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DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ÓRGÃO ESPECIAL ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº

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1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ÓRGÃO ESPECIAL

ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº 0019453-93.2012.8.19.0021

ARGUENTE: EGRÉGIA 7ª CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INTERESSADO: INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO MUNICÍPIO DE DUQUE DE CAXIAS

INTERESSADO: RENAN ABREU DE MOURA

LEGISLAÇÃO: ART. 147, §5º DA LEI Nº 1.560/2000 DO MUNICÍPIO DE DUQUE DE CAXIAS

RELATOR: DES. FERDINALDO NASCIMENTO

ARGUIÇAO DE INCONSTITUCIONALIDADE. §5º DO ART. 147, DA LEI Nº 1.560/2000 DO MUNICÍPIO DE DUQUE DE CAXIAS. Comando legal que estende o pensionamento dos filhos até os 24 anos de idade, desde que não exerçam atividade remunerada. §12º do art. 40 da Constituição Federal que estabelece que o regime de Previdência Social dos Servidores Públicos deve observar os critérios fixados para Regime Geral de Previdência Social. Norma ora em apreço que se contrapõe ao determinado no art. 5º da Lei Federal nº 9.717/98, o qual veda que os regimes próprios de previdência social dos servidores públicos concedam benefícios distintos dos previstos no Regime Geral de Previdência Social. Lei nº 8.213/91 que não contempla o benefício instituído pelo §5º do art. 147 da lei municipal inquinada. Ao contrário, o ato normativo estabelece que o pensionamento do filho se extingue ao completar 21 anos, salvo se for inválido ou com deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente. Extensão da pensão que afronta o 5º da Lei Federal nº 9.717/98, haja vista que concede benefícios distintos dos previstos no Regime Geral de Previdência Social. Precedente desta Corte de Justiça e

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do E. STJ. Inconstitucionalidade manifesta. PROCEDÊNCIA DA PRESENTE ARGUIÇÃO, para declarar a inconstitucionalidade do §5º do art. 147, da lei nº 1.506/2000 do Município de Duque de Caxias, determinando a remessa dos autos à 7ª Câmara Cível para prosseguir no julgamento da apelação.

Vistos, relatados e discutidos estes autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº 0019453-93.2012.8.19.0021, em que é arguente a Egrégia 7ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, sendo interessados Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Duque de Caxias e Renan Abreu de Moura (Legislação: art. 147, §5º da lei nº 1.560/2000 do Município de Duque de Caxias).

ACORDAM os Desembargadores que compõem o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, à unanimidade, em declarar a inconstitucionalidade do art. 147, §5º da lei nº 1.560/2000 do Município de Duque de Caxias, nos termos do voto do Desembargador Relator.

R E L A T Ó R I O

O 2º interessado, Renan Abreu de Moura, propôs em face do 1º interessado, Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Duque de Caxias, ação cautelar de manutenção de pensão, visando à conservação do pensionamento até que completasse 24 anos ou término da graduação.

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Alega, para tanto, que recebe pensão por morte de seu pai, falecido em 24.05.2001 desde 02.01.2003, sendo estudante de engenharia na universidade UNIGRANRIO. Afirma que a pensão sofre ameaça de ser cortado quando o autor completar 21 anos.

Sustenta que a Lei Municipal 1.506/200 que instituiu o regime jurídico dos servidores públicos do Município de Duque de Caxias, assevera em seu art. 68ª concessão de salário-família por dependente econômico do servidor. Acrescenta que a Lei 1548/2000 organizou o regime jurídico dos servidores públicos do Município de Duque de Caxias, completando a Lei 1556/2000, prevendo como beneficiários os filhos dos dependentes do segurado que fossem solteiros, com idade inferior a 24 anos, cursando ensino superior e que não exerçam atividade remunerada, na forma do art. 10 da Lei Municipal 1.548/2000.

Em primeiro grau, o Juízo da 2ª Vara Cível da Comarca de Duque de Caxias julgou procedente o pleito autoral, determinando à ré a manutenção do pagamento do benefício ao autor, até que o mesmo complete 24 anos, desde que mantida a condição de estudante, fls. 74/75.

Irresignado com o decisum que lhe foi desfavorável, apela o réu, a fls. 76/81.

A fls. 103/109, a ilustre 7ª Câmara Cível, em voto da lavre do Des. André Ribeiro, suscitou o presente incidente de inconstitucionalidade do art. 147, §5º da lei nº 1.560/2000 do Município de Duque de Caxias, determinando a remessa dos autos ao E. Órgão Especial.

