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Produção executiva no audiovisual brasileiro a formação profissional sob a ótica do ensino superior e do curso de cinema e audiovisual da UFF

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO SOCIAL DEPARTAMENTO DE CINEMA E VÍDEO

ELENA THAYNÁ GOES RODRIGUES MACÊDO

PRODUÇÃO EXECUTIVA NO AUDIOVISUAL BRASILEIRO A formação profissional sob a ótica do ensino superior e do curso de Cinema e

Audiovisual da UFF.

Niterói, RJ 2019

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ELENA THAYNÁ GOES RODRIGUES MACÊDO

PRODUÇÃO EXECUTIVA NO AUDIOVISUAL BRASILEIRO: A FORMAÇÃO PROFISSIONAL SOB A ÓTICA DO ENSINO SUPERIOR E DO CURSO DE

CINEMA E AUDIOVISUAL DA UFF.

Monografia apresentada ao curso de Cinema e

Audiovisual do Instituto de Arte e

Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial à obtenção do título de Licenciado em Cinema e Audiovisual

Orientador:

Prof. Dr. Reinaldo Cardenuto Filho

Niterói, RJ 2019

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Dedico esta, bеm como todas as minhas demais conquistas, a Grande Deusa. Aоs meus amados pais, Taisa e Wanderley, a minha irmã, Dafine. A minha madrinha, Emanuela, a minha tia, Janete. Agradeço também а todos оs professores quе mе acompanharam durante а graduação, em especial ao meu professor orientador. Аоs meus amigos, pеlаs alegrias, tristezas е dores compartilhas.

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RESUMO

Nos últimos dez anos, as políticas públicas voltadas a regulação e ao fomento às atividades do setor audiovisual interferiram decisivamente na estruturação da cadeia de produção. Redefinindo o arranjo de trabalho. Nesse espectro, a produção executiva desafia a hierarquização das atividades do setor. Esta pesquisa tem como tema a produção executiva, no qual o seu objetivo é evidenciar o impacto da profissão no modelo atual de produção audiovisual brasileiro. Busca-se compreender como tal função, com inúmeras peculiaridades forma e capacita seus profissionais. Com isso, a pesquisa dedica-se em retratar a realidade dos cursos superiores para aqueles que almejam se profissionalizar em produção executiva. Para a análise mais apurada, usa-se como objeto de estudo o curso de Cinema e Audiovisual da UFF. Infere-se assim, a tentativa de compreender os desafios enfrentados pela comunidade acadêmica e a atual conjuntura de formação do profissional de produção executiva.

Palavras-chaves: Setor Audiovisual Brasileiro; Produção Executiva; Formação; Curso de

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RESUMEN

En los últimos diez años, las políticas públicas orientadas a la regulación y al fomento a las actividades del sector audiovisual han intervenido decisivamente en la estructuración de la cadena de producción y con este redefiniendo el arreglo de trabajo. En este aspecto, la producción ejecutiva desafía la jerarquización de las actividades del sector. Esta investigación tiene como tema la producción ejecutiva, en la que su objetivo es evidenciar el impacto de la profesión en el modelo actual de producción audiovisual brasileño. Se busca comprender como tal función, con innumerables peculiaridades y capacitaciones a sus profesionales. Con ello, la investigación se dedica a retratar la realidad de los cursos superiores para aquellos que anhelan ser profesionales en producción ejecutiva. Para el análisis más apurado, se utiliza como objeto de estudio el curso de Cine y Audiovisual de la UFF. Se infiere así el intento de comprender los desafíos enfrentados por la comunidad académica y la actual coyuntura de formación del profesional de producción ejecutiva.

Palabras clave: Sector Audiovisual Brasileño; Producción Ejecutiva; Formación; Curso de

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LISTA DE FIGURAS

Fig. 1 Organograma de uma equipe audiovisual estratégica, f. 15 Fig. 2 Organograma de modelo de produção audiovisual para TV, f. 18 Fig. 3 Organograma de modelo de produção “cinema de autor”, f. 19

Fig. 4 Número de Produtores Executivos de longas-metragens lançados comercialmente em 2016 com recorte de gênero e raça/cor, f. 22

Fig. 5 Produção Executiva com recorte de gênero por tipo de obra, f. 23 Fig. 6 Produção Executiva com recorte de raça por tipo de obra, f. 23

Fig. 7 Porcentagem de cursos de Cinema e Audiovisual cadastrados por estados brasileiros, f. 29

Fig. 8 Número de cursos de Cinema e Audiovisual por habilitação, f. 30

Fig. 9 Número de cursos de Cinema e Audiovisual e outros cursos correlatos por estado, f. 31

Fig. 10 Porcentagem de cursos de Cinema e Audiovisual e cursos correlatos por estado, segundo parâmetros de qualidade do MEC e do Guia do Estudante, f.33

Fig. 11 Porcentagem de universidades com disciplinas de produção e correlatas em seus cursos de Cinema e Audiovisual, f. 34

Fig. 12 Porcentagem do corpo docente do curso de Cinema e Audiovisual da UFF com experiência prática em funções de produção, f. 48

Fig. 13 Porcentagem do corpo docente do curso de Cinema e Audiovisual da UFF com interesse em tratar aspectos da produção executiva em suas disciplinas, f. 48 Fig. 14 Para o corpo docente os discentes têm interesse em políticas públicas e mercado

cinematográfico, sim ou não?, f. 49

Fig. 15 Para o corpo docente do curso de Cinema e Audiovisual da UFF a Produção Executiva é essencial em filmes universitários?, f. 50

Fig. 16 Para o corpo docente do curso de Cinema e Audiovisual da UFF os filmes universitários em sua maioria possuem produção executiva?, f. 50

Fig. 17 Função exercida pelo corpo discente nos filmes para a disciplina de Realização Cinematográfica entre 2016 e 2017 do curso de Cinema e Audiovisual da UFF, f. 51

Fig. 18 Conhecimento do corpo discente do curso de Cinema e Audiovisual da UFF acerca da produção executiva, f. 53

Fig. 19 Interesse do corpo discente do curso de Cinema e Audiovisual da UFF acerca da produção executiva, f. 53

Fig. 20 Interesse do corpo discente do curso de Cinema e Audiovisual da UFF na profissionalização em produção executiva, f. 54

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Idade Média dos trabalhadores por atividade econômica entre 2007 e 2016, f.21 TABELA 2 – Distribuição do emprego no Setor Audiovisual, por nível de escolaridade, segundo as atividades econômicas em 2016, f. 24

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 11

1.1ASESTRUTURASHIERÁRQUICASDOSETORAUDIOVISUALBRASILEIRO ... 13

1.2OCONCEITO ... 15

1.3OPROFISSIONAL ... 20

1.4AIMPORTÂNCIA ... 25

2. A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE PRODUÇÃO EXECUTIVA NO BRASIL ... 28

2.1FORMAÇÃOSUPERIOREMCINEMAEAUDIOVISUAL ... 29

2.1.1 Centro Universitário UNA ... 35

2.1.2 Faculdades Integradas Barros Melo ... 35

2.1.3 Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) ... 36

2.1.4 Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC - MG) ... 37

2.1.5 Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC - RJ) ... 37

2.1.6 Universidade de Brasília (UNB) ... 38

2.1.7 Universidade de Fortaleza (UNIFOR) ... 38

2.1.8 Universidade de São Paulo (USP) ... 39

2.1.9 Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)... 39

2.1.10 Universidade de Pelotas (UFPel) ... 40

2.1.11 Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) ... 41

2.1.12 Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) ... 41

2.1.13 Universidade Federal Fluminense (UFF) ... 42

3.1OCORPODOCENTEEAPRODUÇÃOEXECUTIVA ... 47

3.2OCORPODISCENTEEAPRODUÇÃOEXECUTIVA ... 51

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 58

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INTRODUÇÃO

A regulação e o fomento às atividades do setor audiovisual foram estruturados por modelos político-econômicos sustentados com apoio do Estado. Historicamente esses modelos apresentaram efetividade em alguns períodos históricos, e em outros momentos, não atenderam as necessidades do setor. A regulação e as instituições públicas de cinema são recentes, sendo que muitas das implementações mais antigas foram reestruturadas ou extintas. Logo, vale a pena citar alguns momentos importantes para o cinema nacional: 1) A Embrafilme criada em 1969, durante a ditadura militar e extinta em 1990 pelo Presidente Fernando Collor de Mello; 2) A Lei nº 8.313 de 1991, conhecida como Lei Rouanet; 3) Lei nº 8.685 de 1993, conhecida como Lei do Audiovisual; 4) A Medida Provisória nº 2.228-1 de 2001, conhecida pela criação da Agência Nacional do Cinema (ANCINE); 5) A Lei n° 12.485 de 2011, conhecida como Fundo Setorial do Audiovisual (FSA).

