• Nenhum resultado encontrado

Comercialização de hortigranjeiros na CEASA-Campinas (1981-1990)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Comercialização de hortigranjeiros na CEASA-Campinas (1981-1990)"

Copied!
235
0
0

Texto

(1)

FACULDADE DE ENGENHARIA AGRICOLA

COKHRCIALIZAC!O DE HORTIGRAKJHIROS HA CHASA-CAKPIHAS

(1981 - 1990)

POR

/)

t'b}lt:..\.AA..I'

JULIETA TERESA AIER DE OLIVEIRA SALLES

rW-~

(/;;

"''-'lfo.,/

n OG viA:.

..r..

e"

cuiv0\6,/

d'i'i

I.

Orientador:

Prof. Dr. Luis Carlos

Guedes.Pinto~

Disserta9ao

apresentada

como

cumprimento

parcial

dos

requisites para obten9ao do Titulo de Mestre em Engenharia

Agricola:

area de

concentra9ao Planejamento e Produ9ao

Agropecuaria.

Campinas - SP

Setembro - 1991

(2)

-otimismo;

Ao Sergio, pelo amor;

Aos meus filhos Maiara, Laura e Rodrigo,

que d~o um sabor especial

a

minha vida;

(3)

Disserta~ao contou com a

A real iza~ao desta

colabora~iio de varias pessoas' para as quais expresso meus

agradecimentos:

Ao Luis Carlos Guedes Pinto, pela orienta~ao na

realiza~ao deste trabalho;

Ao Sergio Luiz Monteiro Salles Filho, pela leitura

cuidadosa dos originais e pelas valiosas sugestoes

apresentadas;

Ao Jose Maria Jardim da Silveira, pelas ric as

discussoes;

A Sonia Maria Pessoa Pereira Bergamasco, pelo

incentive e amizade sempre presentes;

Ao Clovis Tristao, Edgar Aparecido Lombardi,

Rosangela Gomes e Marcelo Fuidio pelo apoio na digita~ao dos

dados;

A Faculdade de Engenharia Agricola da UNICAMP, por

me conceder tempo suficiente para realizar o curso de

mestrado e terminar este trabalho;

Ao Mario Antonio Biral Diretor-Presidente, ao

Laurismaradno Morais da Fonseca - Gerente do Departamento de

Atacado - e, i Eliane Suzete Rosa Sardinha - Encarregada do

Setor de Estatistica- da CEASA-Campinas, pelo aten~ao a mim

dispensada e por possibilitarem o acesso aos dados que

(4)

Oliveira do Departamento

fornecimento dos dados estatisticos referentes ao ETSP.

A

Emilia Hamada, pelo apoio e incentive s6 encontrado nas grandes amizades;

A Silvia Regina Toledo Valentim, Valeria Comitre e Maristela Simoes do Carmo, amigas de todas as horas, agradeco.

(5)

P~gina

FOLHA DE ROSTO • • • • • • • • • • • • . • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • . • • i

DEDICATCJRIA ••..•••••••••••.••••••••••••••••••••••••••••. i i

AGRADEC I MENTOS • •.•••••••••••••••••••••••••••••••••••••• i i i

SUMAR I 0 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • . • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • v

LISTA DE FIGURAS • • • • • • • • . • • . . • • . • • . • • • . • . • . • • • • • • • • • . • . vii

LISTA DE TABELAS •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• xi RESUMO • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • xiii 1. INTRODUI;I!IO.

. .

.

.

.

.

.

.

.

.

. .

.

.

.

. . .

. .

.

.

.

. .

.

. .

. .

.

.

. . .

. .

. . .

.

.01 2. OBJETIVOS • . • • • • • • • . • • • • . • • • • . • • • . • • . . • • • • . • • • • • . . • • • . 06 3. REVISAO DE LITERATURA . • . . . • . . . • . • . • . . . 07 3.1. Considera~Oes Gerais . . • . . . • . • • • . . . • • • • • • . . OB 3.2. Hortigranjeiros: Caracteristicas da

Produ~~o e Importancia Econ0mica ..•••...•••••••• 13

3.3. Hortigranjeiros: Caracteristicas da

Comercializa~~o e do Abastecimento ..•.••.••••..• 21

3.4. Evolu~~o do Processo de Comercializa~~o

Agricola no Brasil . • • . . • . . . . • . . . • . . • • . . 28

(6)

As Centrais de Abastecimento • . • . . • • • • • . • . • . . . • 35 3.6. Mercado Varejista de Hortigranjeiros ••.••••••.•• 48

3.7. A Forma~~o de Pre~os no Mercado

Atacadista de Hortigranjeiros • . . . • • • . . • . . . • . 51

3.8. Considera~Oes Gerais sabre a Sazonalidad.e

da Oferta e dos Pre~os dos Produtos Agricolas .•• 59

3.9. Importancia dos Hortigranjeiros Estudados .•••.•• 65

3.10. Considera~Oes Gerais sabre os Hortigranjeiros

Estudados . • • • • • • • • • . • . • • . . . • . • • • . • • • . . • • • . • • • • • 75 4. MATERIAL E METODOS • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • . • • • • • • • • • • • • • • 91

4.1. 0 Objeto de Estudo . . . • . . . 91

4.2. Material . . . 100

4. 3. Metod as • . . . 104

4.3.1. Sele~~o dos Produtos . . . • . . . . l04

4.3.2. Varia~~o Sazona1 . . . 110

4.3.3. Procedencia dos Produtos ••••.••.•••••••• 113

5. RESULTADOS E DISCUSS~0 ••••.••••••••..••.•••.•.•••••• 115

5.1. Padr~o de Varia~~o Sazonal de Pre~o e

Quantidade na CEASA-Campinas e no ETSP .•••••••. 117 5.2. Procedencia dos Produtos Comercializados

na CEASA-Campinas e no ETSP ••••.••••••••.•••••• 159

6. CONCLUS~ES • . . . 181

7. SUGESTGES PARA TRABALHOS FUTUROS •••.••••••••.••••••• 188 8. REFERENCIAS BI8LIOGRAFICAS ••..•••.••..••••.•••••.••• 189

9. ABSTRACT • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 194 10. ANEXOS • • • • • • • • • • • • • • • . • • • • • • • • • • • • • • • • • • • : • • • • • • • • . 196

(7)

FIGURA Pagina 1. Padrao de varia9ao sazonal de pre9o de banana

nanica. CEASA- Campinas. (1981/90) . . . 117 2. Padrao de varia9ao sazonal de quantidade de

ba-nana nanica. CEASA-Campinas. (1981/90) . . . 118 3. Padrao de varia9ao sazonal de pre9o de banana

nanica nao climatizada. ETSP. (1981/88) . . . 119 4. Padrao de varia~ao sazonal de quantidade de

ba-nana nanica nao climatizada. ETSP. (1981/88) ... 120 5. Padrao de varia9ao sazonal de pre9o de banana

nanica climatizada. ETSP. (1981/88) . . . 121 6. Padrao de varia9ao sazonal de quantidade de

ba-nana nanica climatizada. ETSP. (1981/88) . . . 122 7. Padrao de varia9ao sazonal de pre9o de laranja

pera. CEASA-Campinas. (1981/90) . . . 123

B.

Padrao de varia9ao sazonal de quantidade de

la-ranja pera. CEASA-Campinas.(1981/90) . . . 124 9. Padrao de varia9ao sazonal de pre9o de laranja

pera. ETSP. (1981/88) . . . 125 10. Padrao de varia9ao sazonal de quantidade de

la-ranja pera. ETSP. (1981/88) . . . 126 11. Padrao de varia9ao sazonal de pre9o de alface.

CEASA-Campinas. ( 1981/90) . . . 129 12. Padrao de varia9ao sazonal de quantidade de

al-face. CEASA-Camp in as. (1981/90) . . . 130 13. Padrao de varia9ao sazonal de pre9o de alface.

