

Coordenador do Curso de Administração

BANCA EXAMINADORA:

_________________________________________ Prof.Mestre Fabio Aurélio de Mario (Orientador) Centro Universitário Dinâmica das Cataratas - UDC

_________________________________________ Professor Dr. Giuliano Silveira Derroso (Avaliador) Centro Universitário Dinâmica das Cataratas – UDC

_________________________________________ Professor Ma. Nara Regina Olmedo Oliveira (Avaliador) Centro Universitário Dinâmica das Cataratas - UDC

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DEDICATÓRIA

À Deus, aos meus avós queridos, e aos meus pais, dedico esse trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradecer a Deus por guiar meu caminho nos momentos mais difíceis e por ter me dado à força e a sabedoria para chegar ao termino do meu curso.

Agradecer aos meus avos Isaac, Elva, Rita e minha estrela e anjo guia Milciades, aos meus pais Pedro, Leticia e meu segundo pai Felipe que sempre estiveram presentes incentivando-me e dando o apoio constante em todo momento. A toda minha família em geral. Obrigada família!

As minhas colegas e amigas Andressa, Dhara, Sharon, Talita e Amanda pelos quatro anos de companheirismo e amizade, por ter me dado força e apoio para chegar ao final deste curso. Obrigada meninas!

A todos os meus professores pelo aprendizado, principalmente ao meu orientador Fábio e ao professor Sinvales pelo apoio, incentivo e dedicação constante. Obrigada profes!

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EPÍGRAFE

“Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar.”

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RESUMO

Pode-se dizer que as representações se comunicam como formadoras de determinados comportamentos e comunicações entre indivíduos, seguindo deste ponto surge a interação social, logo, tais representações torna-se um sistema de interpretação, que orienta, organiza as relações, a conduta e o comportamento do indivíduo no meio social que o mesmo está inserido. Isso demonstra que os agentes que ao mesmo tempo influenciam também sofrem influência (MOSCOVICI, 2005). Nesta pesquisa a representação social está imbricada em elementos econômicos e sociológicos na construção do sujeito médico no Brasil, o que, por conseguinte, leva ao estudante fazer medicina para ganhar o título de médico, mesmo que não consiga exercer a profissão pelas barreiras de conselhos e regulamentos estabelecidos no Brasil.

Como objetivo geral da pesquisa buscou-se compreender quais as representações sociais ancoradas no contexto do sujeito médico que objetivam o ingresso do acadêmico de medicina em um curso no Paraguai. Com a tentativa de se compreender o caso estudado, inicia-se a partir da problematização de Moscovici (1978) que afirma que as representações ocorrem em grupos por conta de interações intragrupos (dentro de um mesmo grupo) e intergrupos (entre grupos diferentes) que, além de se identificarem também convivem com a heterogeneidade. Sendo assim, pretendeu-se nesta pesquisa tomar as representações sob uma visão no qual elas aparecem como uma ‘rede de significados’ que perpassam vários grupos de um mesmo contexto de relações específicas ou seja, os acadêmicos de medicina no Paraguai, formando um retrato multidimensional do objeto que é o curso de medicina no Paraguai. Considerar estas características da representação é compreendê-la como “[...] uma estrutura discursiva intergeracional que orienta o pensamento dos grupos sociais” (ANDRADE, 2007, p.67), atentando-se para sua dimensão histórica e cultural. As informações analisadas oferecem indícios de que as significações que alguns alunos constroem sobre suas formações aparecem, muito mais, ligadas a um ideário de projeto pessoal.

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RESUMEN

Las representaciones se comunican como formando de ciertos comportamientos y comunicación entre individuos, siguiendo este punto surge la interacción social, por lo tanto, tales representaciones se convierte en un sistema de interpretación, que guía, organiza las relaciones, Conducta y comportamiento del individuo en el entorno social que se inserta. Esto demuestra que los agentes que al mismo tiempo influyen también sufren influencia (MOSCOVICI, 2005). En esta investigación la representación social está incrustada en elementos económicos y sociológicos en la construcción del sujeto médico en Brasil, lo que lleva al estudiante a hacer medicina para ganar el título de médico, incluso si no puede ejercer la profesión Por las barreras del asesoramiento y las regulaciones establecidas en Brasil. Como objetivo general de la investigación, buscamos entender qué representaciones sociales anclonaban en el contexto de la asignatura médica que apuntan a la admisión del médico en un curso en Paraguay.

Por lo tanto, se pretendía en esta investigación tomar las representaciones bajo una visión en la que aparecen como una ' red de significados ' que impregnan varios grupos del mismo contexto de relaciones específicas, es decir, los académicos médicos en Paraguay, formando un Imagen multidimensional del objeto que es el curso médico en Paraguay. La información analizada proporciona evidencia de que aparecen los significados que algunos estudiantes construyen sobre sus formaciones, mucho más, vinculados a una idea de diseño personal que a una idea de diseño social. Parece haber una silación con respecto a la función social de la profesión. En este sentido, se puede pensar que, como proyecto de vida, la formación busca su éxito profesional individual.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Listagem dos Entrevistados...44

Quadro 02 - Distribuição referente a variável sexo (estudantes)...46

Quadro 03 - Distribuição por variável idade (estudantes)...46

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Palavras importantes ressaltadas no discurso do MED1...58 Figura 02: Palavras importantes ressaltadas no discurso do MED2...59 Figura 03: Categorias das respostas dos estudantes no que se refere ser médico...60

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 12 1.2 OBJETIVOS ... 14 1.3 JUSTIFICATIVA... 14 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 17 2.1 PSICOLOGIA SOCIAL ... 17 2.2 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ... 19

2.3 SIGNIFICADOS DO TRABALHO MÉDICO ... 24

2.4 REPRESENTAÇÕES DO TRABALHO MÉDICO ... 28

3 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS ... 34

3.1 ABORDAGEM DA PESQUISA ... 34

3.2 SUJEITOS DA PESQUISA E CONSTRUÇÃO DO CORPUS DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ... 36

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA ... 38

3.4 ANÁLISE DA PESQUISA ... 40

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 43

4.1 DESCRIÇÃO DOS SUJEITOS ... 44

4.2 DISCUSSÃO SOBRE AS NARRATIVAS ... 56

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 68

REFERÊNCIAS ... 72

APÊNDICE ... 80

APÊNDICE I – ROTEIRO DE ENTREVISTA COM MÉDICOS ... 80

APÊNDICE II – ROTEIRO DE ENTREVISTA COM PROFESSORES ... 81

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1 INTRODUÇÃO

Observa-se que em nossa sociedade, são determinadas formas de conhecimento prático, as quais são elaboradas e compartilhadas socialmente, que contribui para a realidade comum a um grupo social seja construída, então vemos as representações sociais que se inserem entre as correntes que estudam o conhecimento do senso comum (JODELET,2001).

A teoria das representações e defendida por Moscovici, tal teoria possibilita um olhar diferenciado sobre o conhecimento do senso comum, ou seja, são possibilidades para estudo no contexto Educacional.

Para compreender melhor, as representações sociais, surgem nos processos de comunicação, além das práticas sociais, através do diálogo, os padrões de produção e trabalho, como também a cultura e a arte. Tudo isso são características possibilitam a forma dos indivíduos em um determinado ambiente se relacionarem e ai surgir um grupo social ou representações sociais. (JOVCHELOVITVH, 2011).

Pode-se dizer que as representações se comunicam como formadoras de determinados comportamentos e comunicações entre indivíduos, seguindo deste ponto surge a interação social, logo, tais representações torna-se um sistema de interpretação, que orienta, organiza as relações, a conduta e o comportamento do indivíduo no meio social que o mesmo está inserido. Isso demonstra que os agentes que ao mesmo tempo influenciam também sofrem influência (MOSCOVICI, 2005).