Após o fim da Embrafilme o audiovisual nutriu-se de leis e mecanismos de incentivo via isenção fiscal. Sob a aplicação de uma política audiovisual mais abrangente e contínua, os mecanismos instaurados a partir do período da retomada vêm contribuindo de forma considerável para o crescimento e estabilização do setor no país. Como justificativa, a pesquisa analisa o fortalecimento das atividades do setor e a estruturação de trabalho na cadeia de produção como catalisadores na elevação de alguns elos e funções, assim como na formação do profissional do audiovisual.

Para administrar o processo de criação e realização na produção audiovisual a equipe de produção se faz necessária. A Produção irá gerir orçamento e equipe, responsabilizar-se pelos trâmites burocráticos, e garantir a viabilização da obra de acordo com o modelo de negócios escolhido. Nesse sentido, identificar onde se insere a figura do produtor executivo nos elos da produção e seu impacto na realização audiovisual é essencial. Tendo a consciência de que a conceituação da produção executiva ainda é muito recente na estruturação de trabalho, esta pesquisa faz uma primeira tentativa em conceituar e valorizar o profissional da área, podendo ainda servir de base para futuras análises.

No primeiro capítulo deste trabalho são apresentadas as questões teórico-metodológicas da pesquisa: faz-se um recorte das principais estruturas econômicas integrantes

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do setor audiovisual com o intuito de criar um breve panorama dos elos essenciais à realização cinematográfica, entre eles a produção executiva; decorrente de um período histórico recente, com poucos dados e estudos consolidados, opta-se também pelo uso de entrevistas com profissionais do meio; busca-se conceituar e descrever as especificidades da atividade de produção executiva; assim como categorizar quem é o profissional de produção executiva e relatar qual a importância desse profissional na realização audiovisual.

No segundo capítulo busca-se avaliar a formação do profissional de produção executiva no ensino superior de Cinema e Audiovisual e cursos correlatos. Faz-se um recorte dos principais cursos e tenta-se estabelecer um parâmetro de qualidade entre as instituições analisadas. Identificando quais cursos oferecem conteúdo programático sobre produção e produção executiva.

No terceiro capítulo avalia-se o interesse da sociedade acadêmica do curso de Cinema e Audiovisual da UFF em relação à produção executiva. Trata-se de uma visão geral de como é estabelecido o assunto dentro da instituição. Para a coleta de dados e informações usa-se de formulários com preenchimento online, onde o corpo docente e discente contribui com a pesquisa. Identificando quais os desafios em levar o tema para dentro do curso.

Nas considerações finais reconhece a natureza exploratória mais do que analítica dessa pesquisa. Constatando a importância e complexidade do profissional de produção executiva, bem como a sua formação superior. O campo do saber e da formação do produtor executivo ainda está em construção, sendo esta permeada por inúmeros desafios. Tais limitações são colocadas ao corpo docente e discente. Será o mercado de trabalho reflexo da formação?

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1. A PRODUÇÃO EXECUTIVA NO AUDIOVISUAL BRASILEIRO

1.1 AS ESTRUTURAS HIERÁRQUICAS DO SETOR AUDIOVISUAL BRASILEIRO O setor audiovisual compreende a indústria cinematográfica e videofonográfica. No Brasil o setor constitui um dos mais imponentes e fortes mercados de bens, serviços e atividades culturais-artísticas da América Latina. O audiovisual brasileiro se institui em uma figuração composta por agentes de produção, distribuição e exibição dos segmentos de cinema (salas de exibição), TV paga (comunicação eletrônica de massa por assinatura), TV aberta (radiodifusão de sons e imagens), vídeo doméstico, vídeo por demanda e mídias móveis. Dessa forma, segundo o estudo Emprego no setor audiovisual (OCA, 2018, p.5), podemos usar como referência a Classificação Nacional das Atividades Econômicas (CNAE) versão 2.0 no nível de desagregação de quatro dígitos (nível de classes), para entender quais as onze atividades econômicas do setor:

- 59.11-1: Atividades de produção cinematográfica, de vídeos e de programas de televisão; - 59.12-0: Atividades de pós-produção cinematográfica, de vídeos e de programas de televisão; - 59.13-8: Distribuição cinematográfica, de vídeos e de programas de televisão;

- 59.14-6: Atividades de exibição cinematográfica; - 60.21-7: Atividades de televisão aberta;

- 60.22-5: Programadoras e atividades relacionadas à televisão por assinatura; - 61.41-8: Operadoras de televisão por assinatura por cabo;

- 61.42-6: Operadoras de televisão por assinatura por micro-ondas; - 61.43-4: Operadoras de televisão por assinatura por satélite; - 77.22-5: Aluguel de fitas de vídeo, DVDs e similares; 1 - 47.62-8: Comércio varejista de discos, CDs, DVDs e fitas.2

Trata-se de um feixe de atividades complexo, em que os serviços que integram o setor estão dispostos em múltiplas plataformas, suportes e telas – conteúdos e fluxos de imagem e som. Embora grande parte do setor esteja representado nestas classificações, há algumas

1 Essa classe inclui também o aluguel de CDs, mas optou-se por considerá-la como um todo, uma vez que o

efeito numérico desta inclusão não tem impactos significativos sobre os resultados agregados para o setor audiovisual.

2 Essa classe inclui também o comércio de CDs e discos, mas, pelos mesmos motivos apontados anteriormente, optou-se por considerá-la como um todo.

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atividades que não estão presentes nesta disposição. Ao observar as atividades envolvidas na realização de uma obra audiovisual percebe-se que o setor não engloba apenas produtos e serviços do audiovisual, cercando-se também de atividades de outras indústrias, como têxtil, alimentícia, hoteleira, de transportes e etc. Mesmo mediante às inúmeras atividades envolvidas, ainda é possível reconhecer empresas produtoras, distribuidoras e exibidoras como principais agentes do mercado audiovisual.3

Ao invés de utilizarmos a cadeia detalhada do setor, centralizaremos nas empresas produtoras. Para a Agência Nacional do Cinema (ANCINE) as atividades econômicas que instituem uma empresa produtora, devem estar classificadas em uma das subclasses CNAE:

- 5911-1/99: atividades de produção cinematográfica, de vídeos e de programas de televisão não especificados anteriormente;

- 5911-1/01: estúdios cinematográficos;

- 5911-1/02: produção de filmes para publicidade;

No mercado cinematográfico, a empresa produtora é responsável por etapa fundamental, a Produção (englobando pré e pós-produção). As estruturas hierárquicas para um projeto audiovisual variam substancialmente de projeto para projeto. A produtora deve conhecer a estrutura e realidade de cada projeto, para que possa compor a sua equipe de trabalho. Embora cada projeto seja único e as funções contratadas sofram variações, há funções imprescindíveis à execução e gerenciamento do produto audiovisual. “As funções mais estratégicas que compõem uma equipe audiovisual são: o produtor (não confundir com produtor de set, de frente ou de base), o produtor executivo, o diretor e o roteirista”. (NUNES; MORAES. 2015, p. 44).

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FIGURA 1

Organograma de uma equipe audiovisual estratégica.

Fonte: Elaboração do autor, a partir da Gestão do Produto Audiovisual, Módulo 1 - Gestão Empresarial. 2015. Elaboração do autor.

No âmbito deste estudo, ao de invés descrevermos detalhadamente cada uma dessas funções, focaremos na figura do produtor(a) executivo (a).

