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COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, MEIO AMBIENTE E MINORIAS PROJETO DE LEI Nº 173, DE 1999

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AVULSONº 19

CÂMARA DOS DEPUTADOS

COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, MEIO AMBIENTE E

MINORIAS

i.lNSTITUTO~T~

_Data

I 1 __

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PROJETO DE LEI Nº 173, DE 1999

Dispõe sobre o procedimento de reserva de terras para comunidades indígenas que não estejam ocupando as terras que seriam de sua ocupação tradicional, e dá outras providências.

Autor: Deputado Mendes Ribeiro Filho Relator: Deputado Fernando Gabeira

1 -

RELATÓRIO

O ilustre deputado Mendes Ribeiro Filho oferece

à

apreciação da Casa a proposição epigrafada, em que é estabelecido um procedimento para a reserva de terras para comunidades indígenas que não estejam ocupando as terras que seriam de sua ocupação tradicional.

Inicia esclarecendo, no caput do seu primeiro artigo, que

a

reserva de terras beneficiará apenas aquelas comunidades indígenas em cujo

favor não seja possível demarcar as terras que seriam de sua ocupação

tradicional, por não se poder demonstrar algum dos elementos integrantes do conceito, tal como os estampa o § 1° do art. 231 da Constituição. Adiante - § 4° do art. 1° - o projeto também deixa claro que para em qualquer momento pleitearem a demarcação das terras a que se refere o mencionado dispositivo constitucional, as comunidades indígenas beneficiadas deverão firmar compromisso de desocupação da área reservada.

(2)

CÂMARA DOS DEPUTADOS

Nos §§ 2° e 3° do art. 1 º, o texto dispõe que a reserva de terras, para os fins da lei,

é

atribuição precípua da União, podendo entretanto ser delegada aos Estados e municípios; mas será delegada aos Estados e realizada às custas destes sempre que a impossibilidade de se demarcarem as terras de ocupação tradicional for resultante de atos praticados pelas respectivas administrações.

No art. 2°, o projeto prevê que as áreas reservadas poderão ser adquiridas através de desapropriação por interesse social - ou seja, a desapropriação por interesse social é uma dentre outras formas de aquisição destas terras - e passa a regular esta modalidade específica. Reza que o decreto declaratório do interesse social designará o órgão que proporá a ação de desapropriação, que terá o mesmo procedimento e rito do processo judicial de desapropriação para fins de reforma agrária(§§ 1° e 2°)°; dispõe que o depósito do valor da terra nua e das benfeitorias úteis e necessárias, segundo avaliação processada nos termos do § 2° do art. 2° da Lei Complementar nº 76, de 6 de julho de 1993, autoriza a imediata imissão do expropriante na posse da área (§ 3º); e isenta de impostos as operações de transferência dos imóveis desapropriados para os fins da lei(§ 4°).

No art. 3°, consigna que as áreas reservadas de acordo com a lei permanecerão no domínio público e serão destinadas à posse permanente da comunidade indígena beneficiada, a quem caberá o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, estando estas terras gravadas de inalienabilidade e indisponibilidade, ressalvada a opção da comunidade pela demarcação de terra correspondente à previsão do

§

1° do art. 231 da Constituição. Neste caso, conforme o parágrafo único deste artigo, o domínio pleno da área desocupada permanecerá em nome do ente que tiver implementado sua aquisição.

Finalmente, no art. 5° determina que na eleição das áreas a serem reservadas garantam-se condições para que as comunidades indígenas beneficiárias, consideradas suas aptidões, possam nelas viver e obter meios de subsistência, suficientes à sua reprodução física e cultural.

A matéria foi inicialmente distribuída a esta Comissão, onde, no prazo regimental, não se lhe apresentaram emendas.

É o relatório.

