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Efeitos do treinamento intervalado de alta intensidade em cardiopatas

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EFEITOS DO TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE EM CARDIOPATAS

Nathan Silveira

Resumo: Exercício de alta intensidade intervalo está se tornando cada vez mais popular entre a população mundial fisicamente ativa. No entanto, percebe-se que ainda existe certo receio por parte dos profissionais da área da saúde em se trabalhar o treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) na recuperação de cardiopatas, dando estes, preferência para a prescrição do método convencional. Este estudo constitui-se de uma revisão da literatura, realizada entre março de 2017 a novembro de 2017, no qual realizou-se uma consulta de artigos científicos selecionados através de busca no banco de dados do SCiELO, Pubmed, lilacs, teses e dissertações, foram encontrados 47 artigos referentes ao tema, sendo excluídos aqueles que não atendiam aos critérios estabelecidos para a seleção. A presente revisão de literatura identificou que o HIIT aplicado em pacientes cardiopatas, apresentam melhoras no condicionamento cardiorrespiratório, quando comparado a protocolos de exercício moderado contínuo, no que diz respeito a ganhos no pico de consumo máximo de oxigênio e na melhoria da capacidade de ejeção do ventrículo esquerdo. O HIIT se mostra mais eficiente em função do tempo, o que deve ser levado em consideração, já que a falta de tempo tem sido citada como uma das maiores barreiras para a adesão a programas de reabilitação. Desse modo, o HIIT se mostra seguro e mais eficiente em função do tempo, concluímos que o HIIT é considerado uma método eficiente na prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares e pode ser inserido em programas de reabilitação cardíaca.

Palavras-chave: High intensity interval training; treinamento intervalado de alta intensidade; cardiopatas.

Artigo apresentado como trabalho de conclusão de curso de graduação da Universidade do Sul de Santa

Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Educação Física). Orientador: Prof. MSc Leonardo De Lucca, Titulação. Palhoça, 2017.

Acadêmico (a) do curso de Educação Física da Universidade do Sul de Santa Catarina. Endereço

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1 INTRODUÇÃO

Encorajando um estilo de vida ativo e pensando na saúde da população, as diretrizes são unânime ao propor que a população deve aderir à prática regular de exercícios físicos, entre 30 a 60 min, na maioria dos dias da semana (HASKELL et al., 2007; ACSM, 2011).

Segundo Reichert et al (2007) umas das principais razões para a baixa adesão a programas de exercícios físicos, justificada pela população, é a falta de tempo. A partir dessa suposição, surge a sugestão do treinamento intervalado de alta intensidade ou High Intensity Interval Training (HIIT), que permite ao praticante realizar a sessão treino em um curto período de tempo em alta intensidade.

Sua principal característica é a repetição de contínuos ciclos alternando alta e baixa intensidades, com a contribuição dos sistemas energéticos sendo dependente do número e da duração das repetições e do período de recuperação entre elas. Alguns protocolos de HIIT têm sido utilizados pela população, tendo como relatos adaptações cardiovasculares, musculoesqueléticas e metabólicas favoráveis (LITTLE et al., 2011a; TJONNA et al., 2008; WISLOFF et al., 2007).

Com base em estudos derivados da eficácia do HIIT para o meio esportivo, nas últimas décadas foram realizadas pesquisas relacionando o HIIT a adaptações fisiológicas específicas e a indicadores de saúde. (KESSLER; SISSON; SHORT, 2012).

Pensando em melhorar a saúde dos indivíduos com doenças cardiovasculares, e divulgar a eficiência do HIIT em produzir benefícios à saúde de forma mais rápida, quando é comparado ao exercício contínuo de intensidade moderada. (KILPATRICK; GREELEY, 2014; MARTINEZ et al., 2015).

As doenças cardiovasculares são um dos mais importantes problemas de saúde, lideram como as maiores causas de mortalidade e são

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responsáveis por um terço dos óbitos no mundo. Estima-se, para o ano de 2020, que 24.800.000 pessoas morrerão por essas causas (WHO, 2001).

Os fatores de risco cardiovascular podem ser classificados em modificáveis, que podem ser prevenidos, tratados e controlados, e também como não modificáveis. Em meio aos modificáveis estão: hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, tabagismo, sedentarismo, obesidade, dietas inadequadas, diabetes mellitus e uso de álcool. Os não modificáveis estão entre eles o histórico familiar ou hereditariedade (SILVA JUNIOR et al., 2003).

