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Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo - PósARQ

Danielle Carbonell Jatahy

Planejamento socioambiental ao longo de cursos de água em meio urbano:

o caso do Parque Linear do Córrego Grande

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Planejamento socioambiental ao longo de cursos de água em meio urbano:

o caso do Parque Linear do Córrego Grande

Projeto de pesquisa apresentado ao

Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – PósARQ, como requisito parcial para a aprovação no processo seletivo para mestrado, biênio 2015/2016.

Área de concentração:

Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade Linha de pesquisa:

Arquitetura da cidade, gestão e planejamento urbano

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1 APRESENTAÇÃO

A pesquisa a ser realizada partindo desse projeto pretende ampliar o conhecimento sobre a implantação de parques lineares para requalificação das áreas ao longo dos cursos de água em meio urbano, a partir da perspectiva socioambiental. O recorte geográfico será a Bacia Hidrográfica do Itacorubi1 (ANEXO A). O recorte temporal terá como data inicial o ano de

2007, quando a ideia do Parque começou a ganhar contornos, e como limite, o ano de 2016. O objeto de estudo será a área do Parque Linear do Córrego Grande (PLCG), ao longo do Rio Córrego Grande, delimitada na Lei Municipal n° 9455/14, que regulamenta sua criação.

Em 2007, a Associação de Moradores do Parque Germânia enfrentou um impasse, ao solicitar à Companhia Melhoramentos da Capital (Comcap) a limpeza e manutenção das margens do Rio Córrego Grande. Antes de chegarem àquele estado de degradação, tais áreas eram utilizadas como passeio de pedestres e área de lazer. Enquanto a Comcap alegava que eram Áreas de Preservação Permanente (APP), no mapa de zoneamento do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF), as faixas marginais de 15 metros do rio Córrego Grande constavam como Áreas Verdes de Lazer (AVL). Intervenção ou supressão de vegetação em APP não são indicadas em primeira instância, mas são ações previstas na legislação ambiental2, e “[...] sua apropriação para usos de lazer, recreação ou

turismo pode ser recomendável, desde que realizada sob controle de órgãos ambientais e de planejamento, a partir de limites determinados por estudos ambientais” (REIS, 2010).

A partir deste cenário, começa a se delinear ideia do PLCG3 (ANEXO C), como meio de

requalificação socioambiental daquela paisagem fluvial. A ideia foi levada adiante pela ação

1 Para Gorski (2014), por ser água um bem público e assegurado pela Constituição de 1988, a bacia

hidrográfica ou bacia de drenagem é “uma unidade de planejamento e gestão” (PELLEGRINO, 2014; HERZOG, 2013).

2 A Resolução do Conama n° 369/06 permite essas ações, desde que atendam a uma série de requisitos. 3 O projeto de implantação do PLCG, segundo o parágrafo 3° da Lei Municipal n° 9455/14, que regulamenta sua

criação, tem por objetivos criar e consolidar a interação de componentes ecossistêmicos - bióticos e abióticos, nas suas dimensões ambientais, estruturais, culturais, sociais, econômicas e estéticas, proporcionando a proteção das margens do elemento hídrico associado ao uso extensivo como espaço público de lazer, contemplação e educação ambiental.

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decisiva e conjunta do Fórum da Bacia do Itacorubi (ANEXO D) e a UFSC. Segundo Santos (2011), a estratégia de implantação do Parque tem por base o conceito de “um projeto sustentável por sua base na ecologia humana, nele o ser humano aparece como finalidade, mas não como determinação”, com o manejo e a gestão operados pelas próprias comunidades, em parceria com os órgãos públicos (SANTOS, 2011). O PLCG fará a conexão entre dois ecossistemas já constituídos como Unidades de Conservação da Ilha de Santa Catarina: o Parque Municipal do Maciço da Costeira, situado a montante, onde se tem a nascente do rio, e a cachoeira do Poção, até desaguar no Parque Manguezal do Itacorubi. (SANTOS, 2011). Reis (2010) considera que “a continuidade e a conectividade das áreas de preservação situadas na Ilha de Santa Catarina encontram respaldo tanto em termos paisagísticos quanto ambientais”. Três pontos nodais destacam-se no desenho linear do parque, por serem os únicos trechos com margens desocupadas com 30 metros de largura ou mais, possibilitando a inserção de elementos construtivos e equipamentos. Os três trechos estão hoje em diferentes estágios, desde fase de estudos preliminares até os já abertos ao uso público. São eles: o Sertão do Córrego Grande, a Fazendinha do Córrego Grande e uma área junto ao Parque São Jorge. De acordo com o acima exposto, nos deparamos com a seguinte questão: como o projeto e implementação do Parque Linear do Córrego Grande, sendo este o elemento estrutural para a recuperação da paisagem fluvial, contribui com a qualidade da paisagem, sob aspectos sociais, culturais e ambientais?

Uma das justificativas da pesquisa é a necessidade e oportunidade de a academia se fazer presente4 em ações e projetos de interesse da cidade, estreitando a relação entre pesquisa e

demandas sociais5. Sob o aspecto da história cultural da área de estudo, a relevância da

4 É importante ressaltar que esta relação entre Universidade Federal de Santa Catarina e o projeto de

implantação do parque já existe. Os cursos de Engenharia Sanitária e Ambiental e Arquitetura e Urbanismo, em especial, têm participado ativamente do processo, como apoio técnico e desenvolvimento de pesquisas nos assuntos pertinentes. A Faculdade de Arquitetura oferece oficinas de planejamento ambiental, como disciplina optativa (SANTOS, 2011).

