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ORIENTAÇÃO DE PROJETOS APRESENTADOS EM UMA FEIRA DE CIÊNCIAS: CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO DOS ACADÊMICOS PARTICIPANTES

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Academic year: 2021

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25 a 28 de novembro de 2014 – Câmpus de Palmas

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ORIENTAÇÃO DE PROJETOS APRESENTADOS EM UMA FEIRA DE

CIÊNCIAS: CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO DOS ACADÊMICOS

PARTICIPANTES

Nome dos autores:

Kellen Kauanne Pimenta de Oliveira1; Welington Francisco2

1

Aluna do Curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia; Campus de Gurupi; e-mail: kauannegpi@hotmail.com

PIBIC/CNPq

2

Orientador do Curso de Química Ambiental; Campus de Gurupi; e-mail: welington@uft.edu.br.

RESUMO

O objetivo deste trabalho é verificar os saberes mobilizados pelos 21 estudantes que participaram da 1° Feira de Ciências Temática de Química e Meio Ambiente (FTQuiMA) realizada em conjunto com os estudantes e professores da Escola Estadual Presidente Costa e Silva (EEPCS). Para isso utilizou-se de uma entrevista semiestruturada a partir da adaptação do instrumento metodológico designado como “balanço do saber” para a coleta de dados. Estes dados foram interpretados a luz das bases teóricas da relação com o saber de Bernard Charlot a fim de analisar as contribuições para a formação acadêmica, social e pessoal de cada estudante.

Palavras-chave: feiras de ciências; relação com o saber; formação acadêmica.

INTRODUÇÃO

As feiras de ciências são eventos escolares importantes que incentivam e estimulam estudantes e professores na busca de novos aprendizados, oferecendo-se como espaço importante para a iniciação científica (NEVEZ; GONÇALVEZ, 1989). Todavia, o objetivo das feiras de ciências vai além de promover a aprendizagem dos conteúdos científicos.

Elas também possibilitam uma mudança de posição do aluno em relação ao conhecimento, para uma postura de um conhecer mais participante, mais ativo (DORNFELD; MALTONI, 2011).

Com o intuito de analisar os tipos de relação com a aprendizagem mobilizados pelos estudantes que participaram da organização e realização de 1° Feira de Ciências Temática de Química e Meio Ambiente (FTQuiMA), em conjunto com os estudantes e professores da Escola Estadual Presidente

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Costa e Silva (EEPCS), utiliza-se neste trabalho as bases teóricas da relação com o saber (CHARLOT, 2000 e 2001).

A problemática da relação com o saber objetiva elucidar as condições e as formas da mobilização do sujeito que aprende. Charlot (2001) afirma que toda relação com o saber é também uma relação com o mundo, com o outro e consigo mesmo e que cada um constrói um tipo de relação, pois o mundo como conjunto de significados, também se comporta como espaço de atividades exercidas sobre ele.

Assim, o presente trabalho tem por objetivo verificar quais saberes foram mobilizados pelos acadêmicos durante as orientações dos projetos apresentados na 1° FTQuiMA, com o intuito de atribuir tais saberes nas contribuições para a formação pessoal e profissional dos mesmos.

MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa qualitativa e exploratória, que visa estudar fenômenos, relações e interações estabelecidas entre os seres humanos (estudantes que organizaram a feira de ciências) e os meios sociais (interação com professores e estudantes da escola de Ensino Fundamental Ciclo II).

Empregou-se o instrumento metodológico designado como “balanço do saber”, que utiliza de uma produção de um texto, cujo aluno avalia seu processo de aprendizagem por meio de uma determinada pergunta, como por exemplo: “Desde que nasci, aprendi muitas coisas; em casa, no bairro, na escola, em muitos lugares. O que me ficou de mais importante? E agora, o que eu espero?” (CHARLOT; BAUTIER; ROCHEX, 1992, p. 36).

Tal instrumento foi adaptado para atingir os propósitos e as necessidades da pesquisa. Ao invés da produção de um texto, realizou-se uma entrevista semiestruturada com cada participante buscando identificar a experiência única e singular de cada um. A pergunta feita na entrevista foi: O que você

aprendeu durante a realização e organização da feira de ciências?

A entrevista foi realizada com 21 estudantes dos cursos de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia e Química Ambiental da UFT – Campus de Gurupi, que participaram da realização e organização da 1º FTQuiMA. Todas as entrevistas foram gravadas em gravador de áudio e transcritas na íntegra, preservando a linguagem usada e os nomes dos entrevistados.

Para a análise dos dados, as respostas foram organizadas em categorias de acordo com a sua similaridade e apoiadas na análise de conteúdo (BARDIN, 2011).

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A discussão dos dados busca suscitar contribuições na formação acadêmica, pessoal e social dos estudantes, em vistas dos elementos da teoria das relações de saber de Charlot (2000 e 2001) construídas por cada estudante.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As categorias identificadas na pergunta podem ser observadas na Tabela 1 (vale ressaltar que algumas respostas dos entrevistados se encaixam em mais de uma categoria).

Tabela 1: Categorias identificadas a partir da análise de conteúdo das entrevistas. Categorias Relaciona-se a... [1] “... discutir e apresentar os

conhecimentos dos projetos para os visitantes da feira”.