GER 3 17.23.004-2 /JUN/99\

(3)

i---···· .. --·--- ---- --- --

,_

CÂMARA DOS DEPUTADOS -·-11 - VOTO DO RELATOR

A iniciativa em discussão reveste-se da maior oportunidade. De fato, conforme inclusive o Autor lembra na justificação,

a

figura jurídica das "áreas reservadas" em favor de comunidades indígenas data da Lei de Terras de_

1850

e

do respectivo regulamento, de 1854, tendo sido adotada igualmente pelo Estatuto do Índio ainda vigente - a Lei nº 6.001, de 19 de dezembro de 1973. Contudo, a ênfase foi sempre atribuída às terras que, desde 1988, denominam-se por força constitucional de "terras tradicionalmente ocupadas pelos índios" - embora, equivocadamente, seja vulgar indicar a estas como "reservas indígenas". O Estatuto do índio deixa clara a distinção entre as terras indígenas a que se referia, na época da sua promulgação, o art. 198 da Emenda nº 1 , de 1969 (hoje referidas no art.

231

da Carta), e as áreas reservadas que poderiam, por sua vez, revestir-se de quatro modalidades distintas: reserva indígena, parque indígena, colônia agrícola indígena e território federal indígena.

Em realidade, se reconstruirmos juridicamente a sua origem, verificaremos que apenas a reserva indígena mencionada na alínea

a

do parágrafo único do art. 26 do Estatuto corresponde ao conceito inicial que o

1

projeto retoma e que, de fato,

é

a

única de utilidade relevante.

Com efeito, embora não sejam muitos, são conhecidos casos em que a demarcação do que seria a terra tradicionalmente ocupada, em favor de comunidades indígenas determinadas, tornou-se impossível ou, pelo menos, impraticável. O processo histórico impôs a algumas comunidades indígenas a sua remoção das· terras de origem, para as quais não há sentido em, ou possibilidade de, regressar. Os episódios podem ser lamentáveis, mas nem

por isso se pode fazer recuar a história.

Contudo, não devem as comunidades indígenas serem duplamente punidas, antes com a perda da terra tradicional, agora com a declaração de que não lhes é possível demarcar a terra. Exatamente para compensar situações como esta, o legislador do século XIX e o de 1973 cogitaram da reserva de terras; mas em 1973, não lhe acudiu dispor sobre um procedimento específico, nem há registro de que a matéria tenha sido regulamentada em decreto. GER 3.17.23.004-2 IJUN/99\ .

---,

1 3

1

(4)

L __

CÂMARA DOS DEPUTADOS

Diante da evidência, a iniciativa legislativa que agora se examina destaca-se por outorgar operacionalidade a uma figura jurídica apta a resolver vários casos que se disseminam principalmente nas regiões mais densamente povoadas do País.

Isto posto, o voto é favorável à aprovação da matéria.

Sala da Comissão, em

c1~

de de 2003.

Twwrwbtq~

1'~

Deputado Fernando Gabeira Relator GER 3.17.23 004-2 CJUN/99) 4 ~ 1 i 1 ! i J

(5)

--- --- --- ---~---

··~

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PROJETO DE LEI

N2

173, DE 1999

(Do Sr. Mendes Ribeiro Filho)

Dispõe sobre o procedimento de reserva de terras para comunidades indígenas que não estejam ocupando as terras que seriam de sua ocupação tradicional, e dá outras providências. (ÃS COMISSÕES DE DEFESA DO CONSUMIDOR, MEIO AMBIENTE E MINORIAS; DE FINANÇAS E TRIBUTAÇAO; E DE CONSTITUIÇAO E JUSTIÇA E DE REDAÇAO - ART. 24, II)

O Consresso Nacional decreta:

•...

Art. 1

º

As comunidades indígenas em cujo favor não seja possí-

vel demarcar terras tradicionalmente ocupadas, serão beneficiadas com o

estabelecimento de áreas reservadas.

§

1

º

A impossibilidade a que se refere o

caput

deste artigo estará

caracterizada sempre que não se puder demonstrar qualquer dos elementos

integrantes do conceito de-terras tradicionalmente ocupadas pelos

índios,

nos

termos do

§

1

°

do art. 231 da Constituição Federal.

§

2° O

estabelecimento de áreas

reservadas, para os fins

desta lei, é

atribuição precípua da União, podendo,

contudo,

ser

delegada

aos Estados e

municípios.

·

§ 3º O estabelecimento de áreas reservadas, para os fins desta

lei,

será delegada

aos

Estados

e

realizada

às

custas

destes,

quando a impossibili-

dade de

demarcar

as terras

a que se

refere

o

§

1 º

do

art. 231 da Constituição

(6)

..•. !

