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NEMOBIS: a extensão universitária para a promoção de modais sustentáveis

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Academic year: 2021

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Elisa Henning

Universidade do Estado de Santa Catarina elisa.henning@udesc.br

NEMOBIS: a extensão universitária para a promoção de modais sustentáveis

Ana Mirthes Hackenberg Universidade do Estado de Santa Catarina ana.hackenberg@udesc.br Fabiano Baldo

Universidade do Estado de Santa Catarina fabiano.baldo@udesc.br

Gustavo Richard Fagundes Cidral Universidade do Estado de Santa Catarina gustavorfcidral@gmail.com Thamires Ferreira Schubert

Universidade do Estado de Santa Catarina thamiresschubert@hotmail.com

Simone Becker Lopes Universidade Federal de Santa Catarina simone.lopes@ufsc.br 1287

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CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO PARA O PLANEAMENTO URBANO,

REGIONAL, INTEGRADO E SUSTENTÁVEL (PLURIS 2018)

Cidades e Territórios - Desenvolvimento, atratividade e novos desafios Coimbra – Portugal, 24, 25 e 26 de outubro de 2018

INSTRUÇÕES NEMOBIS: A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA PARA A PROMOÇÃO DE MODAIS SUSTENTÁVEIS

E. Henning, A. M. Hackemberg, F. Baldo, G.R. Cidral, T.S. Schubert e S. B. Lopes

RESUMO

O objetivo deste artigo é apresentar os trabalhos realizados no programa de extensão NEMOBIS (Núcleo de Estudos sobre Mobilidade Sustentável). Esse programa tem por finalidade a promoção de ações que visam incentivar o uso de modos sustentáveis de transporte no município de Joinville. Uma ação do programa prevê o mapeamento das vias cicláveis e avaliação da qualidade destas por meio do índice BEQi (Bycicle Environmental Index). Até o momento a maioria das vias analisadas apresenta condições regulares para a bicicleta, sendo que os maiores problemas estão relacionados com o design e condições de tráfego. Outro projeto contempla o desenvolvimento de aplicativo para a realização da coleta do traçado de ciclovias. O mapeamento cicloviário agregado às informações sobre a qualidade das vias cicláveis permite a identificação de rotas mais seguras. No terceiro projeto são desenvolvidas atividades com estudantes de forma a incentivar o uso de modos de transporte sustentáveis.

1 INTRODUÇÃO

As médias e grandes cidades apresentam, atualmente, sérios problemas de transporte e qualidade de vida, como a queda da mobilidade e da acessibilidade, a degradação das condições ambientais, congestionamentos crônicos e altos índices de acidentes de trânsito. Estes problemas têm origem, principalmente, de decisões relativas às políticas públicas que priorizaram o uso do automóvel em detrimento ao uso de outros modos de transporte. Assim, uma revisão contínua deste processo torna-se fundamental, direcionando ações para promover um sistema de transporte urbano mais sustentável, no qual a cultura do automóvel dá lugar a um balanceamento adequado entre os vários modos de transporte. Neste contexto, o uso de modos sustentáveis, como a uso da bicicleta, torna-se essencial (PROVIDELO; SANCHES, 2010).

O incentivo à mobilidade sustentável, como a bicicleta, apresenta muitos benefícios para os usuários e também para o meio ambiente urbano. Para Pucher et al. (2011), além da não emissão de gases poluentes, o uso da bicicleta está ligado a melhor qualidade de vida, ajudando na prevenção de doenças que surgem com o sedentarismo. No entanto, para que esta afirmativa se torne uma prática corrente é preciso enfrentar as dificuldades estruturais e buscar a mudança de comportamento. A necessidade urgente de criar um modelo urbano

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adequado e sustentável faz com que inevitavelmente os meios não motorizados de transporte (a bicicleta e a pé) e os motorizados de transporte de massa sejam repensados. Nessa ótica, de sustentabilidade urbana, Ghidini (2011) afirma que seu objetivo é a busca de modelos que contribuam para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, aliada às necessidades da população e ao respeito ao meio ambiente. A falta de um sistema viário adequado para a circulação de bicicletas constitui também uma barreira ao aumento das taxas de utilização desse modo no país (MAGALHÃES et al., 2015; CASTRO et al., 2013).