Como explicar para pessoas leigas conhecimentos de química, física, meio ambiente, além da didática com crianças.

[2] “... trabalhar em equipe e se relacionar com as pessoas”.

Convivências com pessoas diferentes, trocar experiências e conhecimento.

Seis dos entrevistados relataram que aprenderam a “...discutir e apresentar os conhecimentos

de química aplicados no meio ambiente para os visitantes da feira”, enquanto que dezoito

disseram ter adquirido “...conhecimentos sobre os próprios projetos”.

Na primeira categoria [1] o que prevalece é uma relação de saber com o outro, sendo esses outros a comunidade externa à universidade, incluindo as escolas visitantes à feira de ciências, os alunos da EEPCS e a população que também participou do evento. Destaca-se no exemplo a seguir, a preocupação em trocar experiências e as estratégias empregadas para explicar os conhecimentos de um projeto de forma mais acessível para os visitantes:

“...A maior dificuldade, e foi algo que muito me ensinou, foi a parte de fazer a explicação de um experimento ser compreendida por uma criança de 8 anos de idade. Então, isso envolveu o aprendizado de simplificação, como tornar conceitos claros, coerentes e simples.” (Fala de W.).

Aparecem também os conhecimentos que abrangiam os próprios projetos realizados, como por exemplo, a metodologia para a reciclagem de papel e a produção de sabão (saberes químicos). Aprender os conhecimentos inseridos nos projetos remete a uma relação cognitiva pessoal, mobilizada

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pelo próprio sujeito. Surge de uma necessidade intrínseca do sujeito para desenvolver atividades novas.

Na maior parte desses conhecimentos se observa o uso de “figuras do aprender de domínio de atividades” (CHARLOT, 2000, p. 66.), como os saberes procedimentais na confecção de maquetes, como mostra a afirmação a seguir:

“Eu já tinha uma noção sobre como fazer maquetes, porém eram maquetes mais simples, a que nós fizemos para a feira era maior e com mais detalhes, então nós pesquisamos muita coisa na internet para termos ideias legais para a deixar nossa maquete o mais interessante possível para quem visse.” (Fala de K.).

Na segunda categoria [2] os entrevistados destacam o “...trabalhar em equipe e se relacionar

com as pessoas” como os saberes mais importantes adquiridos durante a participação da feira de

ciências. Esses saberes também são manifestados por dispositivos relacionais, porém, submergem a relação de saber com o outro a interação mais importante:

“Adquiri experiência tendo relacionamento com alunos de ensino fundamental, foi muito importante no desenvolvimento...” (Fala de Ig.).

Ao participarem e organizarem a feira de ciências os acadêmicos tiveram a oportunidade de adquirir experiências e aprendizados que contribuíram para sua formação acadêmica, social e até mesmo pessoal. Os trabalhos desenvolvidos e o processo de orientar outros estudantes permitiu uma troca de experiências muito grande que é evidenciada diversas vezes pelos próprios participantes.

Além da troca de experiências, o trabalho em equipe oportunizado pela feira é outra evidência da contribuição para a formação pessoal e acadêmica dos estudantes, visto que o trabalho foi realizado com crianças e adolescentes, fazendo com que os acadêmicos exercitassem mais a paciência, a compreensão e a didática. Este tipo de aprendizado é indissociável da relação com o eu, com o outro e com o mundo.

Outro aprendizado importante na relação com outro citado pelos estudantes centra-se na comunicação e transposição de conceitos químicos e a aplicação ao meio ambiente para outras pessoas que não têm contato com o mundo científico. Isso permitiu a cada um diferentes visões sobre didática e relação cognitiva, pois cada indivíduo aprende e expressa àquilo que é aprendido de maneira singular.

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Das relações consigo mesmo vivenciadas pelos acadêmicos, destacam-se aprendizados relacionados à formação pessoal, que de modo geral estão ligadas à comunicação e expressão, como iniciativa para falar em público, ter paciência, didática com crianças, experiência em organizar eventos. Algumas atividades da graduação requerem algumas destas características, sendo que a participação do projeto de feira de ciências contribuiu para a formação acadêmica e profissional.

De um modo geral, é visível que participar e organizar eventos como as feiras de ciências contribuem muito não só para a formação acadêmica dos estudantes. Além disso, esses eventos também colaboram para a formação social e pessoal dos estudantes, pois se trata de um ambiente rico para a troca de experiências e conhecimento, por isso não podem ser deixadas de lado e sim estimuladas a serem feitas cada vez mais nas escolas, em conjunto com a comunidade e outras instituições de ensino.

LITERATURA CITADA

BARDIN, L. Análise de conteúdo. 2. ed. Lisboa: Edições 70, 2011.

CHARLOT, Bernard. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artmed, 2000.

CHARLOT, Bernard. Os jovens e o saber: perspectivas mundiais. Porto Alegre: Artmed, 2001. DORNFELD, C. B.; MALTONI, K. L. A feira de ciências como auxílio para a formação inicial de professores de ciências e biologia. Revista Eletrônica de Educação. São Carlos, SP: UFSCar, v. 5, no. 2, p.42-58, nov. 2011.

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq – Brasil.

Referências

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