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A GROUNDED THEORY COMO ALTERNATIVA METODOLÓGICA PARA PESQUISA EM ENFERMAGEM

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A GROUNDED THEORY COMO ALTERNATIVA METODOLÓGICA PARA PESQUISA EM

ENFERMAGEM

TH E GROU NDED TH E O R Y AS ALTERNATIVE M ETHODOLOG Y FOR STUDIES lN N U RSIN G EL GROU NDED TH EORY COM O ALTERNATIVA M ETODOLÓGICA PARA LA INVESTIGACIÓN

E N E N F E RM E RíA

Sérgio Ribeiro dos Sa ntos' M a ria M i riam Lima da Nóbrega2

RES U M O : O presente estudo a p resenta um método de pesq uisa i nterpretativo e sistemático para desenvolvimento de pesq uisa em enfermagem chamado grounded theory, cujo suporte teórico é o i nteracionismo simbólico . O propósito é descrever a grounded theory como alternativa metodológica para construção d o con hecimento em enfermagem. O estudo destaca : pri ncípio fu ndamenta l , conceitos básicos, trajetória do método e processo d e anál ise dos dados. Concluímos que a siste matização dos dados e sua i nterpretação , a partir da experiência vivenciada pelos atores sociais, constituem ricos subsídios para gerar teorias através desta ferramenta de pesquisa.

PALAVRAS-C HAV E : pesq uisa em enfermagem, método, pesq uisa qualitativa

ABSTRACT: This study presents a method of i nterpretative and systematic research with applia nce to the development of studies in nursing called "the g rou nded theory" , whose theoretical support is the sym bolic i nteractionism. The purpose of the paper is to describe the g rounded theory as a n alternative methodology for the construction of knowledge i n n u rsing. The study highlights four topics: the basic pri ncipie, the basic conce pts , the trajectory of the method and the process of analysis of the data . We conclude that the systematization of data and its i nterpretatio n , based on social actors ' experience, constitute strong subsidies to generate theories through this research tool .

KEYWORD: research i n n u rs i n g , method , qualitative research

RES U M E N : E I p resente estu d i o presenta un método de i nvestigación i nterpretativo y sistemático para el desarrollo d e la investigación en enfermería que se lIama grounded theory, cuyo soporte teórico es el interaccionismo simbólico. EI propósito es descri birlo como una alternativa metodológica para la construcción dei conocimiento en enfermería. EI estudio contiene: pri ncipio fu ndamental, conceptos básicos, trayectoria dei método y proceso d e análisis d e los datos. Se concluye que la sistematización de los d atos y su i nterpretació n , a partir de la experiencia vivida por los actores sociales constituyen preciosos subsid ios para genera r teorías a través de esta herramienta i nvestigativa .

PALAB RAS-CLAVE: i nvestigación en enfermería, método, i nvestigación cual itativa

Recebido em 20/04/2002 Aprovado em 20/1 2/2002

1 Enfermeiro . Mestre em Enfermagem. Professor Adjunto do Departamento de E nfermagem-DEMCAlUFPB. Doutorando em Ciências da Saúde/U FPB.

2 Enfermeira . Doutora e m E nfermagem. Professor Adjunto do Departamento de E nfermagem-DESPP/U FPB. Coordenadora do Mestrado em Enfermagem/U FPB.

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INTRODUÇÃO

A grounded theory, n a sua melhor trad ução em português sign ifica teoria fu ndamentada nos dados, é uma a b o rd a g e m m e to d o l ó g i c a q u e tem s u a s ra í z e s n o interacionismo simbólico e está voltada para conhecer a rea l i d a d e a p a rti r d o co n h eci m e nto d a p e rcepção o u "significado" q u e certo contexto ou objeto tem para a pessoa. Trata-se, portanto , de u m método d e pesq uisa qual itativa q u e a p l ica a l g u n s p ro ce d i m e n t o s s i st e m át i co s p a ra desenvolver uma teori a , através d os métodos i n d utivo e dedutivo, com base nos dados investigados, ao invés de testar uma teoria já existente.