Segundo Mattos e Ferreira (2004), a representação social, organiza as condutas e as comunicações sociais e se relacionam a questão do conhecimento, na sua difusão e aprendizado, além de influenciar na definição das identidades pessoais e sociais. Franco (2004) relata sobre a importância do estudo das representações sociais, no sentido de proporcionar um meio de compreender melhor a sociedade uma vez que este estudo é necessário para conhecer o contexto em que os indivíduos estão inseridos, assim como as práticas sociais vivenciadas por eles. As representações são, por tanto, teorias do senso comum, que ao serem interiorizadas, permitem a organização da realidade. Os indivíduos em interação com o seu meio, na condição de pensadores, reelaboram informações e estabelecem um diálogo do individual para o social, desse modo constroem as suas próprias representações e as comunicam aos demais indivíduos, efetivando um ciclo que se retroalimenta constantemente (CAVEDON; FERRAZ, 2005).

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A representação social, não é uma cópia nem um reflexo, uma imagem fotográfica da realidade: e uma tradução, uma versão desta. Ela está em transformação como o objeto que tenta elaborar. É dinâmica, móvel. Ao mesmo tempo, diante da enorme massa de traduções que executamos continuamente, constituímos uma sociedade de “sábios amadores” (MOSCOVICI, 1961).

Nessa compreensão, Pereira Neto (1995) procurou compreender os elementos econômicos e sociológicos envolvidos com a educação e a profissão médica. Da mesma forma, Ferreira (1998) tratou de conhecer melhor o estudante de medicina, quanto: perfil socioeconômico, desvelar a medicina, motivo de optar pela profissão e projeto de exercício profissional. Sua questão era adentrar o momento que estudantes formam os próprios pontos de vista, se durante o curso médico ou se já os trazem como aspiração familiar e pessoal, ao ingressar na universidade.

As representações simbólicas aparecem nas respostas sobre os motivos de escolha da profissão. No nível simbólico, a medicina tem um mito de origem, o papel de curar, associado ao campo do mágico e do divino (portanto, superior), pertence ao médico (BAZZARELLI, 2007). A representação simbólica tem grande importância na escolha da profissão.

Um ato que acompanha a humanidade é o deslocamento, e isso insere-se em diferentes lógicas e cosmologias, inclusive, motivado pelo sujeito na procura de se profissionalizar. As sociedades modernas, inseridas dentro de uma lógica estado-nação de territorialização, estão envoltas em fluxos e trânsitos intimamente ligados a questões do nacional. No ir e vir entre diferentes países, há um processo de ruptura e ingresso no novo espaço. As motivações e condições, os meios e as consequências desses deslocamentos podem ser muito diversos, pois atrelam-se às disposições culturais, políticas e sociais nas quais os sujeitos estão inseridos.

Dessa maneira, existe uma perspectiva que abre a possibilidade dos entrelaçamentos das representações sociais construído dentro do trabalho médico e no ato de estudar medicina em outro país. O custo de um curso de medicina no Brasil envolve um valor total estimado de R$ 6.500,00 á aproximadamente R$ 10.000,00 (NASSIF, 2018). No Paraguai, em geral, o custo mensal para estudar Medicina no Paraguai varia de R$700,00 a R$2.000,00.

Ademais, busca-se verificar o que leva os estudantes brasileiros a estudarem medicina no Paraguai sobre a representação social do trabalho médico construído. Nesta pesquisa a representação social está imbricada em elementos econômicos e sociológicos na construção do sujeito médico no Brasil, o que, por conseguinte, leva ao estudante fazer medicina para ganhar o título de médico, mesmo que não consiga exercer a profissão pelas

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barreiras de conselhos e regulamentos estabelecidos no Brasil. De acordo com o portal de MEC, os diplomas de graduação expedidos por universidades estrangeiras serão revalidados por universidades públicas que tenham curso do mesmo nível e área ou equivalente, respeitando-se os acordos internacionais de reciprocidade ou equiparação (Art. 48, § 2º, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9.394, de 20/12/1996).

Após cursado o curso de medicina no Paraguai se os estudantes desejarem atuar no Brasil, necessitam realizar a prova chamada “Revalida”, que refere-se ao Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeira, esta prova é realizada uma vez por ano. Uma informação preocupante neste contexto, é que de acordo com os resultados do índice de reprovação dos estudantes que realizaram o revalida na edição de 2017 chegou ao índice de 47,4% de reprovação.

Ao adotar a teoria das representações sociais como postura teórica metodológica, dando lugar à interdisciplinaridade entre administração, sociologia, economia e psicologia. Essa pesquisa tem por principal questão norteadora: Quais as representações sociais ancoradas no contexto do sujeito médico que objetivam o ingresso do acadêmico de medicina em um curso no Paraguai.

1.2 OBJETIVOS

Como objetivo geral da pesquisa buscasse: Compreender quais as representações sociais ancoradas no contexto do sujeito médico que objetivam o ingresso do acadêmico de medicina em um curso no Paraguai.

Como objetivos específicos foram estabelecidos:

 Identificar as características das Representações Sociais do Sujeito Médico;

 Descrever o perfil de Acadêmicos Brasileiros no curso de medicina no Paraguai;

 Identificar as motivações da representação social analisada em estudar medicina no Paraguai

1.3 JUSTIFICATIVA

As representações sociais apresentam algumas características: a) são socialmente elaboradas e partilhadas auxiliando na comunicação entre os membros de uma comunidade, sendo uma forma de nomear e classificar as partes do mundo que participam de sua história

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individual e coletiva; b) apresentam um ponto de vista prático do ambiente material, social e ideal que os sujeitos se encontram e c) contribuem para estabelecer uma visão integrada de um determinado fenômeno para um conjunto social (classe, grupo, região) ou cultural (ROUSSIAU; CHALMIN, 2000).

Conforme Xavier (2002), a representação torna-se uma forma de interpretar os comportamentos, de classificar as coisas e as pessoas em escala de valores e nomeá-las. O que para essa autora, tem a ver com a identificação de pertenças sociais e com a percepção de si e do outro nas relações sociais. Desse modo vê-se, que a partir dessas representações, pode-se perceber a identificação de um indivíduo, ora um grupo, e a partir dessa análise verificar a definição que o ser, ou uma dada categoria tem de si mesmo, ou seja, seu autoconceito (CALDAS; WOOD JR, 1997).

A teoria das representações sociais baseia-se na concepção do conhecimento como um processo de construção coletiva, fundamentado na relação entre sujeito e objeto. As representações permitem compreender os problemas, mas também apresentar algumas respostas e encaminhamentos, uma vez que não se volta para encontrar uma realidade concreta, mas compreender a apropriação que os grupos sociais fazem desta realidade (ROUSSIAU; CHALMIN, 2000).

Deve ser salientado que na teoria das representações sociais a dicotomia individual coletivo não permite que se compreendam todas as faces do que acontece com os seres humanos, que são ao mesmo tempo individuais e sociais (CAVEDON, 2005). O conflito entre o individual e o coletivo não é somente do domínio da experiência de cada um, mas é igualmente realidade fundamental da vida social. Além do mais, todas as culturas possuem instituições e normas formais que conduzem de uma parte, à individualização, e de outra, à socialização (MOSCOVICI, 1997).

A interdisciplinaridade presente nas representações sociais levanta a importância do tema para a área de Administração (CARRIERI, 1998).