1.2 O CONCEITO

O profissional de produção executiva é aquele que cria as primeiras motivações e conduz o desenvolvimento de uma ideia a um produto. Em outras palavras, ele é o profissional que define qual a estratégia e desenho de produção que será desenvolvido. Este profissional, é protagonista em diversos setores da economia criativa. No audiovisual a produção executiva é responsável por garantir significado e qualidade da obra, estando presente em todo processo de gerenciamento e execução. Na prática, a produção executiva pode ser indicada como um conjunto de elos e competências que se articulam até garantir a viabilidade do filme. Tendo como missão criar estruturação administrativa, logística e criativa para a execução do projeto audiovisual.

Produtor(a) executivo(a)

É aquele que mobiliza e administra recursos humanos, técnicos e materiais para a realização do projeto audiovisual. É responsável pela articulação com as equipes envolvidas no projeto para viabilização do mesmo, nas etapas de pré-produção, produção, pós-produção e por parte das intermediações com patrocinadores e órgãos reguladores. Pode atuar também na etapa de comercialização. (NUNES; MORAES. 2015, p. 44).

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Dessa forma, entendemos a produção executiva como órgão essencial na execução de um produto audiovisual. Ao profissional dessa função cabe as principais decisões e inclui controlar grande parte da equipe. É nas mãos dele que está toda a carreira da obra.

Segue abaixo breve estruturação das atividades realizadas pelo produtor(a) executivo(a):

Etapa 1: Captação de recursos

- Elaboração de estratégia de viabilização (Mecanismos de financiamento; formatação do projeto; material promocional);

- Acordos e contratos de coprodução; - Acordos e contratos de patrocínio e apoio;

- Acordos e contratos de pré-licenciamento de distribuição ou exibição; - Compatibilizar as necessidades do projeto às necessidades de seus parceiros; - Elaboração do desenho de produção de acordo com orçamento.

Etapa 2: Pesquisa e Roteiro

- Acordos e contratação com equipe de pesquisa; - Acordos e contratação com equipe de roteiro;

Etapa 3: Pré-produção

- Acordos e contratos de patrocínio e apoio; - Pesquisa e contratos de locações;

- Planejamento e contratos de infraestrutura mínima; - Acordos e contratação com equipe técnica e elenco; - Contratos de prestação de serviço, cessão e licença; - Elaboração do cronograma;

Etapa 4: Produção

- Contratos de prestação de serviço, cessão e licença;

- Acompanhamento administrativo e gerencial de execução da etapa; - Garantir execução orçamentária;

- Garantir execução do cronograma; - Garantir a segurança da equipe e elenco;

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- Conduzir a equipe e elenco nas filmagens;

Etapa 5: Pós-produção

- Acordos e contratos necessários a essa fase, como serviços de montagem, trilha sonora, recursos de acessibilidade e etc;

- Garantir a execução do cronograma e orçamento; - Aprovar o corte final;

- Aprovar a primeira cópia em formato estabelecido, com trilha sonora, correção de cor e créditos.

- Cessão ou licenciamento de imagem de arquivo; - Cessão ou licenciamento de música;

- Entrega de relatórios de execução, prestação de contas etc.

Etapa 6: Difusão e Comercialização

- Entrega da obra para empresas distribuidoras ou exibidoras, conforme os acordos firmados. - Lançamento da obra;

- Acompanhar material de divulgação da obra e elaboração de clipping; - Entrega de relatórios de comercialização;

- Acordos e contratos de segunda janela de exibição;

- Acompanhar carreira da obra, podendo criar outras formas de acesso a obra;

Esta é uma série de ações e responsabilidades agregadas à figura do produtor executivo. Contudo, deve-se atentar ao fato de que não existem muitos autores e estudiosos que discorrem sobre o conceito e métodos de trabalho da produção executiva audiovisual. Provavelmente isso decorre dado a recente profissionalização e retomada do setor. No Brasil, entre altos e baixos, apenas em 1993 foi criada a Lei do Audiovisual4 - mecanismo de apoio indireto a projetos audiovisuais - e em 2001 a ANCINE5. Já o primeiro curso superior em cinema ativo até os dias atuais foi fundado em 1967 na Universidade de São Paulo.

Na prática, o profissional de produção executiva possui papel e pesos diferentes entre produções cinematográficas e televisas. Não sendo possível tomar um conceito como verdade absoluta. No Brasil, tanto no cinema como na televisão a figura do produtor executivo

4 Lei nº 8.685, de 20 de julho de 1993.

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é de um incorporador, que consegue levantar e administrar recursos para uma obra audiovisual. Sendo também responsável pela comercialização de direitos e por toda parte jurídica. No cinema, é comum que essas funções sejam partilhadas com distribuidores. Já na televisão, o cargo de produção executiva detém todas essas responsabilidades. Talvez isso ocorra devido ao fato de que as produções audiovisuais brasileiras para TV Fechada são produzidas/financiadas, majoritariamente, por canais estrangeiros. Esses canais seguem um modelo de produção vertical, no qual integram outras empresas e terceirizam serviços. Já os canais abertos, em grande parte, seguem um modelo de produção horizontal, onde todas as etapas de execução e serviços são realizadas pela pessoa jurídica do canal. Atualmente, apesar deste modelo prevalecer na TV Aberta, tem se optado cada vez mais pela contratação de outras empresas produtoras para a realização de produtos audiovisuais. Consolidando, integralizando e valorizando o crescimento do setor audiovisual.

Na indústria audiovisual americana, majoritariamente, o produtor executivo possui grande peso nas produções para cinema e TV, nas séries por exemplo, os produtores junto aos autores encabeçam toda a produção da obra, sendo figuras centrais. Neste modelo de trabalho, os produtores executivos são aqueles que possuem alguma participação nos direitos patrimoniais6 ou royalties da obra.

FIGURA 2

Organograma de modelo de produção audiovisual para TV. Fonte: Elaboração do autor.

6 Art. 22. Pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou.

No Brasil, modalidades de utilização prevista no Art. 29 da LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998:

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“A produção executiva brasileira cinematográfica aproxima-se de um modelo europeu, no qual o diretor é a grande figura. Já na TV, seguimos um modelo próximo ao americano. No qual a figura central passa para o produtor”, segundo entrevista com Mariana Brasil (2018). A gerente de projetos e consultora Mariana Brasil tem mais de 20 anos de atuação no mercado de produção audiovisual. Ela trabalhou na Maria Bonita Filmes, fazendo programas para GNT, Futura, Multishow e dvds de bandas. E em 2008 foi para a TV Cultura, na qual aprendeu tudo sobre coordenação, gerencia e executiva de projetos. Atualmente integra o coletivo de produção executiva para o audiovisual – C/as4Astro.”

No modelo de produção no qual o diretor é preponderantemente quem assume o projeto, em muitos casos, ele exerce funções de produtor e produtor executivo. Esse profissional, o diretor, é reconhecido no meio e respeitado por seu trabalho. Esse modelo de produção é conhecido como “cinema de autor”, já que usa da figura do diretor como principal instrumento de captação de recursos.

FIGURA 3

Organograma de modelo de produção “cinema de autor”. Fonte: Elaboração do autor.

Independente do modelo a ser seguido, o profissional de produção executiva nunca perde o controle do filme, desde a captação de recursos à coordenação das fases de produção. Ele combina competências, talentos, ideias, tecnologias e capital. É responsável pela captação de recursos, sua administração e pela garantia da finalização do filme.

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O produtor executivo nunca perde o controle do filme. Ele assegura que o orçamento e o cronograma de filmagens não sejam ignorados e está sempre disponível para resolver os problemas técnicos e de personalidade na equipe que possam ocorrer no set de filmagem. Terminadas as filmagens, supervisiona todo o processo de pós-produção, montagem, sonorização, efeitos, música, dublagens, mixagens e créditos (RODRIGUES, 2007, p. 69).

O produtor(a) executivo(a) em suma assume os riscos do projeto audiovisual, do empreendimento. Ele gerencia elementos do ato de empreender, tais como a iniciativa e a capacidade criativa, o que o faz um empreendedor. Em geral, profissionais da área possuem múltiplas nuances, tendo que se adaptar a cada projeto, dando a ele iniciativa e a capacidade criativa.

