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Saiba quais são os efeitos da pandemia no sono

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Academic year: 2022

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Sábado, 25 de Julho de 2020

Segmento: PUCRS

25/07/2020 | A Hora | Você | 5

Saiba quais são os efeitos da pandemia no sono

Especialistas apontam os motivos e as formas para evitar dificuldades na hora de dormir

Um dos processos mais importantes para uma boa saúde, o sono é responsável por ações metabólicas fundamentais para o corpo humano, além de representar um importante momento de descanso físico e mental.

Com a chegada da pandemia, os distúrbios do sono se tornaram reclamação frequente no Serviço de Atendimento ao Seguidor (SASaq) da Água da Pedra.

Médica Neurologista, Marta Hemb afirma que as dificuldades de sono durante a pandemia são provocadas, principalmente, pelo estresse.

Segundo ela, mesmo em pessoas que mantiveram a rotina de trabalho e os horários, a situação adversa pode desencadear dificuldades com o sono.

“Acabamos pensando mais na pandemia, o que é um fator estressante. O estresse deixa as pessoas mais despertas porque aumenta a produção de cortisol”, afirma.

Com isso, a pessoa acaba tendo mais dificuldade para dormir, além de acordar mais vezes durante a noite.

Vice-diretora do Instituto do Cérebro (InsCer) e professora da Escola de Medicina da Pucrs, Magda Nunes explica que a pandemia pode influenciar na qualidade do sono não só pela perda da rotina das pessoas que estão em isolamento domiciliar, mas também em função das grandes preocupações que envolvem a saúde e também em relação às finanças.

“Todo mundo sabe que dormir levando para a cama as suas ansiedades e preocupações causa problemas na qualidade do sono”, aponta.

Segundo ela, os distúrbios do sono podem afetar todo o equilíbrio do organismo. Isso inclui questões imunológicas, emocionais e hormonais, que podem, inclusive, resultar em obesidade.

Conforme Marta, no caso das crianças, o sono também é responsável pela liberação do hormônio do crescimento.

“Uma noite bem dormida significa uma criança saudável e com menos propensão a problemas psicológicos relacionados aos distúrbios do sono.”

A Neurologista ressalta que a insônia comportamental, como é chamada a falta de sono devido a alterações da rotina, torna as crianças mais propensas a desenvolver outras doenças associadas, como o déficit de atenção e hiperatividade.

Nos adultos, as consequências do desequilíbrio também tem relação com a liberação de hormônios com a melatonina e o cortisol.

Importância da rotina De acordo com Magda Nunes, mesmo durante a pandemia é fundamental manter uma rotina com atividades diurnas e noturnas que possam levar a um sono de melhor qualidade.

“Existem técnicas de relaxamento e meditação que ajudam, mas a principal dica para manter o seu sono em dia é, durante o dia, se expor bastante à luz.”

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Para Marta Hemb, minimizar os cochilos de dia e maximizar as rotinas, tanto de exercício físico quanto de alimentação e horários para dormir, estão entre as ações mais importantes para o equilíbrio do sono. Mas, segundo ela, a principal dica é evitar as telas e exercícios físicos próximo da hora de dormir.

“Se a pessoa for tirar uma soneca de dia, ou assistir uma série ou filme, é importante tentar manter as janelas abertas e não escurecer o ambiente, porque senão o corpo se atrapalha”, aponta.

Com a escuridão, o organismo entende que é noite e libera o hormônio do sono, causando desequilíbrio.

25/07/2020 | ABC | Sabe Tudo | 2

Mais de 4,4 mil pessoas já inscritas

Ao todo, 4.435 pessoas já se inscreveram até esta semana para poder receber uma dose da Coronavac junto ao Hospital São Lucas da PUC-RS. Deste total, 121 são profissionais da saúde de Novo Hamburgo, São Leopoldo e Campo Bom. As inscrições seguem até a próxima semana, quando deverão ser selecionados os 750 a 850 voluntários que testarão a vacina experimental. A Coronavac é desenvolvida pela empresa privada chinesa Sinovac Biotech, e que está na 3ª fase da pesquisa por meio de acordo com o Instituto Butantan.

25/07/2020 | Correio do Povo | Caderno de Sábado | 1

Orquestras no RS: O eterno retorno

Artigos de Luiz Osvaldo Leite, Manfredo Schmiedt, Tiago Flores, Arthur Barbosa, Pedrinho Figueiredo e Ana Cristina Froner tratam do fechamento e do desmantelamento de orquestras que têm ocorrido no RS ao longo dos tempos

A história das orquestras no Rio Grande do Sul é um eterno retorno. É um eterno retorno ao quase nada. Não falamos das orquestras nas missões jesuíticas, nem das iniciativas ocorridas em cidades do interior, como Pelotas, Rio Grande, Bagé, Itaqui, São Gabriel e Jaguarão. E elas existiram. Queremos nos fixar em Porto Alegre, que construiu o seu primeiro teatro, que se tornou Casa da Ópera, em 1794.