Manifestação da Douta Procuradoria Geral de Justiça a fls. 115/124, opinando pelo acolhimento da presente arguição.

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V O T O

Conforme relatado anteriormente, cinge-se a hipótese em incidente de inconstitucionalidade do art. 147, §5º da lei nº 1.506/2000 do Município de Duque de Caxias, arguida pela Egrégia 7ª Câmara Cível nos autos da apelação cível nº 0019453-93.2012.8.19.0021.

Assim dispõe a antecitada norma:

Art. 147. Aos cônjuges, aos companheiros, aos filhos menores de 21 (vinte um) anos ou inválidos e ais pais do funcionário ativo ou inativo, é assegurada uma pensão por mortes, que será igual ao valor dos proventos do servidor falecido ou ao valor dos proventos a que teria direito ao servidor em atividade na data do seu falecimento, reajustável, na forma prevista no art. 143 deste Estatuto.

§5º A Pensão é estendida aos filhos, estudantes de curso superior, até a idade de 24 (vinte quatro) anos, desde que não exerçam atividade remunerada.

O comando legal ora impugnado estende o pensionamento dos filhos até os 24 anos de idade, desde que não exerçam atividade remunerada.

Como é cediço, a edição de normas acerca da matéria previdenciária é de competência concorrente da União, Estados e Distrito Federal, na forma do art. 24, XII, CRFB/88.

A Carta Magna estabelece, outrossim, que “o regime de

previdência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de previdência social”, §12º do art. 40.

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Assim, o regime de Previdência Social dos Servidores Públicos deve observar os critérios fixados para Regime Geral de Previdência Social.

A norma ora em apreço se contrapõe ao determinado no art. 5º da Lei Federal nº 9.717/98, que dispõe sobre normas gerais para organização e funcionamento dos regimes próprios de previdência social dos servidores, in verbis:

Art. 5º Os regimes próprios de previdência social dos

servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios, dos militares dos Estados e do Distrito Federal não poderão conceder benefícios distintos

dos previstos no Regime Geral de Previdência Social, de que trata a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, salvo disposição em contrário da Constituição Federal. Grifos nossos

O Regime Geral de Previdência Social, de que trata a Lei nº 8.213/91, por seu turno, não institui o benefício instituído pelo §5º do art. 147 da Lei Municipal inquinada e, tampouco, existe qualquer ressalva constitucional nesse ponto.

Ao contrário, a aludida Lei estabelece que o pensionamento do filho se extingue ao completar 21 anos, salvo se for inválido ou com deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente. Confira-se:

Art. 77. A pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será rateada entre todos em parte iguais. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

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§ 2º A parte individual da pensão extingue-se:

II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de

ambos os sexos, pela emancipação ou ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido ou com deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; Grifos nossos

Assim, a extensão do pensionamento aos filhos, estudantes de curso superior, até a idade de 24 anos, desde que não exerçam atividade remunerada, afronta o 5º da Lei Federal nº 9.717/98, haja vista que concede benefícios distintos dos previstos no Regime Geral de Previdência Social.

Nesse sentido, segue o recente precedente deste Órgão Especial:

ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE, tendo por objeto o art. 29, I, da Lei Estadual nº 285/79, com redação conferida pela Lei Estadual nº 4.320/04, na parte que estende aos filhos solteiros até 24 anos de idade, se estudantes universitários, o benefício da pensão por morte. Alegação de violação ao art. 40, § 12, da CR, com a redação dada pela EC 20/98. Com fundamento na citada emenda constitucional, foi editada a Lei nº 9.717/98, cujo art. 5º veda que os regimes próprios de previdência social dos servidores públicos de todos entes da federação concedam benefícios distintos dos previstos Regime Geral de Previdência Social. A Lei 8.213/91 limita o pagamento da pensão por morte ao filho capaz até 21 anos de idade, opondo-se à extensão até os 24 anos do universitário, previsto na Lei Estadual n° 285/79. Reconhecimento de que, por força do disposto no § 4º do art. 24 da CR/88, o advento da Lei 9.717/98 provocou a suspensão da eficácia da legislação estadual, afastando, a partir de então, o benefício da pensão para o filho capaz maior de 24 anos nela prevista. Alteração do art. 29, I, da Lei