No que tange ao Brasil, o processo de urbanização das cidades brasileiras, de modo geral, espontâneo e sem planejamento, contribuiu para a ausência de espaços vazios lindeiros às vias urbanas. Este padrão de uso e ocupação do solo implicou na redução de possibilidades de inclusão de rotas cicláveis nos espaços viários das cidades brasileiras (Ministério das Cidades, 2007; MAGALHÃES et al., 2015). No município de Joinville, infelizmente a situação dos meios sustentáveis de transporte, (modo a pé, bicicleta e transporte coletivo) não é diferente. Historicamente, como traço cultural, a população faz uso da bicicleta para o trabalho e lazer. No entanto, as vias cicláveis possuem diversas limitações e assim, a cidade apresenta sérios problemas de mobilidade e necessita políticas e ações mais efetivas. O transporte cicloviário atual em Joinville não apresenta o mesmo status das décadas de 60, 70 e até meados da década de 80, quando havia uma bicicleta para cada dois habitantes.

Neste contexto, o objetivo deste artigo é apresentar os trabalhos realizados no programa de extensão NEMOBIS (Núcleo de Estudos sobre Mobilidade Sustentável). Esse é um programa tem por finalidade a promoção de ações que visam incentivar o uso de modos sustentáveis de transporte, principalmente a bicicleta, no município de Joinville. Partindo desta introdução esse artigo está assim estruturado: na seção 2 apresenta-se o histórico do programa; na seção 3 estão descritos os projetos atuais e na seção 4 os resultados alcançados. Para finalizar na seção 5 estão as considerações finais.

2 HISTÓRICO DO PROGRAMA

Uma primeira edição do programa, sem o nome atual, inciou-se em agosto de 2006. Nesse primeiro o objetivo era avaliar a realidade do usuário da bicicleta em Joinville, suas principais movimentações diárias, suas dificuldades e anseios. A análise foi efetuada em conjunto com técnicos do Instituto de Planejamento Urbano (IPPUJ), com contagens em diversos pontos do sistema viário, complementada com uma pesquisa nas escolas. Esta pesquisa contribuiu para obter uma cobertura parcial da área urbana colaborar na revisão das propostas de implantação de ciclovias na cidade (HACKENBERG et al., 2009). Desde então, vários projetos, com diferentes especificidades e aplicações, foram realizados, dando continuidade a este trabalho (HACKENBERG et al, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013a, 2013b, 2014). Foi avaliado o uso da bicicleta em algumas rotas principais da cidade de Joinville, tendo como principais usuários os estudantes e trabalhadores. Também foram identificadas rotas alternativas com intenso uso de bicicletas e realizada uma contagem de usuários (HACKENBERG et al, 2008). Nas proximidades de empresas, cujos trabalhadores historicamente utilizam a bicicleta como meio de transporte, observou-se um número de ciclistas inferior à expectativa. Para averiguar estas questões, em 2009 a pesquisa foi realizada novamente substituindo-se alguns pontos de contagem, horários e

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intervalos de tempos de acordo com o fluxo de ciclistas e carros (HACKENBERG et al., 2010; 2012). Foi analisada a estrutura dos bicicletários e paraciclos nas empresas, escolas e hipermercados de Joinville, para identificar o uso da bicicleta nestes locais e conhecer melhor as condições de estacionamento para elas. O objetivo era verificar se estes locais possuíam paraciclos ou bicicletários, e se ofereciam algum incentivo para o uso da bicicleta, tais como armário ou chuveiro. (HACKENBERG et al., 2010; 2011; 2013). A pesquisa desenvolvida nas empresas foi feita em 2011 através de visitas de campo e contagem visual com registros fotográficos. Também foi realizada uma pesquisa dentro das empresas participantes para verificar o uso da bicicleta pelos seus colaboradores. A pesquisa nas escolas foi feita em 2009 com o auxílio da Secretaria da Educação. Ela também teve como objetivo verificar se as crianças de Joinville utilizam a bicicleta para se locomover à escola (HACKENBERG et al., 2009).

Um levantamento de demandas não atendidas foi realizada através de entrevistas diretas e pessoais, por meio de um questionário estruturado com ciclistas, motoristas de veículos, motociclistas e usuários de transporte coletivo em vias públicas. A pesquisa foi realizada no período de 14 a 21 de março de 2011, nas mesmas ruas onde foi realizada a contagem de fluxo (HACKENBERG; LISBOA, 2013). O levantamento das ciclovias e ciclofaixas existentes foi realizado por meio de bicicleta fazendo uso do georreferenciamento. (HACKENBERG et al., 2013b) A partir dos resultados obtidos foi elaborado um mapa que permitiu definir rotas de interligação para a malha existente, possibilitando o acesso aos terminais pelos ciclistas, facilitando a integração dos modos de deslocamento e favorecendo o uso da bicicleta em Joinville (LISBOA JUNIOR, 2013). Um estudo que merece destaque é o projeto “Transporte por bicicleta em cidades catarinenses: metodologia para levantamento da realidade e recomendações para incremento da sua participação na mobilidade urbana”, realizado em 2011, e o chamado “Fatores determinantes e padrões de utilização da bicicleta por usuários trabalhadores e estudantes no município de Joinville”, realizado em 2012 e o programa de extensão chamado “Programa para Divulgação e Estímulos as Uso das Ciclovias de Joinville’, realizado nos anos de 2015 e 2016”.