ETSP. ( 1981/88) . . . • . . . 131

(8)

15. Padrao de varia~ao sazonal de pre~o de repolho.

CEASA-Campinas. (1981/90) . . . 133

16. Padrao de varia~ao sazonal de quantidade de

re-polho. CEASA-Campinas.(1981/90) . . . 134

17. Padrao de variaQao sazonal de pre~o de repolho.

ETSP. (1981/88) . . . 135 18. Padrao de variaQao sazonal de quantidade de

re-polho. ETSP. ( 1981/88) . . . 136

19. Padrao de varia~ao sazonal de pre~o de cenoura.

CEASA-Campinas. (1981/90) . . . 139

20. Padrao de varia~ao sazonal de quantidade de

ce-noura. CEASA-Campinas. (1981/90) . . . 140

21. Padrao de varia~ao sazonal de pre~o de cenoura.

ETSP. ( 1981/88) . . . 141

22. Padrao de varia~ao sazonal de quantidade de

ce-noura. ETSP. (1981/88) . . . 142

23. Padrao de varia~ao sazonal de pre~o de tomate.

CEASA-Campinas. (1981/90) . . . 144

24. Padrao de varia~ao sazonal de quantidade de

to-mate. CEASA-Campinas. (1981/90) . . . 145

25. Padrao de varia~ao sazonal de pre~o de tomate.

ETSP. ( 1981/88) . . . 146

26. Padrao de varia~ao sazonal de quantidade de

to-mate. ETSP. ( 1981/88) . . . 14 7

27. Padrao de varia~ao sazonal de pre~o de batata

comum. CEASA-Campinas. (1981/90) . . . 149

28. Padrao de varia~ao sazonal de quantidade de

ba-tata comum. CEASA-Campinas. (1981/90) . . . 150

29. Padrao de varia~ao sazonal de pre~o de batata

comum. ETSP. (1981/88) . . . 151

30. Padrao-de varia~ao sazonal de quantidade de

ba-tata comum. ETSP. (1981/88) . . . 151

31. Padrao de varia~ao sazonal de pre~o de cebola.

CEASA-Campinas. (1981/90) . . . 154

(9)

bola. CEASA-Campinas. (1981/90) . . . 155

33. Padrao de varia~ao sazonal de pre~o de cebola.

ETSP. ( 1981/88) . . . 156

34. Padrao de varia~ao sazonal de quantidade de

ce-bola. ETSP. (1981/88) . . . 157

35. Participa~ao das principais microrregioes de

proce-d@ncia de banana nanica

a

CEASA-Campinas. Medias

bianuais. ( 1981/90) . . . 161

36. Participa~ao das principais microrregioes de

pro-ced@ncia de banana nanica ao ETSP. Medias bianuais. ( 1981/90) . . . 162

37. Participa~ao das principais microrregioes de

pro-ced@ncia de laranja pera

a

CEASA-Campinas, Medias

bianuais. ( 1981/90) . . . 163

38. Participa~ao das principais microrregioes de

pro-ced@ncia de laranja pera ao ETSP. Medias bianuais.

( 1981/90) . . . 164

39. Participa~ao das principals microrregioes de

pro-ced@ncia de alface

a

CEASA-Campinas. Medias

bi-anuais. (1981/90) . . . 165

40. Participa~ao das principais microrregioes de

pro-ced@ncia de alface ao ETSP. Medias bianuais.

( 1981/90) . . . 166 41. Participa9ao das principals microrregioes de

pro-ced@ncia de repolho

a

CEASA-Campinas. Medias

bi-anuais. (1981/90) . . . 168 42. Participa9ao das principais microrregioes de

pro-ced@ncia de repolho ao ETSP. Medias bianuais.

( 1981/90) . . . 169 43. Participa9ao das principais microrregioes de

pro-ced@ncia de cenoura

a

CEASA-Campinas. Medias

bi-anuais. (1981/90) . . . 171 44. Participa9ao das principais microrregioes de

pro-ced@ncia de cenoura ao ETSP. Medias bianuais.

( 1981/90) . . . 172

(10)

anuais. ( 1981/90) . . . 173

46. Participa~ao das principais microrregioes de

pro-ced~ncia de tomate ao ETSP. Medias bianuais.

( 1981/90) . . . 174

47. Participa~ao das principais microrregioes de

pro-ced~ncia de batata comum

a

CEASA-Campinas. Medias

bianuais. ( 1981/90) . . . 176

48. Participa~ao das principais microrregioes de

pro-ced~ncia de batata comum ao ETSP. Medias bianuais.

(1981/90) . . . 177 49. Participaqao das principais microrregioes de

pro-cedencia de cebola

a

CEASA-Campinas. Medias

bi-anuais. ( 1981/90) . . . 179 50. Participaqao das principais microrregioes de

pro-ced~ncia de cebola ao ETSP. Medias bianuais.

( 1981/90) . . . 180

(11)

TABELA Pagina

1. Classifica~ao das hortali~as pelas partes

utili-zadas nas alimenta~ao humana e comercializadas . . . 12

2. Media das receitas liquidas alcan9adas por alguns

produtos em safras consecutivas, Estado de Sao

Paulo, 1977/82, em Cr$/ha, valores correntes . . . 17 3. Evolu9ao da produ9ao de hortali9as. Brasil. 1985/

1987. (mil toneladas) . . . 19

4. Participa9ao dos principais hortigranjeiros na

quantidade comercializada por setor de

comerciali-Za9ao do ETSP. (1981/90) . . . ,,, . . . 67

5. Participa9ao dos principais hortigranjeiros no

valor transacionado por setor de comercializa9ao

do ETSP. ( 1986/90) . . . 70

6. Participa9ao dos principais hortigranjeiros na

quantidade total comercializada no ETSP. (1981/90) . . . . 72

7. Participa9ao dos principais hortigranjeiros no

valor total transacionado no ETSP. (1986/90) . . . 74

8. Participa9ao dos setores de comercializa~ao na

quantidade total comercializada na CEASA-Campinas.

(1981/90) . . . 95

9. Participa9ao dos setores de comercializa~ao no

valor comercial anual transacionado na CEASA

-Campinas. (1987/90) . . . 97 10. Ocupa9ao do mercado atacadista da CEASA-Campinas,

segundo o tipo de instala9ao e a categoria do

per-missionario. (1990) . . . • . . . 98

(12)

za9io da CEASA-Campinas. (1981/90) . . . 106 12. Participa9io dos principais hortigranjeiros no

valor transacionado por setor de comercializa9ao

da CEASA-Campinas. (1987/90) . . . 108

(13)

Os objetivos deste trabalho sao: caracterizar os

padroes de varia~ao sazonal de pre~os e quantidades e

levantar as regioes de proced~ncia dos principais

hortigranjeiros comercializados na CEASA-Campinas no periodo

de 1981

a

1990. Estes resultados for am comparados aos do

Entreposto Terminal de Sao Paulo (ETSP) da CEAGESP. Tendo

como criteria a importlincia dos hortigranjeiros no que se

ref ere as quantidades comercializadas e OS valores

transacionados,

banana nanica,

selecionou-se

laranja pera,

tomate, batata comum e cebola.

oito produtos principais:

alface, repolho, cenoura,

Para determina~iio dos padroes de varia~ao sazonal

utilizou-se 0 metoda da media m6vel centralizada e

para o levantamento das regioes de proced~ncia elaborou-se

planilhas especificas para cada produto, onde relaciona-se

quantidades ofertadas por Microrregiao Homog~nea, segundo os

meses do ano.

Concluiu-se que da mesma forma que nao se pode

questionar a exist~ncia de rela~oes entre a evolu~ao dos

pre9os e sua oferta, nao se pode tampouco ignorar a

interferencia de outros fatores nao captados pelos indices

(14)

e expectativas dos agentes de comercializacao. Constatou-se

tambem que as principais regioes de procedencia destes

hortigranjeiros sao praticamente as mesmas para a

CEASA-Campinas e para o ETSP, exceto para produtos como a alface e

o repolho, nos quais destacaram-se ofertas advindas de

regioes especificas localizadas pr6ximas ao mercado.

(15)

A partir da segunda metade da decada de cinquenta

consolida-se no Brasil um novo padrilo de desenvolvimento

econ5mico de base urbane-industrial, que fez com que o setor agricola se integrasse cada vez mais ao restante da economia, especialmente aos novos segmentos industriais emergentes.

Entre outras atribui~oes, coube ao setor agricola o

papel de fornecedor de alimentos em quantidades suficientes, em mementos adequados e a pre9os compativeis, de forma a assegurar o abastecimento dos centres urbanos e center a

acelera~ao do custo de vida e, consequentemente, aliviando

pressoes sociais por salaries.

