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TÍTULO: O PSICÓLOGO COMO AGENTE DA (DES) CONSTRUÇÃO DA PATOLOGIZAÇÃO TRANSEXUAL.

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Academic year: 2021

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TÍTULO: O PSICÓLOGO COMO AGENTE DA (DES) CONSTRUÇÃO DA PATOLOGIZAÇÃO TRANSEXUAL.

TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS ÁREA:

SUBÁREA: Psicologia SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO(ÕES): FACULDADES DE DRACENA INSTITUIÇÃO(ÕES):

AUTOR(ES): JANAINA DA CONCEIÇÃO PEREIRA AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): ANDRÉA FRIZO DE CARVALHO BARBOSA ORIENTADOR(ES):

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RESUMO

Na sociedade as relações são dadas através do poder ditado pelo gênero originando um padrão de heteronormatividade e acarretando um discurso de exclusão daqueles que fogem a dita regra social. E, neste contexto, ainda nota-se uma prática psicológica baseada na psiquiatria que favorece a patologização da transexualidade enquadrando-a no que é designado pelo DSM V como disforia de gênero. O presente artigo buscou identificar e refletir sobre alguns aspectos e crenças relacionadas à existência de uma sexualidade normal e patológica em discursos públicos de psicólogos. Para tal, foi realizada uma seleção de entrevistas e vídeos públicos que foram transcritos e analisados através do método de análise temática de conteúdo. A partir desta análise foram identificadas quatro unidades temáticas: (Des) patologização Da Transexualidade, Liberdade e Não Liberdade Na Vivência Transexual, Sexualidade e Direitos Humanos e O Papel Do Psicólogo Na (Des) patologização Da Transexualidade. Refletindo sobre esses temas, conclui-se que falta á alguns profissionais da Psicologia, assim como, aos acadêmicos, uma formação que trabalhe questões de diversidade de gênero, pois o que é visto são divergências teóricas que já foram ultrapassadas e práticas baseadas em valores pessoais que levam a diferentes maneiras de atender aos transexuais. Cabendo então, ao Conselho Federal de Psicologia, dizer o olhar que será dado para as questões de gênero, bem como expandir seu conhecimento acerca da transexualidade a fim de ditar a forma como será trabalhado com as pessoas que buscam realizar o processo de transgenitalização. Portanto, lutar pela despatologização da transexualidade é mais do que ratificar que está vivência não é uma doença, é dar autonomia aos indivíduos que são constantemente violentados em nossa sociedade.

INTRODUÇÃO 2.1. TRANSEXUALIDADE

O comportamento humano fundamenta-se em diferentes convenções sociais, uma delas é a sexualidade, que vai além de aspectos biológicos incluindo aspectos psicológicos e sociais, imprimindo-se como uma ferramenta de dominação e afirmação social (COSTA, 1994).

A transexualidade neste contexto é definida como disforia de gênero de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) como “Forte desejo de pertencer ao outro gênero ou insistência de que um gênero é

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o outro (ou algum gênero alternativo diferente do designado)” (American Psychiatric Association, 2014, p.452).

Assim, a sociedade vai imprimindo suas marcas através de inúmeros comportamentos de acordo com o gênero ao qual o sujeito foi designado no seu nascimento, sendo estes comportamentos que a instituição social espera dos indivíduos, pois como menciona Bento (2008, p.36), “o original já nasce “contaminado” pela cultura”.

O poder estabelecido nessas identidades gera a necessidade de que o/a transexual que tenha interesse em realizar o processo de transgenitalização comprove ser um/a “transexual verdadeiro/a”. Para isso é necessário que o sujeito se submeta a dois anos de psicoterapia, além de teste de vida que consiste no candidato (a) vestir-se de acordo com o gênero reivindicado, teste de personalidade a fim de verificar se existe algum transtorno de personalidade, ingestão de hormônios correspondentes aos caracteres secundários desejados, testes laboratoriais como hemograma, triglicerídeos, glicemia entre outros (BENTO, 2006). 2.2. PERCURSOS HISTÓRICOS - SOCIAIS DA SEXUALIDADE

Durante a história é possível observar que a homossexualidade sempre esteve presente na sociedade, na era clássica os gregos mantinham relações homo afetivas entre pessoas do mesmo gênero em situações específicas. Na antiguidade os romanos podiam manter relações com seus escravos e jovens meninos apenas por satisfação sexual, sem temer o preconceito da sociedade ou cesura (FILHO, 2011). Sendo assim é possível identificar que cada período exigiu dos sujeitos comportamentos, tanto da esfera sexual quanto social, tidos como aceitáveis e normais.