Esse método foi desenvolvido por Barney G . Glaser e Anselm L. Strauss, sociólogos da U niversidade da Califómia em San Francisco , no i n ício da década de 1 960, cuja ênfase era a necessidade de compreender o ponto de vi sta do ator para entender a i nteração, o processo e a mudança soci a l . Strauss foi i nfl uenciado p e l o i nteracionalismo simbólico e pelos trabalhos de W. I . Thomas, G . H . Mead e Herbert Blumer. Glaser, a parti r de uma perspectiva mais teórico-quantitativa, desenvolveu uma apreciação para o pensamento reflexivo, métodos sistemáticos de categorização e generalizações t e ó ri c a s . N e s s e a s p e cto , rece b e u a i n fl u ê n c i a d o i nteracionismo simbólico n a com p reensão de rea lidade soci a l .

O propósito da grounded theory é a construção d e u m a teo ria c o m base n o s d a d o s i nvesti gados e m u m determinado objeto da realidade que s ã o obtidos de maneira indutiva ou dedutiva . Em seguida, esses dados são fi rmados em categorias conceitua i s que, ao serem estabelecidas, podem exp l i car o fe n ô m e n o . O s comporta me ntos são estudados ao n ível simból ico e i nteracional e d evem ser observados no ambiente , tendo em vista que os significados são derivados da i nteração soci a l .

Parti ndo-se destas premissas, delineamos como objetivo deste trabalho descrever a grounded theory como método de pesquisa qual itativa que pode ser uti l izado pela enfermagem como alte mativa metodológica para construção do co nhecim ento cie ntífico. N esse senti do, é g rande o interesse de pesquisadores por esta a bordagem, suscitando assim, vários estudos que subsidiaram a construção do conheci mento em enfermag e m . Trabal hos p roduzidos por Boemer e Va lle ( 1 988 ) , G utiérrez ( 1 989 ) , Cassiani ( 1 994), Reiners ( 1 995), Dupas ( 1 997), Sa ntos (2002 ) entre outros, são a l g u n s exe m p l o s na á re a de e n fe rm a g e m q u e desenvolveram estudos e m q u e s e util izou deste método como referencial teórico-metodológico adeq u a ndo-se , a análise e i nterpretação, com as características do saber e dos objetivos da pesq uisa em enfermagem.

A grounded theory, na realidade, fornece explicações de como os eventos ocorrem e habil ita os e nfermeiros a e x p l o ra re m os d a d o s c o m r i q u ez a e e m c o n textos rel ativamente descon hecidos, perm iti ndo o entend i mento i nterpretativo do que está fazendo. A grounded theory é essencial para refleti r sobre a epistemologia do saber da enfermagem, uma vez q u e , o saber requer a seg u rança da prática, já que a enfermagem é u m a disci p l i n a baseada n a prática, de tal forma q u e o conhecimento deve alcançar desde a vivência do enfermeiro até a construção sistemática do conhecimento.

PRINCíPIO F U N DAMENTAL

A grounded theory está fu ndamentada na col eta e análise dos dados que ocorrem simultaneamente. A pesquisa uti l iza os dados freqüentemente d u ra nte o estudo, revisa os questionamentos e busca fatos que estão acontecendo no cenário socia l . A constante comparação do método é usada para desenvolver e refi n a r as categorias teori camente relevantes . Este processo d e análise comparativa continua durante toda col eta d e dados até sua satu ração, ou seja, quando a coleta de dados não p rod uz novas i nformações. Este método é uti l izado quando já existe um con heci mento mínimo sobre um fenômeno ou quando uma nova perspectiva é requerida. Através desse processo, o i nvestigador descobre os padrões fundamentais da vida social ou do processo social básico, que leva ao desenvolvi mento da teoria.

