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PES/Contrato de contrato. Nulidade. Caducidade.

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Informação n.º ID 1545915 Proc. n.º 2014.01.22.4237 Data 2014.02.03

Assunto PES/Contrato de contrato. Nulidade. Caducidade.

Exº Senhor

Presidente da Junta de Freguesia

Em relação ao solicitado cumpre-nos informar o seguinte;

I - No que toca aos contratos celebrados ao abrigo do DL nº 427/89, de 7 de dezembro e do DL nº 64-A/89, de 27 de fevereiro, com Casimiro em 02.01.2002, com Carlos Alberto, em 01.11.2003 e com Maria de Lurdes, em 01.10.2002, salientamos que aquando da sua celebração, a relação jurídica de emprego público regia-se pela lei geral sobre contratos a termo certo, com as especialidades previstas nos Decretos-Leis nºs 184/89, de 2 de junho, e 427/89, de 7 de dezembro (cfr.artºs 9º, nº 2 e 14º, nº 3, destes diplomas, respetivamente). No caso da caducidade do contrato a termo certo de emprego público era aplicável o nº 3 do artigo 46º do Decreto-Lei nº 64-A/89, de 27 de fevereiro.

De facto, o regime de contratação para as entidades públicas - plasmado, como vimos, no D.L. nº 427/89 com as alterações supra referidas - clara e expressamente sujeitava a contratação a termo certo ao regime e disciplina da lei geral sobre contratos de trabalho (direito laboral privado) apenas lhe sendo introduzidas as seguintes especificidades ( previstas nos artºs 18º a 20º):

- Introduziam-se desvios às regras plasmadas no D.L. n.º 64-A/89, de 27 de fevereiro - que aprovou o regime jurídico da cessação do contrato individual de trabalho, incluindo as condições de celebração e

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caducidade do contrato a termo - quanto às formalidades da sua celebração (exigindo-se na Administração Pública que a celebração do contrato fosse antecedida de processo de seleção dos candidatos) e quanto

- ao prazo dos contratos, visto que a duração total dos mesmos não poderia, nunca, exceder dois anos. Atingido este limite não poderia ser celebrado novo contrato da mesma natureza e objeto (e o objeto reportava-se às funções efetivamente exercidas), com o mesmo ou outro trabalhador, antes de decorridos seis meses;

- os contratos a termo certo não se convertiam, em caso algum, em contrato sem termo (aliás, o Acórdão nº 368/2000, de 30 de Novembro declarou a inconstitucionalidade, com força obrigatória geral, do artº 14º nº 3 do DL nº 427/89, de 7 de Dezembro, “na interpretação segundo a qual os contratos de trabalho a termo celebrados pelo Estado se convertam em contratos de trabalho sem termo, uma vez ultrapassado o limite máximo da duração total fixado na lei geral sobre contrato de trabalho a termo.

- A violação destas regras implicava a nulidade do contrato e constituía, no caso das Juntas de Freguesia, os eleitos - que autorizaram ou intervieram na respetiva celebração - em responsabilidade civil, disciplinar e financeira pela prática de atos ilícitos.

- Em tudo o resto, designadamente no tocante ao regime de faltas, férias, licenças, estatuto disciplinar, regime de proteção social, eram aplicáveis aos contratos de trabalho celebrados entre a Administração Pública e os particulares os normativos do direito do trabalho que regulavam sobre estas matérias. De todo o exposto resulta líquido que os contratos em apreço, para além de não fazerem menção de que foram precedidos do necessário processo de seleção dos candidatos, já se encontram há muito caducos. Assim, para além de as “relações contratuais” existentes serem nulas e de nenhum efeito, os contratados em questão encontram-se a exercer funções sem qualquer suporte legal, ou seja em situação manifestamente irregular, pelo que essa Junta deverá fazer cessar, de imediato, tal prestação de trabalho.

II - No que toca ao contrato celebrado em 16.10.2006 com Alice Luzia.

O contrato ora em análise foi celebrado ao abrigo das disposições insertas no DL nº 427/89, de 7 de dezembro.