Analisando os resultados dos estudos mencionados acima, é possível notar que estão sendo feitos esforços para aumentar a quantidade e qualidade das ciclovias de Joinville. Entretanto, a criação de ciclovias é apenas uma das iniciativas que devem ser realizadas. Além disso, é necessário estimular a população a utilizá-las. Para isso, deve-se dar visibilidade a elas, assim como, desenvolver estratégias de conscientização dos benefícios que o uso da bicicleta traz a saúde, ao meio ambiente e ao trânsito da cidade. Assim, em 2017 as ações anteriores convergiram para a criação de um programa mais amplo, o NEBOBIS, que agora se encontra em sua segunda edição.

3 AÇÕES DESENVOLVIDAS

3.1 Avaliação da qualidade das vias cicláveis

Apesar das várias contribuições providas pelos projetos já realizados, percebe-se em 2015 a necessidade de não só promover o uso da bicicleta, mas também de avaliar a qualidade das ciclovias e ciclofaixas da cidade, não só sob o ponto de vista das condições do pavimento, mas também sob todas as outras condições do ambiente que as cercam. Esta avaliação de qualidade pode auxiliar os gestores públicos a planejarem investimentos em manutenção e expansão das malha cicloviária, a fim de torná-las lugares mais seguros para

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o uso da bicicleta. Para que a avaliação de qualidade possa ser considerada efetiva, ela deve ser conduzida com base em uma metodologia bem definida que apresente objetivos específicos de qualidade e métricas claras de medição.

O Índice de Qualidade Ambiental de Bicicleta (BEQI) é, conceitualmente, uma metodologia que busca analisar as condições do ambiente para uso da bicicleta em vias urbanas. A utilização do BEQI permite quantificar variáveis ambientais com objetivo de auxiliar o planejamento urbano, priorizando as melhorias. A aplicação do BEQI busca identificar se uma localidade tem infraestrutura adequada e segura para o uso de bicicleta. Assim, o uso do BEQI permite delinear recomendações tanto para ações de execução como de planejamento.

Para complementar ressalta-se que a cidade de Joinville foi uma das poucas cidades brasileiras de médio porte a concluir ainda em 2015 um plano de mobilidade urbana (PlanMOB) (JOINVILLE, 2015). O PlanMOB estabelece ações prioritárias, instrumentos, metas e indicadores para nove eixos temáticos, sendo os dois primeiros para o transporte a pé e por bicicleta. O objetivo geral do Plano Diretor de Transportes Ativos (PDTA) consiste em atender e seguir as diretrizes, ações e metas dos eixos “transporte a pé” e “transporte por bicicleta” do PlanMOB. No âmbito do PDTA, a Prefeitura Municipal de Joinville (PMJ), por intermédio do antigo Instituto de Planejamento Urbano (IPPUJ), estabeleceu uma parceria com a Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) para o desenvolvimento da metodologia de avaliação de qualidade das vias cicláveis da cidade. Este trabalho, como mencionado, teve início em 2016 e deve durar enquanto o PDTA estiver em implantação.

Neste sentido, em 2016, no Programa de Extensão “Programa para Avaliação da Qualidade das Ciclovias de Joinville” iniciou-se o diagnóstico, por meio da construção de um índice da “bicicletabilidade”, ou seja, das condições das vias cicláveis de Joinville. Todavia, para garantir que estas vias são adequadas à população é essencial realizar uma avaliação ampla, sistemática e contínua de sua qualidade. A partir desses diagnósticos é possível projetar e avaliar com maior confiabilidade as diretrizes para mudanças e/ou intervenções que potencializem as correções nos locais considerados deficitários. Do mesmo modo, é necessário divulgar estes resultados para a população interessada. Ao se disponibilizar esses resultados ao usuário, contribui-se para a definição de rotas mais seguras, resultando na prevenção de acidentes. A existência de um canal de comunicação entre usuários e o poder público auxilia na busca da melhoria contínua das vias cicláveis, uma vez que os problemas podem ser mais rapidamente identificados e solucionados. Ressalta-se que o Plano de Mobilidade do Município está em processo de revisão e as informações do presente projeto estão sendo usadas para contribuir com esse processo.