A moderniza~ao da agricultura, que se por um lado

possibilitou uma maier capitaliza9ao do campo e expandiu a

produ~ao agricola, incorporando novas areas de plantio e

utilizando crescentemente novos insumos modernos (quimicos, biol6gicos e mec§.nicos), por outre lado trouxe em seu bojo uma serie de consequ@ncias, tais como: a intensifica9ao do

processo de concentra~ao fundiaria e aumento do @xodo rural;

o aumento dos indices de desemprego, principalmente o

(16)

produtos, especialmente os exportaveis e os energeticos e de

determinadas regioes, particularmente aquelas que

dispunham de uma infra-estrutura minima que pudesse responder

rapidamente ao esfor.;:o de modern iza.;:ao; bem como a

capital iza.;:ao de determinados produtores, que tambem j a se

encontravam numa situa.;:ao relativamente diferenciada.

(Kageyama et alii, 1990).

Os segmentos da comercializa.;:ao e do abastecimento por sua vez, sao tambem alvos destas transforma.;:oes que se processam fundamentalmente atraves da interven.;:ao do Estado, atraves de uma serie de medidas especificas que buscavam contornar os problemas advindos da instabilidade da oferta e pre.;:os dos produtos agricolas.

Ou seja, argumentava-se que as chamadas crises de

abastecimento ocorriam devido i exist@ncia de uma estrutura

aracaica e ineficiente de comercializa.;:ao e de distribui.;:ao de gllneros alimenticios e portanto deveriam passar por um profundo processo de reorienta9ao institucional.

E no Programa de Metas do Governo Juscelino

Kubitscheck (1956/60) que se registram as primeiras propostas no sentido de dinamizar as disponibilidades de armazenamento

e frigorifica.;:ao, transporte e distribui9ao de g@neros

alimenticios e de constru.;:ao de Centrais de Abastecimento

destinadas substitui.;:ao dos tradicionais mercados

atacadistas de hortigranjeiros dos grandes centres urbanos.

Assim, e inaugurado o Entreposto terminal de Sao

(17)

constru9~o de Centrais de Abastecimento ganha dimens~o

nacional com a implanta~~o do Programa de Hoderniza~~o do

Abastecimento no §mbito do Programa Estrategico de

Desenvolvimento (1968/70).

N!o ha duvida que os objetivos

implanta~~o das CEASAs eram corretos

modernizar e aumentar a eficil'lncia

previstos com a

e necessaries:

do sistema de

comercializa~ao de produtos hortigranjeiros, aliado

a

economia de escala, e contribuir de fato para a redu~ao das

perdas, diminui~ao do pre~o final do produto e eleva~ao da

renda do produtores agricolas.

No entanto, como apontam diversos autores, algumas

d istor~oes ocorreram neste processo. Is to porque as CEASAs

acabaram se transformando em mercados com caracteristicas oligops8nicas, onde outros segmentos importantes, notadamente os pequenos e medics produtores e os consumidores de baixa

renda, n~o desfrutaram (ou o fizeram muito pouco) das

vantagens advindas desta moderniza~ao. Per outre lade, a

participa~ao estatal neste setor se restringiu, num primeiro

memento, a arcar com o 8nus dos altos investimentos para a

constru~~o das Centrais e, posteriormente, exercer um papel

de mero locador de espa~os aos agentes de comercializa~ao.

Do ponte de vista do abastecimento alimentar, a

composi~ao da renda familiar exerce comprovada influ!'lncia no

consume de produtos agricolas, particularmente os

hortigranjeiros. Ou seja, altera~oes positivas da renda

(18)

popula~ao, tornando mais equilibrada a rela9ao alimentos energet icosjproteicos e produtos rices em vi tam in as e sa is minerais, que estao disponiveis principalmente nas frutas,

verduras e legumes. Em sintese, o baixo consume de

hortis:ranjeiros registrado

determinado fundamentalmente

na popula9ao brasileira

por um problema de

distribui9iio de renda e nao por questoes de ordem cultural.

e

ma

Nao ha duvida quanto

a

importll.ncia dos produtos

hortiS:ranjeiros no que se refere

a

esfera do consumo. Na

esfera da produ9ao, este setor, no Brasil, tem como

caracteristicas basicas, uma estrutura fundiaria composta por

pequenas e mediae propriedadas, alta produ~ao por area

cultivada, rendas liquidas bastante expressivas e, muitas

vezes, baseada na mao-de-obra familiar.

Neste sentido, torna-se relevante estudar a

produ9ao, a comercilaiza9ao e o abastecimen to de produtos hortigranjeiros. Particularmente, este trabalho direcionou-se para a analise do mercado atacadista da CEASA-Campinas, que representa a setima Central de Abastecimento mais importante do pais e a segunda do Estado de Sao Paulo, ficando atras apenas do Entreposto Terminal de Sao Paulo, (ETSP) localizado na capital.

Dois aspectos fundamentais foram privilegiados

neste estudo: a caracteriza9ao do padrao de varia9ao sazonal

de quantidade e pre9o, e o levantamento das principais

regioes de proced~ncia de oito produtos hortigranjeiros:

(19)

cebola.

Analises comparativas destes dois aspectos da

comercializa~;l!:o for am realizadas entre OS mercados

atacadistas da Ceasa-Campinas e do ETSP.

Quante aos possiveis usos dos resultados desta pesquisa destacam-se: a) orienta9ao aos produtores agricolas,

atraves de trabalhos de extensao rural, quanto ao

planejamento da produ9ao, visando alcan~;ar melhores pre~;os no

mercado; b) subsidies a elabora~;ao de programas de estimulo a

produ9ao regional; c) orienta~;ao aos consumidores quanto as

melhores epocas para realiza~;ao de compras e na escolha de

produtos adequados com base nos periodos de safra e

entressafra; e d) contribui9iio ao estabe lecimento de

programas de integra~;ao intermercados atacadistas de

hortigranjeiros por parte de 6rgao competentes. Do ponto de

vista metodol6gico e acad~mico, vale registrar que o presente

trabalho poe em evidencia limita~;oes analiticas dos metodos

tradicionalmente empregados, mostrando que os estudos de

varia~;iio estac ional devem considerar um maior conjunto de

variaveis que aquelas de pre~;o/quantidade, mesmo em se

tratando de produtos reconhecidamente sensiveis as varia~;oes

(20)

Os objetivos gerais que nortearam esta Disserta~ao

foram:

a) caracterizar a produ~ao, comercializa~ao e abastecimento

dos pricipais hortigranjeiros;

b) resgatar a hist6ria da evolu~ao do processo de

comercializa~ao de hortigranjeiros no Brasil;

Os objetivos especificos foram:

a) Estabelecer e analisar os padroes de varia~ao sazonal de

preco e quantidade dos principais hortigranjeiros

comercializados na CEASA-Campinas no periodo de 1981/1990 e compara-los aos do Entreposto Terminal de Sao Paulo;

b) Delimitar as mais importantes regioes expedidoras dos principais hortigranjeiros comercializados na CEASA-Campinas

e no Entreposto Terminal de Sao Paulo, destacando a evolu~ao

da participa~ao relativa destas regioes frente

a

oferta

(21)

Este capitulo encontra-se subdividido em dez itens

distintos. 0 item Considera<;)oes Gerais tem o objetivo de

conceituar OS termos comercializa<;)ii.o, abastecimento e

hortigranjeiros.

Os

itens 3.2. e 3.3. tratam das

caracteristicas gerais da produ<;lao, da comercializa<;lao e do

abastecimento de hortigranjeiros, bem como da import!l.ncia

econ8mica desses produtos dentro do setor agricola. No item 3.4. faz-se uma breve revisao da evolu<;)ao do processo de

comercializa<;)ii.o agricola no Brasil. Nos itens 3.5. e 3.6.

aprofunda-se est a questao, destacando-se 0 mercado

atacad ista, especialmente as Centrais de Abastecimento, e o mercado varejista de hortigranjeiros. No item 3.7. discute-se a forma9ii.o de pre9os nesses mere ados. 0 item 3. 8 trata da sazonalidade de oferta e pre<;) OS dos produtos agricolas. No

item 3.9. procurou-se demonstrar a import!l.ncia dos

hortigranjeiros analisados nesta Disserta<;lii.O frente ao

mercado atacadista do Entreposto Terminal de Sao Paulo

(ETSP/CEAGESP). Por fim, no item 3.10., levantam-se as

principais caracteristicas tecnico-econ8micas dos

(22)

3.1. Considera9Bes Gerais

Segundo LINHARES & SILVA ( 1979), o abastecimento alimentar e um processo amplo e din!mico, que envolve questoes relativas

a

produ9ao (o que se produz, onde, para que mercado), circula9ao ( englobando transporte, comercializa9ao e armazenagem) e ao consume (diretamente relacionado

a

questao da distribUi9ii0/centraliza9ii0 da renda). Ou seja, conceitualmente, o abastecimento alimentar urbano deve ser entendido como um sistema em movimento no qual produ9iio, distribui9iio e consume se interagem e se retroalimentam''. (LINHARES

&

SILVA, 1979).