O São Pedro é de 1858. No século XIX e na primeira metade do século XX, as orquestras eram ocasionais. Formavamse para eventos, festas e comemorações. Sabemos que Mendanha regeu a orquestra na inauguração do Theatro São Pedro e que uma orquestra abrilhantou a inauguração do Imperial, em 1931. As orquestras eram exigidas pelas óperas, uma paixão porto-alegrense.

As temporadas líricas se sucediam. A capital era visitada por Companhias italianas, que traziam cantores, maestros e, às vezes, músicos. Na ausência destes, os instrumentistas locais eram chamados. Em todos os tempos, Porto Alegre sonhou com uma orquestra permanente. Iniciativas se sucederam.

Em 1878, fundou-se a Sociedade Filarmônica Portoalegrense. Em 1896, criou-se o Instituto Musical Porto-alegrense, que durou pouco mais de um ano. A experiência mais duradoura foi a da orquestra do Clube Haydn. Seu primeiro concerto realizou-se em 1897 e seu derradeiro, em 1956, sem falar no período em que se agregou à Sogipa, prorrogando sua existência. A orquestra tocou com solistas internacionais, homenageou seu patrono, se fez presente no Centenário Farroupilha, celebrou Beethoven. Sua figura significativa foi o maestro Max Brückner, que regeu 176 concertos, a partir de 1922.

O Centro Musical Porto-alegrense (1920-1933) desenvolveu intensa atividade com orquestra, atuando não só na capital, mas também no interior do Estado. Esta instituição mereceu minucioso estudo na dissertação de mestrado de Júlia Simões. Foi sucedida pelo Sindicato de Músicos Profissionais de Porto Alegre. Dentro do Centro se originou a Sociedade de Concerto Sinfônico, que deu seu concerto inaugural no centenário da morte de Beethoven, em 1927. A criação da Banda Municipal merece um registro especial.

Iniciativa do prefeito Otávio Rocha, assessorado pelos italianos José Corsi e José Leonardi, a Banda oferecia um diferencial:

tratava-se de uma banda sinfônica. A Banda teve destacada atuação na vida musical de nossa cidade. Eu mesmo, ainda menino, comecei a degustar música erudita no Auditório Araújo Vianna, o antigo, na Praça da Matriz. Com trajetória intensa e brilhante,

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fragilizou-se em diferentes administrações.

A criação da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa), em 1950, decretou sua morte paulatina e inexorável. Quando diretor da Divisão de Cultura da SMEC da Prefeitura da Capital, na década de 1970, chefiei e convivi com meia dúzia de músicos remanescentes da antiga Banda, que vinham assinar ponto na sede, por decisão administrativa exarada em um processo de mais de metro.

Recusavamse a executar tarefas que não fossem as de seu cargo original: tocar. Em 1935, com a inauguração da Rádio Farroupilha, abriu-se novo campo para os músicos: as orquestras radiofônicas. A da Farroupilha era regida pelo maestro Salvador Campanella e a da Difusora por Roberto Eggers e Romeu Fossatti. A Rádio Gaúcha também possui o seu conjunto musical. Também em 1935 foi fundada, com músicos alemães escorraçados pelo nazismo, a Pro-Arte. O regente foi Hans Payser.

Esta instituição não deve ser confundida com a dirigida por Eva Sopher, a partir de 1970. Em 1936, criou-se no Instituto de Belas Artes o Conjunto de Câmara. Em 1941, foi a vez da Sociedade Rio-grandense de Música de Câmara. Em 1937, fundou-se a Associação Riograndense de Música (ARM), por iniciativa de Ênio Freitas e Castro. A entidade teve vida relativamente longa, chegando a comemorar 25 anos. Estas duas entidades tiveram grande rivalidade entre si, o que resultou em grandes atividades para a cidade. Somente em 1940 foram realizados 38 concertos. Na segunda metade do século XX, abriram-se novas perspectivas para as orquestras, com uma ligação das mesmas com a universidade.

Surgiram as orquestras da PUCRS, da Unisinos, UCS, Ulbra, UFSM e da Fundarte, de Montenegro. A crise atual do ensino superior desnudou a fragilidade dos modelos e as orquestras sucumbiram. Convém registrar que, na década de 50, Pablo Komlós tentou organizar um conjunto orquestral sinfônico na Ufrgs. Mais recentemente, Carlos Alexandre Neto, ao assumir a Reitoria da Ufrgs, solicitou que o Instituto de Artes examinasse a possibilidade da criação de uma orquestra na nossa principal universidade. Recuou com o alto custo da iniciativa.