No entanto, em 2006 já estava em vigor a Lei nº 23/2004, de 22 de junho, que aprovou o regime jurídico do contrato individual de trabalho na Administração Local.

Ora, nos termos do consignado no nº 1 do artº 2º deste diploma legal, aos contratos de trabalho celebrados por pessoas coletivas públicas era aplicável o regime do Código do Trabalho e respetiva legislação especial, com as especificidades dessa mesma Lei.

Assim, uma das referidas especificidades era a constante do nº 4 do artº 9º, segundo o qual a celebração de contratos de trabalho a termo resolutivo obedecia a um processo de seleção simplificado, precedido de publicação da oferta de trabalho pelos meios adequados e de decisão reduzida a escrito e

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Por seu turno, o artº 10" desta Lei determinava que o contrato de trabalho a termo resolutivo certo celebrado por pessoas coletivas públicas não estava sujeito a renovação automática, nem se convertia, em caso algum, em contrato por tempo indeterminado, caducando no prazo máximo de duração previsto no Código de Trabalho (no mesmo sentido rege, aliás, a Lei atualmente em vigor – Lei nº 59/2008, de 11 de setembro – que determina no nº 2 do artº 92º que o contrato a termo resolutivo não se converte, em caso algum, em contrato por tempo indeterminado, caducando no termo do prazo máximo de duração previsto neste Regime ou, tratando-se de contrato a termo incerto, quando deixe de se verificar a situação que justificou a sua celebração).

Por outro lado, só poderia recorrer-se à contratação a termo certo quando ocorressem as situações enumeradas nas alíneas do artº 9º da Lei nº 23/2004, quais sejam, em termos sintéticos: quando fosse necessário substituir um funcionário ou trabalhador ausente, para assegurar necessidades urgentes, para execução de tarefa ocasional não duradoura, para exercício de funções em estruturas temporárias, para fazer face a aumento excecional e temporário de atividade, para desenvolvimento de projetos não inseridos nas atividades normais do serviço e para servir de suporte a formação de trabalhadores que envolvesse a prestação de trabalho subordinado.

O contrato de trabalho a termo certo não poderia, de acordo com o artº 139º do Código do Trabalho (aprovado pela Lei nº 99/2003, de 27/08) exceder a duração de 3 anos (incluindo renovações), nem ser renovado mais de duas vezes.

Decorridos 3 anos ou verificado o número máximo de renovações (i.e. duas) o contrato poderia ser renovado mais uma vez desde que a duração desta renovação não fosse inferior a 1 nem superior a 3 anos (vide o nº 2 do citado artº 139º).

Por último, o nº 1 do artº 10º da Lei nº 23/2004, prescrevia, ainda, que a renovação dos contratos não era automática, o que significava que tinha de haver uma manifestação de vontade nesse sentido. Nesta conformidade e na senda de Maria do Rosário Ramalho e Pedro Brito (In “Contrato de Trabalho na Administração Pública, Anotação à Lei nº 23/2004, de 22 de junho”, Almedina, 2004, pág. 53 e seguintes) realça-se o seguinte:

"A disposição em anotação constitui, com o artigo anterior, um regime especial da contratação a termo no âmbito das pessoas coletivas públicas abrangidas pelo presente diploma, independentemente do regime de trabalho subordinado que Ihes seja aplicável para a satisfação das suas necessidades permanentes: contrato de trabalho ou função pública em sentido estrito.

(…)A especificidade imposta pela disposição em anotação é a de que a ausência de declaração das partes nos contratos a termo no âmbito das pessoas coletivas públicas não tem como consequência a renovação do contrato por igual período e, portanto, a caducidade opera independentemente de declaração negocial nesse sentido[1].

Com a instituição deste regime "pretende-se que, no fim de cada período de contratação, a pessoa coletiva pública proceda à reavaliação da necessidade de manutenção do contrato e, em consequência, produza nova declaração de vontade nos termos previstos para a contratação inicial':

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Assim, na situação em análise, caso não tenha sido renovado formalmente (isto é, se não houve manifestações de vontade no sentido da renovação), o contrato desta trabalhadora caducou em 6 de outubro de 2007.