MALUF (1988) ressalta que ''mesmo sem aparecer como objeto principal da analise, a comercializa9iio agricola

e

quase sempre destacada como um dos elementos chave na compreensao do processo de desenvolvimento da produ9ao agropecuaria e do abastecimento''.

Frigerio<l. >, ci tado por TOLLINI (1986), afirma que o problema do abastecimento alimentar na America Latina tem sido tratado basicamente segundo dois enfoques distintos, um parcial e outro integrador, sendo que, em ambos, a

comercializa9ao agricola

e

de importante destaque. 0 enfoque parcial

e

assim denominado por duas razoes: primeiro porque 0

o. >FRIGERIO, L .N. Comercializacion aro:icola y abastecimiento de al imentos en America Latina - problematica: el enfoque parcial. Santiago, Chile/FAO, 1983a

---· Comercializacion agricola y abastecjmieoto de alimeotos en America Latjna - problematica: el en- foque integrador. Santiago, Chile/FAO, 1983b.

(23)

problema olhado parcialmente, focalizando-se a

comercializa~!o de alimentos fora de seu contexte mais amplo,

que envolve produ~!o, consume e outras variaveis e, segundo,

porque em geral as solu~oes propostas t8m beneficiado as

parcelas da popula~!o com rendas mais elevadas em detrimento

das popula~oes de baixa renda. 0 importante, como afirma o

au tor, e que na America Latina prevalece o enfoque parcial

desta questi!.o. No enfoque integrador, a comercial iza~ao e

analisada dentro do sistema de trocas no qual ela se

processa, onde duas caracteristicas sao fundamentals: o

funcionamento e a natureza do sistema. 0 funcionamento do

sistema e discutido no contexte da ''teoria da troca desigual entre paises, entre setores dentro do pais e dentro de um

mesmo setor como o agricola, como no caso dos produtos

basicos versus de exporta~ao".

A

natureza do sistema

baseia-se na analibaseia-se do "uso do planejamento pelas empresas como forma de reduzir riscos e enfrentar incertezas" e incorpora elementos das ci8ncias econ8micas, sociais e politicas.

Em

termos analiticos, 0 enfoque parcial do

abastecimento alimentar resulta em definir a comercializa~ao

agricola a partir de um rol de fun~oes que deveriam por ela

ser cumpridas, em avaliar o grau de efici~ncia de um

determinado sistema de comercializa~ao em agregar a produ~ao

e transporta-la no tempo e tratar os eventuais problemas

(desabastecimento, pre~os elevados, etc), como "desvios" em

rela~ao a um modelo te6rico de equilibria de mercado, ou

(24)

agricola. (MALUF, 1988).

Shepherd<Z>, citado por CASTRO (1972), critica a

visil.o funcionalista da comercializacao agricola por

considera-la uma "abordagem meramente descritiva e

classificat6ria e, portanto, incapaz de esclarecer as raizes dos problemas de comercializacao··.

Concretamente, observa-se que no Brasil sil.o poucos os estudos sobre comercializacao de produtos agricolas que procuram em suas analises integrar as esferas da producil.o, da distribuicao e do consume, principalmente em se tratando dos produtos hortifrutigranjeiros.

Inicialmente, o termo hortifrutigranjeiro era usado

para designar produtos advindos das atividades da

horticultura, fruticultura e de pequenas produ~oes de aves e

ovos de "fundo de quintal", como mostra MUSUMECI ( 1987):

"inicialmente, havia de fate uma estreita interliga~ao entre

a producil.o hortifruticola e a de aves e avos - seja porque

diversos estabelecimentos horticolas se dedicavam tambem a

avicul tura, seja pe la proximidade fisica e pelos vinculos

econ8micos entre as granjas e as chacaras, seja ainda pelas

caracteristicas comuns de pequena produgil.o realizada as

portas das grandes cidades, sabre ambos incidindo condi~oes

similares de localizacil.o, comercializagao, etc''. Atualmente, a inclusao desses dais setores numa s6 denominacao tem se tornado cada vez mais inadequada, na medida em que essas

<2> SHEPHERD, G.S. AltricuJturaJ price analysis. Iowa State University

(25)

pequenas granj as das per iferias t@m se transformado, pe la concorrencia com a avicultura industrial, constituindo-se num segmento totalmente distinto e separado da horticultura.

De acordo com FILGUEIRA (1981), horticultura

refere-se

a

produ~iio de uma grande diversidade de culturas,

comest i veis ou ornamen tais, e subdi vide-se em ramos men ores

que agregam numerosas plantas de interesse econ8mico, ou

seja: "'olericultura (hortali~as), fruticultura (fruteiras

d i versas), floricul tura ( f lores para corte), j ardinocu 1 tura

(plantas ornamentais), viveiricultura (produ~iio de mudas),

cultura de plantas medicinais e cultura de plantas

condimentares".

Alguns autores (MURAYAMA, 1971; PINO et alli, 1984,

entre outros) classificam as hortali~as em dois grandes

grupos: as "verduras" e os "legumes". No entanto, segundo

FILGUEIRA (1981) esta classifica~iio e muito "simpl6ria,

incorreta e pouco abrangente". Este autor propoe como

criterio de agrupamento das hortali~as as partes utilizadas

na alimenta~ao e que tenham valor comercial: 0 unico

criterio, para enquadrar as numerosas hortali~as cultivadas,

num ou noutro grupo, seria a adequa~iio ou niio

a

tradicional

embalagem que e a caixa tipo 'K', tambem conhecida como caixa

tipo 'tomate'. Assim, os 'legumes' seriam aquelas hortali~as

consideradas adaptadas a tal embalagem (hortali~as tuberosas

e hortali~as-frutos); todas as demais (hortali~as herbaceas) seriam simploriamente denominadas 'verduras·, mesmo que a cor verde niio predomine(!)'". (Ver Tabela 1).

(26)

TABELA 1. CLASSIFICA(f!O DAS HORI'ALICAS PELAS PARI'ES UTILI-UDAS NA ALIMENTACEIO HUMANA E COMERCIALIZADAS.

- Hortali~as Tuberosas - sao aquelas cujas partes utiliza

veis desenvolvem-se dentro do solo, compreendendo: Tuberculos - batatinha, cara;

Rizomas - inhame; Bulbos - cebola, alho;

Raizes tuberosas - cenoura, beterraba, batata-doce, mandioquinha-salsa, rabanete.

- Hortali9as Herbaceas - aquelas cujas partes aproveitaveis situam-se acima do solo, sendo tenras e suculentas:

Folhas - alface, taioba, repolho, espinafre; Talos e hastes - aspargo, funcho, aipo;

Flores e inflorescencias - couve-flor, couve-br6colos, alcachofra.

- Hortali9as Frutos todo ou em parte: tomate, jil6.

- utiliza-se o fruto, verde ou maduro, melancia, pimentao, quiabo, ervilha,

Fonte: FILGUEIRA ( 1981)

Para fins deste trabalho, adotou-se a denomina9ao hortifrutigranjeiros ou apenas hortigranjeiros para designar os produtos de origem vegetal (hortaliQas e frutas) utilizados na alimenta9ao humana "in natura". A adoQao desta terminologia decorre basicamente da consagraQao deste termo junto aos produtores agricolas e aos comerciantes atacadistas e varejistas.

(27)

3.2. Hortigranjeiros: Caracteristicas da Produ~ao e lmpo~

tancia Kcon8mica

Segundo PINO et alii ( 1984) somente a partir de

194.0. .0 cult:ivo de hortali~as desenvolveu-se enquanto

exploracao comercial propriamente dita, ou seja, a partir des sa epoca a horticu 1 tura deixa de ser uma at i vidade de "fundo de quintal" e passa a produzir visando o atendimento de um mercado em formacao, decorrente do expressive e rapido processo de expansao urbana, principalmente nas regioes Sudeste e Sul do pais.

