• Nenhum resultado encontrado

LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS DO BIOMA CAATINGA: UMA REVISÃO DE LITERATURA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS DO BIOMA CAATINGA: UMA REVISÃO DE LITERATURA"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS DO BIOMA CAATINGA: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Raquel Soares da Silva (1); Ana Rodrigues da Silva Raquel Soares da Silva (2); Cássio Laurentino Veloso (3); Cristian José Simões Costa (4)

Graduanda do curso de Engenharia Agronômica IFAL- Instituto Federal de Alagoas(raquel.ssm16@hotmail.com) (1); Graduanda do curso de Engenharia Agronômica IFAL- Instituto Federal de Alagoas (ana-zootec@hotmail.com) (2); Graduando do curso de Engenharia Agronômica IFAL- Instituto Federal de Alagoas

(cassioveloso2008@hotmail.com) (3); Doutorando em Desenvolvimento e Meio Ambiente UFPB, Professor de Botânica do Curso de Engenharia AgronômicIFAL,

Bolsista produtividade PAPPE/IFAL - Instituto Federal de Alagoas; (cristiancost@gmail.com)(4)

Resumo: O presente artigo tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre os levantamentos etnobotânicos de espécies utilizadas como ervas medicinais, em algumas comunidades no semiárido brasileiro, e a partir disso identificar as espécies nativas da Caatinga que são utilizadas, sua forma de manejo no meio ambiente e a maneira como são utilizadas, bem como identificar quais. Os possíveis danos que uma prática de exploração sem critérios causa ao bioma, como extinção de espécies endêmicas, desertificação de áreas, e consequentemente perda da biodiversidade nordestina e brasileira. Foram identificados 50 artigos com a temática, porém apenas 15 deles foram escolhidos por tratavam da região semiárida;

Palavras-chaves: Etnobotânica, Caatinga, Semiárido, Preservação.

INTRODUÇÃO

As relações dos seres humanos com o meio ambiente vem sendo objeto de diversos estudos para um melhor entendimento dos problemas sócio-ambientais. O capitalismo, a Revolução Industrial e a Revolução Tecnológica tem provocado um aumento de consumo desprezando muitas vezes os saberes tradicionais.

(2)

A Etnobotânica é uma das disciplinas que observa e interpreta essa relação e permite resgatar o saber botânico tradicional particularmente relacionado ao uso dos recursos da flora (GUARIN NETO, 2012, p. 12). O uso das plantas medicinais e o conhecimento terapêutico é cada vez mais frequente entre as comunidades. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% da população dos países em desenvolvimento busca na medicina popular recursos para os primeiros cuidados a sua saúde e é através dos chamados profissionais tradicionais que obtém indicações necessárias para a cura das suas afecções (SILVA, 2003).

Segundo Silva e Cunha (2003 e 2008, p. 11) “o conhecimento terapêutico dos recursos vegetais é uma prática milenar que vem crescendo juntamente com o desenvolvimento da população humana”.

“Desde os primórdios das civilizações o ser humano utiliza as plantas para se alimentar e trazer alívio às doenças, utilizando-se da informalidade para transmitir seus conhecimentos” (PITMAN,1996; MARCIEL, 2002; TOMAZZONI, 2006; FRANCO, 2006, p.11).

Araújo (2009) cita que com a transformação do cenário houve maiores possibilidades de expansão do saber popular, como é o caso da etnobotânica.

Com o advento da globalização este cenário se modificou. Os meios de comunicação se expandiram e o conhecimento e o saber tradicional tornaram-se mais acessíveis, contribuindo para a divulgação do uso das plantas medicinais (ARAUJO, 2009, p.11).

Segundo (DRUMOND, 2000) a região Nordeste é ocupada quase que totalmente pelo bioma caatinga. A exploração desta vegetação ainda hoje é fundamentada em processos extrativistas que oferecem suporte à atividades pastoril, agrícola e madeireira. Esta prática pode trazer perdas irreversíveis para a diversidade florística e faunística entre outros problemas ambientais. Devido a esse tipo de exploração a caatinga já apresenta 15% de sua área em processo de desertificação.

(3)

insustentável dos seus recursos naturais, e este tem sido responsável pela extinção de várias espécies abrigando uma fauna e flora únicas, não encontradas em nenhum outro lugar do planeta. Devido à importância de sua biodiversidade e ao pouco conhecimento sobre esta, existe uma lacuna sobre a necessidade em realizar essa revisão bibliográfica.