1.3 O PROFISSIONAL

Para que possamos compreender o perfil do produtor executivo no setor audiovisual brasileiro, este trabalho apresenta informações e dados extraídos da Relação anual de informações sociais (RAIS), realizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego entre 2007 e 2016.

Considerando o recorte de atividades econômicas descrito no início deste trabalho, podemos entender que profissional de produção executiva está agregado à atividade de Produção e Pós-Produção. Segundo a RAIS, é possível averiguar que o setor audiovisual cresceu 26,7%, entre 2007 e 2012. Porém, a partir de 2012 o setor inicia um decréscimo no número de empregos, registrando uma perda de 20.565 empregos formais até 2016. Sendo interessante perceber que o vínculo empregatício7 na Produção e Pós-Produção cresceu entre 2007 e 2011, e se manteve praticamente estável entre 2011 e 2016. É neste grupo que se manteve estável durante o declínio do setor que estão os profissionais de produção executiva.

Neste mesmo período, nota-se que a idade média8 dos trabalhadores aumentou em 2,7 anos em todo setor. Nas atividades de Produção e Pós-Produção aumentou 1,8 anos.

7RAIS entende por vínculos empregatícios as relações de emprego, estabelecidas sempre que ocorre trabalho remunerado. O número de empregos em determinado período de referência corresponde ao total de vínculos empregatícios efetivados. O número de empregos difere do número de pessoas empregadas, uma vez que o indivíduo pode estar acumulando, na data de referência, mais de um emprego. 8O enquadramento dos vínculos na faixa etária considera os anos completos em 31 de dezembro.

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Trabalhadores desse grupo, entre eles os produtores de obras audiovisuais, possuem idade média entre 33 e 35 anos. A idade média dos profissionais do setor aumentou em decorrência ao fortalecimento do mercado audiovisual. Consecutivamente, com o aumento do número de vagas e estabilidade nos empregos ofertados. Estimulando a permanência a longo prazo dos trabalhadores nesse setor.

TABELA 1

Idade Média dos trabalhadores por atividade econômica entre 2007 e 2016 Fonte: Elaboração do autor, a partir do MTE/ RAIS/ ANCINE/ SEC.

Outro estudo valioso para compreensão de quem são os profissionais da produção executiva, apresenta dados da participação feminina no mercado audiovisual e pela primeira vez, expõe recortes de cor e raça. Este estudo é intitulado “Diversidade de gênero e raça nos lançamentos brasileiros de 2016”, e foi produzido pela Superintendência de Análise de Mercado da ANCINE, desde 2014. Sendo publicado em 2017, no Observatório do Cinema e Audiovisual (OCA).

Com este levantamento é possível constatar que o setor audiovisual brasileiro é protagonizado por homens brancos. Tendo como base os 142 longas-metragens brasileiros lançados comercialmente em salas de exibição no ano de 2016, apenas 19,7% desses filmes contam com a direção de mulheres. Nenhum filme em 2016 foi dirigido ou roteirizado por uma mulher negra. Os dados constam que o domínio de homens brancos não é apenas na direção, mas também nas principais funções de liderança no cinema.

Os dados surpreendem quando invertem nas funções de produção. Assinam a produção executiva 36,9% de mulheres brancas, contra 26,2% de homens brancos. Essa é a

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única função exercida predominantemente por mulheres, e a única função técnica em que aparecem mulheres negras. Com a recente entrada de mulheres no mercado de trabalho, simultaneamente no cinema, faz com que essas profissionais ainda estejam conquistando “o seu lugar” dentre as funções de trabalho. Elas acabam ingressando com maior força em funções técnico-administrativas, em vez de funções técnico-criativas, como direção. Já que na produção cinematográfica brasileira é comum que funções de caráter criativo sejam valorizadas e funções de caráter administrativo/realização sejam desmerecidas. Dessa forma, esclarecendo a presença majoritária de mulheres em funções de produção.

FIGURA 4

Número de Produtores Executivos de longas-metragens lançados comercialmente em 2016 com recorte de gênero e raça/cor.

Fonte: Elaboração do autor, a partir da Diversidade de gênero e raça nos lançamentos brasileiros de 2016/ANCINE.

Nota-se ainda que as mulheres dominam a função nas obras de documentário e ficção. Em obras de documentário elas garantem 40,9%, e nas obras de ficção 39,2%. Segundo os dados usados nesse trabalho, apenas uma obra de animação foi realizada e essa contou um produtor executivo, um homem branco. Sendo assim impossível a verificação da mão de obra feminina nesse tipo de obra. A produção executiva, assim como todo o setor, é majoritariamente

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composta por pessoas brancas. Apenas 2,3% e 2,1% de pessoas negras compõem a produção executiva em obras de documentário e ficção, consecutivamente.

FIGURA 5

Produção Executiva com recorte de gênero por tipo de obra.

Fonte: Elaboração do autor, a partir da Diversidade de gênero e raça nos lançamentos brasileiros de 2016/ANCINE.

FIGURA 6

Produção Executiva com recorte de raça por tipo de obra.

Fonte: Elaboração do autor, a partir da Diversidade de gênero e raça nos lançamentos brasileiros de 2016/ANCINE.

Com relação à qualificação da mão de obra, verifica-se que o setor do audiovisual é composto em sua maioria por trabalhadores com nível médio (completo ou incompleto) de escolaridade, correspondendo a 49% do total de empregados em 2016. Entre 2007 e 2016, percebe-se que o porcentual de trabalhadores com nível médio e nível fundamental apresentou queda de 6 e 5 pontos percentuais, consecutivamente. Em contrapartida, o percentual de

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trabalhadores com nível superior (completo ou incompleto) apresentou um aumento significativo de 10 pontos percentuais, passou de 33% de participação em 2007 para 43% em 2016. O percentual de trabalhadores com mestrado e doutorado (completo ou incompleto) triplicou, passando de 0,13% para 0,47%.

Estreitando os dados às atividades de Produção e Pós-Produção, verifica-se que a atividade é composta principalmente por trabalhadores com nível médio (completo e incompleto) de escolaridade, compondo 51% em 2016. Neste eixo de atividades, o segundo maior grupo de trabalhadores possui nível superior (completo ou incompleto), tendo 42% de participação. O nível com mestrado ou doutorado (completo ou incompleto) neste grupo de atividades se mantém abaixo de 1 ponto percentual, marcando 0,43%. Com esses dados afere-se que os percentuais de nível de escolaridade das atividades de Produção e Pós-Produção pouco diferem do que ocorre no setor audiovisual.

TABELA 2

Distribuição do emprego no Setor Audiovisual, por nível de escolaridade, segundo as atividades econômicas em 2016

Fonte: Elaboração do autor, a partir do MTE/ RAIS/ ANCINE/ SEC.

Tais dados demonstram ainda que o nível de escolaridade nas atividades de Produção e Pós-Produção é composto majoritariamente por nível médio (completo ou incompleto), não sendo a atividade com maior ou menor percentual de qualificação. Os porcentuais da atividade acompanham a tendência do setor, apresentando aumento no nível de escolaridade. Logo, com esses dados apresentamos informações sobre o perfil de escolaridade

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dos empregados no setor do audiovisual e do profissional de Produção e Pós-Produção, incluindo o Produtor Executivo.

Com o estudo acima apresentado é possível averiguar que o profissional de produção executiva tem entre 33 e 35 anos, e que o seu nível de escolaridade permeia entre nível médio e superior (completo e incompleto). Percebe-se ainda que entre os anos de 2007 e 2016 houve um aumento no percentual de qualificação desses profissionais. A produção executiva é sobretudo composta por mulheres brancas, e a única função técnica com a presença de mulheres negras.9

1.4 A IMPORTÂNCIA

O produtor executivo é o gestor do filme. Ele elabora o orçamento e as estratégias para a realização do filme. Busca as melhores soluções para compatibilizar o orçamento com as necessidades da produção. Contrata serviços, profissionais e equipamentos necessários à produção. Faz o controle da movimentação financeira gerada pelo filme. Responde diretamente ao produtor (empresa produtora). Precisa ter um apoio de assessoria jurídica, financeira e contábil, e seus assistentes lhe dão suporte administrativo. Embora tenha o perfil de um administrador, deve ter domínio do processo de produção e da linguagem cinematográfica, pois suas decisões interferem diretamente no filme. Tem que apresentar um caráter de negociador, capaz de aliar as necessidades artísticas com as possibilidades orçamentárias.