2

§

4 º As comunidades indígenas beneficiadas com o estabeleci-

mento de áreas reservadas, somente poderão pleitear a demarcação das terras

a que se refere o § 1

º

do art. 231 da Constituição Federal mediante compro-

misso de desocupação da área reservada

Art. 2º As áreas reservadas poderão ser adquiridas através de de-

sapropriação por interesse social, mediante justa e prévia indenização em di-

nheiro.

§

1 º O decreto que declarar

a

área

a

ser reservada como de interes-

se

social

autoriza o

órgão nele designado

a

propor a ação de desapropriação.

§

2° A

ação de desapropriação adotará o mesmo procedimento e

rito do processo judicial de desapropriação

para

fins de reforma agrária.

§

3º O depósito do valor da terra nua e das benfeitorias úteis e ne-

cessárias, segundo avaliação processada pelo órgão designado no decreto de·

claratório

de

interesse social, nos termos do ~

do

art. 2°

da Lei

Comple-

mentar nº

76, de 6 de

julho de

1993,

autoriza

a

imediata imissão

do

expropri-

ante na posse da área

§

4° São isentas de quaisquer impostos

as

operações

de

transferên-

eia dos imóveis desapropriados para os fins desta

lei.

Art. 3° As áreas reservadas de acordo com esta lei permanecerão

no domínio público e serão destinadas

à

posse permanente da comunidade

indígena beneficiada,

a

quem

caberá

o usufruto exclusivo das riquezas do

solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, e estarão gravadas de inalienabili-

dade e indisponibilidade, ressalvada a hipótese do § 4° do art. 1

º.

Parágrafo único. No caso da desocupação a que se refere o§ 4° do

art. 1

º

desta Lei, o domínio pleno permanecerá em nome da União, Estado ou

município que

tiver

implementado a aquisição.

Art. 4° Na

eleição

das áreas a serem reservadas para

os fins

desta

lei,

garantir-se-ão

condições para que

as

comunidades indígenas beneficiári-

as, consideradas

suas

aptidões, possam nelas viver

e

obter meios

de subsis-

tência, suficientes

à

sua reprodução física e cultural.

Art. 5º Esta lei entra em vigor

na

data da

sua publicação.

(7)

' .,,

3

JUSTIFICATIVA

A demarcação das terras indígenas tem historicamente ensejado problemas

e

quéstionamentos ainda distantes de uma solução consistente. No que toca às

terras constitucionalmente definidas como de ocupação tradicional dos índi-

os,

o

advento. do Decreto nº 1.775/96 proporcionou

uma

precisão

maior

à

atividade demarcatória. Contudo, observam-se inúmeras situações

em.

que

a

dificuldade

de

se demonstrar serem a terras demarcandas de ocupação tradi-

cional de índios, conduz

a

falsas soluções com prejuízo para todas

as

partes

envolvidas e com detrimento da nobreza da atuação estatal.

Ocorre que, sem menoscabo aos direitos territoriais dos que descendem dos

primeiros habitantes destas terras, é forçoso admitir casos onde remoções ou

transferências voluntárias ocorridas no passado tomam impossível identificar

todos os elementos intezrantes do conceito constitucional aludido.

'-'

Foi exatamente por perceber

o

fenômeno que,

em 1850, e logo em 1854, o

legislador previu a hipótese das·

áreas reservadas,

que não se confundiam

com as de posse tradicional, ou imemorial como então se dizia, dos índios. A

previsão da Lei de Terras foi recolhida no Estatuto do Índio ainda vigente,

em seus arts.

26

a

31,

mas

é

igualmente forçoso admitir que tem sido muito

p)OUCO

utilizada.

Frente a conflitos atuais, em que a justa demanda indígena confronta-se com

tais dificuldades, e nos quais a praxe administrativa impede a visualização de

alternativas, impõe-se resgatar o instituto, atualizando-o e dotando-o de ope-

racionalidade.

Deste modo, sem prejuízo dos direitos das comunidades indígenas, preser-

var-se-ão igualmente os direitos de terceiros, a quem não se pode imputar o

ônus de se atender aos índios.

Estas as razões da proposição que ora se submete às Casas do Legislativo,

visando dispor sobre

o

procedimento de reserva de terras para comunidades

indígenas que não estejam ocupando as terras que seriam de sua ocupação

tradicional.