5 Além disso, a partir da análise dos projetos que estão sendo elaborados trecho a trecho, a partir da demanda

dos próprios moradores, prover futuros planos participativos de gestão e manejo do parque, reforçando o seu caráter socioeducativo.

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pesquisa está em fortalecer do vínculo entre os moradores, e entre eles e seu lugar, seu bairro, além de suprir as lacunas de registros históricos junto aos órgãos públicos, principalmente pela contemporaneidade do tema. Os projetos de parques lineares, pela sua complexidade intrínseca, seja pela escala ou pela interação de todos os aspectos que englobam (ambientais, políticos, sociais, culturais, econômicos), precisam ser estudados um a um, caso a caso6 (GORSKI, 2010; ALVES, 2003).

2 OBJETIVOS

O objetivo geral dessa pesquisa é analisar o uso de parques lineares ao longo de cursos de água em meio urbano, como proposta de planejamento socioambiental e resgate da paisagem fluvial. Essa análise será feita através do estudo de caso7 do processo de criação do

Parque Linear do Córrego Grande, apoiando assim, o seu projeto de implantação e implementação (ANEXO B). Para alcançar o objetivo geral, o presente estudo terá os seguintes objetivos específicos: 1) abordar os conceitos de parques lineares, corredores verdes, recuperação de rios em meio urbano, como instrumentos de requalificação urbana, identificando suas especifidades; 2) recuperar a história da implantação do Parque Linear, e os valores simbólicos a partir do ideário de sustentabilidade urbano-ambiental dos moradores locais; 3) inter-relacionar a história do surgimento das entidades comunitárias hoje atuantes, o modus operandi da urbanização e a atuação dos setores públicos e privados na área de estudo, identificando seus dilemas e conflitos; 4) identificar diretrizes de gestão, manejo e monitoramento para o PLCG; apontar direcionamentos baseados nas legislações

6 Mesmo com os vários casos de implantação de parques lineares ao longo de cursos de água que hoje temos

em âmbito nacional, carecemos de um cadastro ou catálogo geral, de fácil acesso, compilando as informações sobre cada parque. No Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), por exemplo, não há um enquadramento específico para parques lineares urbanos.

7 Cabe esclarecer que entrei em contato direto com o grupo de trabalho do projeto do PLCG no final de 2014.

Participei das oficinas de planejamento ambiental, ministradas como disciplina optativa pelo prof. Dr. Cesar Floriano dos Santos na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, de outubro a dezembro de 2014. Participei também de reuniões pertinentes ao tema: uma no Conselho Comunitário do Parque São Jorge (Conjorge) e outra entre o corpo técnico do grupo de trabalho do PLCG da arquitetura e engenharia sanitária e a coordenadora do Fórum da Bacia do Itacorubi, Rosângela Campos.

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federal e municipal, que permitiam que outras entidades comunitárias reivindiquem aos órgãos públicos seu direito à cidade e à preservação da paisagem cultural.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 TRANSFORMAÇÕES URBANAS NO ÂMBITO SOCIOPOLÍTICO E AMBIENTAL

Para Harvey (2013), o direito à cidade equivale a “reivindicar algum tipo de poder configurador sobre os processos de urbanização”, pois “reinventar a cidade depende inevitavelmente do exercício de poder coletivo sobre o processo de urbanização”. Souza (2010) também considera que “os instrumentos de planejamento, por mais relevantes e criativos que sejam, só adquirem verdadeira importância ao terem sua operacionalização (regulamentação) e a sua implementação influenciadas e monitoradas pelos cidadãos”. Já para Bartallini (2009), apesar das mudanças na legislação e na gestão das cidades brasileiras, os espaços livres, em especial as áreas verdes, ainda são regidos por “políticas setoriais, atendendo a necessidades imediatas ou a interesses específicos”, o que continua ocorrendo sobretudo pela “competição pelo espaço, que é arbitrada pelo preço da terra”. Villaça (2005) apontou as fraquezas8 contidas na crença que o Plano Diretor “é um poderoso

instrumento para solução de nosso problemas urbanos”9. Cabe refletir a quem favorece a

complexidade dos Planos Diretores e urbanísticos públicos, pois, na verdade, “quanto menor o poder de interferência [dos cidadãos] nas definições da lei, maior é a vulnerabilidade aos esquemas de favor [máquinas clientelistas]” (BRASIL, 2002). Tucci (2008) acredita que a gestão da cidade deve passar por alguns elementos essenciais, entre eles, o “planejamento e gestão do uso do solo; [...] infraestrutura viária, água, energia, comunicação e transporte [..] e gestão socioambiental”. Ascelrad (2001), por outro lado, tem uma visão mais crítica a respeito do que pode estar por trás de gestões ditas socioambientais10: a adoção da

8 Villaça (2005), citando o caso específico da falta de preservação das margens dos córregos paulistanos,

ressalta que “não é por falta de leis que essas margens não foram preservadas, nelas nada restando para ser transformado em parques lineares”.

9 Vale lembrar que no caso específico da implantação do PLCG, tanto a avançada legislação ambiental brasileira

quanto o Plano Diretor de Florianópolis, a princípio, falharam em sua aplicabilidade.

10 No caso do PLCG, há que se notar como os empreendedores agregaram o valor da proximidade das áreas

verdes ao marketing de vendas das unidades, posto que, inicialmente, não respeitaram as leis municipais que as garantiriam como áreas de lazer e para a comunidade.

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“sustentabilidade como nova crença destinada a substituir a ideia de progresso”. A suposta imprecisão do conceito de sustentabilidade pode servir para legitimar (ou não) várias matrizes discursivas. Este conceito deveria, quando existisse, ser “uma construção social”, portanto não poderia estar vinculado apenas a um aspecto, como por exemplo ao “determinismo ecológico”, pois espaço e meio ambiente são socialmente distintos.