Somente em meados do século passado é que a medicina realizou a divisão em pessoas heterossexuais e homossexuais, criando-se a partir de 1869 o termo homossexualidade (COSTA, 1994).

Assim, a verdade que no decorrer da história estava no sujeito, passou a ser determinada pela religião e, posteriormente, esquematizada e explicada pela medicina. Nesta busca, John Money em 1973 cunha o termo disforia de gênero para classificar as pessoas transexuais, incluído no Código Internacional de Doenças (CID) em 1980 e renomeado no DSM III, passando a fazer parte do transtorno de identidade de gênero, marcando definitivamente o estigma da doença sobre está vivência (BENTO, 2008).

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2.3. O POSICIONAMENTO DA PSICOLOGIA BRASILEIRA SOBRE A TRANSEXUALIDADE

A Psicologia tornar-se profissão através da lei 4.119 em 27 de agosto de 1962. Em 1971 é sancionada a lei 5.766 que cria o Conselho Federal e Regionais de Psicologia, que entre suas atividades tem como objetivo “orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de Psicólogo e zelar pela fiel observância dos princípios de ética e disciplina da classe” (BRASIL, 1971, p.1).

Diante disto houve a necessidade da criação de um código de ética profissional do psicólogo, onde atualmente está em vigor a resolução nº010/05 que além de instruir o profissional sobre sua postura diante da sociedade, visa fornecer um “instrumento capaz de delinear para a sociedade as responsabilidades e deveres do psicólogo” (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2015, p.6).

Com a aprovação da resolução 1.482/97 houve o estabelecimento de normas para que a cirurgia de transgenitalização pudesse ser realizada, com isso o Conselho de Psicologia vê-se na necessidade de criar uma resolução que determinasse as normas para atuação do psicólogo no atendimento a questões relacionadas à orientação sexual. É aprovada a resolução nº001/99 onde no artigo 3º determina que “os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados” (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 1999, p.1).

Diante da problemática do transexual em nossa sociedade e da obrigatoriedade de terapia durante o processo de transgenitalização, o CFP sancionou a resolução nº01/18 que “estabelece normas de atuação para as psicólogas e os psicólogos em relação às pessoas transexuais e travestis” (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2018, p.1).

OBJETIVO

O objetivo deste estudo foi Identificar e refletir sobre alguns aspectos e crenças relacionadas à existência de uma sexualidade normal e patológica em discursos públicos de psicólogos.

METODOLOGIA

O estudo foi desenvolvido a partir da análise dos discursos de artigos jornalísticos, entrevistas e vídeos públicos. Sendo considerados públicos “[...] algo

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que é apresentado para a população de uma forma geral e que, portanto pertence à coletividade o acesso a tal informação” (AURÉLIO ONLINE, 2018, p.1).

DESENVOLVIMENTO

Foram selecionados entrevistas de psicólogos e do Conselho Federal de Psicologia publicadas em jornais e vídeos públicos, sendo eles: E1 - “Homossexuais podem mudar” por Juliana Linhares da revista Veja, (2009); E2 - “Todos os meus pacientes foram abusados, diz defensora da cura gay”, por Fernanda Bassette da revista Veja (2017); E3 - “Não cabe ao judiciário dizer como um psicólogo deve tratar os LGBT, diz Conselho” por Janaina Garcia do UOL, (2017); E4 - “A despatologização das transexualidades e travestilidades pelo olhar da Psicologia - Parte I”, publicando no canal do Conselho Federal de Psicologia no YouTube; E5 - “Marisa Lobo explica polêmica da cura gay” pelo canal Identidade Geral no YouTube; E6 - “Psicóloga Rozangela Justino: Deixar a Homossexualidade é um direto humano e constitucional” publicado no canal OsEXGays.com no YouTube.

Posteriormente, foi realizada a transcrição do material áudio visual (vídeos) e a análise dos discursos através do método de análise temática de conteúdo proposto por Minayo (2007, apud CAVALCANTE, CALIXTO, PINHEIRO, 2014).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da análise dos discursos foram identificadas quatro unidades temáticas:

6.1. (DES) PATOLOGIZAÇÃO DA TRANSEXUALIDADE

Nessa unidade temática serão apresentados trechos de reportagens públicas que apontam para uma patologização e/ou despatologização da transexualidade.