A Ospa é a grande exceção na evolução das orquestras no nosso meio. Nos seus inícios, originouse como instituição privada. A visão e a experiência pública de Moysés Vellinho transformaram na em organismo estatal, situação que permanece até hoje. A Fundação Pablo Komlós, criada por sugestão do Ministério da Cultura, atenuou os limites do órgão público com as vantagens da iniciativa privada. A Ospa está aí, altiva e exuberante, comemorando os seus 70 anos. Tentativas paralelas à Ospa foram feitas, mas não lograram êxito. Cita-se a Orquestra Filarmônica Porto-alegrense (1950), a Sociedade Cultural do Instituto de Belas Artes (Sociba, 1953 a 1959) e a Orquestra Jovem, criada por Gunnar Skou Larsen (1960 a 1967).

O Rio Grande do Sul e sua capital, Porto Alegre têm grande amor à música. Seus habitantes têm fôlego e vontade. Possuem inexdível competência e talento para a necessária formação e habilitação. Mas não basta isso se não houver o necessário substrato econômico-financeiro. Nossas orquestras não subsistirão sem a junção do poder público com a iniciativa privada. Sem esta colaboração não subsistirão.

LUIZ OSVALDO LEITE*Professor emérito da Ufrgs. Ex-presidente da Ospa e da Fundação Pablo Komlós. Membro da Academia Riograndense de Letras. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul (IHGRGS).

25/07/2020 | Correio do Povo | Caderno de Sábado | 3

Quadro dramático da música orquestral no RS

Regente e diretor artístico da Ulbra lamenta o momento dos corpos orquestrais e clama por volta da Orquestra da UCS

As atividades culturais, em especial, o funcionamento das orquestras, são resultado do crescimento e do desenvolvimento social e cultural da sociedade. Não é à toa que houve um surgimento expressivo de novas orquestras a partir de 1996, adentrando os anos 2000. Nossa economia estava crescendo e havia um entendimento que a educação seria um dos pilares do desenvolvimento do Brasil.

Neste fluxo virtuoso, surgiram a Orquestra de Câmara da Ulbra, a Orquestra Unisinos, Sesi-Fundarte, Sinfônica da UCS e a Filarmônica da PUC, além de outros tantos grupos orquestrais no interior do RS. Chamo à atenção que quatro das orquestras citadas

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eram vinculadas a universidades privadas. Somando a Ospa e a Orquestra de Câmara do Theatro São Pedro, tínhamos sete orquestras produzindo música de qualidade, gerando emprego e renda e encantado o público de nosso Estado. A faculdade de música do Instituto de Artes da Ufrgs recebia cada vez mais alunos com boa qualificação e preparava-os para este mercado em expansão. Estudantes de música de outros estados vinham para Porto Alegre para qualificar-se e também para suprir as vagas abertas nas orquestras.

A cultura de nossa região estava em plena expansão e com uma perspectiva futura excelente. Cada uma destas orquestras fazia seu dever de casa, com ótimos projetos para ampliação do público da música orquestral, com concertos didáticos, com shows populares e, também, executando grandes obras do repertório erudito. Tínhamos um cenário cultural bastante favorável. Infelizmente, nos últimos anos, estivemos presenciando uma crise econômica e política sem precedentes e, o pior, o desmantelamento da educação.

A falta de renda da população para pagar uma universidade, a falta de apoio a programas importantes criados para dar oportunidade aos menos favorecidos como Prouni e Fies e os ataques irresponsáveis às universidades públicas geraram um ambiente totalmente desfavorável à educação e à cultura, não havendo incentivo à entrada de novos alunos nas universidades privadas, ficando muito difícil o sustento de suas orquestras. Educação e cultura, obviamente, não são prioridades neste governo. Inclusive, a cultura perdeu o status de ministério e passou a ser uma Secretaria vinculada ao Ministério do Turismo. Nenhum projeto importante anunciado em 18 meses.

O que vimos foi troca sistemática de secretário e ideologização nas políticas e na contratação dos cargos mais representativos dessa Secretaria. A demonização da Lei Rouanet (mudando, inclusive, o nome) foi arquitetada para matar a cultura à míngua, espalhando fake news e acusando artistas de má utilização dos recursos, como se todos que trabalham com a Lei Rouanet fossem mal intencionados. Sim, a cultura vem sendo mal tratada há muitos anos. Além da Lei Rouanet, as orquestras do estado também fazem uso da lei estadual de incentivo à cultura – LIC-RS, lei esta que vem funcionando bem, mas que considero necessário haver adequações para atender melhor as demandas específicas das orquestras. Tenho certeza que a secretária Beatriz Araújo está aberta para o diálogo com os gestores destas instituições.

Noticiado em julho, o encerramento das atividades da Orquestra da UCS acendeu uma luz vermelha. Já haviam fechado as portas a Orquestra Unisinos, Filarmônica da PUC e Sesi Fundarte. Que situação desastrosa nos encontramos neste momento! O que é um país, uma nação sem cultura? Não basta o genocídio do corpo, querem também matar nossa alma? O que vão dizer nossos filhos e netos? Viemos de uma cidade onde as orquestras foram dizimadas! Não é triste, Erico Verissimo? Está na hora da comunidade mostrar sua força e exigir dos governantes uma resposta à altura de seus anseios.