Para que haja uma queda da mortalidade por doenças cardiovasculares, primeiramente tem que ser identificados os principais fatores de risco, por meio de estudos de base populacional, e utilizar estratégias eficazes de controle, incluídos à adesão a prática de atividades físicas, educação comunitária, e o monitoramento dos indivíduos de alto risco (BARRETO et al., 2003).

Dessa forma, o objetivo deste estudo é investigar os efeitos do treinamento intervalado de alta intensidade aplicados em pacientes cardiopatas.

2 MÉTODO

Este estudo constitui-se de uma revisão da literatura, realizada entre março de 2017 a novembro de 2017, no qual realizou-se uma consulta de artigos científicos selecionados através de busca no banco de dados do SCiELO, Pubmed, Lilacs, teses e dissertações.

As palavras-chave utilizadas na busca foram: treinamento intervalado + cardiopatas; exercício físico + cardiopatas; high intensity interval training + cardiac diseases; HIIT + cardiac patients. Na busca inicial foram considerados os títulos e os resumos dos artigos para a seleção ampla de prováveis trabalhos de interesse, sendo destacados os artigos, que apresentavam as palavras chave utilizadas. Foram utilizados como critérios de inclusão os textos que abordavam tema proposto, textos nacionais, e textos publicados entre

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2000 e 2017 (pela preferência em pesquisar publicadas recentemente). Assim, foram encontrados 47 artigos referentes ao tema, sendo excluídos aqueles que não atendiam aos critérios estabelecidos.

3 REFERENCAL TEÓRICO

3.1 DOENÇAS CARDIOVASCULARES E EXERCÍCIO FÍSICO

As Doenças Cardiovasculares (DCV) são, a maior causa de mortes no mundo, presente tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento (WHO, 2011).

As doenças cardiovasculares compõem um grupo de enfermidades de grande relevância e prevalência na sociedade atual. Cerca de 50% das pessoas que procuram atendimento médico em clínicas e hospitais padecem de várias formas de doenças cardiovasculares, tais como doença arterial coronária isquêmica, hipertensão arterial, miocardiopatia idiopática ou de causa definida (chagásica, hipertensiva, isquêmica), arritmias, cardiopatia congênita e valvulopatia reumática. (CONRADO, 2007; OLIVEIRA, SILVA, 2000; ZASLAVSKY e GUS, 2002).

As doenças cardiovasculares são alterações que ocorrem no coração e nas estruturas vasculares, os quais, quando danificados, geram grande prejuízo ao funcionamento do organismo. Essas doenças apresentam, alta prevalência na população, principalmente com o grande número de pessoas que atingem idade avançada (CONRADO, 2007; OLIVEIRA, SILVA, 2000; ZASLAVSKY, GUS, 2002; SCULLY, ETTINGER, 2007).

As cardiopatias foram, no início do século XX, responsáveis por menos de 10% dos óbitos em todo o mundo. Apesar disso, ao final desse mesmo século, esse índice aumentou em aproximadamente 50% dos óbitos nos países desenvolvidos e 25% nos países em desenvolvimento. Para 2020, estima-se em 25 milhões o número de óbitos a serem provocados pelas doenças isquêmicas do coração (GAMA et al., 2007; ISHITANIet al., 2006).

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No Brasil as doenças cardiovasculares representam a principal causa de morte (ISHITANI et al., 2006), sendo 32,6% dos óbitos com causa confirmada relacionados a elas (ALMEIDA et al., 2003; ROMANZINI et al., 2008).

Suas manifestações clínicas, geralmente, ocorrem sob a forma de infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico, angina pectoris ou morte súbita. Acomete mais os homens entre 50 e 60 anos e mulheres entre 60 e 70 anos e aumenta progressivamente com a idade (MEHTA et al., 2001).

Entre os fatores que contribuem para o desenvolvimento destas doenças nos idosos está a aterosclerose, que ocorre pelo acúmulo de colesterol e tecido fibroso nas artérias de médio e grande calibre. Tem como substrato inicial, lesões com aspecto de placas, denominadas ateromas (GIANNINI, 2005).

A identificação dos principais fatores de risco para doença cardiovascular, por meio de estudos de base populacional, estratégias efetivas de controle, somados à educação comunitária, e o monitoramento dos indivíduos de alto risco, contribuíram para queda substancial da mortalidade por doenças cardiovasculares em quase todos os países desenvolvidos (BARRETO et al., 2003).