E1. “Cruel é ser um profissional que quer ajudar e ser amordaçada, não poder acolher as pessoas que vêm com uma queixa e com um desejo de mudança.”

E4. “A proposta é de acolhida deste sofrimento, no sentido de fortalecer a pessoa no entendimento como é a dinâmica das relações sociais que ela pertence, como a família, etc, para fortalecê-lo nesta situação.”

E4a. “Somente a Psicologia pode regulamentar um tratamento psicológico; não cabe ao judiciário dizer como um psicólogo deve tratar.”

E5. “A resolução cerceia o direito do profissional de ter a liberdade de expressão.”

A Psicologia utiliza como norteador de seus comportamentos a Declaração Universal Dos Direitos Humanos, onde todos são livres e não podem ser

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discriminados por razões ligadas a raça, religião, sexo, etc. Com base nas entrevistas analisadas foi possível verificar que algumas falas não vão ao encontro dessas diretrizes levando através de seus discursos associações de que a homossexualidade e outras maneiras de expressar a sexualidade poderiam ser tratadas por meio de psicoterapia, levando a uma possibilidade de reversão da sexualidade como expresso na fala E1.

As falas E1 e E5 ainda denunciam uma falta de liberdade dos profissionais e o sentimento de coerção experienciado diante das resoluções do Conselho Federal de Psicologia quanto ao atendimento de pessoas com queixas relacionadas à orientação sexual.

Contrapondo-se as idéias apresentadas acima a fala E4 traz que o objetivo da terapia seria fortalecimento do indivíduo, desta forma desconstrói as falas E1 e E5 que apresentam uma restrição para atendimento das pessoas que apresentam queixas ligadas a orientação sexual. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) tem a função “orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de Psicólogo [...]” (BRASIL, 1971, p.1). Com base neste fundamento a fala E4a defende que cabe ao CFP determinar as diretrizes que baseia a prática profissional do psicólogo.

Assim, é possível notar que há uma divergência tanto na interpretação da resolução como em sua prática, causando conflitos entre alguns profissionais e o Conselho Federal de Psicologia. Essa situação além de enfraquecer a classe de profissionais, traz prejuízos aos clientes que procuram e/ou dependem de um laudo psicológico para prosseguir com o processo transexualizador.

6.2. LIBERDADE E NÃO LIBERDADE NA VIVÊNCIA TRANSEXUAL

Nesta unidade temática serão apresentados os trechos das reportagens públicas que apontam para uma liberdade ou não liberdade na vivência transexual.

E1. “Conheço pessoas que deixaram práticas homossexuais.” E1a. “Estar homossexual é um estado.”

E5. “De repente a pessoa muda, ela muda porque ela quis.”

E3. “resolução garantisse a preservação ao direito individual que todo ser humano tem de ter sua orientação sexual.”

As falas trazem para a discussão a liberdade inerente ao sujeito de poder vivenciar de forma autêntica a própria vida ou viver de acordo com os padrões normatizadores da sociedade. Uma vez que “o preconceito e a descriminação

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afetam de forma significativa o comportamento, sentimentos, e, sobretudo, a vida social das pessoas transexuais” Choeri (2004 apud JARDIM, 2015, p.57).

Os discursos E1, E1a, E5 dão a conotação de que ser heterossexual é algo inato a todos os seres humanos e que por este motivo seria obrigatório ao sujeito “eleger como objeto de seu desejo, como parceiro de seus afetos e de seus jogos sexuais alguém do sexo oposto” (LOURO, 2000, p.10). Porém o trânsito entre as identidades de gênero nem sempre foi vistas como algo patológico, o comportamento foi vinculado ao sexo, á genitália, no século XIX quando segundo Foucault (1985 apud BENTO, 2008, p.17) “passou a conter a verdade última de nós mesmos”.

Com este movimento os comportamentos passam a ser pautados a partir da genitália, havendo uma medicalização das pessoas que transitavam entre as identidades de gêneros. Mesmo com tantas divergências relacionados à construção sexual dos indivíduos “não são impedimentos para se considerarem tais saberes como partes estruturantes do dispositivo da transexualidade” (BENTO, 2006, p.134).

Sendo assim não se deixa de ser homossexual como leva a pensar a fala E1a, mas passa-se a emitir comportamentos socialmente aceitos, com a finalidade de diminuir o sofrimento contido na descriminação e atos transfóbicos.

