• Nenhum resultado encontrado

Meningites. Infectologia

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Meningites. Infectologia"

Copied!
9
0
0

Texto

(1)

Infectologia

(2)

INTRODUÇÃO

É definida como a inflamação aguda nas leptomeninges, ou seja, tecidos que envolvem cérebro e coluna vertebral, secundária a uma infecção bacteriana, marcada pelo aumento anormal dos leucócitos no líquor.

EPIDEMIOLOGIA

Anualmente, ocorrem cerca de 1.2 milhões de casos e 135 mil mortes, sendo considerada a Top 10 entre as causas de morte infecciosas, e ainda, mui-tos que sobrevivem possuem sequelas. Podem ser classificadas como: adquiri-das na comunidade, mais frequentemente causada pelo pneumococo ou menin-gococo e associada ao cuidado hospitalar, associada a microorganismos aeróbios gram-negativo e S. aureus.

ETIOLOGIA

o Streptococcus pneumoniae (pneumococo) o Neisseria meningitidis (meningococo) o Listeria monocytogenes

o Haemophilus influenzae o Staphylococcus aureus

(3)

FATORES DE RISCO

o IDADE: Meningococo é mais prevalente em adultos jovens, enquanto Pneu-mococo e Listeria ocorrem mais em pacientes acima de 50 anos de idade. o Imunocomprometidos, moradores de rua, refugiados e DM podem apresentar

microorganismos atípicos.

ESPECÍFICO DE CADA GERME

Pneumococo

Meningite precedida por um processo infeccioso (ex: si-nusite, otite); fratura de base de crânio, alcoolismo, HIV +; esplenectomia ou asplenia funcional (propensão aos

germes encapsulados).

Meningococo Baixas condições socioeconômicas e aglomerados, defi-ciência de complemento, esplenectomia ou asplenia funcional ou exposição a África Subsaariana. S. aureus Neurocirurgia ou trauma penetrante com exposição de tecido meníngeo ou endocardite aguda. H. influenzae

tipo B HIV + ou esplenectomia ou asplenia funcional Listeria

monocytogenes Imunodeficiência celular ou alcoólatra E. coli Alcoolismo e Idade avançada Bacilos

gram-negativos Idade avançada e neurocirurgia

FISIOPATOLOGIA

Após colonização e invasão da mucosa da nasofaringe, gastrointestinal ou genital inferior, tem-se uma bacteremia, na qual esses patógenos superam os mecanismos de defesa do sistema imune. Os principais microorganismos causa-dores de meningite, são revestidos por uma cápsula de polissacarídeo, o que evita sua fagocitose, inibe ação bactericida do sistema complemente e cruzam com facilidade a barreira hematoencefálica, entrando no espaço subaracnóide.

Essa penetração é dependente do grau e duração da bacteremia e ocorre através da interação entre bactérias e células endoteliais. Rapidamente ocorre uma importante replicação bacteriana e desenvolvimento de inflamação, o que pode ser explicado pelas baixas concentrações de células da imunidade humoral presentes no líquor.

(4)

Através da geração de citocinas inflamatórias, é iniciada a inflamação local, que resultará em lesões no endotélio da barreira hematoencefálica, gerando edema cerebral vasogênico, aumento da pressão intracraniana e alterando meca-nismos da autorregulação vascular cerebral.

Referência: Imagem retirada de Faria SM, Farhat CK: Meningites bacterianas - diagnóstico e conduta in Jornal de Pediatria, 1999.

Disponível em: http://www.jped.com.br/conteudo/99-75-S46/port.pdf

QUADRO CLÍNICO

Os quadros geralmente são súbitos e bem sintomáticos, com exceção de idosos e imunossuprimidos que apresentam uma sintomatologia mais branda. Os sinais clássicos são febre (95%) + cefaleia (é sintoma mais comum e apre-senta-se de forma generalizada e severa) + alteração do nível de consciência (presente em 78%, se manifesta através de letargia e sonolência) + rigidez de nuca (88%). Vômitos precedidos de náuseas ou não (vômitos em jato), também são um sintoma importante. Apesar da febre ser comum, alguns pacientes

(5)

apre-sentam hipotermia, considerada um fator de pior prognóstico. Algumas literatu-ras dividem os achados clínicos da meningite em 3 síndromes: Síndrome Toxi-infecciosa – febre e confusão mental + Síndrome de Irritação Meníngea – marcada pela rigidez de nuca e sinais de Kernig e Brudzinski + Síndrome de Hipertensão Intracraniana – caracterizada pela cefaleia e vômitos.