3.2 INICIATIVAS DE RECUPERAÇÃO AMBIENTAL E DA PAISAGEM

Nos anos 80, Burle Marx já atestava o descaso com que o Brasil tratava as áreas verdes públicas, pela falta de critérios institucionais quanto pela artificialidade do conceito imperante. Em “A Forma Urbana”, Lefebvre (2008) elabora que parques e jardins públicos “remetem a uma dupla utopia: a natureza absoluta e a pura artificialidade”, pois “não existe espaço urbano sem símbolos utópicos”. Para Nór (2013), “o lugar e a paisagem – como categorias do patrimônio cultural – constituem-se da mistura indissociável entre o material e o imaterial, posto que a conformação física estabelece uma relação dialética com o componente social”, e esta confere “valor simbólico” ao ambiente. Segundo Lefebvre (2008), o urbano é caracterizado pela “simultaneidade”, e ao mesmo tempo “cumulativo de todos os conteúdos”, naturais ou artificiais. Não existiria um “sistema urbano”, e sim, “justaposições e superposições de redes”. Para Spirn (1998), os dilemas de “viver no mundo e preserva-lo”, “criar identidades e valorizar as diferenças” precisam ser vistos “não como opostos, mas parte de um todo”. McHarg (1992) chamou a atenção para a necessidade de integração do planejamento urbano com a natureza, usando a metodologia até hoje utilizada de mapas temáticos, em que os diversos aspectos (hídricos, áreas verdes, usos do solo, geofísicos, circulações, entre outros) são analisados tanto um a um, como sobrepostos em camadas. Na mesma linha, Hough (1995) e Spirn (1984) sugerem uma série de caminhos alternativos para lidar com a dissociação entre os processos urbanos e naturais. Para Ahren (2005), o planejamento ecológico da paisagem é uma especialização do planejamento da paisagem. Também para Prominski (2005), o planejamento ecológico da paisagem deve ser a partir de estratégias, malhas e processos catalisadores de processos naturais, diferenciados e interconectados, e os processos evolutivos não são totalmente previsíveis. Esta rede interconectada, chamada de infraestrutura verde, pode ser composta de matriz, manchas e corredores de áreas verdes e parques, e projetada em várias escalas. Propicia a conservação

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de ecossistemas e sua biodiversidade (meios biótico, abiótico e cultural), contribuindo com vários benefícios para as pessoas e cidades, pelo seu aspecto multifuncional (mobilidade, lazer, agricultura urbana, manejo das águas e drenagem, entre outros). É considerada um instrumento-chave para o planejamento sustentável, por poder reunir os fatores sociais, econômicos e do meio ambiente em diretrizes e práticas (BENEDICT, McMAHON, 2006; AHREN, 2005; PELLEGRINO, 2014; HERZOG, 2013). Greenways11 apresentam inúmeras

definições, mas basicamente podem ser definidos por serem áreas abertas lineares, para pedestres e ciclovias12, interconectando parques, reservas naturais, e/ou áreas urbanas,

planejadas para uso e manejo sustentável, e multifuncionais (funções ecológicas, sociais, culturais e históricas, lazer) (AHREN, 2003; SMITH, HELLMUND, 1993; LITTLE, 1990). Trazendo para o caso do PLCG, corredores verdes também trazem em si uma característica da história de ocupação do território insular de Florianópolis, que tinha como um de seus elementos estruturais, “as vias aquáticas e caminhos (estradas gerais) que interligaram esta rede [de núcleos que articularam o território], organizando o parcelamento rural e desenvolvendo ocupações lineares” (REIS, 2010, p. 51). Umas das tipologias de greenways13

são os parques lineares14, sendo que quando estes frequentemente se desenvolvem ao

longo de cursos de água em meio urbano, sendo chamados corredores ripários15 (SMITH,

HELLMUND, 1993). Em sua pesquisa para avaliar as possibilidades de revitalização16 do rio

11 Greenway, em outras bibliografias, compreenderia também, entre outros, os corredores ecológicos, com

funções ecológicas específicas de preservação de espécies.

12 Para Giordano (2004), a “maior força residente no conceito de greenways esteja justamente no fato deste

agregar o uso humano em áreas naturais”.

13 Para esta pesquisa, será considerado que parque linear é uma tipologia de greenway, sendo este, por sua

vez, uma tipologia usada na infraestrutura verde.

14 Para Bartalini (2009), as tipologias lineares “oferecem maiores possibilidades de acesso à rede de espaços

equipados para o lazer, pois intrometem-se com maior eficiência no tecido urbano” e preservação das “áreas verdes marginais garantiriam [...] a permeabilidade do solo e a proteção das margens a custos baixos”.

15 A vegetação das margens dos cursos de água é chamada de ripária ou mata ciliar, entre outros (Gorski, 2010)

sendo a preservação desse ecossistema de suma importância para viabilizar o uso humano de suas margens, e na prevenção de enchentes (SMITH, HELLMUND, 1993; GORSKI, 2010).

16Revitalização: ações para mover o sistema fluvial para um estado mais dinâmico ecologicamente

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Córrego Grande, Souza (2014) conclui que a renaturalização17 enquadra-se melhor que a

revitalização.

4 METODOLOGIA

A pesquisa terá uma abordagem qualitativa por se tratar um estudo de caso (ver ANEXO E, para descrição dos itens e métodos), requerendo, portanto, uma observação profunda e detalhada do contexto em que insere o objeto de estudo18. Será desenvolvida em três

etapas, conforme descritas a seguir.