Contrapondo-se a uma crença que deposita no sujeito o fardo da escolha relacionada à sua orientação sexual a fala E3 aponta a importância da resolução 01/99 do CFP para a garantia de direitos das pessoas LGBT.

Nota-se que não há como descartar o caráter social envolvido no processo da vivência sexual assim como de sua construção, uma vez que o sexo é formado não apenas por fatores biológicos, mas também psicossocial.

6.3. SEXUALIDADE E DIREITOS HUMANOS

Nesta unidade temática serão apresentados os trechos das reportagens públicas que fazem menção ao direito humano á sexualidade, sejam eles numa ótica de despatologização ou patologização da vivência transexual.

E4. “Autonomia das pessoas de direito ao próprio corpo, nós não temos do ponto de vista legal plena autonomia em relação a nossos corpos.”

E6. “nós precisamos garantir o direito de pessoas deixarem a homossexualidade, a sexualidade é um direito humano.”

As normas de gênero estão presentes durante todo o processo de formação e relacionamento do sujeito em sociedade, normas estas criadas a partir do saber

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médico, que segundo Bento (2008) busca nos candidatos comportamentos, sentimentos que os aproximem do gênero ao qual se dizem pertencentes, engessando a transexualidade a uma lista rígida e imutável de ações e atitudes.

O discurso E6 traz uma fala pautada no que diz a Declaração dos Direitos Humanos em que todo ser humano é livre e igual perante a sociedade, porém em sua fala existe uma inverdade quando diz que é possível mudar a homossexualidade

Uma vez que “a sexualidade não é apenas uma questão pessoal, mas é social e política” (LOURO, 2000, p.9) que por não haver comprovação científica de que a homossexualidade é um desvio, transtorno ou perversão como classificado em outros momentos da história, não há como deixar de ser algo que se é.

No Brasil existem leis que garantem o respeito à dignidade humana como a Constituição Federal (1988) e a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), contudo a sociedade ainda utiliza a binaridade como norma, sendo a “admissão de uma nova identidade sexual ou de uma nova identidade de gênero é considerada uma alteração essencial, uma alteração que atinge a “essência” do sujeito” (LOURO, 2000, p.9).

6.4. O PAPEL DO PSICÓLOGO NA (DES) PATOLOGIZAÇÃO DA TRANSEXUALIDADE

A unidade temática irá abordar os discursos que versam a respeito do papel do psicólogo no atendimento, assim como seu posicionamento na sociedade diante de questões relacionadas à transexualidade e/ou outras maneiras de vivenciar a sexualidade.

E4. “Está ali presente como parte da equipe, mas ela, a gente tem que dizer qual é o papel do psicólogo na equipe e não apenas seguir os critérios internacionais. [...] Senão o que a Psicologia acaba fazendo é contribuindo por uma situação de opressão em relação ao debate sobre a vivência da transexualidade.”

E5. “Na verdade assim, psicólogo ele não tem poder de curar, nem de tratamento, nem de nada. Ele tem o poder da escuta”.

E5a. “O psicólogo age conforme os direitos humanos”.

Durante a formação em Psicologia assim como traz a fala E5 é desenvolvido a escuta especializada, uma das principais ferramentas de trabalho do psicólogo. No entanto, alguns teóricos e profissionais da Psicologia quando exercendo atendimento com a finalidade do processo transexualizador “esperam que a escuta e

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o tempo durante o qual o/a “candidato (a)” se submete obrigatoriamente á terapia o remova da convicção da necessidade de cirurgia” (BENTO, 2008, p.134).

Porém de acordo com Jardim (2013) o papel do psicólogo em relação à transexualidade, não é o de tentar curar ou elaborar um relatório que ratifique estar ali um “verdadeiro transexual”, mas sim auxiliar o sujeito na compreensão e fortalecimento da própria identidade, tal como referido na fala E4.