Citando como exemplo a cidade de Caxias do Sul, não seria o caso de a prefeitura encabeçar um projeto convidando ou conclamando várias empresas locais a bancar a Orquestra da UCS? Há alguns anos, pesquisei como boa parte das orquestras da Europa era mantida: poder público 30%; bilheteria - 30% e iniciativa privada - 40%. Considerando que temos leis de incentivo à cultura com renúncia fiscal, tanto federal quanto estadual, o valor doado efetivamente pela iniciativa privada é mínimo. Na lei federal podem abater 100% do valor doado e na lei estadual (LIC-RS) as empresas abatem 90% do investimento através do ICMS.

A Ulbra também enfrenta estas mesmas dificuldades. Para poder manter o projeto da Orquestra em pé, sentamos e buscamos juntas, direção da Ulbra e direção da Orquestra, uma solução. Encontramos um modelo viável e com projetos autossustentáveis. Do total necessário para manter a orquestra, a Universidade garante 40%, os outros 30% são bancados por patrocinadores, empresas e pessoas físicas, via leis de incentivo, e o restante (30%), pela bilheteria e concertos com cobertura de outros patrocínios. Não é fácil, mas também não é tão difícil, concordam? A partir deste modelo, não seria possível reverter o encerramento das atividades da Orquestra da UCS? Uma Orquestra com excelente programação, que sempre realizou lindos concertos, bem administrada e que gera tanto orgulho à comunidade. O que falta então? Vontade política. Falta a compreensão sobre a importância da arte no crescimento e desenvolvimento dos seres humanos e sobre a importância da cultura na identidade de uma sociedade.

O entendimento de que a música orquestral gera empregos não só aos músicos diretamente, mas a toda cadeia produtiva que envolve a economia da cultura. O reconhecimento de que a orquestra é patrimônio imaterial de toda uma região. Não é admissível que uma cidade rica como Caxias, com uma indústria forte, uma economia pujante, não tenha condições de manter uma orquestra. Gostaria muito que na próxima semana o prefeito de Caxias me dissesse que eu estou errado, que minhas críticas não têm fundamento, e que ele vai se mexer para a retomada das atividades da Orquestra de Caxias do Sul. Que os caxienses merecem ter contato com a boa música orquestral. Que ele está ciente que sem a música, a vida seria um erro (Nietzsche), e que grande erro! A música é o alimento

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da alma.

Precisamos deste alimento para nossa sobrevivência. A música transforma, liberta! Não queremos ficar aprisionados num mundo sem música. Está lançado o desafio ao senhor prefeito de Caxias do Sul: faça a sua parte, não deixe morrer esta orquestra! As comunidades caxiense e sul-rio-grandense agradecem.

TIAGO FLORES** Regente e diretor artístico da Orquestra de Câmara da Ulbra

25/07/2020 | Correio do Povo | Caderno de Sábado | 4

Epílogo de orquestra em meio à pandemia

Diretor artístico e último regente titular trata do encerramento prematuro das atividades,após quase duas décadas de existência,da UCS Orquestra,da Universidade de Caxias do Sul

A Orquestra teve o seu início no final de 2001 quando a antiga orquestra OSCA de Caxias do Sul foi encampada pela universidade.

Naquela época, sofria muito com os planos econômicos vigentes e os efeitos diretos no contingente de músicos e demais funcionários. No início de 2002, através do amigo André Meneghello (na época spalla) recebi o convite para reger um concerto.

No primeiro contato com a orquestra percebi que, apesar das limitações técnicas do momento, havia uma vontade muito grande de evoluir, de fazer obras de maior fôlego. Depois deste convite surgiram mais cinco e no final de 2002 recebi o convite para me tornar o Diretor Artístico e Regente Titular. Minha felicidade foi imensa! Além de um ambiente propício para desenvolvimento, contaria com uma equipe de músicos e administrativa muito entusiasmada em tornar a orquestra uma das melhores referências musicais do Estado. Quanta alegria! Com o progresso artístico e o apoio da Universidade, conseguimos realizar concertos com grandes solistas, maestros convidados, coros, atores, bailarinos, bandas, outras orquestras. Fizemos muitas coisas. Crescemos muito. Consolidamos diversas séries de concertos: Quinta Sinfônica, Concertos de Integração (onde a orquestra leva a música para diversos municípios do estado), Concertos da Primavera (que, em parceria com a Unimed Nordeste, contou com plateias que chegaram a 8 mil pessoas), Música de Câmara, Concertos Especiais, Natal em Família, Grandes Concertos, Concertos Populares, participamos do Mississippi Delta Blues Festival, Master classes com solistas e maestros convidados, Concertos ao Entardecer, Programas Intervalo com a Música Clássica, Substância Sonora, Vídeos educativos, projetos educacionais como o Florescer das empresas Randon.