SINTOMAS SUGESTIVOS DE ETIOLOGIA:

o Infecção Bacteriana convulsão e déficit neurológico focal (paralisia de ner-vos cranianos, papiledema, hipertensão intracraniana).

o Listeria monocytogenes  convulsões e déficit neurológico focal de forma sú-bita no início do quadro, e pode haver Síndrome da Romboencefalite.

o Meningococo  alterações cutâneas (rash maculopapular e petéquias).

OUTRAS ALTERAÇÕES INCOMUNS: o Lesão de nervo craniano;

o Sinais de hipertensão intracraniana;

o Papiledema (incomum e associada ao pior prognóstico;) o Sinais de choque;

o Sinal de irritação meníngea severa: Sinal do Tripé;

o Se gravidade intensa: decorticação ou descerebração presente; o Outros sintomas: fotofobia, convulsões, gripe like.

DIAGNÓSTICO

QUANDO SUSPEITAR?

o Quando houver febre (com ou sem bacteremia) associada a sinais de in-flamação meníngea.

HEMOGRAMA:

o É esperada leucocitose com desvio a esquerda, quando houver leucopenia é um marcador de pior prognóstico.

(6)

HEMOCULTURA:

o Sempre colher 2 sets e iniciar ATB logo após. o Cerca de 50 a 90% positivam o teste.

LÍQUOR:

o Quando fazer? Sempre, exceto se contraindicações. o Quais são as contraindicações?

1. Risco de herniação cerebral

2. Trombocitopenia ou diátese hemorrágica 3. Suspeita de abscesso epidural

o Quais são as indicações de TC antes da punção liquórica? 1. Imunocomprometidos

2. História de doença de SNC 3. Nova convulsão há 1 semana 4. Papiledema

5. Alteração do nível de consciência 6. Déficit neurológico focal

o O que avaliar no exame do líquor?

1. Pressão de abertura (classicamente está acima de 35mmHg); 2. Contagem de leucócitos (> 1000 leucócitos/mcL)

3. Glicose (< 40)

4. Concentração de proteínas (> 200) 5. Gram e cultura:

a. Diplococo gram-negativo: meningococo b. Diplococo gram-positivo: pneumococo

c. Cocobacilo pleomórfico gram-negativo: Haemophilus influ-enzae;

d. Cocobacilo gram-positivo: Listeria monocytogenes 6. Outros: testes rápidos, PRC

(7)

O QUE FECHA DIAGNÓSTICO?

o Isolamento da bactéria no líquor OU

o Isolamento de bactérias no sangue + pleocitose no líquor

ALTERAÇÕES ENCONTRADAS NO LCR PARA MENINGITES BACTERIANAS

Características Alterações Presentes Valores de Referência

Aspecto Turvo Límpido

Cor Branca-leitosa ou ligeiramente xantocrômica Incolor, Cristalina, (“água de rocha”)

Cloretos Diminuídos 680-750mEq/L

Glicose Diminuída 45 a 100mg/dL

Proteínas Totais Aumentadas 15 a 50 mg/dL

Globulinas (Gama-globulina) Positiva Negativa Leucócitos 200 a milhares (neutrófilos) 0 a 5/mm³

Fonte: Tabela retirada do Guia de Vigilância em Saúde. Disponível em: http://www.saude.gov.br/images/pdf/2017/outubro/06/Volume-Unico-2017.pdf

TRATAMENTO

INFORMAÇÕES IMPORTANTES QUE DEVEM SER COLETADAS NA ANAM-NESE:

1. Reação alérgica grave a medicamentos;

2. HIV (lembrar de pneumococo, Listeria monocytogenes, Cryptococcus ne-oformans);

3. Exposição recente a algum caso de meningite (suspeitar do meningo-coco);

4. Sinusite ou Otite média recente (suspeitar do pneumococo);

5. Uso de ATB recente (importante resistência bacteriana, lembrar do pneu-moco);

6. História de viagem;

7. História recente de uso de droga IV (S. aureus);

8. Rash equimótico ou petequial progressivo (importante sinal do Meningo-coco); e

(8)