Langenbuch <3), citado em S~O PAULO. SECRETARIA DE

AGRICULTURA E ABASTECIMENTO/FAO (1982), referindo-se

a

Regiao Metropolitan a de Sao Paulo, aponta que: "no meio rural, o fato de maior import!l.ncia

e

o desenvolvimento conhecido par atividades agricolas diretamente voltadas ao abastecimento da Capital: horticultura, fruticultura e floricultura, que conheceram uma intensificacao e diversificacao. No periodo de

1915-1940 se estrutura o cinturao hortense que - embora com

certas descontinuidades - circunda a capital e constitui uma das marcas mais caracteristicas dos arrectores paulistanos".

Observacoes semelhantes sao feitas por DICLER

(1987): "esta situacao

e

bastante evidente, por exemplo, na

Regiao Metropolitana de Sao Paulo e tem, como conseqll~ncia, o declinio da chamada agricultura caipira (pequenas

( 3 ) LANGENBUCH, J. R. A estruturacao da Grande Sao Paulo; estudo de

(28)

propriedades que praticam uma agricultura de subsist!!ncia,

abastecendo a regiao com alimentos basicos como cereais,

leite, aves e ovos, etc.) e o desenvolvimento da produ9i!.o

hortigranjeira exercida principalmente por imigrantes

japoneses".

Em Neves< 4 >, citado por MUSUMECI (1987), observa-se

que a dos cinturoes hortenses na Regii!.o

Metropolitana de Sao Paulo e na Regii!.o Serrana Fluminense,

apresentam caracteristicas bastante semelhantes quanto

a

pr6xima aos centros urbanos consumidores;

condi9oes edafo-climaticas adequadas a esse tipo de atividade

agricola; estrutura fundiaria composta de pequenas

propriedades e a participa9ao de imigrantes: a estrutura

agraria nessa regiao sofreu influ!!ncia do processo de

imigra9i!.o e coloniza9ao europeias no seculo XIX, garantindo um espa9o mais ou menos seguro para a pequena propriedade e estabelecendo a predominancia de lavouras voltadas ao mercado interno. Foi ai que se disseminou, inicialmente, a produ9ao

horticola demandada pela popula9ao crescente do Rio de

Janeiro''.

CAMARGO & CAMARGO FILHO ( 1986) apontam os estados

de Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Sao

Paulo, Parana, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, como os de maior expressao na produ9ao e no abastecimento de hortali9as

no pais. Entre estes, o Estado de Sao Paulo

"e

o principal

<4> NEVES, D. P. Condici5es sociajs da prodncao agricola no djstrito de

Lumiar, Nova Friburgo. Rio de Janeiro, CNPq, 1983, mimeo.

(29)

produtor da maioria das olericolas no Brasil, com grande

diversifica;~o de culturas" sendo gue, na composi;~o do valor

total da produ;~o agropeculi.ria do Estado de Sao Paulo, a

peculi.ria contribui com 27%, as culturas extensivas com 57%, a

frut icu 1 tura com 9% e as hortali;as com 7%. Esses dados

mostram a importfincia das frutas e das hortalioas em termos

de produ;~o agropeculi.ria global do estado.

Essa posio~o de destague do Estado de S~o Paulo no

guadro geral da produo~o de hortalioas constatada par CAMARGO

& CAMARGO FILHO ( 1986) e exp 1 icada par DICLER ( 1987) como

fruto das condiooes de produo~o favorli.veis durante a maier

parte do ano, da escolha adequada das especies, cultivares e epocas de plantio, aliada a uma melhor estrutura fisica de

comercializa;~o e

a

maier demanda por esses produtos par

parte dos consumidores.

Cumpre notar gue, dispor de condi;oes

edafo-climli.ticas favorli.veis

a

produ;~o de hortigranjeiros niio e

exclusividade do Estado de S~o Paulo. Os condicionantes

fundamentals deste destague est~o relacionados

a

importfincia

do mercado gue aqui se desenvolveu frente aos outros mercados do pais.

encontra

Em S~o Paulo a produ;~o de

igualmente distribuida por

hortali;as

todas as

n~o se

Divisoes

Regionais Agricolas (DIRAs), tendendo a se concentrar em

algumas delas. Os dados estatisticos do Institute de Economia Agricola/SAA indicam que no ana agricola 1976/77, 55% da area total de olericolas estavam na DIRA de Sao Paulo, 33% na DIRA

(30)

de Sorocaba, 5% na DIRA de Campinas, 2,5% na DIRA de Marilia, 2% na DIRA Vale do Paraiba, sobrando 2,5% para as demais

DIRAs. (PINO et alii, 1984).

As principais regioes produtoras paulistas sao:

Serra de Paranapiacaba (maior em volume e area); Encosta da

Serra da Mantiqueira (na divisa com o Estado de Minas

Gerais); Serra de Jaboticabal; Serra de Agudos e a regiao do

Mirante, na regiao de Marilia. As regioes de Presidente

Prudente e Arar;atuba apresentam grande importll.ncia na

produr;ao de tomate rasteiro para fins industriais. (UENO et

alii, 1984).

A produr;ao de hortigranjeiros apresenta grande

heterogeneidade entre as esp6cies, no que se refere i forma de cultivo, ciclo vegetative, tratos culturais, colheita e grau de perecibilidade. Todos esses fatores estabelecem um cenario de peculiaridades dos hortigranjeiros em relar;i!.o a outros produtos agricolas tanto a nivel da produr;ao como da

comercializar;ao e do abastecimento, que tem como consequ~ncia

a necessidade de infra-estruturas de transporte, embalagem e conservar;ao mais complexas e onerosas.

FILGUEIRA (1981) aponta que a caracteristica mais marcante da olericultura 6 o seu carater intensive no que se refere i utilizar;ao do solo, aos tratos culturais, i

mao-de-obra e i utilizar;i!.o de insumos modernos (sementes, pesticidas

e adubos quimicos). 0 ciclo cultural de grande parte das

hortalir;as 6 considerado curto, variando de tr~s a seis

(31)

ou semi-perenes como o chuchu. Nas hortali9as de ciclo curto ha exemplos interessantes que atestam a possibilidade do uso intensive do solo, ou seja, numa mesma area, no periodo de um ano, pode-se obter ate tr@s safras de tomate transplantado, o.u ... a.te s.e is .... c ic.los .. de . produ9ao de .... alf ace t.r.ansplantada .

Do ponto de vista econ8mico, FILGUEIRA (1981) mostra que "a explora9iio oleracea possibi 1 ita a obten9iio da mais alta renda liquida, por hectare cultivado, dentre as diversas op9oes agricolas, somente sendo igualada pela de pequenos anima is confinados". Segundo NASCIMENTO

&

CRUZ (1986) ''em condi9oes normais de mercado, os hortigranjeiros oferecem renda liquida, por area, superior a qualquer outre cultivo temporario''.(Tabela 2).

TABELA 2- MeDIA DAS RECEITAS LIQUIDAS ALCANCADAS POR ALGUNS PRODUTOS EM SAFRAS CONSECUTIVAS, ESTADO DE S.l!D

PAULO, 1977/82, EM Cr$/ha, VALORES CORRENTES.

CULTURAS Cebola ... . Uva Niagara ... . Batata ... . Tomate ... . Cana-de-A9Ucar ... . Cafe ... . Soja ... . Feijlo ... . Arroz Irrigado ... . Trigo ... . Milho ... . MEDIA

(Cr$/ha, valores correntes) 278.947 268.176 154.404 143.906 50.469 26.765 18.134 17.097 12.208 5.972 5.228

Fonte: Progn6stico 1978/79 a 1982/83, IEA, Sao Paulo. Citado por NASCIMENTO

&

CRUZ (1986)

No entanto,

e

precise que se pondere, que a produ9iio horticola em geral apresenta maiores riscos quando comparada

(32)

a outras atividades agricolas no que se refere

a

resist@ncia a adversidades climaticas (geadas, chuvas excessivas, secas prolongadas, etc.), ao ataque de pragas e microorgan ismos

patogenicos e

a

conservaoao p6s-colheita, o que implica na

necessidade de uma rapida comercializaoao e consequentemente em riscos elevados no mercado. Em sintese,

produzir hortigranjeiros pode resultar em

se por um lado ganhos liquidos

bastante expressivos, por outre lado, para que isso ocorra

e

necessaria que o agricultor disponha de maiores investimentos

e de tecnologia (mao-de-obra especializada, sementes,

fertilizantes e pesticidas). E por estas razoes que alguns autores tratam os hortigranjeiros como um exemplo de produoao moderna, com cultivo em pequenas areas, grandes investimentos e moderno nivel tecnol6gico.