Atualmente para que ocorra o processo de transgenitalização é necessário que se realize de forma obrigatória psicoterapia por dois anos, o que segundo Jardim (2013, p.34), “é nitidamente uma contradição para os preceitos éticos dos psicólogos, pois não há aliança terapêutica natural e empática”. Fato que vai à mesma direção da fala E4, pois não basta ser parte da equipe, é preciso ter claro qual o papel da Psicologia diante de demandas relacionadas à sexualidade humana. Portanto a despatologização da experiência transexual se torna importante para quebra de conceitos pré-estabelecidos, que impõe ao sujeito classificações de normal ou anormal, sem considerar o que para a Psicologia é algo precioso “a subjetividade”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através dos resultados e discussões realizadas nota-se que falta á alguns profissionais da Psicologia, assim como, aos acadêmicos, uma formação que trabalhe questões de diversidade de gênero, pois o que é visto são divergências teóricas que já foram ultrapassadas e práticas baseadas em valores pessoais que levam a diferentes maneiras de atender aos transexuais.

Cabe então ao Conselho Federal de Psicologia dizer o olhar que será dado para as questões de gênero, bem como expandir seu conhecimento acerca da transexualidade a fim de ditar a forma como será trabalhado nos consultórios com as pessoas que buscam realizar o processo de transgenitalização, uma vez que, o trabalho do psicólogo ainda está pautado na psiquiatria e na medicina, colaborando com a medicalização da diversidade sexual.

Neste sentido, o Conselho Federal de Psicologia tem norteado a conduta dos profissionais a respeito das questões de gênero com as resoluções 01/99 e 01/18. Sendo também necessário o entendimento sobre as questões de gênero em todas as áreas da Psicologia, visto que sempre serão questionados por estas questões independente da área de trabalho.

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A luta pela despatologização da transexualidade é mais do que ratificar que está vivência não é uma doença, é dar autonomia aos indivíduos que são constantemente violentados em nossa sociedade. É partir de que a “psicoterapia falha quando não existe uma afinidade precisa entre aquilo que busca o paciente em sua psicoterapia e aquilo que o psicoterapeuta tem condições de oferecer-lhe” (CHESSICK , 1971 apud CAMON, 2003, p.19).

FONTES CONSULTADAS

American Psychiatric Association. MANUAL Diagnóstico E Estatístico De Transtornos Mentais: DSM- V. 5. ed. Porto Alegre: Artmed. 2014.

BENTO, Berenice. A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de Janeiro: Garamond, 2006.

______.O que é transexualidade. São Paulo: Brasiliense, 2008.

BRASIL. Lei Nº 4.119 de 27 de Agosto de 1962. Dispõe sobre os cursos de formação em psicologia e regulamenta a profissão de psicólogo. Brasília, DF, 27 ago, 1962.

______. Lei Nº 5.766 de 20 de Dezembro de 1971. Dispõe sobre a criação do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de Psicologia e dá outras providências. Brasília, DF. 20 dez., 1971.

FILHO, Fernando S. T. Homofobia e sua relação com as práticas “psi”. In: CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DA 6ª REGIÃO (Org.). Psicologia e diversidade sexual. São Paulo: CRPSP, 2011. p. 41-57.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução Nº 001/99 de 22, março de 1999. Estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da Orientação Sexual.

______.Resolução Nº 01/18, 29 de janeiro de 2018. Estabelece normas de atuação para as psicólogas e os psicólogos em relação às pessoas transexuais e travestis. CAMON, Valdemar Augusto Angerami. O Psicólogo no Hospital. In:______ (Org.). Psicologia Hospitalar: Teoria e Prática. 2. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.

CAVALCANTE, Calixto Pinheiro. Análise de Conteúdo: considerações gerais, relações com a pergunta de pesquisa, possibilidades e limitações do método. Inf. & Soc., João Pessoa, v. 24, n. 1, p. 13-18, jan./abr. 2014.

COSTA, Rogerio Pamplona Da. Os onze sexos: as multifaces da sexualidade humana. São Paulo: Gente, 1994.

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JARDIM, Renata Bandeira. Corpo e identidade de gênero: A metamorfose da transexual. Trabalho de conclusão de curso (graduação Psicologia). Faculdade Integral Diferencial. Teresina: 2013.

LOURO, Guacira. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do “sexo”. In:______. (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 07-34.

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<https://veja.abril.com.br/brasil/todos-os-meus-pacientes-foram-abusados-diz-defensora-da-cura-gay/>. Acesso em: 12 jun. 2018.

GARCIA, Janaina. Não cabe ao judiciário dizer como um psicólogo deve tratar os LGBT, diz conselho. Uol: São Paulo. 2017. Disponível em:

<https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/09/19/decisao-que-liberou-cura-gay-pode-aumentar-violencia-contra-populacao-lgbt-diz-conselho.htm>. Acesso em: 12 jun. 2018.

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