Vistos etc.
1. Trata-se de consulta formulada a esta Presidência pela Coordenadora da Escola dos Servidores, no que se refere ao correto fluxo para tramitação dos pedidos de aquisição de vagas e cursos in company para servidores do Poder Judiciário estadual.
Salienta que a tramitação atualmente adotada, com a manifestação de todos os membros do Conselho Consultivo da Escola dos Servidores, além de não reproduzir o procedimento das gestões anteriores, tem tornado mais morosas e dispendiosas as aquisições de vagas e de passagens aéreas.
A par disso, ressalta que, em sua análise da legislação de regência, não há norma impondo a participação do Conselho Consultivo no simples pedido de compra de vagas ou de cursos in company, exceto naqueles feitos cujas capacitações referem-se aos servidores do Primeiro Grau de Jurisdição que são do interesse da Corregedoria Geral da Justiça.
Nesse contexto, a Coordenadora da Escola dos Servidores encaminha a consulta, requerendo autorização para que – nos feitos de compra de vagas para capacitação externa e cursos in company – o fluxo parta, apenas, da Escola de Servidores para a Diretoria Geral e, sem seguida, desta para a Presidência, atendendo, assim, aos princípios da celeridade, da economicidade e da eficácia.
Tendo determinação emanada desta Presidência, a Coordenadoria de Controle Interno apresentou parecer às fls. 7-9, opinando pela necessária alteração do fluxo atualmente adotado para a tramitação dos feitos relativos à compra de vagas e cursos in company.
2. O Conselho Nacional de Justiça, através da Resolução n. 192/2014 – que dispõe sobre a Política Nacional de Formação e Aperfeiçoamento dos Servidores do Poder Judiciário -, determinou aos Tribunais a elaboração e manutenção de Plano Estratégico de Formação e Aperfeiçoamento de Servidores, cujas ações poderão ser executadas por unidades de formação, das quais as escolas de servidores são uma das espécies (arts. 19 c/c 2º, inc. VI).
No âmbito do Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso, a LCE n. 301/2008 criou a Escola dos Servidores, que tem como objetivo o aprimoramento da atividade jurisdicional, mediante a promoção continuada de eventos, cursos presenciais e à distância e conferências sobre temas relevantes para a gestão judiciária, visando integrar, formar, aperfeiçoar e capacitar os servidores para o desempenho de suas funções (art. 2º).
A Escola dos Servidores é composta por uma Coordenadoria e por um Conselho Consultivo – composto, este, pelo Presidente do Tribunal de Justiça, pela Corregedora Geral da Justiça, pela Diretora Geral e pela Coordenadora da Escola -, tendo dentre suas competências, estabelecidas no art. 12 da LCE n. 301/2008, dispor sobre a política de capacitação, organização dos programas anuais de capacitação internos e externos, bem como sobre a organização de cursos de integração, formação e
das atividades de aperfeiçoamento e pós-graduação, em consonância com as diretrizes gerais editadas no Regulamento de Capacitação.
Atualmente, Política de Capacitação para servidores do Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso encontra-se regulamentada no Provimento n. 14/2014/CM que, em seu art. 5º, estabelece os critérios para a realização de visitas técnicas e para a participação em cursos externos e em eventos com investimento financeiro do Tribunal de Justiça, como congressos, encontros, seminários e palestras, que sejam de expressão nacional e que visem atender uma necessidade específica do deste Poder.
Note-se que a norma regulamentar condiciona a participação no curso/evento ou da realização da visita técnica ao juízo de discricionariedade da Administração (art. 5º, inc. II) – e não do Conselho Consultivo da Escola dos Servidores-, a dispensar, portanto, manifestação de outro membro que não este Presidente do Tribunal.
Ressalto que a mesma lógica não se aplica quando estiver em pauta atividades de capacitação ministradas/desenvolvidas por servidores do Poder Judiciário que atuem como instrutores internos, tutores, conteudistas, monitores e assistentes na Escola dos Servidores, uma vez que, nos termos expressos do Provimento n. 2/2014/CM, o projeto de curso deverá ser aprovado pelo Conselho Consultivo da Escola dos Servidores (art. 9º, § 2º).
A Instrução Normativa STC n. 1/2011 – que estabelece procedimentos e controles para as ações de capacitações dos servidores do Poder Judiciário – reforça tal entendimento ao afirmar que a elaboração e a aprovação do
plano anual de capacitação estão condicionados à manifestação do Conselho Consultivo, até o final da 1º quinzena do mês de fevereiro de cada ano, todavia, que no caso de compra de vagas em cursos externos e de visitas técnicas as solicitações deverão ser encaminhadas e executadas pela Escola dos Servidores.
Nesse passo, não tendo nem o regulamento – e tanto menos a lei – condicionado a compra de vagas em cursos externos e a solicitação de visitas técnicas à prévia aprovação do Conselho Consultivo da Escola de Servidores, tenho por equivocado o fluxo que tem sido adotado por esta gestão, merecendo imediata retificação.
A par disso, o novo fluxo antevisto pela Coordenadoria da Escola dos Servidores trará maior economia à Administração Pública. Pois possibilitará, em especial, a aquisição, quando necessário, de passagens aéreas com maior antecedência e, por via de consequência, com preços mais módicos.
Como bem pontuado e comprovado pela Coordenadoria de Controle Interno na manifestação de fls. 7-9, os vultosos valores gastos com a compra e passagens aéreas, conforme restou sobejamente demonstrado por meio dos Extratos de Empenho anexos, corroboram a necessidade de alteração do fluxo até aqui vigente.
3. Ante o exposto, respondo a consulta nos seguintes termos:
a) No caso de compra de vagas em cursos externos e no caso de visitas técnicas as Unidades devem encaminhar a solicitação diretamente à Coordenadoria da Escola dos Servidores, observando os regulamentos internos;
b) A Coordenadoria da Escola dos Servidores encaminhará a solicitação, devidamente instruída, ao juízo de conveniência e oportunidade deste Presidente que, em caso negativo, arquivará a solicitação, e, em caso positivo, colherá, de pronto, o parecer da ATJL e, após, decidirá sobre a autorização para compra de vaga ou visita técnica, aquisição de passagens e concessão de diárias ao servidor, remetendo os autos à Diretoria Geral;
c) Tratando-se de solicitação para aquisição de curso in company nas instalações da Escola dos Servidores ou em outra unidade administrativa do Poder Judiciário, não se aplica o fluxo aqui explicitado, pois, nesse caso, nos termos da Instrução Normativa STC n. 1/2011, há previsão expressa no sentido de que, antes da execução, o projeto deverá ser submetido à aprovação do Conselho Consultivo da Escola dos Servidores, a teor do que estabelece o art. 12 da LCE n. 301/2008.
4. Intime-se a Coordenadora da Escola dos Servidores, salientado que, a partir da intimação, deverá adotar o fluxo explicitado na presente Consulta quanto à solicitação de compra de vagas em cursos externos ou de visitas técnicas.
5. Encaminhe-se cópia da presente Consulta à Diretora Geral para ciência e para que comunique a todas as áreas o novo fluxo que deverá ser observado.
6. Cumpra-se.
Cuiabá, 26 de maio de 2015.
Desembargador PAULO DA CUNHA,