O profissional de produção executiva precisa ter conhecimento de toda a cadeia produtiva audiovisual e uma visão macro de cada projeto, pois é quem vai encontrar as soluções criativas para que o produto seja realizado da melhor forma possível e alcance seu objetivo como obra audiovisual, seja atingindo o seu público-alvo, tendo sucesso de bilheteria ou até mesmo causando impacto social positivo.

9Funções técnicas analisadas: Direção; Roteiro; Produção Executiva; Elenco; Direção de Fotografia e Direção de Arte.

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A produção executiva, por mais que seja um trabalho dos bastidores, tem uma função muito criativa dentro do processo cinematográfico. Sendo função indispensável na concretização de obra audiovisual. A figura desse profissional é pouco conhecida para o público leigo e até mesmo entre membros da área, sendo o trabalho deste profissional facilmente confundido com a figura do diretor de produção.

No mercado audiovisual brasileiro é comum, majoritariamente, em produções de baixo e médio orçamento que o trabalho do diretor de produção e do produtor executivo sejam mesclados e exercidas pelo mesmo profissional. Possivelmente isso ocorra pela recente profissionalização e reconhecimento da profissão, além da escassa quantidade de pesquisa acerca da produção executiva. Tal afirmação pode ser amparada com os dados acima apresentados, nos quais comprovam que a profissionalização e o nível de escolaridade predominante é o nível médio (completo e incompleto). Esses precedentes contribuem para a desvalorização da equipe de produção no setor audiovisual. No Brasil, entre os profissionais da área é comum que a capacidade de realização tenha peso menor em relação à capacidade criativa.

Para Anna Giannasi que possui experiência em docência desde 1998 com ênfase em Administração e Produção de Filmes e Audiovisual. Com mestrado pela Universidade São Paulo, e aprovação no doutorado do Programa de Pós-Graduação em Multimeios do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas. Professora desde 2006 curso de bacharelado em Audiovisual do Centro Universitário Senac, no qual também foi criadora do projeto pedagógico.

O “produtor” era uma das funções de menor qualificação dentro de um organograma de equipe. Ele era uma espécie de coringa que cobria qualquer área como varrer chão, pintar paredes, servir café, achar e contratar atores globais a título de participação em um projeto artístico, descolar locações gratuitas, negociar aluguel (ou empréstimo) de câmeras e outros equipamentos, montar maquetes, entre outras tarefas mais ou menos bizarras, mas que, basicamente, se pudéssemos resumir em uma frase, o produtor seria uma espécie de “realizador de desejos”. (GIANNASI, 2007, p. 16).

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O produtor não pode trabalhar para atender desejo alheio, ou apenas atender as vontades do diretor. Muitos profissionais da área reafirmam com frequência que o processo de produção se baseia em usar modelos copiados e preencher planilhas.

Independente do modelo de produção a se seguir, no Brasil a equipe de produção é muito desvalorizada. Não se estuda e não se forma profissionais de produção executiva. Acredita-se que uma pessoa organizada tem a competência para fazer produção. Mas isso não é produção. (BRASIL, 2018)10.

Contudo, como exposto neste trabalho a função de produção e produção executiva está longe de ser apenas isso. Apesar dos equívocos acerca do tema, há profissionais que vão em sentido contrário, se especializando e atuando apenas na produção executiva. Indicando ao setor a complexidade e importância, tanto gerencial como criativa da profissão.

10Entrevista com Mariana Brasil. Brasília, 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, setembro de 2018 (Apêndice 1, em

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2. A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE PRODUÇÃO EXECUTIVA NO BRASIL

Em poucas palavras, o produtor executivo precisa, necessariamente, ter noções de gestão de processos, de orçamento e de equipe. É perfeitamente observável que esse profissional deva portar conhecimentos acerca de técnicas de criação, como linguagem audiovisual, e técnicas de administração, como planejamento operacional11. Além de se retroalimentar de acordo com as mudanças do cenário cultural. A produção executiva enquanto área de estudo e pesquisa é recente, assim como os campos de sistematização de conteúdo acerca da profissionalização e atuação dos profissionais formados na área.

“Os gestores da cultura são as figuras centrais para que esse quadro se modifique. Baseados em diretrizes governamentais e particulares nascidas de leis e editais, eles têm as armas para modificar esse quadro de empobrecimento. Não só agem em prol da produção de bens de cultura, a parte sensível da cadeia, mas cuidam para que o acesso a eles de transforme em realidade. Esses profissionais, contudo, ainda são raros no Brasil. Sua formação é uma necessidade urgente detectada por poucos e bons especialistas da área em todo o país.” (OBSERVATÓRIO ITAÚ CULTURAL, 2008, p.9).

É preciso estruturar a cultura e seus campos de atuação com requisitos e fundamentos de formação como a de qualquer outro setor produtivo. A formação, seja ela por cursos técnicos ou superiores, é essencial para a superação da improvisação, intuição e o talento. No setor audiovisual, habitualmente, o voluntarismo, o “amor à arte” e a convicção de que “a cultura é barata”, trata de transformar a profissão em uma prática não regrada e de baixo custo. A formação profissional impulsiona à profissão a ser reconhecida como um trabalho como qualquer outro e ser adequadamente remunerado, indo para além da atividade passatempo.

Na atual dinâmica social e política, na qual cursos de graduação são aspectos de avaliação na formação profissional, podemos pensar na oferta de cursos de formação superior como um parâmetro, porém não o único, de avaliar a qualidade e excelência na capacitação do profissional de produção executiva. A implementação de cursos de cinema e audiovisual é

11 Planejamento operacional coordena por meio de cronogramas, decisões, orçamentos e até mesmo outros planos (subplanos) as atividades individuais realizadas. É um planejamento focado no curto prazo (como é o caso da produção executiva no cinema) e na rotina assegurando que todos executem as tarefas e operações de acordo com os procedimentos estabelecidos pela organização, focado na eficiência, melhor alocação dos recursos disponíveis, e na eficácia dos resultados (CASTRO, 2013, p.7).

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29 bastante recente. Nelson Pereira dos Santos e Paulo Emílio Salles Gomes criaram o primeiro curso de cinema do Brasil, na Universidade de Brasília (UnB). Durante a ditadura militar o curso foi interrompido. Em Seguida, Paulo Emílio seguiu para São Paulo e lá fundou o curso de cinema da Universidade de São Paulo (USP), em 1967. Já em 1968 Nelson Pereira implementou projeto semelhante na Universidade Federal Fluminense (UFF).

2.1 FORMAÇÃO SUPERIOR EM CINEMA E AUDIOVISUAL

Levando em consideração as universidades reconhecidas pelo Ministério da Educação (MEC), e regulamentadas pela Portaria Normativa nº 21, de 21/12/2017, usaremos como base dados oficiais dos cursos e Instituições de Educação Superior (IES). As informações inseridas pelas IES nos Sistemas Estaduais são reguladas e supervisionadas pelo respectivo Conselho Estadual de Educação ou pelas IES do Sistema Federal. Sendo que é de responsabilidade da respectiva instituição a veracidade das declarações.

O território brasileiro é composto por 26 estados e um Distrito Federal. Nesse espectro, o país conta com cursos de nomenclatura exata, Cinema e Audiovisual, em 16 estados. Trata-se de 50 cursos reconhecidos pelo MEC. A região detentora de grande parte dos cursos cadastrados é a região sudeste, prevalecendo com 50% dos cursos do País. Na região sudeste encontra-se ainda o estado com a maior porcentagem de cursos ofertados, o Rio de Janeiro com 24%.

FIGURA 7

Porcentagem de cursos de Cinema e Audiovisual cadastrados por estados brasileiros. Fonte: Elaboração do autor, a partir do Cadastro e-MEC, 2019.