Partindo da ideia de que as representações sociais dos indivíduos não podem ser descoladas do contexto social em que estão inseridas, que elas influenciam seu comportamento e suas ações, me surge à ideia de ver o simbólico construído dentro do trabalho médico no Brasil que envolve os seguintes fatores: status, dinheiro, posição social entre outros. O que me permite conhecer os sentidos que a ele se atribuem, a realidade material que lhe serve de referência (para que se estabeleçam as ancoragens), as explicações engendradas que nos permitem entender os comportamentos, as atitudes e as opções das pessoas pelos caminhos que seguem nos seus cotidianos Ou seja, a aplicação da Teoria de

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Representações Sociais nos estudos sobre o estudante de medicina permite ampliar a compreensão sobre as pessoas, seus objetivos e seus processos de conhecer e agir frente ao mundo, nos ajudando a melhor conduzir o entendimento do porque eles escolhem sair do país e fazer essa faculdade.

Além disso, a pesquisa se justifica em identificar se há uma preparação para atuação no pais de origem, pois para atuação é necessário a realização da prova Revalida. Já que os índices de reprovação na respectiva avaliação é alta.

1.4 ESTRUTURA

Esta pesquisa está estruturada em 5 capítulos, no qual o primeiro capítulo refere-se à introdução contendo a problemática, justificativa e objetivos gerais e específicos. O segundo capítulo trata-se da fundamentação teórica, a qual está dividida em sessões teóricas. O terceiro capítulo, refere-se aos procedimentos metodológicos, especificando os métodos e técnicas de coleta e análise de dados. O quarto capítulo estruturado a modo de apresentar os resultados e análise dos dados que foram coletadas. E para encerrar, no quinto capítulo são realizadas as considerações e sugestões para futuras pesquisas.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo aborda os conceitos e explicações necessários para a compreensão da Psicologia social, as representações sociais e suas caraterísticas, além de tratar das peculiaridades dos significados do trabalho médico, assunto que será detalhado neste trabalho.

2.1 PSICOLOGIA SOCIAL

A psicologia social é um conhecimento, uma área da ciência psicológica que estuda a dimensão subjetiva dos fenômenos sociais. Todo fenômeno social, violência, comunicação, exclusão, preconceito, comportamento político, seja qual for o fenômeno social que queiramos delimitar, ele tem dimensões, dimensões jurídicas que se referem aos aspectos legais, dimensão ética, moral, antropológica, econômica. Uma das dimensões e a dimensão psicológica, ela se refere ao conjunto de registros simbólicos, subjetivos, psicológicos que os sujeitos fazem e que compõem este fenômeno social.

A psicologia social estuda a influência do contexto histórico-social e cultural no comportamento e na subjetividade, assim como na relação entre as pessoas. Ela tende a pensar como que a sociedade influência no comportamento do indivíduo, ou seja, um indivíduo que nasceu em determinado pais com determinada cultura e diferente a outro que nasceu em outro pais e com outra cultura? Ou seja, o fato da gente ter nascido no século XIV e outro ter nascido no século XXI, como que isso influencia no nosso comportamento? Influencia bastante, em nosso comportamento, em nossas crenças e aspirações que são influenciadas pela cultura, pela sociedade.

Por tudo isso existe a Psicologia social, quase nenhuma ação humana tem por sujeito um indivíduo isolado. O sujeito da ação e um grupo, um “nos”. Mas a sociedade atual tende a encobrir esse nó e transforma-lo na soma de várias individualidades distintas e fechadas umas às outras. Frequentemente a sociedade tenta mascarar a influência que recebem, por exemplo: o sucesso do indivíduo e porque ele teve capacidade, e não porque alguma coisa levou ele a esse sucesso.

Antes de ser chamada de representação social, o temo utilizado através do estudo era representação coletiva, termo foi mudado devido o objetivo da postura do estudo, pois, se trata de um fenômeno e não simplesmente um conceito. A psicologia social se encarrega de explicar o referido fenômeno das representações sociais, o qual tem como seu objetivo de estudos a relação do indivíduo junto a sociedade, compreendendo como os grupos sociais vão

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construindo o conhecimento. Ou seja, a psicologia, busca compreender a interação dos sujeitos e sociedade com objetivo de construir uma realidade. (Moscovici, 2003)

O livro “La Psychanalyse, sonimage, sonpublic” de Serge Moscovici, destacou-se nas ciências sociais e causou grande impacto na psicologia, articulando uma referência para os pesquisadores do mundo inteiro. A opção metodológica defendida pelo autor indicava que análise do objeto de estudo dependia da participação ativa do pesquisador.

Nessa obra, Moscovici indagou sobre os mecanismos cognitivos envolvidos na representação de um discurso científico por uma comunidade específica. Assim, esse trabalho posicionou o saber do cotidiano como um tipo de conhecimento representado em grupo, um produto da interação dialética entre os indivíduos e a sociedade. A perspectiva moscoviciana permaneceu encerrada no Laboratório de Psicologia Social da École de HautesÉtudesenSciencesSociales, em Paris, e nos laboratórios de colegas como Claude Flament, Jean Claude Abric, no sul da França, e outros também interessados por ela, de forma mais dispersa, na Europa.

Tratando da Psicologia e Antropologia, entra Sperber (1989), o qual destaca que as representações sociais, são eventos intra-individuos, os quais envolvem a psicanálise, e que os elementos da comunicação possibilitam o estudo da Psicologia Social; sendo estes considerados elementos coletivos.

A identidade social também pode derivar do sentimento de pertencer ou afiliar-se a um entorno significativo, resultando de uma categoria social a mais. Por outro lado, desde a perspectiva da interação simbólica, todos os objetos no sentido no termino, podem incluir-se tanto nos espaços como também nas categorias sociais que adquirem o significado conferido pelos indivíduos e grupos, ou em terminologia de Berger y Luckman (1966), podem ser considerados construções sociais. Neste sentido, resulta particularmente interessante a afirmação Stoetzel, em umas das poucas referências a um texto de Psicologia Social: A ideia do que o contorno físico do indivíduo está inteiramente transculturado na sociedade, e que a sociedade em que está inserido forma parte e descreve o mundo físico, tal como e percebido na sociedade e tem como objeto as condutas de adaptação equivalendo a cultura da (Stoetzel, 1970, p. 66).

Para realçar que a investigação em Psicologia Social relativo ao tópico da identidade social foi caracterizada para seguir um método experimental, a maior parte baseado em situações de laboratório. Tradicionalmente a interação social é determinada entre companheiros, e o ambiente é assim a marca desta interação, a situação experimental

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esparrama reduzir ao máximo as variáveis ambientais, neutralizar o ambiente e configurar uma descontextualizada situação de laboratório.

Tendo identificado as representações sociais no conjunto das disciplinas que se esforçam na construção e desenvolvimento do conhecimento possibilitando algumas bases para compreender o fator psicossocial.

Neste contexto, observa-se uma busca da Psicologia Social, que refere-se a dicotomia identificando o indivíduo com suas produções mentais, sendo estes resultados de sua socialização em uma determinada fração social. A particularidade do indivíduo, aparece em uma estrutura estruturada que tem característica estruturante. Sendo assim, pode-se afirmar que as representações tratam da forma de pensamento prático e socialmente estruturados, que que podem ser compreendidos quando referidos às condições de sua produção e aos núcleos estruturantes da realidade social, tendo em vista sua função na criação desta realidade.

Doise (1984, 1986 apud PACHECO, 2001) apresenta o modelo teórico para a Psicologia Social que apresenta quatro níveis de análise:

Intrapessoal tratando da maneira com que o indivíduo organiza internamente suas experiências no meio social;

Interpessoal – que envolve os processos interpessoais ocorrem em determinada situação e suas relações.