MEDICAMENTOS

As cefalosporinas de 3ª geração são os betalactâmicos de escolha, pois atravessam com facilidade a barreira hematoencefálica, penetrando bem no lí-quor. Possuem atividade contra a maioria dos patógenos (exceto, Listeria mono-cytogenes e algumas formas de pneumococo resistentes), sendo que algumas vezes é necessária associação com vancomicina. A Ceftazidima não é boa para o pneumococo, mas ajuda em Pseudomonas aeruginosa. Já a Cefepime (4ª ge-ração) tem uma boa ação em crianças.

ESQUEMAS DE TRATAMENTO EMPÍRICO

< 1 mês tiae, E.coli e Listeria mo-Streptococcus Agalac-nocytogenes Ampicilina + cefotaxima OU Ampicilina + aminoglicosídeos 1 a 23 meses Meningococo, Pneumo-coco, Streptococcus Agalactiae, H. influen-zae e E.coli Vancomicina + Cefalosporina de 3º geração

2 a 50 anos Meningococo e Pneu-mococo Cefalosporina de 3ª Vancomicina + geração

> 50 anos

Meningococo, Pneumo-coco, Listeria

monocyto-genes e Aeróbicos gram-negativo Vancomicina + Ampicilina + Cefalosporina de 3ª geração Se trauma de cabeça Vancomicina associado a outro antibiótico específico para o tipo de lesão. Imunocomprometido Vancomicina + Ampicilina + Cefepime; ou Vancomicina + Meropenem Se houver pneumococo na cultura, deve-se associar corticoide, diminui perda

(9)

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

1. Curso de Infectologia – Jaleko Acadêmicos. Disponível em: <https://www.Jaleko.com.br>. Acesso em: 12 ago. 2020.

2. DE FARIA, Sonia M.; FARHAT, Calil K. Meningites bacterianas-diagnóstico e conduta. Jornal de Pediatria, v. 99, n. 75 -Supl 1, p. S46, 1999.

3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de De-senvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em Saúde: volume único [re-curso eletrônico].3ª. edição. Brasília: Ministério da Saúde, 2019.

4. Clinical features and diagnosis of acute bacterial meningitis in adults - UpToDate. Disponível em: <https://www.uptodate.com/contents/clinical-features-and-diagnosis-of-acute-bacte-

rial-meningitis-in-adults?search=meningite&source=search_result&selec-tedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1>. Acesso em: 10 ago. 2020.

5. Epidemiology of bacterial meningitis in adults - UpToDate. Disponível em: <https://www.up- todate.com/contents/epidemiology-of-bacterial-meningitis-in-adults?search=menin-gite&topicRef=1287&source=see_link>. Acesso em: 10 ago. 2020.

6. Pathogenesis and pathophysiology of bacterial meningitis - UpToDate. Disponível em: <https://www.uptodate.com/contents/pathogenesis-and-pathophysiology-of-bacterial-me-ningitis?search=meningite&topicRef=1294&source=see_link>. Acesso em: 12 ago. 2020.

Referências

Documentos relacionados

Essa habilidade é avaliada por meio de textos verbais e de textos verbais e não-verbais, sendo muito valorizadas neste descritor atividades com textos de

Datada do início do século XX, a teoria da ilusão fiscal se refere ao fenômeno pelo qual os governantes criam distorções sobre a realidade fiscal nos contribuintes, dificultando a

[r]

(grifos nossos). b) Em observância ao princípio da impessoalidade, a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, vez que é

Oncag, Tuncer &amp; Tosun (2005) Coca-Cola ® Sprite ® Saliva artificial Compósito não é referido no estudo 3 meses 3 vezes por dia durante 5 minutos Avaliar o efeito de

Neste sentido, o presente estudo busca como objetivo principal realizar um revisão de literatura sobre as atuais intervenções realizadas nas empresas com vistas a minimizar os

Essa revista é organizada pela Sociedade Brasileira de Planejamento Energético (SBPE) e por isso foram selecionados trabalhos que tinham como objetivo tratar a

Um tempo em que, compartilhar a vida, brincar e narrar são modos não lineares de viver o tempo na escola e aprender (BARBOSA, 2013). O interessante é que as crianças