METODOLOGIA

Esta pesquisa bibliográfica foi desenvolvida por meio de uma revisão acerca das espécies vegetais utilizadas (plantas medicinais) em comunidades do semiárido brasileiro. Para tanto, foram analisados 15 artigos científicos. A opção por tais bases de dados se deu em virtude de apresentarem conteúdo importante e de circulação nacional e internacional. Foi necessário ler os artigos relacionados ao uso de plantas medicinais para seus devidos usos, e compará-los entre si, avaliando a compatibilidade de informações de acordo com as variações de plantas, conhecimento de aplicação, efeitos, nomes populares, partes empregadas existentes em cada um.

As pesquisas descritas nos artigos revisados foram realizadas por meio de questionários, com pessoas que moram no campo e que de alguma forma utilizam essas ervas, para o próprio uso ou para a comercialização. Durante as entrevistas foram coletados dados sobre os entrevistados, que variavam de seis a quarenta pessoas, homens, mulheres, adolescentes, como idade, sexo e anos de trabalho com plantas medicinais. As entrevistas aconteceram em feiras livres, em comunidades de cada cidade onde foram produzidos os artigos, com os próprios feirantes que as comercializavam, para obtenção de dados como o tipo de erva e a parte do vegetal mais utilizada, assim como a forma de consumo.

RESULTADOS

(4)

sentido, de aprimorar as técnicas utilizadas no manejo, para cultivo e preservação das espécies, pois algumas dessas plantas já são consideradas ameaçadas de extinção., Algumas já estão ameaçadas de extinção, a exemplo, Aroeira (Myracrodruon urundeuva) e a Quixabeira (Sideroxylon obtusifolium).

Uma causa que pode contribuir com as ameaças dessas plantas é que de acordo com as entrevistas, os comerciantes dessas plantas não as cultivam e sim adquirem-nas por meio de outras pessoas. Ao longo do estudo constatou-se que as referidas plantas, citadas anteriormente, por serem bastante conhecidas por suas indicações terapêuticas e utilizadas em grande escala pelas comunidades locais, verificou-se que essas plantas vêm enfrentando a ameaça de extinção, e um dos fatores que promove esta ameaça é o uso de técnicas que não preservam as plantas na retirada da parte do vegetal que será utilizada como medicação.

Souza et al. (2013) cita que os conhecimentos populares geralmente restringem-se às pessoas mais velhas, idosos a partir de 60 anos, e que esse conhecimento já foi passado pelos seus antepassados. Porém, a urbanização faz que haja perda desse conhecimento cultural nas áreas rurais, corroborando para a exploração desses recursos naturais devido ao aumento populacional.

(5)

histórico, este se torna irrecuperável, da mesma forma, quando são extintos os recursos naturais, os quais não estarão disponíveis às gerações futuras.

Tabela 1. Espécies da Caatinga mais utilizadas nas comunidades citadas nos artigos de referência.

Fonte: arquivo pessoal, 2018.

No decorrer das entrevistas pode-se observa que as plantas medicinais citadas pelos entrevistados são encontradas nos quintais das residências. A folha é a parte do vegetal mais utilizada na medicina caseira, posteriormente a casca e raiz, a provável explicação para o uso das folhas pode estar associada ao fato da colheita ser mais fácil e estarem disponíveis a maior parte do ano, além do fato de ser nas folhas que se concentra grande parte dos princípios ativos da plantas. É possível observar o maior uso das folhas na preparação de remédios, que se deve ao fato de sua maior disponibilidade durante todo o ano.

Ao serem perguntados sobre os efeitos colaterais, os entrevistados foram unânimes em afirmar que não há. Com base nos resultados, observa-se que pouco se conhece sobre reações adversas relacionadas ao uso de plantas medicinais. Isso demonstra que a

FAMÍLIA NOME CIENTIFICO NOME POPULAR

Cactaceae Melocactus zehntnerim (Britton & Coroa de frade Rose) Luetzelb.

Cactaceae Cereus jamacaru DC. Mandacaru

Fabaceae Hymenaea courbaril L. Jatobá

Olacaceae Ximenia americana L. Ameixa

Sapindaceae

Sideroxylon obtusifolium (Humb. ex Roem. &

(6)

população acredita que tudo que é natural não representa perigo a saúde. Isto ocorre pela falta de informação atualizada sobre as reações que as plantas podem gerar e a falta de estudo e conhecimento químico das espécies vegetais. Portanto, é preocupante, visto que as plantas apresentam muitos fitoquímicos que podem causar toxicidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do levantamento puderam-se averiguar as potencialidades dos recursos vegetacionais, desde medicinais, alimentares, madeireiros, assim como, as partes utilizadas. Observa-se que grande parte da vegetação nativa da área está desaparecendo em um ritmo muito acelerado devido à interferência do homem. Várias plantas incluídas nessa área estão como vulneráveis ou em perigo de extinção. Isso mostra que muitas pessoas ainda não perceberam as inúmeras utilidades diretas e indiretas da flora da Caatinga. Muitos dos recursos naturais da Caatinga poderiam ser mais bem aproveitados para garantir às pessoas os meios de sobrevivência. Somando o saber tradicional sobre os recursos com o conhecimento científico, poderiam ser desenvolvidas técnicas para um melhor aproveitamento dos mesmos, ampliando as possibilidades de desenvolvimento local.