Intergrupal – se considera e são analisadas as inserções sociais do sujeito em sua interação, Societal – é firmado através do desenvolvimento em cada sociedade. Contendo suas características, ou seja, crenças e representações, valores e normas, mesmo que sejam apresentados de formas diferentes.

No próximo item será falado sobre a representação social, suas características e peculiaridades, além de tratar da sua formação na sociedade.

2.2 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

A Teoria das Representações Sociais (TRS), desenvolvida no âmbito da Psicologia Social, tem oferecido um importante aporte teórico aos pesquisadores que buscam compreender os significados e os processos neles imbricados, criados pelos homens para explicar o mundo e sua inserção dentro dele. Entretanto, em que pese o número de pesquisas realizadas, “muito ainda há que realizar para explicitar conceitos, clarear definições e estabelecer articulações com outros conhecimentos produzidos, tanto no interior da própria Psicologia quanto em outras áreas do conhecimento” (JOVCHELOVITCH, 2011).

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Usando uma simbologia, a representação social, pode-se ser comparada a um descortinamento, referindo-se aos diversos significados que os elementos materiais ou imateriais podem apresentar em fase da cultura do grupo social que o esteja significando. As representações sociais são inseridas nas correntes que estudam questões voltados ao conhecimento do senso comum, podem ser compreendidas pelas formas de conhecimentos práticos e também compartilhados socialmente, o que contribui para formação do tal grupo social, também chamado de representações sociais. (JODELET,2001).

As representações sociais são definidas como um conjunto de conceitos, proposições e explicações criado na vida cotidiana no decurso da comunicação interindividual, são equivalentes em uma sociedade no mito de sistemas e crenças das sociedades tradicionais, e podem ainda ser vistas como a versão contemporânea do senso comum, sua principal função e tornar familiar o não familiar.

O paradigma cognitivista na psicologia, com sua notável expansão no estudo dos processos cognitivos (ROAZZI, 1999), cercavam-nos e estimulava a compreender fenômenos que escapavam ao seu cânone e limite.

Para Moscovici o conceito durkheimiano vai sendo remodelado e ganhando uma forma diferenciada e sanar a lacuna existente. Moscovici, andou orientado pela desprovisão de atualizar o conceito que anteriormente era atribuído ao fenômeno. O conceito foi atualizado, com objetivo de trazer clareza para o contexto atual da sociedade, A modificação do conceito representa significava, transmiti o conceito operacional para ser aplicável com clareza nas sociedades com essas características.

Isso é confirmado por Pieget, que através da sua colaboração a respeito do desenvolvimento do pensamento infantil, que demonstra a forma como se estrutura e se apresenta tal desenvolvimento, demonstra que vem através da apresentação de imagens e também por corte-e-cola, e assim, segue o desenvolvimento da criança.

Desde que Moscovici (1997) ampliou o conceito de representações coletivas de Durkheim, as representações sociais têm sido usadas como referencial teórico de vários ramos de conhecimento. Oriundo da psicologia, este conceito logo se espraiou, pelas possibilidades analíticas que abre, fazendo hoje parte da agenda de pesquisa de distintas áreas de conhecimento.

Moscovici (2012) define as representações sociais como um conjunto de informações, opiniões, atitudes e crenças sobre determinado objeto. Socialmente produzidas, por meio da linguagem, as representações sociais se apresentam como guia eficaz para uma

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visão de mundo, por serem marcadas por valores que são correspondentes ao sistema sócio ideológico e a história do grupo.

As representações sociais são entidades quase tangíveis. Elas circulam, cruzam-se e se cristalizam incessantemente através de uma fala, um gesto, um encontro, em nosso universo cotidiano (DURKHEIM,1912). As representações sociais ou individuais fazem com que o mundo seja o que pensamos que ele e ou deve ser. Mostram-nos que, a todo instante, alguma coisa presente se modifica.

As representações sociais se referem ao sentido psicológico e social, onde a realidade vivida e interpretada pelos grupos sociais existentes, algum grupo social que seja referência, dessa maneira, o objeto representado envolve o posicionamento.

O surgimento das representações sociais, se dão nos processos de comunicação e as praticais sociais as quais os indivíduos interagem, determinadas em formatos de conhecimento prático, e que possibilitam uma contribuição para que a realidade comum a um grupo social seja desenvolvida, as representações sociais se infiltram dentre as correntes que estudam o conhecimento do senso comum (JODELET,2001).

Segundo Mattos e Ferreira (2004), a representação social, organiza as condutas e as comunicações sociais e se relacionam a questão do conhecimento, na sua difusão e aprendizado, além de influenciar na definição das identidades pessoais e sociais. Franco (2004) relata sobre a importância do estudo das representações sociais, no sentido de proporcionar um meio de compreender melhor a sociedade, uma vez que este estudo e necessário para conhecer o contexto em que os indivíduos estão inseridos, assim como as práticas sociais vivenciadas por eles (CAVEDON, 2003)

Conforme Xavier (2002), a representação torna-se uma forma de interpretar os comportamentos, de classificar as coisas e as pessoas em escala de valores e nomeá-las. O que para essa autora, tem a ver com a identificação de pertenças sociais e com a percepção de si e do outro nas relações sociais. Desse modo vê-se, que a partir dessas representações, pode-se perceber a identificação de um indivíduo, ora um grupo, e a partir dessa análise verificar a definição que o ser, ou uma dada categoria tem de si mesmo, ou seja, seu autoconceito (CALDAS; WOOD JR, 1997).

Os autores, Víctora, Hassen e Knauth (2000) destacam que as representações sociais não se tratam de simples abstrações, já que as mesmas trabalham também como orientadoras das práticas sociais. Jodelet (2001) corrobora destacando que as representações sociais enquanto sistemas de interpretação que regem nossa relação com o mundo e com os outros

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auxiliam no sentido de orientar e organizar as condutas e as comunicações sociais (JODELET, 2001).

Abordagem estrutural das representações sociais A abordagem estrutural considera a organização dos cognomes em uma representação social. Abric (1994) argumenta que conhecer uma representação social não se resume em levantar seu conteúdo, mas revelar sua estrutura (LO MONACO & LHEUREUX, 2007)

Segundo Wachelke e Wolter (2011).

A abordagem estrutural é uma escola dentre as diversas existentes para o estudo do fenômeno das representações sociais. Trata-se de uma perspectiva que concebe representações sociais como estruturas de conhecimento sobre temas da vida social, compartilhadas por grupos e formadas por elementos cognitivos ligados entre si. A principal teoria da abordagem estrutural é a Teoria do Núcleo Central que defende que as representações sociais são um duplo sistema formado por dois tipos de elementos: um núcleo central e o sistema periférico (p. 521).

Abric (1994) afirma que as representações sociais estão organizadas em torno de um núcleo e este determina sua organização interna e significação. O núcleo é como um subconjunto da representação, pois a ausência dele daria uma significação totalmente diferente à representação. Sobre o núcleo central afirma Abric (1994):

la organización de una representación presenta una modalidad particular, específica: no únicamente los elementos de la representación son jerarquizados sino además toda representación está organizada alrededor de un núcleo central, constituido por uno o varios elementos que dan su significación a la representación” (p. 18).