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30 Além disso, os dados demonstram que os cursos oferecem três tipos de habilitação: bacharelado, licenciatura ou tecnólogo. Os cursos de bacharelado dispõem de 96%, ou seja, no Brasil é ofertado apenas um curso com habilitação em tecnólogo e um curso com habilitação em licenciatura. O curso tecnólogo é da Universidade Veiga De Almeida, no Rio de Janeiro. E o único curso de licenciatura é da Universidade Federal Fluminense, também no Rio de Janeiro.

FIGURA 8

Número de cursos de Cinema e Audiovisual por habilitação. Fonte: Elaboração do autor, a partir do Cadastro e-MEC, 2019.

Nota-se ainda que no Brasil há universidades que oferecem cursos com conceitos e nomenclaturas diferentes, porém com projeto pedagógico e grade curricular muito similar aos cursos de Cinema e Audiovisual. Ao avaliar também esses cursos correlatos, o número de cursos ofertados no País multiplica 5x (cinco vezes), chegando a 253 12 cursos. Esses cursos abrangem 22 estados brasileiros e um Distrito Federal. Os estados que não ofertam nenhum dos cursos são: Alagoas, Amapá, Roraima e Piauí.

Segue abaixo o número de cursos por estado,

12 Usa-se como base dados do e-MEC, 2019 (Apêndice 2, em DVD). A pesquisa buscou por cursos similares à cursos de Cinema e Audiovisual no portal do e-MEC. Nesta pesquisa, dois cursos considerados pela autora deste trabalho como cursos correlatos não foram apresentados. A autora optou por contabilizar os cursos de Imagem e Som da Universidade Federal de São Carlos; Comunicação Social - Midialogia da Universidade Estadual de Campinas.

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FIGURA 9

Número de cursos de Cinema e Audiovisual e outros cursos correlatos por estado. Fonte: Elaboração do autor, a partir do Cadastro e-MEC, 2019.

Para avaliar o desempenho dos cursos superiores o MEC realiza avaliações que pontuam e resultam em uma nota final a cada curso. Esse trabalho levará em conta o Conceito do Curso (CC) como índice avaliativo de qualidade. O Conceito de Curso é a nota final de qualidade cedida pelo MEC aos cursos superiores das instituições brasileiras de graduação. Este conceito é realizado por meio de avaliação in loco, na qual pode confirmar ou modificar o Conceito Preliminar do Curso (CPC). Os cursos com CPC igual a 1 ou 2 são automaticamente avaliados presencialmente. Já os cursos com nota igual ou superior a 3 podem escolher se querem ou não receber a avaliação presencial.

Segundo os dados do e-MEC as instituições com cursos específicos de Cinema e Audiovisual com nota máxima no CC, em ordem alfabética, são:

- Centro Universitário UNA;

- Faculdades Integradas Barros Melo;

- Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais; - Universidade de Fortaleza;

- Universidade Federal de Pelotas;

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32 Outrossim, esse trabalho buscou outros canais de avaliação de qualidade dos cursos de Cinema e Audiovisual no País. E assim traz dados retirados do Guia do Estudante (GE), o maior site editorial sobre carreira e profissão. A linha editorial pertence às publicações da Editora Abril, o seu lançamento foi em 1984, como uma edição especial do Almanaque Abril. O Guia do Estudante, em 2017 publicou online lista com os sete melhores cursos correlacionados a área de Cinema e Audiovisual no Brasil. Refere-se a uma pesquisa de opinião feita, basicamente, com professores e coordenadores de curso. No qual permite classificar os cursos em bons (três estrelas), muito bons (quatro estrelas) e excelentes (cinco estrelas).

Para avaliação dos cursos, primeiro, a equipe do GE entra em contato com as instituições de ensino superior. Por meio de formulários as instituições informam quais cursos serão ofertados no próximo vestibular. Em seguida, escolhe-se os cursos que serão avaliados pela equipe do GE. O curso para ser avaliado precisa ter habilitação em bacharelado ou licenciatura; conclusão da primeira turma igual ou inferior a 2015; ser presencial; ter turmas em andamento e vagas para o próximo processo seletivo. Uma vez identificados os cursos que serão avaliados, as coordenações dos cursos devem preencher um questionário eletrônico. Esse questionário apresenta questões acerca do corpo docente; projeto pedagógico; infraestrutura; produção científica; atividades de extensão; internacionalização; inserção dos educandos no mercado de trabalho e a oferta pós-graduação. É então o momento em que uma equipe de pareceristas, coordenadores de cursos, diretores de departamentos e professores são acionados. Eles irão avaliar e dar notas aos cursos, cada curso recebe avaliação de no mínimo sete pareceristas. O parecerista avalia o curso em três aspectos, projeto didático-pedagógico; corpo docente e infraestrutura. Cada curso recebe sete notas, na qual se descarta a maior e a menor nota, assim evitando distorções. A média atribuída ao curso é a soma das cinco notas válidas. Para o conceito final incorpora as notas das duas últimas avaliações em pesos diferentes:

(3x média de 2017) + (2x média de 2016) + (1x média de 2015) 6

Caso o conceito seja menor ou igual a 5 a 4,3472 ele recebe cinco estrelas, se o conceito for menor a 4,3472 a 3,6944 recebe quatro estrelas, e assim sucessivamente.

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33 Após a avaliação da equipe do Guia do Estudante esses são os sete melhores cursos correlacionados a Cinema e Audiovisual no Brasil, cada um deles com cinco estrelas:

- Fundação Armando Álvares Penteado;

- Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; - Universidade de Brasília;

- Universidade de São Paulo;

- Universidade Estadual de Campinas; - Universidade Federal de São Carlos; - Universidade Federal Fluminense;

Tendo em vista as treze instituições apresentadas, sejam elas avaliadas pelo MEC ou Guia do Estudante, todas indicam parâmetros de qualidade de ensino. Dessa forma, vamos usar essas instituições e seus respectivos cursos como forma de avaliar a formação do profissional do audiovisual.

Tais cursos estão concentrados na região Sudeste. A região garante pouco mais que 61%. A segunda maior região detentora dos cursos avaliados é a região Nordeste com 23%. Segundo dados do Sistema de Acompanhamento da Distribuição em Salas de Exibição (SADIS) da ANCINE, entre 142 longas-metragens brasileiros lançados em salas de exibição no ano de 2016, 80% são de titularidade de produtoras da região Sudeste. Estando em segundo lugar as produtoras do Nordeste com 11% dos filmes. Percebe-se que a oferta de cursos superiores, predominantemente, nessas regiões fomenta o mercado audiovisual local. Refletindo o que ocorre no mercado e justificando maior volume de filmes produzidos nessas regiões.

FIGURA 10

Porcentagem de cursos de Cinema e Audiovisual e cursos correlatos por estado, segundo parâmetros de qualidade do MEC e do Guia do Estudante.

Fonte: Elaboração do autor, a partir do Cadastro e-MEC 2019 e GUIA DO ESTUDANTE Profissões Vestibular 2012.

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O curso de Cinema e Audiovisual tem como objetivo formar o profissional para criação e desenvolvimento de obras artísticas com veiculação em diferentes meios e mídias, como salas de cinema, televisão, circuitos fechados e mídias digitais. Deve-se preparar o discente para o meio acadêmico e técnico, suscitar atitudes éticas e morais em seu exército profissional. Além dos processos de realização mais conhecidos, este profissional pode aprender sobre gerenciamento, distribuição e exibição dos produtos audiovisuais.

A partir das referidas instituições podemos ainda perceber que não há uma padronização ou sistematização na nomenclatura e conceito dos cursos. Podendo acarretar a falta de reconhecimento do profissional do setor audiovisual. A profissionalização do produtor executivo transpassa por diversas questões, entre elas a formação superior. Para que possamos entender como os cursos de graduação implementam conteúdos e disciplinas ligadas à capacitação desses profissionais, vamos analisar a grade curricular dos treze cursos conceituados pelo MEC e pelo Guia do Estudante.