Em nivel nacional, em 1982, "os hortigranjeiros

posicionaram-se em 52_ e 32. lugar, respecti vamente, no que

tange ao volume e ao valor da produoao, quando comparados aos

graos (milho, soja, arroz, feijao e trigo)C5> e

a

cana-de-aodcar". (NASCIMENTO

&

CRUZ, 1986).

Pelos dados do Centro Nacional de Pesquisa de

Hortalioas (CNPH) da EMBRAPA, apresentados no artigo

HORTALICAS: tempo

e

instavel (1989), constata-se que a

produoao de hortalioas no Brasil cresceu de 8,5 milhoes de

toneladas em 1985, para aproximadamente 9,6 milhoes de

toneladas em 1987, posicionando este segmento em sexto lugar no "ranking·· das atividades agricolas do pais. 0 tomate e a

(33)

batata se destacam por serem responsaveis por aproximadamente metade da produ~ao total (ver Tabela 3).

TABELA 3- EVOLUCA:O DA P!VDUCAO DE HORI'ALICAS. BRASIL. 1985/ 1987. (mil toneladas). PRJDUTOS 1985 1986 1987 Tomate ... 2.275 1.846 2.043 Batata ... 2.175 1.836 2.342 Batata-doce .. 788 769 747 Cebola ... 700 639 857 Melancia ... 250 573 1.346 Repolho ... 276 337 317 Cenoura ... 224 312 294 Chuchu ... 209 274 248 Ab6bora ... 164 230 217 Pimentao ... 88 125 118 Outros ... 1.350 1.353 1.097 Total. ... 8.500 8.286 9.626

FONTE: Centro Nacional de Pesquisas de Hortali~as

-

CNPH/

EMBRAPA.

Citado em HORI'ALICAS: tempo e instavel (1989).

No entanto, segundo CAMARGO

&

CAMARGO FILHO (1986), "apesar de todo o dinamismo do setor horticola, as crises de

produ~ao (excesso ou escassez) sao frequentes. E comum ao

final do ano os pre~os ficarem tao baixos que nao compensam seguer colher o produto, fato este que serve de desestimulo e leva i diminui~ao da area cultivada na safra seguinte··. Os autores indicam a necessidade de um planejamento da produ~ao

em nivel nacional atraves de planos especificos para cada grupo de hortali~as, considerando medidas ace rca do melhoramento, pesguisa e produ~ao de sementes; da gera~ao e difusao de tecnicas de cultivo adaptadas as diversas regioes;

e estimulos industrializa~ao e/ou ao con sumo em determinadas epocas do ano, como forma de reduzir as

(34)

oscila9oes de guantidades produzidas, as perdas na produ9ao e

comercializa9ao e, conseqtientemente, alcan9ar uma maier

estabilidade de oferta e pre9os.

Em s intese, tem-se que o desenvol vimento da

produ9ao de hortigranjeiros enquanto atividade comercial

propriamente dita, esteve estreitamente relacionado ao

processo de urbaniza9ao do pais, principalmente nas regHSes

Sul-Sudeste. Trata-se de uma atividade agricola com as

seguintes caracteristicas basicas: estrutura fundiaria

composta de pequenas propriedades, uso intensive do solo

(possibilitando a obten9ao de varias safras por ano),

necessidade de tratos culturais intensives aliada it grande

utiliza9ao de insumos modernos (sementes, fertilizantes e

defensives agricolas) e possibilidade de auferir rendimentos liquidos significativos em gue se pondere os altos riscos

(35)

3.3. Hortigranjeiros: Caracteristicas da Comercializa~ao

e do Abastecimento

Uma das principais caracteristicas dos produtos

hortigranjeiros e .a s.ua Perecibilidade, pois a partir da

realiza~ao da colheita, que pode ser atraves do arranco total

da planta (alface, por exemplo) como de parte dela (tomate, laranja, etc.), ocorre uma serie de processes metab6licos,

que vao promover al tera~oes organolepticas (cor, textura e

aroma) que via de regra levam

a

redu~ao da qualidade, do

valor nutr i ti vo e comercial do produto. Em alguns cases, o

grau de perecibilidade e tao grande e as condi~oes ambientais

sao tao inadequadas que, em cur to espa~o de tempo, pode

ocorrer a perda total dos produtos pela sua deteriora9ao.

Werner

&

Braun<B>, citados por DICLER (1987),

afirmaram que as perdas de produtos agricolas ocorrem em

todos os segmentos, da produ9ao

a

comercializa9ao, iniciando

no plantio e aumentando

a

medida que novos custos sao

agregados, ate o consume final do produto. Na comercializa9ao as perdas sao as mais onerosas, na medida em que novos custos

sao agregados ao produto atraves da colheita, sele9ao,

classifica~ao, embalagem, transporte, armazenagem, taxas e

comissoes, etc.

A titulo de ilustra~ao sobre a dimensao das perdas

no mercado de horticolas, RESENDE

&

BRANDT (1981) apresentam

<B> Werner, R. A. & Braun, R. L.

abastecimento. Florian6polis,

Horticulture, 1983. 37p.

Horticultn'ra: questoes do

(36)

que a taxa acumulada media das perdas sobre a quantidade total ofertada de tomate e repolho foram da ordem de 31,1% e 26,5% respectivamente no periodo de 1974 a 1978, no Estado de

Minas Gerais. DOMINGUES et alii (1984), referindo-se a um

trabalho do Institute de Economia Agricola IEA/SAA

exemplificam que no periodo de 1975 a 1980 perdeu-se em media 14% ao ano na comercializa9i!.o de cebola no Estado de Sao Paulo. Segundo hortigranjeiros MUSUMECI (1987)' constituiu-se num a perecibilidade dos fator de profunda

influancia sobre o sistema de forma9i!.o de seus pre9os, ou seja, a alta perecibilidade dos produtos acarreta o chamado

nervosismo do mercado, o que faz com que o pre9o oscile

rapidamente. Este comportamento do mercado acaba por

estreitar sobremaneira o poder de barganha dos agricultores (salvo aqueles associados as grandes cooperativas); pois, como os agricultores t@m "que vender a produ9ao imediatamente

ap6s a colheita (passados, no maximo, um ou dois dias,

dependendo do produto), eles ni!.o t~m como regatear pre90 e,

alem disso, quanto mais distanciados do centro consumidor,

menos controle podem exercer sobre a fidedignidade das

informa9oes que lhes da o intermediario a respeito dos

valores que estao sendo praticados na CEASA, do volume de

oferta no momento, e assim por diante".(MUSUMECI, 1987).

Tambem, em razao do fator perecibilidade, a

possibilidade de armazenamento/conserva9i!.o dos

(37)

tecnol6gica e econBmica. Segundo FILGUEIRA (1981), com a exce9ilo de certos produtos como

batata doce, que permitem

a batata, cebola,

armazenamento a

alho e custos re lati vamente men ores, assim mesmo por curtos periodos de

tempo, a maioria das hortali~as re.quer te.c.nic.as mod.er.n.as e

onerosas de conserva~ao.

Segundo NASCIMENTO & CRUZ (1986), "apenas para

certos produtos, que oferecem melhor perspectiva de mercado,

como laranja, ma9a e banana, entre outros, foram

desenvolvidas estruturas de beneficiamento e armazenagem mais

apropriadas''; para alguns hortigranjeiros, no entanto, a

extrema perecibilidade ocasiona perdas elevadas por nao

permitir o armazenamento em condi~oes naturais.

No Brasil, o armazenamento de frutas e hortali9as e ainda reduzido. Dados estatisticos mundiais, citados por SilO PAULO. SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO/FAO (1982), revelam que no Brasil cerca de 40% da produ9ao de frutas e

hortali~as e perdida por falta de armazenamento adequado. Uma

das razoes do pouco aprovei tamento do armazenamento a frio

esta na falta de recursos para sua instala~ao tanto por parte

do produtor agricola como do setor publico. Outre obstaculo, de ordem tecnol6gica, e que a maioria dos estudos nessa area

silo de outros paises e portanto as especificidades da

produ~ao e comercializa~ao brasileiras nao sao contempladas.

Per fim, nao se pede esquecer do fa tor desconhecimento, de

grande parte dos produtores e de parte des c~merciantes, des

(38)

SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO/FAO, 1982).