Realizamos projetos com outras orquestras como a Orquestra Sinfônica de Gramado, Orquestra Filarmônica da PUC, a Orquestra da Unisinos, a Orquestra Municipal de Sopros de Caxias do Sul e duas vezes, conseguimos convidar a Orquestra da Universidade do Norte de Iowa para que se juntasse a nós em dois concertos emblemáticos. Conseguimos integrar a orquestra em atividades conjuntas com os cursos de administração, moda e estilo, jornalismo e outros. Recebemos o prêmio Referência Educacional da 20ª edição do Prêmio Líderes & Vencedores de 2014, conferido pela Assembleia Legislativa do Estado do RS e Federasul, lançamos dois CDs e um DVD. Nosso trabalho recentemente foi disponibilizado no Spotify, no iTunes e no Deezer.

Como foi escrito na página da UCS Orquestra “Em todos esses anos, a Orquestra acumulou experiências no desenvolvimento de projetos que: valorizam a música como profissão; potencializam outras áreas do conhecimento; atuam como fonte de entretenimento em seu maior grau de qualidade, e, consequentemente no auxílio à formação de uma sociedade fortalecida e equilibrada nos vários aspectos do cotidiano.” Como, depois de todo este trabalho, de todo o desenvolvimento, de todo o alcance que conquistou, como a orquestra teve suas atividades encerradas? Como? Alguns sintomas de que isto pudesse acontecer já vinham aparecendo durante os últimos anos. No final de 2018 recebi a notícia que por problemas causados pela evasão escolar e também em função do 9° ano escolar a Universidade teria que reduzir o quadro estável de músicos. De aproximadamente 40 músicos, fomos reduzidos para 25.

No final do ano passado novamente fui chamado pela direção da Universidade para receber o comunicado que seria necessário reduzir ainda mais o tamanho ficando apenas 12 músicos. Para que pudéssemos ter uma programação interessante, propus algumas soluções que se adequassem a capacidade financeira da Universidade dentro dessa nova realidade. Infelizmente com a pandemia da Codiv-19, o quadro financeiro se agravou ainda mais. Notícias de desligamentos de professores e funcionários prenunciavam algo ainda pior. Conseguimos realizar apenas um concerto neste ano e logo em seguida os nossos trabalhos foram suspensos presencialmente. Produzimos neste primeiro semestre diversos vídeos que buscavam acalmar o coração de nosso público.

Infelizmente isso não foi suficiente.

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A manutenção de uma orquestra é um problema mais amplo do que só o relativo à instituição que a mantém. Não podemos delegar a apenas um responsável, o fechamento. Existem muitas áreas interligadas, enfim, é momento de se reinventar, ampliar parcerias. A Universidade de Caxias do Sul possui uma boa estrutura para ensaios e concertos, precisamos de uma Associação de Amigos, de empresas da região e municípios vizinhos se unindo.

Quem sabe assim, passado este período sombrio, conseguimos recuperar nossa orquestra. Tenho fé. Tenho esperança. Acredito que juntos podemos; sim, podemos. Mas, por enquanto, quase 20 anos de trabalho está encerrado. É fundamental que todos se deem conta do tamanho da perda. Perdas desta magnitude não se refazem em dois anos. Levamos duas décadas para chegar aonde chegamos. Orquestras são organismos complexos, seres humanos recriando grandes obras. É preciso tempo. Qualidade, maturidade, coesão não se adquire em duas semanas. Cada orquestra fechada é uma perda gigantesca. Somos humanos, precisamos da arte, precisamos tanto, que quando perdemos ficamos vazios, ficamos mais perto de robôs em busca de uma sobrevivência egoísta e que certamente levará à destruição da raça humana. É necessário ter em mente que a arte não é negociável e sim, algo vital a sanidade mental de todos. Orquestras não são gasto, é o melhor investimento que se pode fazer.

MANFREDO SCHMIEDT*

* Diretor artístico e regente titular da Orquestra da UCS desde 2002

25/07/2020 | Correio do Povo | Eduardo Conill | 8

Sucesso

Bonitão e sempre com muito sucesso – sempre muito bem motorizado –, Lucas Assis Lopes Carvalho teve formatura na PUC/RS, no Curso de Administração com ênfase em Marketing, na maior discrição, como pedem os protocolos atuais. Mas mamãe, Stela Carvalho, craque em culinária, não deixou de preparar delicioso jantar regado a bons vinhos da rica adega do papai, Cassio Carvalho.

Lucas Assis Lopes Carvalho (Ver foto)

25/07/2020 | Zero Hora | Vida | 1

O sol e a imunidade

Estudos que estabelecem conexões entre a vitamina d e o nosso sistema imunológico ainda não são conclusivos. tire suas dúvidas sobre o que se sabe de fato sobre a substância e o coronavírus

Páginas 4 e 5

25/07/2020 | Zero Hora | Vida | 4

Vitamina D e Coronavírus: Perguntas e Respostas

ESPECIALISTAS DISCUTEM O PAPEL DA SUBSTÂNCIA NO SISTEMA IMUNOLÓGICO. MAS COMO ABSORVÊ-LA EM MEIO AO DISTANCIAMENTO SOCIAL?