Dentre as universidades conceituadas apenas uma não apresenta em sua estrutura curricular disciplinas de produção. Portanto, boa parte das universidades possuem uma ou mais disciplinas correlacionas ao assunto. Prevalecendo o número de universidades com duas ou mais disciplinas de produção. Mas, quando se trata de disciplinas específicas de produção executiva esse número cai drasticamente, e apenas duas universidades apresentam a disciplina.

FIGURA 11

Porcentagem de universidades com disciplinas de produção e correlatas em seus cursos de Cinema e Audiovisual Fonte: Elaboração do autor, a partir da grade curricular dos cursos.

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Os conteúdos de desenvolvimento, gestão, economia e política audiovisual são necessários ao futuro produtor executivo. Ou seja, para além das disciplinas especificas deve-se analisar a ofertas de outras matérias que possibilitem a formação desdeve-se profissional. Nesdeve-se sentido, 25% das universidades dispõem desses conteúdos, mesmo que não ofertem disciplinas especificas de produção executiva. Garantindo aos discentes conceitos básicos acerca do mercado audiovisual e suas possibilidades de atuação, para além das funções mais conhecidas.

2.1.1 Centro Universitário UNA

A instituição possui curso de Cinema e Audiovisual reconhecido no MEC desde 2012. Em sua estrutura curricular há apenas uma disciplina relacionada à produção, e esta é ofertada no sexto semestre. A disciplina está no eixo profissionalizante, que segundo a instituição tem como objetivo desenvolver habilidades específicas do curso e dar acesso à outras áreas possíveis de atuação. Ainda no sexto semestre o curso tem como obrigatória a disciplina de “Legislação e Captação de recursos”. Esse fato pode acarretar sobrepeso ou confusão aos discentes que não tiveram contato prévio com a área. Ao mesmo tempo em que desenvolverão seus conhecimentos acerca da produção, eles terão que entender e aprender os mecanismos de captação de recursos, que no Brasil se baseia principalmente em políticas públicas. Ou seja, trata-se de conteúdos extensos que exigem dedicação dos discentes para apreensão do mesmo.

Segue abaixo as disciplinas obrigatórias relacionadas a produção e produção executiva da instituição analisada:

- 6° Semestre: Produção (80h); Legislação e Captação de recursos (80h).

2.1.2 Faculdades Integradas Barros Melo

A instituição e o seu curso de Cinema e Audiovisual é bastante recente, sendo esse reconhecido no MEC em 2017. A estrutura curricular apresenta três disciplinas relacionadas à produção e produção executiva. A relação de disciplinas obrigatórias disponibilizada não pormenoriza em quais semestres cada disciplina é oferecida. O que mais chama a atenção é a divisão entre produção para audiovisual e cinema. De fato, os mecanismos e conceitos de

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36 trabalho variam de acordo com o produto, e com essa divisão proposta pelo curso saímos do juízo de que produção é só preencher planilhas. Ressaltando aos discentes a complexidade da função.

Segue abaixo as disciplinas obrigatórias relacionadas a produção e produção executiva da instituição analisada:

- X Semestre: Elaboração de Projetos e Desenvolvimento de Produtos Culturais; - X Semestre: Ética e Legislação;

- X Semestre: Produção Audiovisual; - X Semestre: Produção em Cinema.

2.1.3 Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP)

A instituição é uma das poucas que dispõem em seu curso de Cinema e Audiovisual disciplina específica de produção executiva. A sua matriz curricular também é composta por duas outras disciplinas de grande importância ao estudante que almeja se profissionalizar em na área: Mecanismos de Financiamento Cinematográfico; Distribuição e Exibição. Por serem ofertadas no mesmo semestre, uma complementa a outra.

Segue abaixo as disciplinas obrigatórias relacionadas a produção e produção executiva da instituição analisada:

- 2° Semestre: Direção de Produção (36h);

- 7° Semestre: Mecanismos de Financiamento Cinematográfico (36h); Produção Executiva (36h);

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37 2.1.4 Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC - MG)

A resolução de reconhecimento do curso de Cinema e Audiovisual dessa instituição é de 2018. A sua estrutura curricular conta três disciplinas de produção, e outras duas com conteúdos agregados à produção executiva. O estudante primeiro tem acesso a assuntos gerais da área, para finalmente ter acesso a matérias mais especificas. A meu ver, apesar de conceitos distintos, o curso apresenta uma disciplina de produção executiva. Já que a disciplina - Projetos, Captação e Registro - aborda diversas etapas de trabalho do produtor executivo. Sendo este conteúdo ainda complementado com outras duas disciplinas: Distribuição e Exibição; Ética e Legislação.

Segue abaixo as disciplinas obrigatórias relacionadas a produção e produção executiva da instituição analisada:

- 4° Semestre: Produção Audiovisual I; - 5° Semestre: Produção Audiovisual II;

- 7° Semestre: Mercado Brasileiro: Projetos, Captação e Registro; - 8° Semestre: Distribuição e Exibição; Ética e Legislação.

2.1.5 Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC - RJ)

A grade curricular do curso com habilitação em cinema dessa instituição é composta por apenas duas disciplinas obrigatórias de produção, nenhuma com foco em produção executiva. A primeira é prestada no sexto semestre, e a segunda, consecutivamente, no sétimo semestre. Por se tratar de uma habilitação do curso de Comunicação Social, essas disciplinas são ofertadas quase ao final do curso. Contudo, a matéria de Produção Cinematográfica I poderia ser dada no quarto semestre. Já que a produção corresponde a uma etapa imprescindível à realização de um produto audiovisual. Na estrutura curricular atual, a disciplina é ofertada após a disciplina de edição, o que não parece fazer sentido.

Segue abaixo as disciplinas obrigatórias relacionadas a produção e produção executiva da instituição analisada:

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38 - 6° Semestre: Produção Cinematográfica I;

- 7° Semestre: Produção Cinematográfica II;

2.1.6 Universidade de Brasília (UNB)

O curso de cinema dessa instituição trata-se de uma habilitação do seu curso de Comunicação Social. A grade curricular do curso possui duas disciplinas de produção. A primeira é ofertada no quinto semestre, e a segunda, consecutivamente, no sexto semestre. Essas disciplinas parecem estar bem dispostas em sua estrutura curricular. Já no sétimo semestre é dada a matéria de “Legislação, Des. e Prod. de Projetos”. Essa é com certeza a disciplina que possui conteúdo programático mais próximo à produção executiva.

Segue abaixo as disciplinas obrigatórias relacionadas a produção e produção executiva da instituição analisada:

- 5° Semestre: Produção. - 6° Semestre: Produção II;

- 7° Legis. Des. e Prod. De Projetos.

2.1.7 Universidade de Fortaleza (UNIFOR)

Essa instituição não possui nenhuma disciplina de produção em seu curso de Cinema e Audiovisual. Em sua estrutura curricular há apenas disciplinas que podem ser relacionadas à produção executiva. Esse é o único caso, dentre as universidades analisadas neste trabalho que desconsidera os conteúdos programáticos da produção como carga obrigatória. Faz-se o inverso da maioria das universidades que dispõem de disciplinas de produção e negligenciam conteúdos ligados a produção executiva.

Segue abaixo as disciplinas obrigatórias relacionadas a produção executiva da instituição analisada:

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39 - 5° Semestre: Economia e Política do Audiovisual;

- 6° Semestre: Gestão negócios audiovisuais;

2.1.8 Universidade de São Paulo (USP)

A instituição e o seu curso superior em Audiovisual dispõem em sua matriz curricular de uma disciplina de produção, e outra de conteúdo conectado à produção executiva. A disciplina de produção é dada no segundo semestre e a disciplina de “Legislação e Mercado Audiovisual” está presente no sexto semestre. Ambas as matérias estão bem alocadas de acordo com o planejamento curricular do curso. Mas ainda é possível notar certa carência de disciplinas não apenas ligadas à produção executiva, mas também em produção geral. É um curso com foco na história do audiovisual.