Por outro lado, segundo GRAZIANO DA SILVA (1986),

as varia9oes de pre9os agricolas t~m sempre um componente

especulativo dado pela manipula~ao dos estoques ap6s a

colhei ta ou mesmo pel a · anteeipa9ao · das possiveis 'quebras · de safra··. No caso dos hortigranjeiros a possibilidade de

forma9iio de estoques bastante restrita e,

consequen temen te, "a especu la9iio no comerc io a tacad ista de hortigranjeiros nao se faz sobre estoques, mas sim sobre a propria perecibilidade dos produtos e a vulnerabilidade dos

produtores, di tad a pel a urg~ncia de comerc ial iza9iio."

(MUSUMECI, 1987).

No entanto, niio e raro que o governo ou a imprensa

atribuam aos hortigranjeiros a responsabilidade pela ascen9iio do custo de vida. Em alguns momentos isto e tao magnifieado ao ponto de notabilizar a "infla9iio do chuchu", "da cebola",

etc. (NASCIMENTO

&

CRUZ, 1986).

A questiio da disponibilidade e do pre9o dos

produtos agricolas em geral - inclusive os hortigranjeiros

-se constitui numa preocupa9iio universal e de import&ncia

estrategica para os governos. Diversos paises do mundo v~m

discutindo amplamente o conceito de seguran9a alimentar e

propondo projetos, programas e politicas, visando a

concretiza9iio de do is objetivos: "o atendimento das

necessidades alimentares da popula~iio e o alcance da

auto-sufici~ncia nacional na produ~ao de alimentos". (SaO PAULO,

(39)

In6meros estudos t@m demonstrado que a quest~o do consume alimentar humane apresenta duas dimensoes principais

levantadas pelo conceito de seguranoa alimentar: uma dimens~o

refere-se

a

correlao~o entre rends familiar e consumo de

Ill imentos, parcela da

onde independente dos

populaoao nao dispoe

preoos dos produtos uma de renda suficiente para

adquiri-los em quantidades adequadas para uma alimentaoao

minimamente equilibrada; a outra dimensao do problema

refere-se

a

instabi lidade no suprimento de alimentos decorrente de

questoes de produoao, comercial izaoao, importaoao/exportaoao

entre outros fatores. (GRAZIANO DA SILVA

&

QUEDA, 1977; SaO

PAULO. SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO/FAO, 1982;

PAGOTTO

&

KLEM, 1984; CAMPINO et alii, 1984; SITUACAO

alimentar do Brasil nos 6ltimos 20 anos, 1985; TOLLINI, 1986; CHONCHOL, 1989).

A prime ira dimens~o da questao alimentar

(correlaoao renda familiar X consume de alimentos)

e

tratada

de forma minuciosa no ENDEF (Estudo Nacional de Despesas

Familiares), realizado em 1974/75 em todo territ6rio nacional

pela Fundaoao Institute Brasileiro de Geografia e

Estatistica.

No que se refere ao consume de hortigranjeiros, os resultados do ENDEF indicam que: a) a parcela dos gastos com

alimentaoao destinada a produtos hortigranjeiros

e

muito

reduzida, quando comparada as demais; b) o consume de

hortigranjeiros

e

mais elevado nos centres urbanos e, nestes,

(40)

popula9ao de baixa rend a 0 con sumo alimentar est a

praticamente restrito a produtos energeticos; d) o consume de

hortigranjeiros varia de regiao para regiao no pais em

decorrencia de sua disponibilidade e dos habitos alimentares

da popula9iio. (PAGOTTO & KLEN, 1984).

GRAZIANO DA SILVA & QUEDA (1977) demonstraram que

altera95es positivas na renda afetam qualitative. e

quantitativamente a pauta de consume alimentar da popula9ao: ''o aumento da renda traduz-se num maior consume de alimentos

proteicos de origem animal e produtos hortifruticolas, em

detrimento do consume de alimentos energeticos''.

MUSUMECI ( 1987) coloca par!!.metros de relatividade

nas explica95es apontadas para o baixo consume de

hortigranjeiros pela popula9!o de baixa renda baseadas no argumento da "ignor!!.ncia" ou "habitos culturais", afirmando que certos tipos de legumes e hortali9as entram em refei9oes 'sofisticadas·, por motives de ordem cultural, a exemplo da

alcachofra e br6colos; existem outros produtos porem, que

"quando preteridos pelas familias mais pobres, 0 siio

principalmente em virtude das restri95es de renda, e niio

porque ignorem o seu valor nutritive ou porque desprezem culturalmente o seu consume. Couve, alface, repolho, tomate,

ab6bora, chuchu, cenoura, cebola, jil6, pimentiio, quiabo,

batata, aipim, alho, banana e laranja - por exemplo siio

generos certamente aceitos no cardapio popular, alguns deles

estando presentes, ainda

or9amento das familias

que em

de renda

propor9oes reduzidas, no

(41)

1987).

Em que pese o baixo consume de hortigranjeiros pela

popula.yiio de baixa renda, os dados do IEA/SAA, atraves do

acompanhamento da Cesta de Mercado na cidade de Siio Paulo,

v~m demonstrar que este produtos t8m participaQiio

significativa no total das despesas familiares dos

pau 1 istanos com alimentaQiio. Por exemplo, as despesas com frutas e hortali9as representaram, no total das despesas com alimentaQiio,

10,8% em

respectivamente, 10,6% e 9,3% em 1987; 11,4% e

1988; e 9,7% e 13,6% em 1989 (INFORHACOES

(42)

3.4. Bvolu9ao do Processo de Comercializa~ao Agricola no Brasil CASTRO ( 1972) comercializa~ao agricola no aponta Brasil que 0 processo de

pas sou por tr~s etapas

relativamente distintas, as quais estiveram intrinsecamente

ligadas ao processo de urbaniza~ao/industrializa~ao do pais.

A primeira etapa, circunscrita ao inicio da

industrial iza~ao/urbaniza~i!.o do pais, caracter iza-se como o

periodo de crescimento do mercado interne; a infra-estrutura

de transporte restringia-se ao sistema ferroviario criado

para a exporta9ao do cafe; e os can a is de escoamento da

produ9i!.o no mercado interne eram controlados por "rodas de

compradores", localizadas junto ao centres comerciais de

maior porte no interior. Tais "compradores" constituiam

grupos oligops8nicos, controlando o escoamento das safras e

obtendo elevadas taxas de lucro via redu9ao dos pre~os pages

aos agricultores e eleva~i!.o do pre~o final dos produtos.

(CASTRO, 1972).

Na segunda etapa, marcada pelo intense processo de

urbaniza~i!.o/industrializa~i!.o do pais a partir do p6s-II

Guerra, que engendrou series desequilibrios entre as

dimensoes do mercado urbane de produtos agricolas e a

deficiente estrutura de comercializa~i!.o, tornando necessario

expandir e transformar fisicamente toda essa infra-estrutura,

especialmente pela substitui~i!.o do transpo~te ferroviario

(43)

surge a figura do caminhoneiro que se encarregava do

transporte da producao das regi~es de cultivo para os centros

consumidores; amplia-se a fronteira agricola para regi~es

mais distantes (oeste do Parana, sul do Mato Grosso e Goias, etc.) onde ate entao predominavam c.ulturas de subsist&ncia, que sao substi tu idas por cu 1 turas comerciais; e, junto aos principais centros urbanos, in icia-se a consti tu icao de um

mercado atacadista de dimensoes significativas, respons!-vt>~

pela distribuicao dos produtos no sistema varejista. (CASTRO, 1972)

A terce ira etapa marc ada pelo continuo

crescimento urbano e pela transformacao e fortalecimento do

sistema varejista. 0 varejo dos grandes centros urbanos

anteriormente constituido por pequenas unidades tipo

armazens, quitandas e feiras, foi parcial e gradativamente sendo substituido pelas cadeias de supermercados que, por

deterem grande poder econl\mico e financeiro, puderam

estabelecer contato direto com as fontes produtoras e

penetrar rap idamen te junto aos consumidores, pr incipalmen te da classe media e, conseqllentemente, romper o forte controle exercido pelos atacadistas. (CASTRO, 1972)

Em sintese,

a

medida QUe se desencadeava o processo

de urbanizacil.o/industrializacao do pais o sistema de

comercializacao e de abastecimento foi sendo estruturado,

tanto no que se refere

a

sua adequacao fisica como

qualitativa. A adequacil.o fisica da capacidad~ de escoamento

(44)

demandados pelos centres urbanos em desenvolvimento esteve

fundamentada no binBmio transporte-armazenamento. Esta

aqueda~ao fisica

e

de fundamental import~ncia no sentido de

propiciar melhores condi~oes de homogeiniza~ao dos custos de

comercializa9ao, o que de.veria refletir numa menor flutua~ao

de pre~os tanto para produtores como para consumidores.