4.1 TEÓRICA E RECONHECIMENTO

Será feita uma pesquisa exploratória e análise documental, que objetivam reconhecer o problema em seu contexto, afinando as questões da pesquisa. A coleta de dados será feita a partir de revisão bibliográfica; pesquisa documental; entrevistas individuais para o levantamento do histórico de implantação do PLCG; levantamentos in loco para identificação de problemas e as potencialidades (inventário fotográfico, observação).

4.2 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

Nesta etapa, o objetivo é aprofundar o conhecimento e montar um panorama global do problema, a partir da leitura, análise, cruzamento e interpretação dos dados inicialmente coletados. Haverá interação, porém, acontece de forma distinta das anteriormente utilizadas, aproximando-se dos princípios da etnometodologia.A coleta de dados será por entrevistas individuais; entrevistas semiestruturadas; observação participante; e questionários. O registro dos dados obtidos em campo será feito em um Diário de Campo..

Também serão produzidos mapas temáticos e relatórios, a partir de critérios e métodos de

17Renaturalização: ações para estabelecer um sistema fluvial diverso em termos hidrológicos e

geomorfológicos, mas não reestabelecer a condição original do curso de água (SOUZA, 2014; GORSKI, 2010). Pellegrino (2014) considera que renaturalização de rios é um dos elementos estruturais do planejamento, e juntamente com a implementação de parques lineares, tem uma das melhores práticas de manejo. Alves (2003) aponta que a renaturalização dos cursos d’água “na forma como hoje é conhecida” ocorreu na Alemanha devido a “busca histórica de contato com a natureza, que na atualidade ganhou mais forca no movimento ecológico dos anos 1970”.

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análise de planejamento socioambiental a ser detalhados, para a caracterização dos recortes temporal e geográfico.

4.3 ESTUDO DE CASO

Nesta etapa, o objetivo é a análise do objeto de estudo (a área do PLCG) como proposta de planejamento sócio ambiental e resgate da paisagem fluvial, a partir dos dados elaborados na etapa anterior. Para efeito das análises específicas, o PLCG será dividido em três trechos, considerando os pontos nodais descritos anteriormente. Os princípios norteadores e os graus de intensidade da avaliação para cada item serão pré-estabelecidos conforme o trecho. Serão produzidos quadros, planilhas e mapas com as diretrizes e objetivos contidos na proposta do PLCG, além de outros critérios recomendados em métodos de planejamento ecológico indicados na bibliografia19. Da análise comparativa destes elementos, serão

extraídos os itens previstos nos objetivos específicos, listados anteriormente.

5 CRONOGRAMA 2015 2016 2017 Ju n . Ju l. A g o . S e t. O u t. N o v . De z. Ja n . F e v . M a r. A b r. M a i. Ju n . Ju l. A g o . S e t. O u t. N o v . De z. Ja n . F e v . M a r. A b r. M a i. Disciplinas Eletivas Revisão bibliog. Estágio docência Análise documental Desenvolv. Da pesquisa Análise de resultados Redação dissertação Revisão Pré-entrega Defesa Dissertação

Quadro 1 – Cronograma previsto Elaboração da autora.

19 Para parques lineares, Pellegrino (2014) e Smith e Hellmund (1993). Para rios e córregos, Gorski (2010). Para

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS

ANEXO A – Mapas e dados gerais da Bacia Hidrográfica do Itacorubi.

Fonte: NEA, 2012 apud SOUZA, 2014.

Mapa de localização de bairros na Bacia Hidrográfica do Itacorubi Fonte: Vieira, 2007 apud Dalla Costa .

Dados Gerais da Bacia Hidrogáfica do Itacorubi

A população residente na Bacia do Itacorubi é de aproximadamente 50 mil habitantes (IBGE, 2010), sendo que a população flutuante diária pode chegar a 90 mil habitantes (Nea, 2003 apud SANTOS, 2011). Os bairros que hoje compõem a Bacia do Itacorubi são Córrego Grande, Pantanal, Trindade, Itacorubi, Carvoeira, João Paulo e Santa Mônica (SOUZA, 2014; CLARO, 2012), além dos loteamentos Jardim Albatroz, Jardim Germânia, Jardim Itália, Jardins Flor da Ilha e Anchieta, Parque São Jorge, Jardim Cidade Universitária, Serrinha, Vila Ivan Matos, entre outros.

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Dados Gerais da sub-bacia do Córrego Grande

Tem uma área de 1,94 km², e o chamado manancial Córrego Grande abastece a 8.000 habitantes do Jardim Anchieta e Ruas Sebastião Laurentino da Silva e Transversais e João Pio Duarte Silva (CASAN). Quanto ao zoneamento municipal (Lei n°001/97), a sub-bacia do Córrego Grande tem na parte mais elevada áreas de preservação Permanente (APP) e áreas de preservação limitada (APL). Nas partes baixas da sub-bacia encontram-se áreas residenciais exclusivas (AMC) e áreas mistas centrais (AMC). Na parte baixa também situam-se como APP`s o horto florestal do Córrego Grande e a margem de trinta metros ao longo dos rios. (SANTOS, 2011)

ANEXO B – Mapa do Parque Linear do Córrego Grande, anexo a Lei Ordinária n° 9455/14, de 23 de janeiro de 2014. Escala do original: 1/5000. Compilação cartográfica Viageo. Elaboração técnica: Equipe de desenvolvimento do PLCG.

Sem escala. Fonte: IPUF, 2013.

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ANEXO C – Dados gerais do PLCG

Figura 00. Logotipo do Parque Linear. Fonte: SANTOS, 2011. Informações Gerais PLCG Área aproximada do

parque

17 hectares

Fonte: geógrafo Hermann Mondl, 2014.