Segue abaixo as disciplinas obrigatórias relacionadas a produção e produção executiva da instituição analisada:

- 2° Semestre: Administração e Produção Audiovisual I; - 6° Semestre: Legislação e Mercado Audiovisual;

2.1.9 Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

O curso de Comunicação Social dessa instituição possui habilitação em Midialogia. Segundo a coordenação do curso o discente pode ingressar no mercado de trabalho da fotografia, cinema, televisão, vídeo e outras mídias digitais. O curso contém apenas uma disciplina de produção. A matriz curricular disponibilizada não pormenoriza em qual semestre a disciplina é oferecida. Se analisarmos o planejamento curricular de acordo com a terminologia do curso, a disposição das disciplinas ofertadas fazem muito sentido. Trata-se um curso amplo, no qual não se especializa na produção de cinema ou televisão. Outra disciplina que a princípio pode parecer deslocada - Elementos Fundamentais de Matemática- pode ser muito útil ao futuro profissional de produção executiva. Contudo, este não parece ser o melhor curso superior para aqueles que desejam se profissionalizar em produção executiva.

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40 Segue abaixo as disciplinas obrigatórias relacionadas a produção e produção executiva da instituição analisada:

- X Semestre: Planejamento e Produção de Produtos Audiovisuais; - X Semestre: Elementos Fundamentais de Matemática;

2.1.10 Universidade de Pelotas (UFPel)

A instituição possui curso de Cinema e Audiovisual reconhecido no MEC desde 2015. A estrutura curricular desse curso apresenta duas disciplinas para produção e três disciplinas correlacionadas à produção executiva. Esse curso diferencia a produção cinematográfica da produção de TV e outras mídias, valorizando as especificidades e a complexidade da função. A instituição é uma das poucas que oferecem a disciplina de produção executiva e ainda dispõem de outras disciplinas relacionadas a área. Dessa forma, a instituição parece capacitar muito bem o profissional de produção e produção executiva. Entre os cursos analisados neste trabalho, esse é sem dúvida o mais completo para aqueles que almejam trabalhar com produção executiva.

Segue abaixo as disciplinas obrigatórias relacionadas a produção e produção executiva da instituição analisada:

- 2° Semestre: Direção de Produção (30h); - 4° Semestre: Produção Executiva (30h);

- 5° Semestre: Produção para TV e Mídias Alternativas (30h);

- 6° Semestre: Financiamento, Legislação e Políticas públicas para audiovisual (60h); - 7° Semestre: Distribuição e Exibição (30h).

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41 2.1.11 Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

O curso de Imagem e Som é bastante recente, sendo esse reconhecido no MEC em 2017. A estrutura curricular desse curso traz três disciplinas de produção. Sendo este um número alto de disciplinas de produção em relação aos outros cursos analisados. Ao observar o planejamento curricular é notável que as disciplinas estão bem ordenadas. Mas o curso não apresenta disciplinas especificas obrigatórias de produção executiva, ou economia, legislação e política do audiovisual.

Segue abaixo as disciplinas obrigatórias relacionadas a produção da instituição analisada:

- 4° Semestre: Introdução à Produção; - 5° Semestre: Produção I;

- 6° Semestre: Produção II.

2.1.12 Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)

A instituição possui curso de Cinema e Audiovisual. A estrutura curricular desse curso traz apenas uma disciplina de produção e outra podendo ser correlacionada à produção executiva. A disciplina de produção é tardiamente ofertada a seus educandos, podendo essa estar mais bem posicionada no quarto semestre. A disciplina “Economia da Cultura e do Audiovisual” mesmo sendo útil ao profissional de produção executiva, não fornece conhecimentos básicos acerca da função. Sendo assim muito perceptível a falta de conteúdos ligados a produção e a produção executiva.

Segue abaixo as disciplinas obrigatórias relacionadas a produção e produção executiva da instituição analisada:

- 6° Semestre: Produção (68h);

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42 2.1.13 Universidade Federal Fluminense (UFF)

A instituição e o seu curso superior em Cinema e Audiovisual (bacharelado) dispõem na matriz curricular de uma disciplina obrigatória de produção, e outra correlacionada à produção executiva. A disciplina de produção é dada no segundo semestre, abrangendo de forma ampla a função. Já no quinto semestre a disciplina “Ética, Legislação e Política do Cinema e do Audiovisual” apresenta aos discentes conteúdos importantes da produção executiva. Ambas as disciplinas estão bem alocadas na estrutura curricular do curso.

Segue abaixo as disciplinas obrigatórias relacionadas a produção e produção executiva da instituição analisada:

- 2° Semestre: Produção em Cinema e Audiovisual (60h); - 5° Semestre: Etica, Leg. e Pol. Do Cin. e Do Audiov. I (60h);

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43 As matrizes curriculares usadas nessa pesquisa pertencem a cursos de bacharelado. Tais cursos tem como objetivo formar profissionais de forma mais ampla para o mercado audiovisual. A estruturação dos conteúdos programáticos dos cursos expostos nessa pesquisa estão fase inicial e em construção. Sendo comum que os assuntos correlacionados às funções gerenciais e modelos político-econômicos estejam passando por um processo de modelação e adequação. Trata-se também de pensar na importância das disciplinas optativas no processo de formação.

Nesse espectro, as universidades analisadas, majoritariamente, ofertam duas ou mais disciplinas de produção. Mesmo com dados otimistas não é possível verificar de forma genuína como tais conteúdos permeiam a produção executiva. Ressalto que algumas dessas disciplinas possuem carga horaria de apenas trinta horas, e outras não estão bem dispostas na estrutura curricular de seus cursos. A pesquisa quantitativa permite ainda identificar que apenas duas, entre as treze universidades analisadas apresentam disciplinas especificas de produção executiva.

Para entender a produção executiva deve-se antes conhecer integralmente a produção geral de uma obra audiovisual. No âmbito universitário, é essencial a oferta de conteúdos programáticos acerca da produção. Infere-se no entanto, de que essas disciplinas não fornecem conhecimentos suficientes para a formação do futuro produtor executivo. Como constatamos neste trabalho os conhecimentos necessários ao profissional de produção executiva é extenso e específico. Não esquecemos que a formação de qualquer profissional vai para além das disciplinas ofertadas nos cursos superiores. Porém, é indispensável que durante o curso de Cinema e Audiovisual o discente desenvolva noção mínima do que seja a produção executiva.

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44

3. A PRODUÇÃO EXECUTIVA NO CURSO DE CINEMA E AUDIOVISUAL DA UFF

Considerando que a Universidade Federal Fluminense estar entre as treze universidades conceituadas e analisadas nessa pesquisa, e eu, autora deste trabalho ser graduanda do curso mencionado. Uso deste capítulo, ainda que modo geral, para descrever a relação do corpo docente e discente do curso de Cinema e Audiovisual da UFF com a produção executiva no setor audiovisual.

O curso de Cinema e Audiovisual da UFF foi fundado em 1968, como uma habilitação do curso de Comunicação Social. Na década de 1980, foi criado o Departamento de Cinema e Vídeo, e em 2002 o departamento elaborou projeto para a implementação de um curso autônomo. Em 2003, para atender uma exigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o Curso de Comunicação Social da UFF esforçou-se em realizar uma reforma curricular. Finalmente em 2006 foi implementado o curso autônomo de graduação em Cinema e Audiovisual Bacharelado. Este processo significa uma necessária diferenciação para esse segmento, consolidando uma linha de pesquisa e formação em cinema e audiovisual, absolutamente distinta da área de Comunicação Social. Após alguns anos, em 2012 foi criado o curso de Cinema e Audiovisual Licenciatura, tornando-se o único do País até o momento.

Entre os objetivos do projeto pedagógico do curso de Cinema e Audiovisual Bacharelado da UFF, ressalto os seguintes aspectos:

a) Acadêmico:

– Oferecer aos alunos as mais variadas formas de experimentação do fazer cinematográfico e audiovisual, formas estas pautadas pela mais ampla liberdade de expressão, pela responsabilidade profissional e ética, pela consciência do papel do Cinema e do Audiovisual no processo sócio-político do país e pela busca de qualificação que habilite ao exercício profissional com dignidade e independência;

- Aumentar o número de publicações nesta área, alargando a literatura no campo, a partir do desenvolvimento e consequente especialização do curso e do currículo de seu corpo docente e discente;

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