Existem muitas evidências científicas que apontam as vantagens do exercício físico na prevenção das doenças cardiovasculares. Segundo Thompson et al. (2003) pode-se citar vários efeitos fisiológicos benéficos do exercício físico na prevenção de doenças cardíacas, tais como a melhor relação entre oferta e demanda de oxigênio miocárdico, com desenvolvimento de circulação coronariana colateral; menor demanda miocárdica de oxigênio, resultando em menor isquemia miocárdica; melhor controle dos níveis tensionais; aumento da variabilidade da frequência cardíaca, melhora do perfil lipídico; redução da resistência à insulina e melhor controle glicêmico; redução do peso corporal e da circunferência abdominal, com redução da gordura corporal e aumento da massa magra; correção da disfunção endotelial.

Segundo Smith et al. (2006) recomenda-se a prática de exercícios para prevenção de doença coronariana e de outras doenças cardiovasculares,

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incluindo exercício físico aeróbico de moderada intensidade por 30 a 60 minutos diariamente, exercício de fortalecimento muscular e de flexibilidade duas vezes por semana, exercício físico supervisionado para pacientes de moderado a alto risco e estilo de vida ativo. Outras recomendações não devem ser negligenciadas e podem ser mais bem controladas durante um programa multidisciplinar de reabilitação cardíaca, tais como controle dos níveis tensionais, correção da dislipidemia, melhor controle glicêmico, redução do peso corporal, interrupção do tabagismo e uso regular das medicações.

Vale a pena citar os trabalhos de Paffenbarger et al. (1996), que mostram claramente que exercícios de alta intensidade, mesmo que eventualmente, resultam em maior cardioproteção e maior impacto na redução da mortalidade. Desta forma, agregar exercícios de alta intensidade, mesmo que por alguns minutos, uma a duas vezes por semana, parece ser a forma mais atual de prescrição de exercício.

Segundo a Diretriz de Reabilitação Cardíaca, da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2005), é fundamental a estratificação de risco dos pacientes de doenças cardíacas, antes de iniciar um programa de exercícios. Através da anamnese, exame físico e teste ergométrico, é possível estratificar o paciente em baixo, moderado ou alto risco de eventos cardíacos e definir a necessidade de supervisão médica durante a prática de exercícios. O exercício físico protege o indivíduo saudável e o paciente com doença cardíaca, reduzindo risco de mortalidade.

3.2 HIIT

O HIIT (do inglês High Intensity Interval Training), vem sendo metodicamente aplicado com êxito no contexto esportivo há praticamente um século. Esta forma de treinamento é caracterizada por períodos ou repetições intermitentes de alta intensidade (iguais ou superiores à velocidade do máximo estado estável de lactato), interpassados por períodos de baixa intensidade (ativos ou passivos) para a recuperação (BILLAT, 2001).

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Um dos principais atrativos do HIIT é a redução substancial do tempo dedicado ao exercício, que são suficientes para que benefícios cardiorrespiratórios, metabólicos e musculoesqueléticos, sejam alcançados, em comparação ao exercício contínuo de intensidade moderada. Protocolos curtos de HIIT por exemplo, poderiam ter quatro a oito repetições, variando de 10 a 30 seg, em intensidade supramáxima, interpassados por pausas de 4 a 4,5 min de recuperação ativa ou passiva (GIST et al., 2014; SLOTH et al., 2013)

Estas diferenças de intensidade e duração dos estímulos também caracterizam os protocolos de HIIT quanto aos sistemas energéticos envolvidos durante o trabalho. Os protocolos curtos de intensidade supramáxima impõem elevada demanda sobre o sistema anaeróbio, reduzindo rapidamente as vias dos sistemas da fosfocreatina e da glicólise anaeróbia, aumentando então as demandas sobre o sistema aeróbio ao longo das repetições (GLAISTER, 2005). Já, os protocolos de HIIT mais longos resultam em considerável contribuição do sistema aeróbio (BILLAT, 2001; LAURSEN; JENKINS, 2002).