Extensão 3,2 km, totalizando 5km, incluindo a área de manguezal e costeira. Bacia Hidrográfica Sub-bacia do Córrego Grande

Referências

conceituais originais

Parque Linear Capivari, em Campinas-SP (2009)

Parque linear ao longo do CheongGyeCheon, em Seul, na Coréia do Sul (2006).)

Referências

conceituais após o andamento do projeto

Parques de Curitiba: Barigui (1972), Tanguá (1996) e o parque linear Tingui (1994);

Red Ribon Park, em Hebei, China (2007)

Histórico do projeto e implantação do PLCG, elaborado pela autora

Em 1900, Virgílio Várzea descrevia o bairro Córrego Grande, destacando a fartura e qualidade das águas, ao mesmo tempo que alertava para o já perceptível desmatamento nas suas nascentes:

[...] suas habitações suspensas quase todas a encostas e socalcos de morros, cortados de fios de água numerosos e de uma grossa cachoeira que nasce no contraforte do monte do Padre Doutor, na Lagoa. Essa cachoeira, a 400 metros mais ou menos de altura, domina a capital, e, conquanto diminuída pelo desmatamento de suas nascentes, poderia servir, com outras, para abastecer de água o Desterro, que até hoje, como vimos, se ressente dessa falta. Depois, esta água é magnífica, perfeitamente potável, sem a sobrecarga de sais que se observa na da cidade, em geral.[...] (VARZEA, 1900, grifo nosso)

Nas décadas de 50 e 60, a política desenvolvimentista do país, atrelada a ideia de progresso, acelerou a urbanização em âmbito nacional; em Florianópolis, este processo ganhou força após o Plano

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Diretor de 55. Nesta época, ainda não havia transporte coletivo ligando os bairros da Bacia do Itacorubi ao centro, e o trajeto era feito a pé ou a cavalo. A luz elétrica chegou à região por volta de 1953, e a água encanada entre 1964 e 1966; até então, o abastecimento da população local era oriunda do Rio Córrego Grande e de poços (NETO, 2006). A instalação da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e outros órgãos públicos, e principalmente, a construção da UFSC, na Trindade (1965) e da Eletrosul, no Pantanal (1975) trouxe forte impacto para a região, que até 1972 era considerada rural. Para atender as novas demandas populacionais, a partir dos anos 70 vão surgindo vários loteamentos: primeiro nas ruas Capitão Américo e o da Rua Acadêmico Reinaldo Consoni; a seguir o Jardim Guarani, Jardim Albatroz (Bermam), o Jardim Anchieta, o condomínio Liberty Park, e o Jardim Germânia, entre outros. (NETO, 2006; CLARO, 2012). Em 1977, a Casan começa a captar água no Poção; até então, o rio Córrego Grande era caudaloso e limpo, com trechos mais fundos, usado pelos então pouco numerosos habitantes para lavar roupas, pesca e banhos. Para as comunidades locais, a urbanização brusca e acelerada veio acompanhada de sentimentos de nostalgia e perda de identidade, como destaca Neto (2006)

[....] é comum ouvir as lembranças de que antes tudo era melhor. [....] o rio Córrego Grande era mais caudaloso, não era poluído, etc. A nostalgia dos moradores ainda passa por outros assuntos, sejam pessoais ou de cunho coletivo. Mas muito do que forma a construção da memória individual e coletiva dos moradores do Córrego Grande está relacionado ao processo de urbanização.

No âmbito sociopolítico, a criação de conselhos comunitários foi incentivada durante o governo Geisel, a partir de 1977, dentro de uma política de controle social para “desenvolvimento comunitário”. Em reação, a partir dos anos 80 os movimentos de bairro desvinculados do regime militar ganham força. Em 1985, após as primeiras eleições diretas para prefeitos das capitais, novas relações entre governo e entidades de bairro foram sendo criadas pelo processo democratizante (KRISCHKE,1992; MACHADO, 1990).

O processo de urbanização, acelerado e de forma inconsequente, teve como contrapartida20 o surgimento de uma consciência comunitária ativa, que vem abrindo caminhos para manter ou ampliar a qualidade de vida do seus bairros. O Forum da Bacia do Itacorubi nasceu, justamente, a partir dos graves problemas enfrentadas pelos moradores da Bacia do Itacorubi, em particular as enchentes, em especial a do Natal de 1995. Este episódio emblemático motivou a organização da

20 Outro indicador favorável é a regeneração vegetativa nas antigas áreas de pastagem, que foram

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União dos Conselhos Comunitários da Bacia do Itacorubi (Unicobi), mais tarde transformada no Fórum da Bacia do Itacorubi (BEZ et al, 2005). A organização de comunidades, tomando a bacia hidrográfica como unidade, é uma tendência, conforme aponta Herzog (2013):

O conceito de neighborshed pode ser traduzido livremente para bacia da vizinhança – ou seja, um espaço urbano delimitado, onde acontece a interação entre as pessoas, os usos e a apropriação dos espaços urbanos com a biodiversidade e o caminho das águas (HERZOG, 2013, p. 151).

Em 2003, o bairro do Córrego Grande já enfrentava sérios problemas. Após inúmeras apelações ao Pró-Cidadão, Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos (Susp) e à Vigilância Sanitária Municipal, a comunidade do Córrego Grande acionou o Ministério Público de Santa Catarina, cobrando providências em relação à degradação generalizada que ocorria no bairro: construções em áreas de preservação permanente (no interior do Parque Municipal do Maciço da Costeira e em encostas dos morros), acúmulo de lixo em áreas desocupadas, lançamento de esgoto sem tratamento no rio, problemas de mobilidade e a verticalização do bairro. Era evidente que a infraestrutura não estava acompanhando o crescimento (NETO, 2006).