Segundo Cassiani ( 1 994), a grounded theory é uma metodologia de campo que objetiva gerar constructos teóricos que explicam a ação no contexto social sob estudo. O investigador procu ra p rocessos q ue estão acontecendo no cenário soci a l , partindo d e uma série de h i póteses que, u n i d as u m a s às outra s , p o d e m expl icar o fe n ô m e n o , combi nando abordagens i n dutivas e dedutivas.

CONCEITOS BÁSICOS

Para G laser e Strauss ( 1 967 ), ao desenvolver uma teoria , o pesq u isador d eve fixar-se na categoria conceituai, estabelecida a parti r dos fatos e dos conceitos que podem emergir. Por isso, a grounded theory, está baseada no método comparativo, a fi m de ser gerada a hipótese . Assi m , o pesquisador continuamente formula hipóteses e as descarta se não parecem precisas, e m bora os dados considerados contraditórios não sejam d escartados de imediato, porque p o d e m c o n t ri b u i r p a ra o e n r i q u e c i m e n to da te o r i a p o s t e r i o r m e n t e . A l g u n s c o n c e i t o s b á s i c o s p a ra o ente n d i m e nto e a uti l i zação d e sta metodologia serão abordados a seguir:

Sens i b i l idade teórica : é a qual idade pessoal do pesq u i sador que i n d i ca a p e rcepção de suti l ezas dos sign ificados dos dados (STRAU S S ; CORB I N , 1 99 1 ). É a capacidade de ter insights a respeito de u m fenômeno, a habi l i dade de recon hecer e dar sign ificado aos dados e entendê-los. Seg u n d o G laser ( 1 978), para se alcançar a sensibilidade teórica , é preciso entrar no cenário da pesquisa com o m ín i mo de idéias p reconcebidas, especialmente aquelas logica mente deduzidas . Ag indo dessa maneira, o pesquisador será capaz de permanecer sensível aos dados, registrar eventos e detectar aconteci mentos , sem tê-los de filtrar com pensamentos e ajustes de hipóteses ou tendências preexi ste nte s . P a ra isso é p reciso q u e mantenha u m equil íbrio entre criatividade e cientificidade e que mantenha uma postura cética ao seguir os procedimentos de pesquisa. O s o m atório d e t o d o s estes a s p e ctos dese nvolve a sensibilidade teórica e aj uda na form u lação de uma teoria. Amostra g e m teórica o u a m ostra propos ital : con stitui-se no p rocesso de coleta de dados para gerar a teoria onde o anal ista coleta , codifica e analisa seus dados e decide quais dados col etar e onde encontrá-los, a fi m de desenvolver a t e o r i a q u e e stá e m e rg i n d o ( G LAS E R ; STRAU S S , 1 96 7 ) . O objetivo d a a mostragem teórica é 576 Rev. Bras. Enferm . , Brasílía, v. 55, n . 5, p. 575-579, set./out. 2002

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seleci onar eventos, i n c i d e ntes q u e são i nd i cativos de categorias, a fim de que se possa desenvolvê-Ias e relacioná­ las. I n icial mente, o i nvestigador começa a entrevista r um grupo da população, seg u i n d o seus objetivos . Os cód igos el ucidados destas entrevistas são util izados para direcionar a coleta de d ados adicionais, desenvolvendo teoricamente as categorias com respeito às suas propriedades e à sua conexão com outras catego ri a s . A a mostragem teórica de qualquer categoria termina quando ela estiver, num processo de saturação teórica , elaborada e i n tegrada em uma teoria emergente (CASS IAN I , 1 994).

M e m o ra n d o s e d i a g ra m as : os m e m o ra n d o s constituem u m a forma de reg istro referente à formulação d a teoria, enquanto o s diagramas s ã o representações gráficas ou i magens que permitem a visual ização das relações entre os conceitos . Ambos p o d e m ser expressos por notas t e ó r i ca s , n o t a s m e t o d o l ó g i c a s , n ot a s c o d i f i ca d a s e subvariedades delas.