A metodologia da ação compõe-se das seguintes atividades: levantamento periódico da atual estrutura cicloviária de Joinville junto ao órgão responsável e percorrer as ciclovias e ciclofaixas construídas no ano anterior munido com aplicativo para coleta de dados. Além dos traçados, estão sendo coletadas para todas as vias da cidade as métricas de qualidade pré-definidas, assim como informações sobre: condições do piso, sinalização, largura, intersecções, conectividade e segurança em registro fotográfico. Por fim, são analisadas as métricas coletadas para atualizar as estatísticas sobre a qualidade das vias cicláveis de Joinville. A métrica do BEQi foi adaptada considerando especificidades do município (ZANUZO, 2017), como o estacionamento transversal e a largura das vias, ciclovias e ciclofaixas. Os resultados são compartilhados diretamente com os órgãos municipais

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competentes incluindo as estatísticas de qualidade geradas, assim como as fotos que registram imperfeições nas ciclovias analisadas. Do mesmo modo pretende-se divulgar na forma de mapa e tabela as vias com respectivos índices no site do projeto.

3.2 Aplicativo em smartphone

No intuito de disseminar as informações sobre as vias cicláveis da cidade de Joinville para sua população foi desenvolvido em 2010 um sistema web em que é possível visualizar as ciclovias, ciclofaixas e trilhas rurais da cidade. Para cada ciclovia, ciclofaixa e trilha também é possível obter informações, tais como, altimetria, ponto de início e fim, distância total, nível de dificuldade, bairros por onde ela passa e fotos sobre pontos de interesse ao longo do percurso (TAVEIRA, 2011).

Ainda, no intuito de aumentar a disseminação das informações sobre as vias cicláveis, foi desenvolvido em 2011 um aplicativo onde é possível visualizar as ciclovias através de um smartphone (COSTA, 2011). Este aplicativo foi desenvolvido para smartphones com Android e incluem funcionalidades adicionais ao sistema web, tais como, o alerta de proximidade a pontos de interesse previamente registrado. Este aplicativo também está

disponível no site do projeto (http://bdes.joinville.udesc.br:100/ciclo/).

No intuito de transformar o smartphone em uma ferramenta de coleta/mapeamento de ciclovias, em 2013 foi implementada uma extensão neste aplicativo com a qual é possível gravar, através do GPS do aparelho, as coordenadas por onde passa cada ciclovia (CARNEIRO, 2013). Antes da criação desta funcionalidade a coleta era feita através de um receptor GPS convencional e uma máquina fotográfica digital, usada para tirar as fotos dos pontos de interesse, e a carga das ciclovias mapeadas era feita posteriormente através de um processo manual. Agora, qualquer usuário do aplicativo pode coletar uma nova ciclovia, tirar fotos ao longo do percurso, e enviar diretamente para o sistema de armazenamento e disponibilização de ciclovias. Com a criação desta funcionalidade a inclusão de uma nova ciclovia se torna muito mais rápida, o que facilita a atualização permanente das ciclovias da cidade.

Em 2014 foi implementada a funcionalidade que sugere o menor percurso (caminho) entre um ponto e outro da cidade, privilegiando o uso das ciclovias existentes no caminho. Com essa funcionalidade, usuários de bicicleta têm possibilidade de encontrar caminhos dentre seu ponto de origem e destino que utilizem ciclovias que estejam dentro de um perímetro limite, que não aumente a distância em mais de 20%.

Em 2015 foi implementado um aprimoramento à funcionalidade que sugere o menor percurso para que agora ela integre o uso da bicicleta com o transporte coletivo (VIZENTAINER, 2016). Assim, para percursos muito longos o sistema sugere que o ciclista se desloque até um terminal de ônibus ou a um ponto com bicicletário e deste local o sistema sugere que linha de ônibus deve ser tomada para levar o ciclista a seu destino. O sistema sugere também o ponto de descida do ônibus, assim como o trajeto a pé até o destino do usuário. Utilizando o mesmo sistema, as ciclovias implantadas a partir de 2014 foram acrescentadas ao sistema (VIZENTAINER, 2016).

Ainda pretende-se aprimorar o aplicativo desenvolvido para smartphones para que, além de sugerir caminhos que possuem ciclovias, ele permita o registro com foto de problemas na

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ciclovia, como, por exemplo, um buraco, e possibilite enviá-la para a autoridade responsável em providenciar o conserto.