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Estadual nº 285/79, pela Lei nº 4.320/04, que manteve a extensão do benefício aos filhos até os 24 anos, se universitário. Projeto de Lei nº 666/2003 que lhe deu origem, de iniciativa do Chefe do Poder Executivo, que foi emendado por parlamentares, em violação ao art. 63, I, da Constituição da República e ao correspondente art. 113, I, da Constituição deste Estado, os quais vedam emenda parlamentar em relação a leis de iniciativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo, que importe em aumento de despesa. Afronta aos artigos 194 e 195, § 5º, da CR por estender o benefício sem a correspondente fonte de custeio total. Inconstitucionalidade formal e material. PROCEDÊNCIA DA ARGUIÇÃO. (0078497-74.2010.8.19.0001 - ARGUICAO DE INCONSTITUCIONALIDADE - DES. LEILA MARIANO - Julgamento: 07/01/2013 - ORGAO ESPECIAL)

Nesse sentido, segue a jurisprudência do E. Superior Tribunal de Justiça sobre o tema:

ADMINISTRATIVO. PENSÃO POR MORTE.

ESTUDANTE UNIVERSITÁRIA QUE NÃO EXERCE

ATIVIDADE REMUNERADA. DIREITO A

PRORROGAÇÃO DO RECEBIMENTO DA PENSÃO ATÉ OS 24 ANOS DE IDADE. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES.

RECURSO ESPECIAL PROVIDO.

1. A jurisprudência desta Corte dispõe que, para a concessão de benefícios não previstos no Regime Geral de Previdência Social, o dependente do segurado, ao tempo da edição da Lei n. 9.717/98, deveria reunir todos os requisitos previstos na lei estadual para receber a pensão por morte até os 24 anos de idade, quais sejam: ser universitário, não ter atividade remunerada e ser maior de 21 anos.

2. Apesar de a Lei Complementar Estadual n. 109/97 prever a possibilidade da prorrogação da pensão ao estudante que não tenha renda própria, com o advento da

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Lei n. 9.717/97, que fixou regras gerais para a organização e o funcionamento dos regimes próprios de previdência social, vedou em seu art. 5º, a concessão de benefícios distintos dos previstos no Regime Geral de Previdência Social, respeitando, entretanto, o direito adquirido daqueles que na época tinham mais de 21 anos e menor de 24 anos. Não é este o caso dos autos.

3. Quanto ao precedente colacionado, a existência de julgado divergente não altera a decisão, pois entendimento isolado trazido pela recorrente não suplanta aquele pacificado nesta Corte Superior.

Agravo regimental improvido.

(AgRg no AREsp 13.145/ES, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/08/2011, DJe 25/08/2011) Grifos nossos

ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. PENSÃO POR MORTE. LIMITE DE IDADE.

PRORROGAÇÃO. REQUISITOS NÃO PREENCHIDOS. AUSÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

1. A Lei Federal 9.717, de 27/11/98, editada no âmbito da legislação concorrente, vedou à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, nos seus regimes próprios de previdência, a concessão de benefícios distintos dos previstos no Regime Geral de Previdência Social.

2. Não há, no RGPS, previsão legal de extensão da pensão por morte até os 24 anos de idade para os estudantes universitários.

3. Se o dependente do segurado, ao tempo da edição da Lei 9.717/98, ainda não havia reunido todos os requisitos previstos em lei estadual para receber a pensão por morte até os 24 anos de idade, não possui direito adquirido ao benefício e a sua concessão fere o disposto na mencionada lei federal. Precedente do STJ.

4. Recurso especial conhecido e provido para denegar a segurança.

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(REsp 846.902/ES, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 02/09/2008, DJe 20/10/2008) Grifos nossos

Insta destacar que não há que se falar em direito adquirido na hipótese dos autos, eis que a Lei nº 1.506/2000 é posterior à Lei nº 9.717/97.

Por tais razões, ratifica-se in totum o entendimento Ministerial expresso no parecer, de fls. 115/124, o qual passa a integrar o presente voto na forma do disposto no permissivo regimental.

Por todo o exposto, voto no sentido de julgar procedente a presente arguição, para declarar a inconstitucionalidade do §5º do art. 147, da lei nº 1.506/2000 do Município de Duque de Caxias, determinando a remessa dos autos à 7ª Câmara Cível para prosseguir no julgamento da apelação.

Rio de Janeiro, 23 de setembro de 2013.

Desembargador FERDINALDO NASCIMENTO Relator

Referências

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