TRAJ ETÓRIA DO M ÉTODO

Os procedi mentos de coleta e anál ise de dados são constru ídos com base no "modelo de paradigma ' proposto por Strauss e Corbin ( 1 99 1 ), que têm sua estrutu ra apoiada nos segui ntes elementos:

Condições causa i s : referem-se ao conj u nto de evento s , i n c i d e n tes o u a c o n te c i m e ntos que leva m à ocorrência ou desenvolvi m ento de u m fe nômeno. São denominadas e apontadas, nos dados, através de expressões como: quando, onde, uma vez q u e , porque, devido a, por causa de. Todavia, esses dados nem sempre são evidentes , mas podem ser localizados.

F e n ô m e n o : é a i d é i a c e n t ra l , o e v e n t o o u acontecimento, para o s q u a i s a s ações o u interações são dirigidas ou com os q u a i s estão relacionadas.

Co ntexto : são as especificidades d a cond i ção ca usal e do fenômeno, o u sej a , u m grupo específico de particularidades que os envolve , as condições dentro do qual as estratégias de ação/i nteração são tomadas.

Condições i ntervenientes : i n d icam as condições estruturais que se apoiam nas estratégias de ação-i nteração e que pertencem ao fenômeno. Essas condições agem, faci l ita ndo ou restri ngindo as estratégias de ação-i nteração tomadas dentro de um contexto específico. Podem i ncl uir as seg u i ntes cond i ções: tem p o , espaço, cultura , status econômico, status tecnológico, história, biografia do indivíduo, entre outras.

Estratég ias de ação-i nteração: i n d i cam como as pessoas res p o n d e m à s co n d i çõ e s ca u s a i s , ou sej a , d i reci o n a m a ação- i n te ra ç ã o p a ra g e re n c i a r, l i d a r o u responder a u m fenômeno e como ele se d á n u m determinado contexto . Essas estratégias d evem ser concebidas como processuais, seqüenciais, e m movi mento, m udando ao longo do tempo, orientadas por m etas , feitas por alguma razão. Elas são descritas normalmente por verbos d e ação, tais como: manter, procu rar, fazer, avaliar, entre outros.

C o n s e q ü ê n c i a s : são i d e n ti fi c a d a s c o m o os resultados ou expectativas d a ação-interação em rel ação a um determi nado fenômeno.

Ta i s p roced i m e n to s , s e g u n d o D u p a s ( 1 9 9 7 ) , capacita-nos a pensar siste maticam ente sobre o s dados e

a relacioná-los d e modo mais complexo , de forma que a resposta a cada u m de seus elementos possa garanti r a saturação teórica de cada categori a .

Dura nte toda a fase de desenvolvimento do método, devem ser ela borados "memorandos" ou "memos". O uso de a n ota ções p o s s i b i l ita o re g i stro d a s i nfo rmações observadas e , posteriormente, colocadas no papel para se poder uti l izar esse reg i stro na com plementação da anál ise dos dados. Essa técnica aj uda a compreender, com mais p rofundidade, as i m p l i cações que o fenômeno a presenta . Além d isso, o método , por sua natureza , é flexível e permite mais l i berdade ao observador para novamente conceitualizar o problema, a pós sua familiarização com a situação (POLlT; H U N GLER, 1 995).

Assi m , as i nformações devem ser reg istradas em pequenas a n otações ou memorandos, frases, palavras, g e s t o s . I s s o o c o r r e a t é m e s m o c o m a i m p re s s ã o demonstrada pelo entrevistado n o momento e m que acontece a entrevista. Todos os registros são organizados obedecendo às recomendações metodológicas propostas por Schatzman e Strauss ( 1 973 ), consisti ndo de notas de observação (NO), notas metodológicas (NM) e n otas teóricas (NT).