Importante para garantir a saúde dos ossos, a vitamina D é produzida, em sua maior parte, a partir da exposição solar.

Em porções menores, é encontrada em alimentos como peixes gordurosos e ovos, por exemplo. Para além disso, a vitamina D parece exercer um papel importante no sistema imunológico humano e, conforme sugerem alguns estudos, teria algum efeito protetor, inclusive, sobre o nosso sistema respiratório.

A partir desse tipo de premissa, pesquisadores passaram a investigar uma possível associação dos níveis médios da substância com a

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mortalidade provocada pela covid-19.

A seguir, reunimos algumas informações importantes sobre a vitamina, problemas causados pela sua deficiência e o que se sabe até agora sobre a relação que tem com a infecção por coronavírus. Confira.

O QUE É?

A endocrinologista Luciana Schreiner, professora da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), explica que a vitamina D atua quase como um hormônio:

- Ela regula o metabolismo de cálcio no organismo. Estão tentando comprovar questões ligadas à imunidade, como o papel de impedir a proliferação de vírus e bactérias.

Flavio Luz, dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia, completa:

- Apesar de evidências de efeito positivo no sistema imunológico, isso está longe de ter comprovação. O que temos como certo é que ela é fundamental para a mineralização dos ossos, o que significa evitar o raquitismo nas crianças e a osteoporose nos adultos.

COMO É PRODUZIDA?

A vitamina D pode ser encontrada em alguns alimentos como salmão, por exemplo, no entanto, a quantidade é bem pequena, diz a endocrinologista Luciana Schreiner. Portanto, a maneira mais recomendada para metabolizá-la é a exposição aos raios ultravioleta B.

Embora o assunto gere controvérsias, o dermatologista Flavio Luz garante que a exposição deve ser feita com filtro solar.

- O uso habitual de protetor não reduz a síntese de vitamina D, e a carência dela não deve ser um obstáculo para o uso do produto - afirma, acrescentando que um estudo publicado nos anais da Sociedade Brasileira de Dermatologia mostrou que a síntese é igual em indivíduos com e sem filtro.

Luz destaca que, através do sol, a síntese é limitada pela inflamação que possa ser causada pelos raios UVB, ou seja, "torrar" no sol não vai aumentar a produção da vitamina. Pelo contrário, vai degradá-la.

E, para garantir os níveis adequados dessa vitamina, bastam poucos minutos ao sol. De 10 a 15 minutos diários são suficientes, inclusive neste período de distanciamento social.

- Pode-se ficar um pouco no sol ao levar o lixo na rua - sugere Luciana.

Outros fatores importantes que podem afetar a síntese da vitamina são o abuso de bebidas alcoólicas, o sedentarismo e o excesso de massa corporal. Isto é, não adianta manter uma exposição solar regular e estar acima do peso, exemplifica o dermatologista.

A DEFICIÊNCIA TEM SINTOMA?

Conforme Luciana Schreiner, os sinais da ausência de vitamina D são inespecíficos, salvo quando já se trata de um quadro crônico.

- Basicamente, a pessoa pode sentir cansaço, diminuição da memória e fraqueza muscular - enumera.

SE A PESSOA ESTÁ EM ISOLAMENTO, PRECISA DE SUPLEMENTO?

De acordo com o dermatologista Flavio Luz, ainda não há estudos que indiquem o tempo recomendado de sol para cada indivíduo a fim de sintetizar a vitamina. O que se sabe é que crianças e idosos têm maior necessidade da vitamina. Os pequenos em razão do crescimento, e os idosos por causa da osteoporose e de fraturas ósseas.

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Atualmente, com o isolamento e a pouca exposição ao sol, algumas pessoas podem sofrer queda nos níveis da vitamina. Mas isso não significa que se deva usar suplementação por conta própria. A recomendação é procurar um médico para solicitar um exame de sangue com a dosagem de vitamina D. Ainda assim, a endocrinologista Luciana Schreiner lembra que é preciso ir além dos valores apontados pelos testes:

- É preciso ter cuidado na análise no exame: coletar dados do paciente e a sintomatologia para avaliar uma possível deficiência antes de sair suplementando. Muitas vezes, atletas, que se expõem ao sol, têm índices muito abaixo do normal. Muito provavelmente por que os ensaios não são bem adequados.

Apesar de ser vendida nas farmácias como suplemento, a vitamina D precisa, obrigatoriamente, ser receitada por um médico, pois o excesso dela pode acarretar prejuízos à saúde, como o hiperparatireoidismo, que é o aumento excessivo da produção do hormônio que regula o cálcio.

- E muito cálcio, esse excesso não fisiológico, pode levar a arritmia, parada cardíaca e cálculos renais - afirma Luciana.

