TÍTULO: EDUCAÇÃO AMBIENTAL: ESTRATÉGIA PARA O CONHECIMENTO E A INCLUSÃO SOCIAL
AUTORES: Chateaubriand, A. D.; Andrade, E. B. de; Mello, P. P. de; Roque, W. V.; Costa, R. C. da; Guimarães, E. L.
e-mail: achateaubriand@uol.com.br
INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM ÁREA TEMÁTICA: Meio Ambiente
INTRODUÇÃO
Desde 1999, o Laboratório de Saneamento (LS) da Faculdade de Tecnologia (FT) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) realiza, de modo contínuo e permanente, a ação de extensão universitária “Oficina de Educação Sanitária e Ambiental”. Essa ação se baseia no princípio de que a educação deve contribuir para o efetivo engajamento e a participação crítica dos indivíduos nos modelos de desenvolvimento, de modo a contribuir para a construção de sociedades sustentáveis, ou seja, que promovam a proteção, a recuperação e a melhoria do ambiente e das condições de vida de suas populações. Buscando sempre “pensar global, agir local e trabalhar-se interiormente”.
Para tanto, os processos educativos devem promover “o aprendizado por meio da solução de problemas”. O “aprender fazendo”, aprender melhorando a própria condição de vida.
Nesse processo educativo, os indivíduos, sem abrir mão dos conhecimentos acumulados pela humanidade, resgatam tradições e tecnologias apropriadas ao desenvolvimento e às realidades regionais (SORRENTINO, 2000).
Neste contexto, a ação de extensão “Oficina de Educação Sanitária e Ambiental” tem como: OBJETIVO GERAL
• Contribuir para a implantação de programas de gestão e de educação ambiental em comunidades e em instituições públicas e privadas.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Assessorar comunidades e instituições públicas e privadas na implantação de seus programas de gestão e de educação ambiental.
MATERIAIS E MÉTODOS
A partir da realidade específica de cada comunidade, instituição pública ou privada a que o projeto assessorará e/ou dará suporte, são definidos os conteúdos e os métodos de trabalho de modo a, conforme os princípios da Educação Ambiental:
• Instigar todos os envolvidos a analisar e participar da resolução dos problemas da coletividade. • Estimular uma visão global e crítica das questões ambientais.
• Partir de um enfoque interdisciplinar, resgatando saberes e possibilitando um conhecimento interativo por meio de debates e discussões (reuniões de gestão escolar e comunitária)
• Propiciar o auto-conhecimento de modo a levar ao desenvolvimento de valores, espirituais e materiais, atitudes, comportamentos e habilidades, a partir dos recursos locais e de tecnologias adaptadas.
Para tanto:
1. São realizados estudos de caracterização prévia em termos dos objetivos do programa de gestão e de educação ambiental a que dará suporte, das características da população-alvo e do contexto local.
2. São assessorados programas de gestão e de educação ambiental por meio de reuniões, cursos, palestras, oficinas, atividades lúdicas e práticas de campo.
3. São projetados, executados e aplicados protótipos de material educativo.
Para a produção desses materiais educativos, é feita a pesquisa bibliográfica do tema em estudo de modo a formar um referencial teórico, adaptando as tecnologias tradicionais às características do local onde o material educativo será aplicado. A linguagem utilizada é simples sem ser simplória, introduzindo dessa forma as facilidades e as dificuldades reais de cada situação em estudo. Sempre que possível, esses materiais educativos são desenvolvidos a partir do reuso de materiais existentes no local.
4. É monitorada e avaliada a aplicação desses protótipos de material educativo, para posteriores ajustes, quando necessários;
Devido ao caráter multi e interdisicplinar dos programas ambientais, as atividades dessa ação de extensão são realizadas por professores, técnicos e alunos de diversos cursos de graduação da UFAM, principalmente, dos cursos de Engenharia Civil e Elétrica.
Em 2001 e 2002 essa ação de extensão atuou numa área de conservação ambiental, em bairros da periferia e em áreas de invasão do município de Manaus.
Os objetivos dessa ação de extensão, embora estejam relacionados à superação de problemas e de necessidades, contribuíram para o aprendizado de processos participativos, democráticos e valorizadores do ser humano, conseguido por meio do aprendizado interdisiciplinar, crítico e abrangente, que ao mesmo tempo em que acessava o saber historicamente acumulado, gerava novos conhecimentos.
Buscou-se, em todo o processo educativo, valorizar a criatividade e a sensibilidade de modo a despertar, em todos os envolvidos nesse processo, o sentimento de que “a vida poderia ser bem melhor e será!” Tomando-se como lema a afirmação de KATAFIASZ (1998): “Inspire seus alunos. Leve-os a perceber que podem fazer a diferença, que o mundo pode ser melhor por causa da existência deles”. Isto porque para superar a acomodação e o sentimento de impotência, é imprescindível que as pessoas aspirem e vivenciem algo melhor.