Em 2008, oficinas comunitárias do subnúcleo Gestor da Bacia da Itacorubi produzem o documento chamado “Consolidação das Leituras Comunitárias - Definição de Diretrizes para a Elaboração do Plano Diretor Participativo”, no qual

[...] apresentaram uma diferente maneira de se tratar a qualidade de vida e o desejo de romper alguns paradigmas urbanos de Florianópolis. Acreditando que esta cidade deve respeitar as leis ambientais e reinventar espaços urbanos para tornar-se mais social, surgiu a ideia da criação de um Parque Linear situado nas margens do Rio Córrego Grande. (SANTOS, 2011).

O Fórum da Bacia do Itacorubi foi criado em 02 de junho de 2009, congregando, então, 11 associações comunitárias de moradores da área, com caráter organizativo informal, para conduzir assuntos cuja abrangência alcance o interesse comum das entidades que representa junto às autoridades e órgãos públicos (ANEXO 00).

Em 2010, o processo de elaboração do Plano Diretor Participativo de Florianópolis foi arbitrariamente interrompido pela administração pública, na gestão do então prefeito Dário Berger, prejudicando o andamento das diretrizes e propostas comunitárias. Sob forma de manter os debates, que vinham acontecendo desde 2007 em reuniões e audiências públicas, o Prof. Dr. César

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Floriano dos Santos, através do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, organiza oficinas de projeto e planejamento ambiental, reunindo uma equipe interdisciplinar das áreas de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo, Engenharia Sanitária e Geografia, além de incentivar a participação das entidades de moradores. O foco de trabalho é o PLCG, começando pela análise das condições hidrológicas, e a conexão entre dois ecossistemas já constituídos como Unidades de Conservação da Ilha de Santa Catarina: o Parque Municipal do Maciço da Costeira, situado a montante, onde se tem a nascente do rio, e a cachoeira do Poção, até desaguar no Parque Manguezal do Itacorubi. (SANTOS, 2011).

Três pontos nodais destacam-se no desenho linear do parque, por serem os únicos trechos com margens desocupadas com 30 metros de largura ou mais, possibilitando a inserção de elementos construtivos e equipamentos (ANEXO 00). Os três trechos estão hoje em diferentes estágios, desde fase de estudos preliminares até os já abertos ao uso público. O Sertão do Córrego Grande, onde já estão implantados praça, creche, quadras de esporte e área de estacionamento. A trilha para acesso à cachoeira do Poção foi entregue à comunidade no aniversário de 289 anos da cidade, em 23 de março de 2015 (ANEXO 00). Ainda estão previstos um pórtico de entrada, equipamentos urbanos, banheiros públicos, mirantes, obras de arte e uma área institucional, onde serão ministradas oficinas de educação ambiental e correto manejo do parque. A maior parte desta área de implantação pertence à Associação dos Moradores do Sertão do Córrego Grande (Amosc), e o poder municipal deve comprar uma área adjacente, já em negociação. A Fazendinha do Córrego Grande, ou simplesmente Fazendinha, área até hoje assim denominada por sua origem rural, está em fase de projeto paisagístico, pelo escritório Jardins e Afins, em Florianópolis, baseado na valorização da vegetação nativa, árvores frutíferas, horta coletiva, etc. E por fim, uma área junto ao Parque São Jorge, que receberá equipamentos de uso coletivo de atendimento direto à comunidade do entorno e uma ponte como principal equipamento. Essas obras serão feitas como medidas compensatórias advindas de outro TAC, este firmado com a Casan, devido à instalação da estação elevatória naquela área.

Em 26 de março de 2011, o Fórum da Bacia do Itacorubi juntamente com o Grupo Interdisciplinar de Pesquisa e Elaboração do projeto do Parque Linear do Córrego Grande, o Departamento de Arquitetura da UFSC, a AMOSC e o CONFIA, promoveram a “Apresentação do projeto do Parque Linear para a comunidade”, um evento de confraternização com enfoque socioeducativo, para a exposição das diretrizes e maquete do projeto, visitas à cachoeira do Poção e shows de bandas locais, reforçando a integração dos anseios e necessidades da comunidade com o projeto do parque:

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A junção de fatores como: recuperação ambiental, participação comunitária, envolvimento dos órgãos públicos e das instituições educacionais tornam este projeto um exemplo de sustentabilidade urbana (SANTOS, 2011).