A literatura menciona nove variáveis que podem ser manejadas na elaboração de protocolos de HIIT (BUCHHEIT; LAURSEN, 2013) (FIGURA 1). Destas, a intensidade e a duração da relação entre trabalho e recuperação são as principais, seguidas do número de repetições, do número de séries e da duração do período de recuperação entre as séries. Ainda, a modalidade de exercício, por exemplo, em cicloergômetro ou esteira, deve ser considerada como fator de peso na elaboração das sessões de exercícios. FIGURA 1.

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ILUSTRAÇÃO DAS VARIÁVEIS QUE COMPÕEM UMA SESSÃO DE HIIT. HIIT = treinamento intervalado de alta intensidade. Adaptado de Buchheit e Laursen (2013).

Além disso, a prescrição de protocolos de HIIT pode ser realizada com base em limiares submáximos, como o primeiro e o segundo limiar de lactato, ou relacionados aos limiares ventilatórios, determinados a partir de um teste incremental máximo (TSCHAKERT; HOFMANN, 2013).

O HIIT é capaz de produzir adaptações fisiológicas similares àquelas já identificadas para o exercício contínuo de intensidade moderada, apesar do volume reduzido de exercício, bem como da menor duração da sessão (GIBALA; GILLEN; PERCIVAL, 2014). Com apenas duas semanas de HIIT já é possível perceber aumentos na capacidade oxidativa do músculo (TALANIAN et al., 2007) e diminuições nos fatores de risco vascular e metabólico (WHYTE; GILL; CATHCART, 2010).

Várias semanas de HIIT também promovem alterações favoráveis em alguns marcadores de saúde, como a melhora na aptidão cardiorrespiratória (BURGOMASTER et al., 2008; GIST et al., 2014), e o

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controle glicêmico em indivíduos com sobrepeso (GILLEN et al., 2013) e em portadores de diabetes tipo 2 (CASSIDY et al., 2015; MADSEN et al., 2015).

3.3 EFEITOS DO HIIT NAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES

As Diretrizes para a prática de exercício físico para a saúde tem recomendado a realização de treinos aeróbios contínuos moderados (ACM) de no mínimo 30min, cinco vezes por semana ou aeróbios contínuos vigorosos (ACV) 20min, três vezes por semana (ROBERTS et al., 2005; ACSM, 2011).

Por outro lado, segundo Reichert et al (2007) relata que um das grandes barreiras para a prática regular de exercício físico é a falta de tempo. Partindo dessa suposição, o HIIT ou Treinamento Intervalado de Alta Intensidade, pode ser um método de treinamento mais eficiente em função do tempo, induzindo adaptações metabólicas e funcionais semelhantes ao exercício ACM, apesar do seu baixo volume. Nesse sentido, estudos mostram que seis sessões de 15 minutos durante duas semanas de HIIT já são suficientes para promover melhoras no metabolismo oxidativo (LITTLE et al., 2010).

Os níveis de condicionamento cardiorrespiratório (VO2máx) são inversamente proporcionais aos índices de mortalidade por doenças de causas gerais, a cada aumento de um equivalente metabólico (MET= 3.5 ml*kg⁻¹min⁻¹) cresce em 13% a probabilidade de sobrevida, o que tornam os treinamentos capazes de promover um aumento na capacidade aeróbia (VO2máx) em indivíduos com doenças cardiovasculares (KODAMA et al., 2009).

Estudos com treinamento intervalado e indivíduos com doença cardiovascular, tem sido conduzido desde a década de 70 (SMODLAKA, 1972) e pesquisas recentes têm investigado os efeitos do HIIT sobre parâmetros deste tipo de doença, a fim de chegar a uma melhor abordagem do exercício físico para sua prevenção ou tratamento (ROGNMO et al, 2004; 2012; WISLØFF et al. 2007).

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Cabe ressaltar que quando se fala em alta intensidade, refere-se a alta intensidade relativa. Deste modo, para o paciente com insuficiência cardíaca avançada, com muito fraca tolerância ao esforço, andar na esteira rolante a 2,0 km/h pode corresponder a uma alta intensidade (MARINO, 2013).

3.3.1 Estudos com doenças arterial coronariana

Rognmo et. al (2004), em um estudo randomizado controlado, submeteram pacientes com doença arterial coronariana a 10 semanas de treinamento: um grupo realizava um protocolo de treino atividade continua moderada (ACM) (41min, 50-60% VO2máx), enquanto o outro realizava o protocolo 4 tiros de 4 minutos intercalado por 3min de descanso ativo. Ao final do experimento, ambos os grupos melhoraram o VO2máx de forma significativa em relação aos valores pré-teste, porém o grupo HIIT teve uma melhora significativamente maior (17,9%), em relação ao grupo ACM (7,9%).