O núcleo central, segundo Abric (1994), é um elemento estável que estrutura a representação e possui duas funções essenciais: a) a função geradora, que cria ou transforma os elementos constitutivos da representação; e b) a função organizadora que determina a natureza dos laços que unem entre si os elementos da representação. O núcleo central garante a estabilidade e homogeneidade da representação. Abric afirma que: “Luego el núcleo es simple, concreto, gráfico y coherente, corresponde igualmente al sistema de valores al cual se refiere el indivíduo, es decir que lleva la marca de la cultura y las normas del entorno social” (ABRIC, 1994, p. 20). Além do núcleo central, as representações sociais apresentam o sistema periférico e como o nome já diz encontra-se ao redor do sistema central. Nesse sentido, podemos dizer que as representações sociais operam em um duplo sistema.

Se acompanharmos a história do campo de pesquisa, é para a relação da representação com a ciência e com a sociedade que devemos nos voltar. De certo, que

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Moscovici atualizou o conceito de Durkheim, não apenas na perspectiva crítica, que deu partida a partir de uma visão construtiva: dar à psicologia social objetos e instrumentos conceituais que permitissem um conhecimento cumulativo, apreendendo as verdadeiras questões postas pela vida social. A obra La psychanalyse, sonimage et sonpublic, tratando dos desvios com foco na teoria científica, a psicanálise, ao tempo que fazia sua penetração na sociedade, entendia contribuir para um psico-sociologia do conhecimento então inexistente ao lado de uma sociologia do conhecimento florescente e de uma epistemologia do senso comum apenas nascente (HEIDER, 1958). Este estudo do "choque" entre uma teoria e os modos de pensar próprios a diferentes grupos sociais identificou como se opera a transformação de um saber (científico) em outro (senso comum) e vice-versa. Dois eixos de preocupação estão aí associados. O primeiro se liga à fabricação de um conhecimento "popular", à apropriação social de uma ciência por uma "sociedade pensante", composta por "sábios amadores", e ao estudo das características distintivas do pensamento natural em relação ao pensamento científico (MOSCOVICI, 2005). Nos trabalhos que examinam a interdependência entre os processos de representação e de vulgarização (ACKERMANN ET AL. 1963; 1971; 1973-1974; BARBICHON,1972; ROQUEPLO, 1974), ecoa o foco inserido com insistência crescente na didática das ciências e formação de adultos, no papel das representações sociais como sistema de acolhida, possibilitando ser obstáculo ou tratar de um ponto de apoio para a assimilação do saber científico e técnico (ALBERTINI E DUSSAULT, 1984; ASTOLFI, GIORDAN ET AL., 1978; AUDIGIER ET AL., 1978).

Moscovici (2007) que esclarece os fenômenos cognitivos partindo das divisões e das interações sociais. O mesmo insistiu particularmente sobre o papel da comunicação social por muitas razões. De início, refere-se de um objeto próprio da psicologia social que contribui assim de maneira original para a abordagem dos fenômenos cognitivos. Sendo assim, a comunicação tem um papel fundamental nas trocas e interações que contribuem para a instituição de um universo consensual. Enfim, ele alude aos fenômenos de intervenção e de pertencimento sociais decisivos na elaboração dos sistemas intelectuais e de suas formas. A incidência da comunicação é examinada por Moscovici em três níveis: 1) No nível da emergência das representações onde as condições influenciam os aspectos cognitivos. Entre esses fatores se destacam: a dispersão e a distorção das informações concernentes ao objeto representado e que são desigualmente acessíveis segundo os grupos; a focalização em certos aspectos do objeto em função dos interesses e da implicação dos sujeitos; a pressão à inferência devida à necessidade de agir, tomar posição ou obter o reconhecimento ou adesão de outros. Igualmente, os elementos que vão diferir do pensamento natural em suas operações,

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sua lógica e seu estilo. 2) No aspecto dos processos de formação das representações, a objetivação e a ancoragem consideram a interdependência entre a atividade cognitiva e suas condições sociais de exercício, nos planos do agenciamento dos conteúdos, das significações e da utilidade que lhes são conferidas. 3) No nível das dimensões das representações que têm influência na edificação das condutas, tais como estereótipo, opinião, atitude, com os quais induzem os sistemas de comunicação mediática. Sendo que os efeitos pesquisados sobre a audiência, apresentam propriedades estruturais diferentes correspondentes à difusão, à propagação e à propaganda. A difusão é relacionada com a formação das opiniões, a propagação com as atitudes e a propaganda com os estereótipos.

Moscovici (2005) apresenta dois processos que geram representações sociais, em um extremo tem-se a ancoragem, e em outro sentido a objetivação. A ancoragem dá-se em ancorar ideias estranhas, e traze-las a categorias e a imagens comuns, inserindo-as em um contexto familiar. Quanto à objetivação, advêm da necessidade de tornar algo abstrato em concreto, ora dar forma e sentido palpável e pensamentos.

A ancoragem permite a classificação e rotulação daquilo que não está categorizada, que por meio de objetivação, consiste em transformar uma abstração em algo material e descobrir a qualidade icônica de uma ideia. Além disso, pela ancoragem, e possível nomear alguma coisa, e a partir daí imaginá-la e representá-la (CAVEDON; FERRAZ,2005).

2.3 SIGNIFICADOS DO TRABALHO MÉDICO

Compreende-se que o construto significado do trabalho é um processo subjetivo circundado pela história individual e inserção social do sujeito (GIL, 1999; LÉVY LEBOYER, 1994). Desta forma, esta relação subjetividade-trabalho, é caracterizada por vários marcadores sociais, como por exemplo, geração, cor, raça, etnia, origem rural ou urbana, inserção em organizações privadas ou públicas, grau de escolaridade, relações de gênero, valor atribuído ao trabalho, história e dinâmica do mercado de trabalho, bem como os contextos sócios, histórico político e cultural. Os grandes sistemas ideológicos que valorizam o trabalho o fazem por razões diferentes: considerando-o como um valor em si e uma obrigação moral fundamental, ou como um meio de permitir a consecução de objetivos que são em si mesmos valorizados (GIL, 1999; LÉVYLEBOYER, 1994).

É de entendimento que os relacionamentos entre o homem e o trabalho nunca foram simples, pois pende de ideologias dominantes e conflitantes, dada essa situação estão estreitamente associados aos problemas da estratificação social e à desigualdade nos estilos de

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vida. Para entender o trabalho é necessário que a pressão social, a necessidade material, uma regra moral, necessidades psicológicas, ou muitas dessas condições simultâneas confiram a ele um caráter de obrigação. Entende-se assim que o trabalho não é somente uma atividade espontânea nem somente uma relação dual entre o homem e seu objeto produtivo.

Lima (2007) defende a centralidade do trabalho e seu papel de destaque na constituição e consolidação das identidades individuais e coletivas. Nesse sentido, a identidade do homem é construída a partir da sua ação sobre a natureza. A autora demonstra evidências que apontam sobre a centralidade do trabalho na vida dos indivíduos.

Segundo Wilensky (1970) um dos fatores predominantes na diferenciação entre uma profissão e uma ocupação refere-se ao domínio sobre determinada área do conhecimento, pois a base do conhecimento ou doutrina para a profissão é resultado de uma combinação de conhecimento prático e intelectual, parte do qual é explícito (leituras e demonstrações), parte implícito. O autor, discorre que o conhecimento profissional, como todo conhecimento, é algo relativamente tácito, dando às profissões estabelecidas sua ‘aura de mistério.

Uma ocupação torna-se uma profissão quando os responsáveis criam e utilizam sistematicamente um conhecimento geral acumulado, como solução para problemas alocados pelas pessoas que em um futuro serão os clientes. Assim, a medicina e a engenharia adquirem uma relevância particular. Estas profissões trazem consigo todo um projeto de resolução de problemas concretos da vida dos cidadãos. Nesse sentido os profissionais devem empreender todo um conjunto de estratégias para conseguirem chegar aos clientes finais, no caso dos médicos seriam os pacientes. Para Wilensky (1970), o profissional deve ser capaz de debelar certa base de conhecimento para que tenha condições de convencer aos clientes finais de que ele é importante, único modo de alcançar o prestígio e o poder aspirados.