Temos a convicção de que a iniciativa, uma vez aprimorada pelas contribui-

ções dos ilustres Pares, alcançará soluções justas e consistentes

para

inúme-

ras

situações existentes

no

País.

Sala das Sessões, em

é7

7'

de

.~-,.

-=1

J

de 1999.

~

(8)

4

"LEGISLAÇÃO CITADA ANEXADA PELA

COORDENAÇÃO DE ESTIJDOS LEGISLATIVOS - CeDI"

CONSTITUIÇÃO

DA

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

1988

-

...

TÍTULO VIII

Da Ordem Social

...

. CAPÍTULO

VIII

Dos Índios

Art. 231 - São reconhecidos aos índios sua organização

social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos

originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo

-

à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

§ 1

°

São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por

eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas

atividades produtivas, as imprescindíveis

à

preservação dos recursos

ambientais necessários a seu bem-estar

.

e

as necessárias a sua

reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e

tradições

.

... ...

LEI COl\'IPLEMENTAR Nº 76, DE 06 DE JULHO DE 1993

DISPÕE SOBRE O PROCEDIMENTO

CONTRADITÓRIO ESPECIAL, DE RITO

SUMÁRIO, PARA O PROCESSO DE

DESAPROPRIAÇÃO

DE

IMÓVEL RURAL,

POR INTERESSE SOCIAL, PARA FINS DE

REFORMA AGRÁRIA.

···-···

(9)

5

Art. 2º - A desapropriação de que

trata

esta Lei

Complementar

é

de competência privativa da União e será precedida

de decreto declarando o imóvel de interesse social, para fins de

reforma agrária.

§ 1

º

A ação de desapropriação, proposta pelo órgão federal

executor da reforma agrária, será processada e julgada pelo juiz

federal competente, inclusive durante as férias forenses.

§ 2º Declarado o interesse social, para fins de reforma agrária,

fica

o

expropriante legitimado a promover a vistoria

e

a avaliação do

imóvel, inclusive com o auxílio de força policial, mediante

prévia

autorização do juiz, responsabilizando-se por eventuais perdas

e

danos que seus agentes vierem a causar, sem prejuízo das sanções

penais cabíveis.

···

•••••••...•... , ...•..•••••••.••..••••...•.••.•...•••••••.••.••••.•...•..•...

LEI Nº 6.001, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1973

DISPÕE SOBRE

o

ESTATUTO

no

ÍNDIO.

TÍTULO III

Das Terras dos Índios

CAPÍTULOID

Das

Áreas

Reservadas

Art.

26 - A União poderá estabelecer, em qualquer parte do

território nacional, áreas destinadas à posse e ocupação pelos índios,

onde possam viver e obter meios de subsistência, com direito ao

usufruto e utilização das riquezas naturais e dos bens nelas

existentes, respeitadas as restrições legais.

(10)

6

-

Parágrafo único. As áreas reservadas na forma deste artigo

não se confundem com as de posse imemorial das tribos indígenas,

podendo organizar-se sob uma das seguintes modalidades:

a) reserva indígena;

b) parque indígena;

e) colônia agrícola indígena.

Art. 27 - Reserva indígena é uma área destinada a servidor de

"habitat" a grupo indígena, com os , meios suficientes à sua

subsistência.

Art. 28 - Parque indígena é a área contida em terra na posse

de índios, cujo grau de integração permita assistência econômica,

educacional e sanitária dos órgãos da União, em que se preservem as

reservas de flora e fauna e as belezas naturais da região.

§ 1

º.

Na administração dos parques serão respeitados a

liberdade, usos, costumes e tradições dos índios.

§ 2° As medidas de polícia, necessárias

à

ordem interna e à

preservação das riquezas existentes na área do parque, deverão ser

tomadas por meios suasórios e de acordo com o interesse dos índios

que nela habitam.

§ 3° O loteamento das terras dos parques indígenas obedecerá

ao regime de propriedade, usos e costumes tribais, bem como às

normas administrativas nacionais, que deverão ajustar-se aos

interesses das comunidades indígenas.

Art. 29 - Colônia agrícola indígena

é

a área destinada à

exploração agropecuária, administrada pelo órgão de assistência ao

índio, onde convivam tribos aculturadas e membros da comunidade

nacional.