As n otas d e observação, conforme os citad os a utore s , s ã o a s descri ções sobre os eventos obti d o s especialmente pela observação, apresentando a menor i nterpretação possível. Portanto, cada NO representa qualquer aconte c i m e nto de especi a l i n teresse para s u b s i d i a r o julgamento dos dados, como também obter evidências que escl a reçam os fatos , uti l izando-se as expressões : quem, o que, quando, onde e como.

As notas teóricas ocorrem quando o pesq uisador tenta , ao e ncontrar os fatos , registrar a i nterpretação , ou sej a , dar o significado e esta belecer conexões entre notas de observações o u conceitos já elaborados. E ntão, são as i nterpretações, h i p óteses e i nferências com o propósito de desenvolver conceitos.

F i n a l mente, as n otas metodológicas se referem a a l g u n s a t o s o p e r a ci o n a i s u t i l i z a d o s p a ra i n st ru i r o pesq u isador, u m lembrete, uma crítica, a fi m de que possa tom a r decisões que d e l i n e i e m o estudo aos problemas encontrados n a aqu i sição d e novos dados e a maneira estratégica de resolvê-los.

PROC EDENDO A ANÁLISE DOS DADOS

Para compreender o significado dos dados que são obtidos com as entrevistas e as observações, procede-se à a n á l ise dos d a d o s , cod ifican d o-os , categorizando-os e identificando a categoria centra l . A abordagem da grounded theory e a perspectiva do i nteracionismo simbólico, como m étodos d e pesq u i s a q u a l i tativa , a m p l i a m a visão d o fenômeno porq u e a p roveitam todos o s dados advindos d a anál ise d a s entrevistas e outros adquiridos pelo próprio i n vest i g a d o r, como a s n otas de observação, que são focalizadas n o momento d a anál ise .

Assi m , a pó s a co n cl u sã o d e cada e ntrevi sta , procede-se à sua tran scrição, dig itado-as e i mpri m i ndo-as . A codificação pode ser feita manualmente e os códigos devem ser anotados na m a rgem d i reita da pág i n a . Essa etapa é denominada por Strauss e Corbin ( 1 99 1 ) de codificação aberta , que consi ste n u m p rocesso de desmembra mento ,

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exame, comparação, con ceitu a l i zação e categorização. Nela, separam-se os dados ou recortes que são as unidades de anál ise, nomeando cada idéia ou evento, de modo que represente os fenômenos identificados. Estes passam a ter os primeiros conceitos que d evem ser comparados uns com os outros através de q uestionamentos para que fenômenos s e m e l h a ntes possam rec e b e r a m e s m a i d e ntificação ( S O UZA, 1 9 9 9 ) . G e ra l m e n te , s ã o con stitu í d a s m u itas categorias diferentes que i n d i ca m ser parte do fenômeno expresso pelos cód igos identificados, e , ao fazermos o questionamento: o q u e sign ifica isso? Procuramos com esta pergu nta organ izar os dados. .

Durante essa fase são elaborados alguns "memora­ ndos" ou "memos" que, de acordo com Strauss e Corb i n ( 1 99 1 ), auxiliam no desenvolvimento da teoria, podendo ser considerado como o pensamento a bstrato que se tem sobre os dados. Esse proced i mento sugerido pelos autores traz vantagem ao pesquisador pois ele pode guardar a informação e d i spon i b i l izá-Ia q u a n d o necessita r. Essas a n otações possi bilitam maior reflexão sobre o fenômeno i nvestigado e p ro p o rc i o n a m i n s i g t h s q u e c o n t r i b u e m p a ra u m a compreensão mais apurada d o estudo.