Conhecer os valores que poderão determinar a forma de atuação profissional e mesmo o modo de vida dos futuros médicos parece ser uma preocupação de pesquisadores e de instituições que sabem das necessidades encontradas depois de passado o processo de educação formal da medicina. Melhorar a qualidade de vida no curso de medicina depende de medidas como ensinar o estudante a valorizar a vida, cuidar da sua saúde física e mental, estabelecer e manter relacionamentos e desenvolver resiliência, além de medidas institucionais (FIEDLER, 2008)

Dejours (1992), criou a vertente denominada Psicodinâmica do Trabalho, cuja perspectiva teórica focaliza a análise da relação, prazer e sofrimento psíquico e as estratégias de defesa dos trabalhadores contra o sofrimento. O autor analisa os fatores que na relação do

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homem com o trabalho entram em contradição com o funcionamento psíquicas sendo causas de prazer e sofrimento no trabalho.

A Psicossociologia tem como campo de estudo as situações que emergem de grupos, de organizações e do cotidiano das comunidades, além dos possíveis vínculos entre os indivíduos, por esses criados, geridos e transformados (MACHADO, & ROEDEL, 2001). Nessa direção, a psicossociologia se define recusando o corte que institui uma divisão entre os fenômenos psicológicos e sociais e compreende que o indivíduo como tal não existe independentemente da sociedade e de suas relações.

O trabalhador passa a ser entendido como alguém que constrói sua própria identidade e que precisa do reconhecimento de seus pares para vê-la concretizada, ou ainda como alguém com a capacidade de superar o sofrimento (DEJOURS, 1992). Isso, muitas vezes, é realizado por meio do trabalho, que fornece equilíbrio, satisfação efetiva e, em última instância, saúde mental (DEJOURS, 1992). Esse paradoxo origina uma crise intrínseca na percepção do trabalho, na qual os valores tradicionais desaparecem e não existe mais a consciência profissional, pois o valor do trabalho frequentemente se submete a parâmetros materiais, ao mesmo tempo em que situa o indivíduo, de fato, na sociedade (LÉVY-LEBOYER, 2001).

Bauman (2001) acrescenta que os profissionais com poucas qualidades, sem habilidades particulares e sem a arte da interação social com clientes e usuários podem tornar-se mais dispensáveis, disponíveis e trocáveis no sistema econômico e, apretornar-sentando consciência disso, não encontram razões para aderir ou se comprometer com o seu trabalho. Para evitar frustrações iminentes, tendem a desconfiar de qualquer lealdade em relação ao local de trabalho e relutam em relacionar seus próprios planos de vida em futuro desejado para a organização ou instituição, podendo significar que a segurança de longo prazo é a última coisa que se aprende a relacionar ao trabalho que realiza.

O profissional deve sentir-se sujeito ativo no processo de reabilitação ou na trajetória de invenção de programas para atuar sobre questões sanitárias coletivas. Dessa forma, mantém o contato com os elementos estimuladores de sua criatividade, bem como tende a responsabilizar-se pelo objetivo final da própria intervenção, ou seja, pela recuperação do paciente ou pela promoção da saúde nas comunidades. Ressaltasse dessa maneira a importância da aproximação do trabalhador ao resultado do seu trabalho. A concentração de atos esvaziados de sentido, ou cujo sentido depende de uma continuação que o trabalhador não somente não controla como até desconhece, pode produzir um padrão de relacionamento com o saber e com a prática profissional altamente burocratizado (CAMPOS, 2002).

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O sentido do trabalho, corresponde ao grau de impacto significativo que um trabalho apresenta sobre a vida ou sobre o trabalho de outras pessoas, na organização onde exerce suas atividades ou na sociedade em geral.

Em uma economia do pleno emprego, o trabalho não é apenas um meio de produção de riqueza, mas sim meio de integração social, ou seja, tornou-se uma importante fonte de desenvolvimento emocional, ético e cognitivo dos indivíduos e, ao mesmo tempo, conferiu um estatuto social ao trabalhador (KOVÁCS, 1992, p. 143). Sennett (2006) reforça a ideia de que a mudança na moderna estrutura organizacional acompanhou o trabalho em curto prazo, ou seja, as organizações procuram permanentemente eliminar camadas de burocracia, visando a tornarem-se mais planas e flexíveis.

Segundo Freitas (2000), o trabalho é uma grande fonte de referência para a construção social dos homens e de sua autoestima. Viegas (1989) destaca que o trabalho representa a possibilidade de o homem crescer e realizar-se pessoalmente; ou seja, construir a si mesmo como ser, como indivíduo. Nessa concepção, o trabalho significa mais do que uma ocupação ou um ato de servir; também oportuniza o desenvolvimento e o preenchimento da vida do homem.

Sennett (2006) acrescenta que as consequências sobre os indivíduos podem ser observadas, na medida em que começam a reproduzir aspectos do comportamento em curto prazo, como a fraqueza da lealdade e do compromisso mútuo e a falta do senso de objetivo. Também os laços fracos se concretizam no trabalho de equipe em que a equipe pode realizar diversas tarefas mudando constantemente o pessoal, pois as formas passageiras de associação são mais úteis às pessoas que as ligações de longo prazo. Afirma que o capitalismo de curto prazo pode corroer o caráter do indivíduo, sobretudo aquelas qualidades de caráter que ligam os seres humanos uns com os outros, e dão a cada um deles um senso de identidade sustentável.

Morin (2002), a partir de estudos realizados por pesquisadores filiados ao grupo MeaningofWork (MOW), identificou como características de um trabalho que tem sentido as seguintes: trabalho que corresponda às competências do empregado; que forneça oportunidades de valorização pessoal; bom salário e boas condições de segurança e horário de trabalho conveniente. Entende que o trabalho deve oferecer oportunidades para aprender, permitir experiências de relações humanas satisfatórias; ser interessante e variado; possibilitar a autonomia e o poder de decidir como fazê-lo e que este seja moralmente aceitável e seguro.

O principal objeto encontrado na realização de pesquisas de satisfação no trabalho de médicos é a comparação entre os níveis de satisfação daqueles que atuam na atenção primária

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(médicos generalistas ou médicos de família) e os especialistas. Essa comparação tem sido realizada por meio de surveys nacionais que avaliam o nível de satisfação no trabalho dos médicos no decorrer do tempo (LANDON, RESCHOVSKI E BLUMENTHAL, 2003; SIBBALD, BOJKE E GRAVELLE, 2003). A realização de surveys voltados para a avaliação da satisfação dos médicos no trabalho é um fenômeno recente. O primeiro foi realizado por Lichtenstein, em 1984. Foram entrevistados profissionais que trabalhavam no sistema penitenciário dos Estados Unidos e analisados os fatores que levavam à rotatividade desses profissionais. Posteriormente, foram realizados outros surveys nos seguintes países: Malásia, Austrália; Nova Zelândia; Inglaterra; Estados Unidos; e Noruega.

Tolfo& Piccinini (2007) adotaram o conceito que relaciona a concepção de significado ao entendimento social do que seja trabalho, à medida que o sentido é representativo de uma dimensão mais pessoal. Ademais, argumentam que, por se tratar de constructo multidimensional, há uma evidente interdependência entre ambos.