IMUNIDADE VAI ALÉM DA VITAMINA D

Em maio, um artigo publicado no Aging Clinical and Experimental Research apontou uma correlação entre níveis de vitamina D e a mortalidade por covid-19. Entretanto, na edição de julho do mesmo periódico, outros pesquisadores contestaram os resultados afirmando que a conclusão do texto não tem suporte pela análise de dados e que outros estudos devem se debruçar sobre o tema.

"Atualmente, não há evidência de efeito da vitamina D na redução do impacto da covid-19 no número de casos ou de mortes", escreveram.

Em meio à contradição, a única afirmação que realmente deve ser considerada, diz o dermatologista Flavio Luz, é a de que um organismo saudável é menos suscetível a infecções. E, para mantê-lo saudável, é necessário ter níveis de vitamina D adequados.

- Não há estudo com metodologia forte que possa correlacionar de alguma maneira a infecção por coronavírus ou a gravidade do quadro com os níveis de vitamina D. Aparentemente, não há relação. Existem muitos rumores e pessoas querendo espaço na mídia fazendo publicações e levantando teorias que não têm fundamentação científica adequada. Todavia, um organismo saudável, no geral, é mais resistente à infecção. E um organismo saudável inclui ter níveis adequados de vitamina D - sublinha o médico da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

O QUE DIZEM OS ESTUDOS SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A SUBSTÂNCIA E A COVID-19?

Em março, dois professores da Universidade de Turim, na Itália, assinaram um documento no qual sugerem que a suplementação de vitamina D, quando em níveis baixos, pode ser uma ferramenta de prevenção ao coronavírus. As evidências apontadas pela dupla são: o papel ativo que a substância tem na modulação do sistema imunológico, a redução no risco de infecções respiratórias de origem viral e a capacidade de a vitamina D neutralizar danos nos pulmões causados pela inflamação provocada pela ação do sars-cov-2. Além disso, os pesquisadores observaram ainda que dados de pacientes de Turim indicaram que aqueles que testaram positivo para a covid-19 também apresentaram hipovitaminose D.

O mesmo estudo italiano menciona um trabalho pre-print (sem revisão por pares) intitulado "A suplementação de vitamina D pode prevenir e tratar infecções por influenza, coronavírus e pneumonia". Após revisão, esse trabalho foi publicado em abril, dessa vez com novo título: "Evidência de que a suplementação de vitamina D poderia reduzir o risco de influenza e infecções por covid-19 e mortes". O artigo defende que, por meio de vários mecanismos, a vitamina D pode reduzir o risco de infecções com a diminuição da replicação viral e também da concentração de citocinas, que provocam a inflamação aguda que afeta os pulmões. O texto conclui que a suplementação é recomendada para reduzir o risco de infecção e também deve ser administrada em pessoas com o diagnóstico de covid-19. Ainda assim, os pesquisadores indicam a necessidade de estudos clínicos randomizados para avaliar tais recomendações.

Em maio, um artigo publicado no periódico BMJ Nutrition, Prevention and Health foi enfático ao defender a importância da vitamina D para a saúde global. No entanto, destacou que "não há evidências científicas robustas que mostrem que a ingestão de altas doses de vitamina D vá beneficiar prevenindo ou tratando covid-19".

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25/07/2020 | Zero Hora | Especial | 5

Novas ferramentas fortalecem produção de grãos e reduzem risco de produtores

Investimentos em insumos e aplicativos de análise são destaques na era da "agricultura digital"

A modernização do setor produtivo e o desenvolvimento de novas tecnologias na agricultura nas últimas décadas têm levado produtores brasileiros a conduzirem suas lavouras com as novidades disponíveis. E não são poucas: quando falamos em produção de grãos, a gama tecnológica vai desde melhoramento do solo e monitoramento do clima até modificação genética de sementes. Milho, soja, trigo e arroz são as culturas mais produzidas nas Regiões Norte e Noroeste do Estado, e é natural que os investimentos em tecnologia e as empresas destas cidades foquem nessas culturas. É o caso da Agrofel, empresa de insu mos de grãos e sementes, que nasceu em Palmeira das Missões.

Hoje, a empresa está incubada no Tecnopuc, em Porto Alegre, mas mantém os laços com o Noroeste do Estado, especialmente nos serviços que oferece. Diretor comercial e de marketing da Agrofel, Roni Ferrarin acredita que o cerne das soluções a serem buscadas neste momento dentro do agronegõcio devam estar baseadas em sustentabilidade. Isso inclui abraçar novas tecnologias e também buscar uma verticalização da produção. — O produtor tem como "missão" alimentar o mundo. E as autoridades e os estudos indicam que até 2050 a demanda de alimentos mundial estará 70% maior. Em comparação, não temos mais áreas para crescer, precisamos verticalizar a produção, ou seja, fazer mais em uma mesma área — contextualiza Ferrarin. Para o diretor, a agricultura atual não existe mais sem tecnologia, pois tem um papel de base para um movimento sustentável:

— Estamos diante de uma nova revolução, a agricultura digital. Vamos trabalhar novas variantes no que diz respeito à plantas com genética, que suportem temperaturas mais altas e menos volumes de chuvas, nutrição vegetal, tolerância a herbicidas, a pragas, agricultura biológica, enfim, um território sem fronteiras e com inúmeras possibilidades — finaliza.