Art. 30 - Território federal indígena

é

a unidade

administrativa subordinada

à

União, instituída em região na qual

pelo menos um terço da população seja formada por índios.

(11)

. 7

Art. 31 - As disposições deste Capítulo serão aplicadas, no

que couber, às áreas em que a posse decorra da aplicação do art.

198, da Constituição Federal.

...••.••••...•..•••.•.••••..•...•.•••.•..••••••...•..••...•.•.•.•••••....•...•••••.•• ...•...•...•...•..•...•.•...•...

DECRETO Nº 1.775, DE 08 DE JANEIRO DE 1996

DISPÕE SOBRE O PROCEDIMENTO

AD:MINISTRATIVO DE DEMARCAÇÃO

DAS TERRAS INDÍGENAS E DÁ OUTRAS

PROVIDÊNCIAS.

Art. 1

º -

As terras indígenas, de que tratam o art. 17, I, da Lei

nº 6.001, de 19 de dezembro de 1973, e o art. 231 da Constituição,

serão administrativamente demarcadas por iniciativa e sob a

orientação do órgão federal de assistência ao índio, de acordo com o

disposto neste Decreto.

··· ···

LEI N? 601, DE 18 DE SETEMBRO DE 1850n1

Dispõe sobre as cerras dev olu- tas no Império, e acerca das que são possuídas por título de sesma- ria sem preenchimento das condi- ções legais, bem como por simples

ticulo de posse mansa e pacífica: e

determina que, medidas e demar- cadas as primeiras, sejam elas ce- didas a título oneroso, assim para empresas particulares, corno para o estabelecimento de colônias de nacionais e de estrangeiros, auto- rizado o Governo a promover a colonização estrangeira na forma. que se declara.

D. Pedro II, por Graça de Deus e Unânime Aclamação dos Povos, Impe-

rador Constitucional e Defensor Per· pétuo do Brasil: Fazemos saber a to- dos os Nossos Súditos, que a Assem- bléia Geral Decretou, e Nós Queremos a Lei seguinte:

Art. l? Ficam proibidas as aquisi- ções de terras devolutas por outro

título que não seja o de compra.

Excetuam-se as terras situadas nos limites do Império com países estran- geiros em uma zona de 10 léguas, as quais poderão ser concedidas gratuita· mente.

(12)

8

Art. 2? Os que se apossarem de terras devolutas ou de alheias, e ne- las derribarem matos, ou lhes puse- rem fogo, serão obrigados a despejo, com perda de benfeitorias, e demais sofrerão a pena de· dois a seis meses de prisão e multa de 100$000, além da satisfação do dano causado. Esta pe- na. porém, não terá lugar nos atos possessôrios entre heréus confinantes.

Parágrafo único. Os Juízes de Di- reito nas .correiçõss que fizerem na forma das leis e regulamentos, inves- tigarão se as autoridades a quem com- pete o conhecimento destes delitos põem todo o cuidado em proces sá-Ios e puni-los, e farão efetiva a sua res- ponsabilidade, impondo no caso de simples negligência a multa de 50$000 a 200SOOO.

···~·-···

···~···~·~···-~-~4

DECRETO N? 1.318, DE 30 DE JANEIRO DE 1854

Manda executar a Lei n? 601. de 18 de Setembro de 1850.

Em virtude das autorizacões conce- didas pela Lei n:' 601, de

18

de setem- bro de 1850, Hei por bem que, para exe- cução da mesma Lei, se observe o Re- gulamento que com este baixa. assina- do por Luiz Pedreira do Coutto Fer- raz, do meu Conselho, Ministro e Se- cretário de Estado dos Negócios do Império, que assim o tenha entendido, e faça executar. Palácio do Rio de J a- neiro em trinta de janeiro de mil oito- centos e cinqüenta e quatro. trigésimo terceiro da Indepedência e do Império. Com a Rubrica de Sua Majestade o Imperador.