Em maio de 2012, o Fórum da Bacia do Itacorubi foi convidado a integrar uma Comissão Mista, composta por técnicos e dirigentes da Prefeitura e criada por decreto municipal, com o objetivo de elaborar Projeto de lei para a criação do Parque Linear do Córrego Grande. Até então, os representantes do poder público (secretário da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) mostravam-se descrentes em relação ao projeto, sob a alegação que seriam necessárias grandes desapropriações de imóveis ao longo do rio para implantar o parque. Por outro lado, não era possível verificar esta questão na Prefeitura Municipal de Florianópolis, pois o cadastro das áreas públicas estava desatualizado. A coordenadora do Fórum da Bacia do Itacorubi, Rosângela Campos e o geógrafo Hermann Mondl, realizaram, então, junto ao Cartório do 2º Ofício, o levantamento de todas as matrículas dos loteamento do entorno do rio. Nesta pesquisa, foram descobertos fatos importantes, ambos referentes ao trecho da Fazendinha. Havia apenas 30% de áreas a desapropriar ao longo do rio, os outros 70% eram públicas. Outra questão é que os empreendimentos imobiliários já aprovados nesta área, pertencentes a 4 diferentes construtoras (Dimas, Formacco, Álamo e Pinheiro), estavam, na verdade, em situação irregular, por não contemplarem Áreas Verdes de Lazer eÁrea Comunitária Institucional (AVLs e ACIs), conforme a Lei Municipal do Plano Diretor de 1997 (artigo n° 198, parágrafo 3), vigente à época, e por não terem respeitado os limites das APPs do entorno do rio. Posto isso, o Ministério Público foi acionado com a solicitação da revisão do Parcelamento do Solo da área, adjacente ao futuro Parque Linear. Em fevereiro de 2013, foi lavrado um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) entre comunidade e empresários proprietários da área da Fazendinha, e posteriormente, um Aditivo ao Termo. De acordo com esses instrumentos, as construtoras são obrigadas a cumprirem uma série de melhorias naquela área, entre elas: devolver 17 mil m² de APPs ao município de Florianópolis, como área pública a serem integradas ao PLCG; duplicar a rua José Pio Duarte Silva no trecho incidente da Fazendinha; fazer ciclovias; estudos de macro drenagem, entre outras ações. Cabe mencionar que este foi, talvez, o caso mais emblemático, mas não o único a contar com a atuação decisiva do Fórum da Bacia do Itacorubi para garantir que as leis fossem cumpridas. Finalmente, em novembro de 2012, o Projeto de Lei para criação do Parque Linear do Córrego Grande foi enviado à Câmara de Vereadores, tendo recebido o nº PL 15.069/2012, e após tramitação, em 23 de janeiro de 2014 a Lei n° 9.455 é sancionado pelo prefeito de Florianópolis, Cesar Souza Junior.

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Referências complementares

BEZ, Anselmo; LISBOA, Henrique de Melo; POMPÊO, Cesar Augusto; MELO, Eloi; NETO, Antônio Cardoso. Experiência Comunitária no Controle de Enchentes em Florianópolis (SC). In:5º Simpósio Brasileiro de Captação e Manejo de Água de Chuva. Paiuí, Teresina, 2005.

DALLA COSTA, Simone. Estudo da viabilidade de revitalização de curso d´água em área urbana: estudo de caso no rio Córrego Grande em Florianópolis, Santa Catarina. 2008. 163 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental) - Programa de Pós Graduação em Engenharia Ambiental, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008.

CLARO, Mariana Fonseca. Florianópolis e as APPs Urbanas: o caso da sub bacia do Córrego Grande. 2012. 189 f. Dissertação (Mestrado em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade) - FAU, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2012.

FLORIANÓPOLIS. Lei complementar n° 482/14, de 17 de janeiro de 2014. Plano Diretor de Urbanismo do município de Florianópolis. Dispõe sobre a política de uso e ocupação, os instrumentos urbanísticos e o sistema de gestão. Florianópolis, 2014.

KRISCHKE, Paulo. J. O Movimento de Bairros Ligados as CEBs de Florianópolis: a Dimensão Participativa numa Cultura Política em Transição. Revista de Ciências Humanas / UFSC, Florianópolis, vol. 8, N° 12, 1992.

MACHADO, Simone Matos. O processo de formalização jurídico-institucional dos conselhos comunitários em Florianópolis (1977 - 1983): Um caso de oposição sistemática. 1990. 96 f. Dissertação (Mestrado em Sociologia) - Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós Graduação em Sociologia Política, Florianópolis, 1990.

NETO, A. M de Oliveira, G.G. e Corrêa, M.C. Memória de Bairros: Córrego Grande. 2006. 156 f. Trabalho de Conclusão da Disciplina de Prática Curricular de Patrimônio Cultural II, do Curso de História do Centro de Ciências da Educação – FAED/UDESC, Florianópolis, 2006.

Entrevistas

Para a elaboração deste projeto, pela natureza dinâmica dos fatos e acontecimentos, muitas informações foram transmitidas e colhidas oralmente (presencialmente ou via telefone) ou por e-mail. Segue abaixo, a relação das pessoas consultadas, no período de outubro de 2014 a março de 2015, às quais expresso sincero agradecimento: Prof. Dr. César Floriano dos Santos (Faculdade de Arquitetura e Ubanismo – UFSC); Prof. Dr. César Augusto Pompêo (Engenharia Sanitária e Ambiental – UFSC); Profa. Dra. Henriette Lebre La Rovere (Engenharia Civil – UFSC); Rosângela Mirela Campos e

Hélio Carvalho Filho (coordenadores do Fórum da Bacia do Itacorubi); Alfredo Westphal Neto (Chefe do Departamento de Consultoria Técnica e Processo na Câmara Municipal de Florianópolis); Hermann Mondl (Geógrafo e membro do Forum da Bacia do Itacorubi); Danilo Funke (Biólogo FLORAM); alunos da disciplina ARQ 5682 – Atelier Livre, semestre 2014/2, em particular Amarildo Junior, Nathalia Pecantet e Yuri Rodrigues. Agradecimentos especiais aos Prof. Dr. Ayrton Bueno (Faculdade de Arquitetura e Ubanismo – UFSC); Prof. Dr. Nelson Popini Vaz (Faculdade de Arquitetura e Ubanismo – UFSC); Prof. Me. Mestre Dario Cunha (Mestre em Engenharia da Produção - UNIVALI); Simone Mollerke (Mestranda em Arquitetura e Urbanismo – UFRGS); Raquel Carriconde (Mestre em Ciências Sociais - UERJ) e Vivian Eckert (Mestranda em Arquitetura e Urbanismo – UFSC).