Quante a adequa~ao qualitativa, ha que se levar em conta que

o crescimento do volume de produtos comercializados traz

tambem varia~oes quanto ao tipo e grau de

elabora~ao/processamento dos produtos, ou seja, a

caracteriza9ao, nos centres urbanos, de d i versos niveis de renda e de consume, constitui uma pressao econ8mica para a diferencia9ao e diversifica9ao dos canais de comercializa9ao,

o que acarreta o aumento do numero de intermediaries, a

introdu~ao e/ou o aperfei~oamento de tecnicas de embalagem e

conserva~ao, bem como uma maier sele~ao e padroniza9ao dos

produtos. (CASTRO, 1972).

Por fim, destaca-se que o modelo de urbaniza~ao do

pais, conhecido como "Modelo de Expansao Periferica",

bast ante comum aos paises on de o capital ismo se desenvo 1 veu

tardiamente, apresenta como caracteristica fundamental a

intensa migra~ao para os grandes p6los industriais e

comerciais demandantes de mao-de-obra. Geralmente essa

rend a

parcela da

aglomerar-se desordenadamente nas

mais areas

baixa, acaba por

perifericas destes

centros desenvol vidos, padecendo de servi~os ,urbanos basi cos

(45)

SECRET ARIA DE AGRICULTURA SERRALHEIRO, 1984). Paralelamente a E ABASTECIMENTO/FAO, forma9iio dos 1982; centros

urbanos/industriais e em parte justamente por essa razao,

obser.vou~se a cr.e.s.cente capitaliza9iio do campo, mais intensa

nas dec ad as de 60 e 70. Nao obstante a modern iza9iio da

agricultura tenha incorporado novas areas de plantio,

ampliado a fronteira agricola, aumentado a produtividade

fisica e do trabalhado e a oferta de produtos agricolas, ela promoveu o aumento do desemprego, principalmente o desemprego

estacional e intensificou o exodo rural, o que contribuiu

para o agravamento dos problemas urbanos.

GRAZIANO DA SILVA, 1983).

(KAGEYAMA

&

Uma das mais importantes conseqtiencias do processo de urbaniza9iio/industrializa9iio das cidades brasileiras para

a produ9iio hortifruticola, tem sido o afastamento dos

tradicionais ''cintur5es verdes··. Segundo UENO (1989), em 1952

obser.varam~se os primeiros indicios de afastamento do

"cinturiio verde" produtor e abastecedor de hortali9as da

cidade de Sao Paulo, levando o Governo Lucas Nogueira Garcez

a propor uma serie de medidas destinadas a aumentar a

produ9iio e a melhorar as condi9oes do abastecimento de

hortali9as na capital paulistana. Essas medidas, entre outros

aspectos, propunham a concessao de financiamento para

aquisi9iio de lotes rurais; assistencia tecnica; presta9ao de

servi9os de mecaniza9ao agricola e venda de insumos e

(46)

Secretaria da Agricultura.

No en tanto, como mostra a autora, essas medidas

propostas em 1952 nao foram suficientes para a manutenoao do "cinturiio verde" paulistano, pois no periodo de 1973 a 1980 o

afastamento do cinturao hortense foi uma realidade

determinada pelo aumento do preoo da terra provocado pela

expansiio industrial e pelo processo de urbanizaoao; no

periodo de 1979 a 1984 observou-se que a regiao mais proxima

da capital - circunscrita num raio de 30 km de dist!l.ncia

-apresentou taxa negativa de crescimento no hortali9as ao Entreposto Terminal de Sao

regiao mais distante num raio de mais

fornecimento de

Paulo (ETSP); a

de 120 km de

dist!l.ncia - apresentou taxa positiva de fornecimento; e os

antHs intermediaries - de 30 a 50 km e de 80 a 120 m de

dist!l.ncia da capital - nao registram tend@ncia de variaoao no suprimento de hortalioas. (UENO, 1989)

Por outro lado, a autora pondera que "a implantaoao de entrepostos atacadistas de produtos horticolas (Central de

Abastecimento e Servioos Auxiliares CEASA), em d i versos

municipios do interior do Estado de Sao Paulo, de 1979 a 1985, com a finalidade de descentralizar o comercio ao nivel

de atacado para reduoao dos custos de transporte e

conseqfiente baixa de preoos dos produtos e de incentivar a

produoao regional de hortalioas, pode ter contribuido na

alteraoao da localizaoao do cinturao verde de Sao Paulo". (UENO, 1989)

(47)

atualmente a preservag~o dos ''cintur5es verdes'' ao redor dos

grandes centros urbanos tem sido bast ante d if ici 1: "frage is

e pereciveis, as hortalioas travam uma batalha her6ica e

desigual para continuarem germinando junto aos grandes

centros consumidores, nas cercanias dos arranha-ceus. Sua

resist@ncia, porem, e o entrelagamento de canteiros com

horizontes de concreto infelizmente ainda niio definiram um

novo e desejavel padriio de conviv~ncia pacifica da cidade com

o campo. poluioao, especulaoao imobiliaria, car~ncia de

mao-de-obra e inseguranoa sao alguns dos obstaculos existentes no caminho desse acordo de paz. Os horticultores dos municipios

de Moji das Cruzes, Embu, Suzano, Biritiba Mirim, entre

outros da Grande Sao Paulo, estiio no olho do furacao desse

confli to. E desse cinturao, j

a

nao tao verde, que saem as

hortalioas da salada dos paulistanos. Saem tambem dai, cada

vez mais, horticultores que simplesmente desistem de

enfrentar a pressao urbana".

Este conflito nao afeta apenas as megacidades como

Sao Paulo, mas tambem centros urbanos de medio e grande

portes, que nem por isso deixaram de passar por um processo

in ten so de expansao nas u 1 timas decadas< 7 >. A regiao de

Camp in as e um exemplo claro deste processo: "talvez nenhuma

outra regiao reflita esse impasse de forma tao didatica

<7> Segundo TOLElX> (1990), os dados do Censo Demografico do IBGE mostram

que, de 1970 a 1980, a pepulagiio brasileira vem crescendo a uma taxa media de 2% a.a; as cidades de 100 mil a 500 mil habitantes t@m

registrado um crescimento superior a 5,5% a.a., os p61os com mais de 500 mil habitantes alcanoaram indices de mais de 4% de crescimento medio ao ano.

Referências

Documentos relacionados

Analiso nosso processo de criação à luz da hipótese de que este pode ser uma experiência de aprendizagem para o intérprete-criador, pois o leva a refletir sobre a necessidade de

Também um músico que encontrasse por acaso um homem convencido de ter competência na arte da harmonia, só porque aprendeu a afinar uma corda para obter a

3 A classificação Portuguesa das Atividade Económicas (CAERev.3) reserva as divisões 20 e 21 “Fabricação de produtos químicos e de fibras sintéticas ou artificiais,

- que a ASSUFRGS organize e propicie estudos e debates sobre gestão universitária (incorporar o tema em algum GT, ou talvez criar GT ou grupo de estudos específico) - Unir

Referendada na pesquisa avaliativa das Diretrizes Curriculares, coordenada pela ABEPSS, Ramos (2007), analisa várias dificuldades apontadas pelas UFAs investigadas em relação

O presente trabalho obje- tivou melhorar a interface da versão anterior do sistema Retratos da Atenção Primária à Saúde com base nos objetivos primários da plataforma para

ARQUIVO RECEBIDO COM SUCESSO AVALIANDO O ENVOLVIMENTO COM O TRABALHO E A INFLUÊNCIA DAS EQUIPES NA EMPRESA RESOL DO BRASIL - VÁRZEA ALEGRE-CE ARQUIVO RECEBIDO COM SUCESSO AVALIANDO

O SINCOND - Sindicato dos Condomínios Comerciais, Residenciais e Mistos de Niterói e São Gonçalo, não recomenda a contratação de empresa interposta, haja vista