Currie et. al (2013) verificaram melhoras similares VO2máx em pacientes com doença arterial coronariana (DAC), 19 e 24% para o grupo ACM e HIIT respectivamente, após 12 semanas de intervenção, embora o grupo ACM tenha realizado o dobro do trabalho realizado pelo grupo HIIT. A melhora na função endotelial da artéria braquial foi verificada para ambos os grupos, não havendo diferença entre eles.

No entanto, Conraads et. al. (2015) observou dados relativamente controversos quando comparou uma amostra de 200 pacientes, onde conclui que ambas as formas de exercício são igualmente benéficas em termos de melhora na capacidade respiratória, função endotelial periférica, qualidade de vida e alguns fatores de risco cardiovascular em pacientes com DAC e, vai além, constatando que exercício de alta intensidade para este tipo de paciente torna-se de difícil aplicação devido à alta intensidade (90-95% FCmax) ser desconfortável na prática.

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3.3.2 Estudos com insuficiência cardíaca

Wislof et al. 2007, selecionaram 27 pacientes com IC e idade 75.5 ± 11.1 anos, dividindo-os em três grupos, treinamento continuo (TC), grupos de controle (CON) e HIIT e encontraram informações importantes em relação ao remodelamento reverso do ventrículo esquerdo relacionado ao exercício de alta intensidade, onde um aumento de mais de 10% na fração de ejeção entre o período pré e pós-intervenção foi detectado, contra apenas 0.7% na intervenção com treinamento contínuo. Isso pode indicar uma superioridade de remodelamento cardíaco significativa. O VO2máx também apresentou diferença significativa onde temos pré-intervenção 13.0±1.6 pós-intervenção 19.0±2.1 para o HIIT e pré-intervenção 13.0±1.1 pós-intervenção 14.9±0.9 para o TC.

Foi observado remodelamento do músculo cardíaco apenas para o grupo HIIT, com melhora de 35% da fração de ejeção. A melhora na função endotelial foi maior para o grupo HIIT, além da melhora da função mitocondrial ter sido observada apenas para este grupo (Wisløff et al., 2007).

Posteriormente, o mesmo estudo ainda relata que a qualidade de vida também foi superior no grupo HIIT do que nos outros grupos o que é perfeitamente compreensível devido à indicação de que o exercício de alta intensidade tem poderes de remodelamento ventricular e por conseguinte significativamente maiores aos do exercício continuo. O estudo reconhece que o número de apenas 27 pacientes para a amostra como sendo limitante, porém conclui que o HIIT pode ser utilizado de maneira eficaz mesmo em idosos com insuficiência cardíaca pós-infarto em ambiente clínico e controlado.

4 CONCLUSÃO E SUGESTÕES

A presente revisão de literatura identificou que o treinamento intervalado de alta intensidade aplicado em pacientes cardiopatas, apresenta melhoras no condicionamento cardiorrespiratório similares, ou até mesmo superiores, quando comparado a protocolos de exercício moderado contínuo,

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no que diz respeito a ganhos no pico de consumo máximo de oxigênio em pessoas com problemas cardiovasculares.

Outro ponto importante é que o HIIT se mostra mais eficiente em função do tempo, o que deve ser levando em consideração, já que a falta de tempo tem sido citada como uma das maiores barreiras para a adesão a programas de reabilitação.

Levando em consideração que aumentos no VO2máx tem uma relação direta com índices de sobrevivência para esta população e o protocolo HIIT se mostra seguro e mais eficiente em função do tempo, concluímos que o HIIT é considerado uma método eficiente na prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares e pode ser inserido em programas de reabilitação cardíaca.

Cabe por fim ressaltar que os autores não sugerem a exclusão de outras modalidades de treinamento como protocolos contínuos ou de exercícios de resistência. Deste modo, se destaca a sugestão de que protocolos intermitentes de alta intensidade sejam indicados nas recomendações das diferentes organizações de saúde.

Sugere-se um estudo abordando os fatores de riscos do HIIT aplicado a pacientes cardiopatas, para um melhor desenvolvimento de estratégias para a promoção da saúde pública, trazendo benefícios para esses pacientes cardiopatas.

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Referências

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