N a eta pa segu i nte, atri b ui-se u m nome conceituai ou abstrato para cad a agrupamento d e dados real izados, cód igo por cód igo, que tenha alguma semelhança entre si ou mesmo características disti ntas. Os dados categorizados recebem a d e n o m i n ação de categori a s , conforme são interpretados. Esta é uma característica do método que busca no p rocesso refl exivo as res postas q u e ex p l i ca m u m determi nado fenômeno. N o tocante a esse aspecto, Strauss e Crobin ( 1 99 1 ) afirmam que a categorização permite reduzir o n ú mero de u n idades d e a n á l ise tra b a l h a d a s . Essas categorias podem mudar d e nome, cad a vez que se busca nas entrevistas mais conceitos e se fazem comparações dos dados. Tais modificações acontecem , até que se encontre uma que represente o significado do cód igo agrupado.

Dando prosseguimento à anál ise dos dados, passa­ se à etapa denominada por Strauss e Corb i n ( 1 99 1 ) de codificação axia l . É um g rupo de procedi mentos segu idos pelo investigador em que os dados são agrupados em novas formas, estabelece n d o conexões e ntre as categ o ri a s , buscando expandi r e aprofu ndar a teoria emergente . Essas conexões são denominadas de conexões teóricas, que são estabelecidas entre uma categoria e suas subcategorias, em termos das condições ca usais, contexto , condições i nterven ientes, estratégias e conseq üências (CASS IAN I , 1 994).

Na eta p a s e g u i nte do processo a n a l í t i c o , as categorias são refi nadas com mais consistência, sendo denomi nada por Strauss e Corb i n ( 1 99 1 ) d e cod ificação seletiva , que consiste n u m processo d e i nteg ração entre as categorias e su bcategorias defi n idas (um n ível de análise mais abstrato ) , após a d escrição anal ítica do relato , até descobri r a categoria centra l que deve estar presente na maioria dos relatos e deve ser ampla e abstrata para i nclu i r e expressar todas as outras.

A condução desse processo permite a redução das categorias por meio d a comparação e organização dos dados, constitu indo-se outras mais amplas e densas. É uma ativi dade d e p u ra refl exão e m que a s u bjetivi dade do pesq uisador fl ui d u ra nte todo o processo , i ndo além dos

dados para descobri r as pontes de ligação entre as d iversas categorias, poss i b i l itando, d essa forma , a sua i ntegração.

O próximo passo é identificar a categoria centra l q u e , seg u n d o Stra u s s e C o rb i n ( 1 99 1 ) , é o c i m e nto cond utor que coloca e mantém adequadamente ju ntos todos os componentes da teoria, ou seja, a categoria central torna expl ícita a experiência vivenciada pelos entrevistados na construção do modelo conceitu a I . Para Jorge ( 1 997), a categoria central s u rge no processo de anál ise, no qual delineia-se a centra lidade da categorização, o principal tema em torno do qual g i ra m todas as categorias.

Quando essa etapa do trabalho é ati ngida, bu sca­ se i nter-re l a c i o n a r os fe n ô m e n os com as cate g o r i a s representativas q u e traduzem concretamente a sensibilidade teórica para com p reender o sign ificado da experiência dos entrevistados como um todo e, a partir daí, desenvolver um modelo teórico representativo dessa experiência. O fenômeno deve ser examinado na perspectiva do paradigma de análise de Strauss e Corb i n ( 1 99 1 ) , como uma forma para agrupar as categorias e faci l itar a a n á l ise dos dados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A grounded theory tem contribu ído significativamente para a expansão do con heci mento em enfermagem , por se tratar de uma abordagem i nterpretativa e sistemática , que extrai da experiência e d a rea l i dade dos atores sociais envolvidos, o cam i n h o para chegar a resultados confi áveis que possam gerar ações.

O interacionismo simbólico é o referencial teórico que dá sustentação ao método possibilitando ao pesquisador foca l izar sua análise no s i g n ificado simbólico , a fi m de ente n d e r o co m p o rtamento dos sujeitos, como se e l e estivesse no l u g a r dele, ou seja, entender o mundo a partir da perspectiva do sujeito . Assi m , a enfermagem tem mais uma a lternativa m etodológica para apl icar na pesq uisa e aperfeiçoar seus con heci mentos.

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