No entanto, se o contrato tiver sido renovado, a partir de 1 de janeiro de 2009 converteu -se em contrato a termo resolutivo certo, ao abrigo do artº 92º LVCR (Lei nº 12-A/2008, de 27 de fevereiro), mas caducou em 6 de outubro de 2009.

Nesta conformidade, afigura-se-nos que a trabalhadora abrangida pela situação em epígrafe está em situação ilegal, uma vez que se manteve ao serviço da autarquia sem respeito pelas exigências legais, nomeadamente o limite de duração (desconhecemos, além disso, se a celebração do contrato foi precedida do necessário processo de seleção simplificado, exigido pelo nº 4 do attº 9º da Lei nº 23/2004). De facto, nos termos do nº 3 do citado artº 10º. a celebração do contrato de trabalho a termo resolutivo com violação do disposto na Lei no 23/2004 implicava a sua nulidade e gerava responsabilidade civil, disciplinar e financeira dos titulares dos órgãos que celebraram os contratos de trabalho.

Salientamos, por último, que o ato nulo não é suscetível de consolidação na ordem jurídica, podendo a sua nulidade ser declarada a todo o tempo, por qualquer interessado e pode ser declarada, também a todo o tempo, por qualquer órgão administrativo (cfr. art.º 134.º do Código de Procedimento Administrativo).

III - Em relação aos contratos celebrados com: - Natália;

- Natália da Costa

Da análise dos contratos celebrados não decorre que tenham sido precedidos do obrigatório procedimento concursal.

Acresce que, aquando da sua celebração em 2 de setembro de 2013, as regras em vigor eram as constantes da Lei n.º 12-A/2008 de 27 de Fevereiro e da Portaria n.º 83-A/2009, de 22 de Janeiro, ambos na sua atual redação. Teriam, ainda, de ter em conta, designadamente, as exigências impostas pela Lei do Orçamento de Estado para 2013, aprovada pela Lei nº 66-B/2012, de 31 de dezembro. Efetivamente, do artº 66º da LOE 2013 dimanam, em termos sintéticos, as seguintes regras:

a) As autarquias apenas podiam abrir concursos (com vista à constituição de relações de emprego público por tempo indeterminado, determinado ou determinável) aos quais só podem ser admitidos trabalhadores vinculados (com contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado) - nº1.

b) Em casos excecionais, o órgão deliberativo (sob proposta do executivo) poderia autorizar a abertura de concursos (com vista à constituição de relações de emprego público por tempo indeterminado, determinado ou determinável) abertos, também, a indivíduos não vinculados, reunidos que estivessem, cumulativamente, os seguintes pressupostos:

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• Fosse imprescindível o recrutamento, tendo em vista assegurar o cumprimento das obrigações da prestação de serviço público legalmente estabelecidas e ponderada a eventual carência dos recursos humanos no sector de atividade a que se destina o recrutamento bem como a evolução global dos recursos humanos da autarquia.

• Impossibilidade de ocupação dos postos de trabalho por recurso ao concurso referido na alínea a) supra ou a outros mecanismos de mobilidade (ou a pessoal em mobilidade especial).

• Previsão dos respetivos encargos no orçamento.

• Cumprimento da obrigação de reportar ao Ministro das Finanças e da tutela o orçamento, as contas e empréstimos e à DGAL as despesas com pessoal (incluindo, avenças, tarefas e prestações de serviços)- art~50º da Lei das Finanças Locais.

• Cumprimento da redução de pessoal a que se refere o artº 65º da LOE 2013.

Assim, os contratos celebrados em 2013, só serão válidos se tiverem sido precedidos de todas as exigências referidas supra, sob pena de nulidade.

Sem outro assunto de momento, apresento a Vª Exª os meus melhores cumprimentos,

Lídia Ramos

Referências

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