No plano do processo de trabalho, a relação do médico com o saber pode-se chamar de autonomia técnica, autonomia que se dá nos trabalhos individualizados – tarefas especializadas (parcelares) do trabalho médico coletivo. No plano institucional/gerencial de composição dos trabalhos, em que se faz perpassar por uma hierarquia de autoridades técnicas e institucionais, pode-se chamá-la de autonomia hierárquica (RIBEIRO & SCHRAIBER, 1994).

Viegas (1989) afirma que o trabalho estaria ligado a construção do ser humano, ou seja, a criação vem da criatividade e que o trabalho é poesia. No que a poesia refere-se à dimensão simbólica, a produção de significados, de linguagem, que se concretiza, dentre outras possibilidades, a partir do trabalho. Para a autora, há uma interação e integração do homem com e no trabalho:

Quanto mais o homem coloca de si no mundo, mais conteúdo interior ele vai adquirindo. E é exatamente esse o sentido de trabalho vinculado à vida. Trabalho é a forma humana de fazer jus à vida, é a forma humana de produzir, não no sentido de criar objetos reificados, simplesmente, mas no sentido de criar significações. O trabalho acrescenta o que sou ao que não sou, acrescenta o que não sou ao que sou. Ele dá uma dimensão virtual para o meu ser. (VIEGAS, 1989, p.10-11).

2.4 REPRESENTAÇÕES DO TRABALHO MÉDICO

A medicina é uma profissão de reconhecida tradição. Há muito tempo que ser médico significa prestígio, status e destaque social, tanto para o núcleo familiar como para a

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sociedade em geral (MACHADO, 1997, P.30). O processo histórico de construção da profissão de médico foi determinante para esta condição, por tratar do cuidado com a vida humana e possuir um grau de autonomia e de autorregulação superior ao da maioria das profissões. A autonomia técnica sendo conferida pelo saber, o conhecimento científico especializado, e a autonomia econômica proporcionada pelo mercado de trabalho são características da medicina. Assim, os médicos adquiriram, historicamente, o monopólio de praticar a medicina de forma exclusiva, colocando na ilegalidade e clandestinidade todos os praticantes empíricos e curiosos desse ofício (MACHADO, 1997, P.22).

À medicina e aos médicos são atribuídos prestígio, poder e autoridade que são legitimados não apenas pela sociedade, mas, também, pela própria equipe de enfermagem. Kuhse, argumenta que a partir da segunda metade do século XIX, a medicina aprendeu mais do que nunca sobre transmissão, tratamento, cura e prevenção de doenças. Mas, a implementação dos benefícios advindos desses conhecimentos exigia como contrapartida, assistentes preparadas e aptas para administrar o tratamento prescrito pelos doutores.

As representações sociais são consideradas por Minayo (1995) como matéria-prima de análise do social. Minayo também reforça que cada grupo possui sua representação, que corresponde à sua posição e a interesses sociais específicos, não sendo necessariamente conscientes, de forma que:

perpassam o conjunto da sociedade ou de determinado grupo social, como algo anterior e habitual, que se reproduz a partir das estruturas e das próprias categorias de pensamento do coletivo ou dos grupos. Por isso, embora essas categorias apareçam como elaboradas teoricamente por algum filósofo, elas são uma mistura das ideias das elites, das grandes massas e também das filosofias correntes, e expressão das contradições vividas no plano das relações sociais de produção. Por isso mesmo, nelas estão presentes elementos tanto da dominação como da resistência, tanto das contradições e conflitos como do conformismo. (MINAYO, 1995, p.109).

Motivos altruístas como ajudar o próximo, o interesse pela biologia, a preocupação social, são considerados alguns motivos pelos quais as pessoas decidem optar por esse curso. Assim como motivos pessoais como vocação e realização pessoal. Além destas, os motivos de caráter econômico como uma boa remuneração e a garantia de emprego (NEVES, 2006, P. 21). Segundo Ferreira (2000), características como: identificação com a profissão, altruísmo, busca do conhecimento, mercado de trabalho e influências familiares, foram alguns dos motivos que continuaram a ser evocados pelos acadêmicos após a experiência de atividades clínicas.

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Conhecer os valores que poderão determinar a forma de atuação profissional e mesmo o modo de vida dos futuros médicos parece ser uma preocupação de pesquisadores e de instituições que sabem das necessidades encontradas depois de passado o processo de educação formal da medicina. De acordo com Fiedler (2008, p. 24), melhorar a qualidade de vida no curso de medicina depende de medidas como ensinar o estudante a valorizar a vida, cuidar da sua saúde física e mental, estabelecer e manter relacionamentos e desenvolver resiliência, além de medidas institucionais.

Alves (2010) utilizando o instrumento Whoqol-bref (World Health OrganizationQuestionnaire for Qualityof Life - BriefForm) procurou avaliar a qualidade de vida e o domínio psicológico em alunos de primeiro e sexto ano de um curso de medicina. Depois dos analises feitos sobre o questionário de autoavaliação dos estudantes demonstrou que os alunos do primeiro ano tiveram resultados melhores, estatisticamente significativos, em comparação com os alunos do sexto ano. Com isso, em quanto à percepção (dos estudantes) leva à reflexão de que houve perda na qualidade de vida do início ao final do curso.

Um corpo doente não pode ser tratado sem levar em conta o estilo de vida do indivíduo que adoece, apartando-se da sua realidade. O ensino médico deve considerar o estudante como participante do processo. A identificação das representações sociais da medicina é um dos instrumentos através do qual se busca conhecer as expectativas e as experiências vividas por este grupo social.

Fernandes e Oliveira (2012) observaram que ao conciliar trabalho e estudo, os estudantes-trabalhadores cruzam por dificuldades, como o cansaço físico e mental, a administração do tempo, já que esses estuda ntes cumprem horários em seus respectivos locais de trabalho, o que diminui o tempo disponível para realizar as atividades acadêmicas. Os autores também verificaram que o estudante trabalha a fim de conquistar a sua independência financeira, e pela oportunidade de colocar em prática o que aprendeu nas aulas teóricas.

Na presente pesquisa, a significação dada ao termo medicina, o objeto da representação, será analisada de acordo com a realidade encontrada e vivenciada pelos estudantes de medicina. Sendo “fenômenos psicossociais histórica e culturalmente condicionados” (SÁ, 2004, p.23), as representações sociais, quando pesquisadas, não produzem resultados que possam ser replicados ou generalizados. As representações sociais de cada grupo social referem-se ao conjunto de crenças, imagens, que o grupo elabora a partir do contexto de vida dos mesmos, sendo bem organizadas, estruturas, específicas.

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A significação da representação, de acordo com a teoria do núcleo central, passa a ser conhecida por meio da identificação dos elementos centrais. A teoria do núcleo central, “uma abordagem complementar” (SÁ, 2004, p.51) à teoria das representações sociais, possibilita que as estruturas hipotéticas sejam explicadas e descritas com mais detalhes. A teoria do núcleo central, proposta por Jean-Claude Abric em 1976, abarca a existência da centralidade nas representações. O núcleo central teria as funções geradora e organizadora, sendo importante na “definição do significado de uma representação social e na organização de seus demais elementos, chamados ‘periféricos’” (SÁ, 2004, p.72).

O sistema central das representações caracteriza-se por ter ligação com a memória coletiva e com a história do grupo. O núcleo central apresenta coerência, estabilidade, rigidez e é consensual, proporcionando homogeneidade ao grupo. Resistente às mudanças, pouco sensível ao contexto imediato. A função de gerar a significação e de determinar a organização da representação pertence ao núcleo central. Por sua vez, o sistema periférico tolera a heterogeneidade, permite a existência de contradições, apresenta flexibilidade e a integração das histórias e experiências de cada indivíduo. Apresenta sensibilidade ao contexto imediato, e é evolutivo. As funções do sistema periférico são os de possibilitar a adaptação à realidade concreta, proteger o sistema central e permitir a diferenciação do conteúdo (SÁ, 2004, p.74).