3.3 Projeto 3: Divulgação e ações educativas

Ainda como ação de divulgação das ciclovias e estímulo ao uso da bicicleta, em 2015 foi criado um blog para disseminar informações relativas ao uso da bicicleta, incluindo informações sobre segurança, lazer, manutenção, legislação de trânsito, ciclovias, trilhas

turísticas, etc. O blog pode ser acessado em http://bdes.joinville.udesc.br:100/cicloblog/.

Além das várias contribuições computacionais providas pelos projetos supracitados, também é necessário destacar a quantidade de informações sobre a malha cicloviária e os hábitos dos ciclistas de Joinville produzidas tanto nos projetos de extensão quanto nos de pesquisa.

Alguns dos resultados, sumarizados na forma de relatórios e artigos científicos, se configuram em potenciais referências para o estímulo do uso da bicicleta em Joinville. Além disso, podem contribuir na discussão das políticas públicas relativas à mobilidade urbana e também nas pesquisas em planejamento urbano e engenharia de transportes. Ainda, por serem fontes de dados reais sobre o tema, podem auxiliar tanto no ensino básico como no superior, em práticas pedagógicas que abordam a educação ambiental, em atendimento às diretrizes curriculares nacionais. Para complementar, nestes projetos também foram produzidos materiais instrucionais e campanhas educativas que estão disponíveis para servir de apoio às atividades escolares de educação no trânsito.

Essa ação também abrange o levantamento de eventos potenciais para campanhas educativas para a mobilidade sustentável, voltados principalmente aos estudantes da educação básica. Nos eventos são realizadas palestras e são paresentados os resultados do projeto para incentivar o uso de modos de transporte sustentáveis.

4 RESULTADOS

Nessa seção apresentam-se brevemente os resultados alcançados pelo programa. Com relação à aplicação do BEQi, o índice foi calculado para 133 vias e inserido em mapa digital, até a data de confecção deste artigo. Todos os resultados foram compartilhados diretamente com a SEPUD (Secretaria de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável) do município de Joinville. Na Figura 1, está uma parte da planilha de coleta de dados. Na Figura 2, está um extrato de tabela com resultados. Na Figura 3, um mapa preliminar com os resultados. O mapa foi feito em um aplicativo online gratuito, na qual o encarregado marca a rua analisada com a cor referente à pontuação BEQi da mesma. Dessa forma logo após a coleta, de modo simples, o responsável pode incluir a informação num mapa e divulgar. Em 2018 pretende-se georrefenciar esses resultados.

Das 133 ruas analisadas, somente uma apresenta condições ideais, sendo que a grande maioria apresenta condições regulares, com os maiores problemas relacionados ao design da rua e condições de tráfego. Falta de conectividade, estacionamentos transversais e obstruções aparecem como algumas das deficiências nas vias analisadas (Figura 4).

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Foi possível divulgar junto aos estudantes durante o evento Feira de Trânsito, os índices, o mapa, o aplicativo e o blog existentes. Também foram realizadas palestras na Semana do Trânsito pela prefeitura e por organizações não governamentais. O blog (Figura 5) contém informações recentes sobre eventos relacionados à mobilidade na cidade, além, é claro dos resultados das ações.

Fig. 1 Parte da planilha utilizada para calcular o BEQi

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Fig. 3 Mapa elaborado com os resultados da avaliação do BEQi

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Fig. 5 Blog desenvolvido no projeto

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo apresenta um programa de extensão universitária que tem por objetivo a promoção de ações que visam incentivar o uso de modos sustentáveis de transporte no município de Joinville. Até 2017 as ações eram voltadas ao uso da bicicleta e cumpriram boa parte de seus objetivos. O projeto que envolvia a avaliação da qualidade das vias cicláveis foi o que mais avançou nesse período. Foram 138 vias analisadas ao longo de dois anos. Os índices e a respectiva classificação da via foram planilhados e também incluídos em mapa. Além da classificação final, se tem os resultados de cada dimensão, permitindo assim identificar os pontos que necessitam de melhoria. Os resultados são compartilhados diretamente com equipe responsável pelo plano de mobilidade do município. Quanto ao aplicativo e as ações educativas, estas ainda devem ser aprimoradas. Foi possível participar de eventos da área na cidade, levando a discussão sobre o uso de modos mais sustentáveis para estudantes do ensino médio e também para o público em geral. A importância da temática e o trabalho da equipe geraram resultados positivos. Na continuidade dos trabalhos, o programa pretende incentivar também o “andar a pé” e o uso do “transporte público”. O programa conta com a colaboração e parceria de professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC – Campus Joinville) e de uma empresa de transporte público, além das já existentes.

5 REFERÊNCIAS

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