Luiz Pedreira do Couto Ferras

L.. ·--·---

"

REGULAMENTO PARA

EXECUÇÃO DA LEI N? 601, DE 18 DE SETEMBRO DE 1850, A QUE SE REFERE O DECRETO DESTA

DATA. CAPITULO I

Da_ Repartição Geral das Terras Públicas

Art. 1~ A Repartição Geral das Terras Públicas, criada pela Lei n:' 601, de 18 de setembro de 1850. fica subordinada ao Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Império, e constará de um Diretor-Geral das Ter- ras Públicas. Chefe da Repartição, e de um Fiscal.

A Secretaria se comporá de um Ofi- cial Maior. dois Oficiais, quatro Ama· nuenses. um Porteiro, e um Contínuõ.

Um Oficial e um Amanuense serão hábeis em desenho topográfico. po- dendo ser tirados dentre os Oficiais do Corpo de Engenheiros. ou do Esta- do Maior de

1:

Classe.

···

CAPÍTULO III

Da Revalidação e Legitimação das Terras e Modo Prático de Extremar

'o Domínio Público do Particular

Art. 26. Os escritos particulares de compra e venda, ou doação, nos ca- sos em que por direito são aptos para transferir o domínio de bens de raiz, se consideram legítimos, se o paga- mento do respectivo imposto tiver si- do verificado antes da publicação des- te Regulamento: no caso porém de que o pagamento se tenha realizado depois dessa data, não dispensarão a legití-

(13)

---- --- - --- ---- ---

mação, sé as terras transterídas hou- verem sido adquiridas por posse, e o que as transferir tiver sido o seu pri- meiro ocupante.

Art. 27. Estão sujeitas à revalida- ção as sesmarias, ou outras conces- sões do Governo Geral, ou Provincial que, estando ainda no domínio dos primeiros sesmeiros, ou concessioná- rios, se acharem cultivadas, ou com princípio de cultura, e morada habi- tual do respectivo sesmeiro, ou con- cessionário, ou de quem o represente, e que não tiverem sido medidas, e de- - marcadas.

Excetuam-se porém aquelas sesma- rias, ou outras concessões do Governo Geral, ou Provincial, que tiverem sido dispensadas das condições acima exi- gidas por ato do poder competente; e bem assim as terras concedidas à Companhia para estabelecimento de Colônias, e que forem medidas e de- marcadas dentro dos prazos da con- cessão.

Art. 28. Logo que for publicado o presente Regulamento os Presidentes das Províncias exigirão dos Juízes de Direito, dos Juízes Municipais, Dele- gados, Subdelegados, e Juízes de Paz informação circunstanciada sobre a existência, ou não existência em suas Comarcas, Termos e Distritos de pos- se sujeitas à legitimação, e de sesma- rias, ou outras concessões do Governo Geral, ou Provincial, sujeitas à revali- dação na forma dos arts. 24, 25, 26 e

27.

Art. 29. Se as Autoridades, a quem incumbe dar tais informações, deixarem de o fazer nos prazos rna rca-

9

dos pelos Presidentes das Províncias, serão punidas pelos mesmos Presiden- tes com a multa de cinqüenta mil réis, e com o dobro nas reincidências.

Art. 30. Obtidas as necessárias in- formações, ' os Presidentes das Províncias nomearão para cada um dos Municípios, em que existirem ses- marias, ou outras concessões de Go- verno Geral, ou Provincial, sujeitos à revalidação, ou posses sujeitas à legi- timação, um Juiz Comissário de-medi- ções.

Art. 31. Os nomeados para este emprego, que não tiverem legítima es- cusa, a juízo do Presidente da Província, serão obrigados a. aceitá-lo, e poderão ser compelidos a isso por multas até a quantia de cem mil réis.

Art. 32. Feita a nomeação · dos Juízes Comissários das medições, o Presidente da Província marcará o prazo em que deverão ser medidas as terras adquiridas por posses sujeitas à legitimação, ou por sesmarias, ou cutras concessões, que estejam por medir, . e sujeitas à revalidação, mar- cando maior ou menor prazo, segundo as circunstâncias do Município, e o maior ou menor número de posses, e sesmarias sujeitas à legitimação, e re- validação, que aí existirem.

Art. 33. Os prazos marcados pode- rão ser prorrogados pelos mesmos Presidentes, se assim o julgarem con- veniente; e neste caso a prorrogação aproveita a todos os possuidores do Município para o qual for concedida.

···-··· ···-·-···-···-···-·

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