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ANEXO E – Entidades componentes do Fórum da Bacia do Itacorubi

Hoje tem como coordenadores Rosângela Luz Vieira e Hélio Carvalho Filho. Abaixo, lista atualizada das entidades que congregam o Fórum, seus respectivos representantes e ano de criação:

Nome Entidade Sigla Representante Desde

1 Associação Comunitária do Jardim Santa Mônica Acojar Rosângela Luz Vieira 1978 2 Conselho Comunitário do Jardim Cidade Universitária Conjardim Hélio Carvalho Filho 1979

3 Conselho Comunitário do Pantanal CCPan Albertina da Silva

Souza 1982

4 Conselho Comunit. Jardins Flor da Ilha e Anchieta (inclui

o loteamento Jardim Germânia) Confia Marilda Silva Souza 1982

5 Associação de Moradores do Bairro Itacorubi ABI Paulo Ruver 1982

6 Associação de Moradores da Vila Ivan Matos e

Adjacências Amovim Vilmar Marques 1992

7 Associação de Moradores do Jardim Albatroz Amja Adriano Weickert 1996

8 Associação de Moradores do Bairro Trindade Ambatri Ana Claudia Caldas 2001 9 Associação de Moradores do Sertão do Córrego Grande Amosc Lúcia Junglos 2007

10 Associação de Moradores do Alto Pantanal Amap Cristiane Molina 2012

11 Conselho Comunitário do Córrego Grande CCCG Adriano Weickert nd

12 Conselho Comunitário do Parque São Jorge Conjorge Magna Amaral nd

Quadro 1: Entidades que compõe o Fórum da Bacia Hidrografica do Itacorubi Fonte: levantamento de dados feito pela autora.

Além destas:

a) Instituto Mangue Vivo – Sr. Paulo Douglas Pereira; b) Conselho de Segurança (CONSEG/SAMAN) - Sr. Ênio Lima;

c) Conselho de Segurança da Trindade (CONSEG/TRINDADE) - Sra. Ana Cláudia Caldas.

O geógrafo Hermann Mondl é morador da Bacia do Itacorubi, e trabalha nos mapas geo-referenciados (SIG, com software ArcGIS) juntamente com o grupo de trabalho da UFSC.

ANEXO E – Descrição dos itens da metodologia, na ordem em que aparecem no texto.

Abordagem qualitativa: a pesquisa centra-se, sobretudo, no processo e na sua relevância para o desenvolvimento da investigação, buscando significados nas inter-relações (atores, objeto de estudo e o contexto).

Estudo de caso: conforme Yin (2001): “Em geral, os estudos de caso representam a estratégia preferida quando se colocam questões do tipo "como" e "por que", quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real.”

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Revisão bibliográfica: literatura técnico-científica, trabalhos acadêmicos, legislação, sites.

Pesquisa documental: do histórico de ocupação urbana e implantação do PLCG; dos aspectos geofísicos, paisagísticos, hidrológicos, biológicos, viários, etnográficos e culturais da Bacia do Itacorubi, em arquivos municipais, bibliotecas, órgãos públicos (IPUF, Fatma, Celesc, Casan, IBGE, entre outros), cartórios, mapotecas, coberturas aerofotogramétrica aéreas, imagens de satélite. Entrevistas individuais na etapa teórica e de reconhecimento: os atores escolhidos serão os que forem inicialmente identificados pela sua atuação direta no processo, entre eles, prof. Dr. César Floriano dos Santos, os coordenadores do Fórum da Bacia do Itacorubi, o geógrafo Hermann Mondl, prof. Dr. Cesar Pompêo, os representantes dos conselhos e entidades comunitárias, membros do Ministério Público de Santa Catarina e das construtoras.

Etnometodologia: Produção de dados de conhecimento antropológico a partir de uma inter-relação entre o(a) pesquisador(a) e o(s) sujeito(s) pesquisados que interagem no contexto, para suprir demanda científica (ECKERT, ROCHA, 2008).

Entrevistas individuais na etapa de desenvolvimento da pesquisa: com os corpos técnicos responsáveis pelos projetos em elaboração e dos cursos de Engenharia Sanitária e Ambiental, Geografia, Biologia.

Entrevistas semiestruturadas: Entrevista com poucas perguntas abertas, direcionadas para obtenção de determinadas informações. Os atores seriam moradores que frequentam as reuniões comunitárias do Fórum da Bacia do Itacorubi.

Observação participante: Técnica em que o pesquisador observa e interage com os atores, e pode ter variações: o pesquisador pode tanto observar com distanciamento, como modificar ou ser modificado pelo contexto. Seriam feitas nas áreas já em uso público; nas áreas em obras e nas reuniões comunitárias do Fórum da Bacia do Itacorubi.

Questionários: aplicados nos os moradores presentes nas reuniões comunitárias do Fórum da Bacia do Itacorubi.

Diário de campo: onde são anotados tanto os dados de levantamento quanto descrições e reflexões da pesquisadora. Este registro de dados será sistematizado para possibilitar a indexação de conteúdo.

Mapas temáticos: geofísicos, hidrológicos, usos e ocupação do solo e recursos hídricos, cobertura vegetal, sistema viário, aspectos históricos e culturais da paisagem, propostas do PLCG e de recuperação do rio, equipamentos urbanos, e outros que forem pertinentes.

Relatórios:com dados e informações baseados nas demandas das entidades comunitárias, ações dos órgãos públicos e setores privados.

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Análise comparativa: Nos trechos em que o projeto já tiver sido implantado, haverá a possibilidade da análise comparativa dos resultados esperados pelo projeto do PLPG e o resultado da análise dos dados coletados na pesquisa depois das intervenções. Nos trechos que estiverem em outras etapas, poderão ser avaliadas as condições iniciais em relação às que foram propostas em projeto.

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