Dessa forma, através dos resultados considera-se que o uso e comercialização de plantas, incluindo espécies da Caatinga ainda é bastante forte na cultura popular nordestina, e que vem se perpetuando de geração para geração. percebe-se a necessidade de pesquisar e registrar esses costumes que estão sendo perdidos, pois de alguma forma os jovens não estão recendo os ensinamentos dos mais velhos.

REFERENCIAS

ALBUQUERQUE, U.P.; ANDRADE L.H.C. Conhecimento botânico tradicional e conservação de uma área de caatinga no estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil. Acta Botanica brasílica

ALBUQUERQUE, U. P. Introdução à etnobotânica. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Inter ciência,2005

(7)

ARAUJO, M. M. Estudo etnobotânico das plantas utilizadas como medicinais no assentamento Santo Antonio, Cajazeiras, PB. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais e Ambientais). Universidade Federal de Campina Grande, 2009.

DANTAS, I.C., FELISMINO, D.C.; DANTAS, G.D.S. Plantas medicinais. In: DANTAS, I.C.(Ed). O Raizeiro. Campina Grande: EDUEP, 2007.

DRUMOND, M. A, et al. Estratégias para o Uso Sustentável da Biodiversidade da Caatinga. Petrolina, 2000.

FRANCO, E. A. P; BARROS, R. F. M. Uso e diversidade de plantas medicinais no Quilombo Olho D’água dos Pires, Esperantina, Piauí. Rev. Bras. de Pl. Med. Botucatu, v.8, n.3, p.78-88, 2006.

GUARIN NETO, G.; SANTANA, S. R. & BEZERRA DA SILVA, J. V. Notas etnobotânicas de espécies de Sapindaceae Jussieu. Acta Bot. Bras, v.14, n.3, p327-334, 2000.

MARCIEL, M. A. M; PINTO, A. C; VEIGA JR, V. F. Plantas medicinais: a necessidade de estudos multidisciplinares. Quim. Nova, v.25, n.3, p429-238, 2002.

MARINHO, M.G.V. et al. Levantamento etnobotânico de plantas medicinais em área de caatinga no município de São José de Espinharas, Paraíba, Brasil. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v.13, n.2, p.170-182, 2011.

PITMAN, V. Fitoterapia. As plantas medicinais e a saúde. Lisboa: Estampa, 1996.

SALGADO, C.L.; GUIDO, L.F.E. O conhecimento popular sobre plantas: um estudo etnobotânico em quintais do distrito de Martinésia, MG. In: IV ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓSGRADUAÇÃO EM AMBIENTE E SOCIEDADE, 2008, Brasília. Anais do IV Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade, Brasília, 2008.

(8)

SOUZA, C. M. P. et al. Ultilização de Plantas Medicinais com Atividade Antimicrobiana por Usuários do Serviço Público de Saúde em Campina Grande-PB. Ver. Bras. PI. Med., Campinas, v.15, n.2, p.185-192, 2013.

Referências

Documentos relacionados

Em caso de agressão, maus tratos ou intervenção legal, indica o tipo de agressão (violência física, violência sexual, negligência/abandono, violência psicológica

una capa de hormigón de al menos 75mm de ancho y al menos 100mm mayor que el total del armazón de la base de metal y con 25mm sobre el nivel del suelo.. Una pieza de

I – na polarização fixa, Rb é o resistor de polarização de base e recebe tensão diretamente da fonte. III – na polarização composta, o resistor Re provoca uma

Nesse sentido, o sistema de vizinhança atuava no controle de atitudes consideradas desviantes (FERREIRA, 2013, p. E quanto aos mestres? Onde estavam morando nesse

ocorre a partir do composto PP_2,5%FOSF1, ou seja, o aditivo já se encontra diluído, sendo a sua percentagem no produto final de aproximadamente 0,25%. Todas as amostras possuem

Inicialmente será realizado o levantamento etnobotânico e etnofarmacológico das plantas medicinais utilizadas pela comunidade assistida e posterior realização do

Vinte Plantas medicinais utilizadas por moradores da Comunidade Sol Nascente, Alta Floresta, Mato Grosso, 2012.. Família Nome

Para Lacerda (2008), o termo etnobotânica vem sendo utilizado a pouco mais de um século, para designar os povos aborígenes e primitivos. No Brasil, antes mesmo de seu