RESULTADOS
1. Viabilização de parte da estrutura (espaço físico, equipamentos e instalação de software) necessária para a execução, de forma contínua e permanente, de atividades educativas da oficina, obtida a partir do apoio do Departamento de Hidráulica e Saneamento da FT / UFAM, da Pró-Reitoria de Extensão Universitária / UFAM e pelo trabalho voluntário de alunos do curso de Engenharia Civil e de Engenharia Elétrica.
2. Assessoria a programas de gestão e de educação ambiental das Secretarias Municipais de Desenvolvimento e Meio Ambiente (SEDEMA) e de Educação (SEMED) da Prefeitura Municipal de Manaus (PMM) e, de ensino e de extensão da UFAM, por meio de reuniões, cursos, palestras, oficinas, atividades lúdicas e práticas de campo.
3. Projeto, execução, aplicação, monitoramento e avaliação da aplicação de protótipos de materiais educativos (cartilhas, kits experimentais, etc.), direcionados a escolas e comunidades da zona rural do município de Manaus.
Em 2001/2002 foram desenvolvidos protótipos de materiais educativos relacionados a fontes de energia e sistemas de energia solar, direcionados à capacitação de uma comunidade rural ribeirinha na instalação, uso e manutenção de dois sistemas de energia solar (fotovoltáicos) instalados naquela comunidade, dentro do Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios (PRODEEM), coordenado pelo Ministério das Minas e Energia (MME), para atender sua escola e seu posto de saúde comunitário.
Dentro do PRODEEM / MME, em experiências anteriores no Amazonas, foi comum, com o passar do tempo, a destruição, pelas próprias populações atendidas, dos sistemas de energia solar, com seu consequente abandono. Portanto, o objetivo principal dessa ação educativa era, além da capacitação dos comunitários, a valorização daquela instalação para a sustentabilidade dos sistemas instalados e da própria comunidade.
Neste sentido, a equipe do projeto, os comunitários, o gestor da área onde a comunidade ribeirinha beneficiada se localizava, e professores da Escola Técnica Federal do Amazonas (ETFAM) do Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) participaram das etapas de planejamento, instalação, testes e operação daqueles dois sistemas, de modo a criar um referencial teórico e prático, necessário à produção do material educativo (cartilhas e modelos reduzidos).
Tal fato levou a compreensão, por todos os envolvidos, das vantagens, desvantagens, limitações e necessidades para a instalação, uso e manutenção daquele tipo de geração de energia, bem como o entendimento das características locais que levaram a escolha daquele tipo de geração de energia em detrimento das demais fontes energéticas.
Durante todo o processo educativo foram realizadas palestras, cursos, demonstrações, porém o grande diferencial foi a participação dos comunitários em todas as fases do processo, inclusive na elaboração de uma cartilha produzindo ilustrações e/ou fazendo parte dessas ilustrações (fotografias).
Atualmente, essas cartilhas produzidas, podem ser utilizadas por outras comunidades de características semelhantes e que desejem instalar sistemas fotovoltáicos, demonstrando que isso é possível e apenas a vontade da comunidade é que faz a diferença.
4. Produção de trabalhos técnicos-científicos no I Encontro Regional de Educação Ambiental-Pólo Amazonas/Roraima (WWF); no IV Encontro Nacional de Estágio (IEL); no VI Congresso
Íbero-Americano de Extensão; e na III Mostra de Extensão da Universidade Federal do Amazonas.
5. Envolvimento voluntário de acadêmicos dos cursos de graduação em Engenharia Civil e Elétrica em todas as fases do projeto.
CONCLUSÕES
A partir dos resultados obtidos, conclui-se que ações dessa natureza:
a) Contribuem para a melhoria das condições de vida das populações-alvo;
b) Levam a uma nova visão da relação do homem com o seu meio ambiente e a adoção de novas posturas, pessoais e coletivas, por todos os envolvidos;
c) Demonstram que idéias simples, aliadas à força do trabalho, podem transformar a vida de uma pessoa, de grupos de pessoas e até de uma comunidade inteira;
d) São importantes para a formação dos acadêmicos, pois os inserem na realidade local, ampliam seus conhecimentos adquiridos em sala de aula, e despertam, nesses alunos, maior interesse pelo curso de graduação, isso porque a educação ambiental não substitui e nem ultrapassa nenhum saber acadêmico, mas precisa e aplica, senão todos, a maioria deles; e
e) Comprovam que a Educação Ambiental é um processo de aprendizagem permanente, que deve ir além do enfoque naturalístico, incorporando as dimensões sociais, culturais e econômicas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KATAFIASZ, Karen. Terapia do professor. trad. Edson Gracindo de Almeida. 6 ed. São Paulo, SP: Paulus, 1998.
SORRENTINO, Marcos. EA pode combater a miséria In: Educação Ambiental seis anos de experiência. São Paulo: WWF – Brasil, 2000. p. 51-53.