Em tempos modernos como hoje, as pessoas passam a maior parte das horas produtivas nas organizações; trabalhar por dinheiro é importante, mas é preciso também que haja um desafio, responsabilidade ou possibilidade de materializar os desejos no trabalho. O fato de uma pessoa realizar um trabalho que aprecie contribui para sua qualidade de vida e proporciona condições para seu autodesenvolvimento (POWERS E RUSSEL, 1993). A maior parte dos esforços nesse sentido, contudo, incidem sobre aspectos periféricos, não relacionados ao conteúdo das atividades laborais, o que pode transformar o trabalho em fonte de adoecimento profissional.

O processo de representação social permite às pessoas explicar e compreender diferentes aspectos da realidade e buscar um meio de agir em relação a eles. Isso, porque a representação se coloca no lugar do objeto social a que se refere, convertendo-se em realidade para os atores sociais. As representações sociais servem como guia para as relações e as ações sociais (ABRIC, 1998), cujo objetivo é classificar acontecimentos da vida social conforme uma ordem de interpretação do grupo, de modo a permitir ações relativas a tais eventos.

As representações são imagens mentais que podem obstruir ou viabilizar a implementação de estratégias visando a atingir os objetivos e as metas organizacionais (CAVEDON E FERRAZ, 2005) sendo um meio de interpretar os comportamentos, de

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classificar as coisas e as pessoas em uma escala de valores e nomeá-las (XAVIER, 2002). Conforme Spink (1993) precisam, portanto, ser compreendidas a partir do seu contexto de referência e a partir de sua funcionalidade nas interações sociais do cotidiano.

Recorrendo a Teria de Representações Sociais, nós nos deparamos com o processo de formação das representações, isto é, a objetivação e a ancoragem, que estão intrinsecamente inter-relacionadas. O processo de objetivação é entendido por Moscovici (2004) como o processo de tornar concreto o que é abstrato. O autor diz que objetivar é descobrir a qualidade icônica de uma ideia, ou ser impreciso, é produzir um conceito de uma imagem (MOSCOVICI, 2004). Já o processo de ancoragem consiste em incorporar o estranho e o novo ao sistema de pensamento pré-existente (MOSCOVICI, 2004). Em outras palavras, ancorar é encaixar o não familiar via processo de classificação.

A medicina e o ensino médico são regulamentados, esta regulamentação determina as características que o formando egresso de um curso de medicina deve apresentar. O artigo 3° das diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em medicina, de 07 de novembro de 2001, afirma:

O Curso de Graduação em Medicina tem como perfil do formando egresso/profissional o médico, com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, capacitado a atuar, pautado em princípios éticos, no processo saúde doença em seus diferentes níveis de atenção, com ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação à saúde, na perspectiva da integralidade da assistência, com senso de responsabilidade social e compromisso com a cidadania, como promotor da saúde integral do ser humano. (BRASIL, 2001, p.1)

A função social é uma importante característica da medicina. Perez (2004, p.10) ao relatar sua experiência como médica e educadora, afirma que:

Na fronteira, do viver, a vida carrega os sentidos humanos da dignidade, da emancipação e da justiça. Daí porque a educação tem que procurar o resgate da humanidade roubada pela fome e pelo desemprego, sem cair numa visão romântica de alguns grupos desavisados que trabalham a educação popular. Temos que resgatar a humanidade perdida. Temos que assumir a construção de um novo sujeito, a partir dessa realidade brasileira, concreta e brutal, que retira das pessoas a condição de humanos.

Borges (2000, p. 4) apresenta a sua argumentação e afirma que a Teoria das Representações Sociais permite apreender a visão de mundo de determinado grupo e anuncia que não existe realidade objetiva pura, uma vez que a realidade objetiva é re-apropriada e reconstruída pelo indivíduo.

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As representações sociais dos estudantes de medicina poderiam de algum, modo sofrer a influência de expectativas de outras pessoas ou do contexto em que vivem. Assim, a reprodução de estruturas de relação dominante passaria a ser mantidas, independe da consciência individual das pessoas. A função social da profissão de médico e a realização pessoal poderiam ser mera expectativa da sociedade atual, a manutenção de estruturas dominantes.

Enquanto falamos da questão de trabalho, as representações sociais refletem as interpretações de um grupo social específico, que compartilha as condições relacionadas a um dado ambiente profissional (CAVEDON, 2005). Dado isso, o esperado, portanto, é que a representação social seja portadora dos interesses e visões específicas desse grupo (MINAYO, 1995). Nesse sentido, os aspectos do contexto, embora desempenhem um papel periférico, são importantes para a compreensão global da representação social (OLIVEIRA, GOLÇALVES, 2003) e, nesse sentido, é importante entender o ambiente em que os estudantes se situam e a importância do trabalho médico.

A partir da Teoria das Representações Sociais, torna-se possível verificar de que forma se organizam as representações sociais do trabalho médico, ao permitir a visualização do núcleo estruturante e organizador, como também do sistema periférico que dá flexibilidade e permite a integração do velho ao novo no universo das representações sociais.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

A estrutura desta metodologia foi organizada da seguinte maneira: o primeiro capítulo trata da abordagem da pesquisa no qual destaco o que significa as representações sociais associada a pesquisa qualitativa que possibilita o acesso às informações que revelem particularidades da realidade social. No segundo capitulo, destaco os sujeitos da pesquisa e construção do corpus das representações sociais onde a coleta de dados será realizada através de entrevistas não estruturadas (não diretivas, informais) com estudantes de medicina de pelo menos três universidades diferentes. No terceiro capitulo abordo os instrumentos de coleta que serão as entrevistas semiestruturadas para conseguir coletar os dados necessários para seu correspondente análises. Já o quarto e último capitulo abordo a análise de pesquisa, onde estarei aplicando a análises das entrevistas realizadas, para compreensão das representações sociais, dando foco na estrutura linguística e conteúdos cognitivos.

3.1 ABORDAGEM DA PESQUISA

A influência das representações sociais na psicologia social é constatada não apenas por sua história e difusão nos meios acadêmicos, mas também por variações e apropriações distintas da obra original de Moscovici. Os enfoques incluem a abordagem estrutural de Jean-Claude Abric, a abordagem sociocultural de Denise Jodelet, a abordagem genética de Willem Doise e a abordagem dialógica de Ivana Marková. Essas perspectivas teóricas e metodológicas sobre as representações sociais não são radicalmente distintas, eles se interpenetram e se enriquecem mutuamente (JOVCHELOVITCH, 2007). Contudo, a proposta paradigmática de Moscovici enfrentou resistências, principalmente nos EUA. Já na Europa, encontrou território propício para seu desenvolvimento, o que ocorreu ao longo da década de setenta, onde passou a ocupar papel de protagonista na pesquisa social.

Sá (2004) contribui com o debate argumentando que a fórmula proposta por Moscovici e endossada por Denise Jodelet (1995) – toda representação é uma representação de alguém (sujeito) e de alguma coisa (o objeto) – enfatiza a ligação necessária do objeto de representação a um determinado sujeito. Porém, este autor aponta que é forçoso reconhecer o caráter esquemático que pode conduzir a noção de um sujeito ou objeto em termos genéricos, de modo que as condições socioculturais da vinculação sejam desprezadas, incorrendo na banalização cognitivista e dualista do conceito. Em termos da produção de conhecimentos na área, percebe-se a propagação de pesquisas com enfoque individualista e “uma forte tendência

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