25/07/2020 | Zero Hora | Acerto de Contas | 6

Acerto na compra

No pico da crise, muitos ativos de renda variável tiveram seus valores depreciados, mas a fase de grandes 'descontos' passou Na queda da bolsa de valores brasileira (B3), no primeiro trimestre do ano, ações de praticamente todos os setores negociados desabaram. Foi preciso agir rápido para seguir o "mandamento" do mercado financeiro de comprar ativos na baixa - para lucrar na retomada - porque a bolsa se recuperou rapidamente. Dos 40 mil pontos no pior da crise em março, voltou para a casa dos 100 mil em junho, superando as cotações máximas históricas de janeiro, explica Rafael Weber, sócio e gerente de renda variável da RJI Gestão & Investimentos.

O momento da fartura de ações e mesmo setores inteiros "descontados", isto é, com preço abaixo de seu valor real e potencial de ganhos na recuperação, já passou, explica Weber. Isso não quer dizer que faltem oportunidades para aproveitar o bom momento da bolsa de valores. Qual atitude tomar depende do perfil, do nível de informação e da experiência do investidor. Para quem vai começar agora a ter ativos da renda variável, Leandro Rassier, sócio do Escritório Alta Vista Investimentos e professor da PUCRS, recomenda fundos de investimentos, oferecidos por corretoras de valores e bancos (não confundir com fundos de investimento imobiliário, negociados na B3). Ele sugere ter a primeira experiência com fundos multimercados de baixa volatilidade, aumentar aos poucos para média e alta volatilidade até chegar aos fundos de ações.

MEIO PARA NEGOCIAR NA BOLSA

Quem é mais experiente e quer operar diretamente na B3, pode fazê-lo por meio de uma corretora de valores, banco de investimentos ou banco onde tem conta corrente. Abrir conta em corretora é simples e feito pelo aplicativo da instituição escolhida Depois, basta transferir os recursos para lá e operar pelo próprio app, em renda fixa ou renda variável.

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Nos bancos, o acesso à plataforma para negociar na bolsa (o home broker) costuma ser mais demorado, Em alguns casos, precisando preencher formulário e assinar termo de conhecimento dos riscos. Corretoras e bancos de investimentos são instituições financeiras regulamentadas (consulte o seu neste link: gzErs/Pesquise) e servem para acessar os produtos de investimento. Ativos têm risco do emissor, e não da plataforma em que foram comprados, explica Matheus Santos, assessor de investimentos e sócio da Invista Valores. Em contraste com as corretoras, espécies de "shoppings" financeiros com ativos de diversas instituições, bancos do varejo têm portfólio de investimentos limitado, quase todos geridos por eles próprios.

Quanto ao atendimento, o banco é mais focado em oferecer crédito, enquanto os profissionais de corretoras tratam exclusivamente de investimentos, compara Santos. Ainda que seja possível escolher ativos na B3 sozinho, os especialistas desaconselham a fazer isso sem ajuda profissional. Porém, a maioria das corretoras presta atendimento personalizado apenas para clientes que têm acima de R$ 100 mil, revela João Debom, sócio responsável pela área de renda variável da Invista Valores. Segundo ele, uma alternativa para receber informação especializada é assinar o conteúdo de casas de análise. Outra forma de evitar escolher ações é investir em ETFs, espécies de fundos de ações negociados em bolsa e que seguem um índice de mercado, como o Ibovespa.

PERSPECTIVAS PARA AÇÕES E FUNDOS IMOBILIÁRIOS (Ver imagem)

25/07/2020 | Zero Hora | Acerto de Contas | 8

As pessoas devem investir para realizar os seus sonhos

ANDRÉ BONA Educador financeiro e autor do podcast Bonacast

Educador financeiro desde 2010 e professor de pós-graduação em finanças e investimentos da PUCRS, André Bona entende que é possível tomar excelentes decisões financeiras no dia a dia sem precisar ser especialista em economia. Atuante nas redes sociais e no site andrebona.combr, ele dá dicas, na entrevista a seguir, para quem, mesmo em meio à crise do coronavírus, deseja diversificar investimentos e incluir a renda variável.

A crise do coronavírus explica este ano de contrastes, com recorde de arrecadação na poupança e de investidores pessoas físicas na bolsa?

Não dá para saber se é isso. Em outras crises, quando a Selic subiu muito, também se observava um volume de captação elevado nas plataformas de investimento. Aqueles que são diretamente afetados e não têm reservas financeiras têm uma situação muito mais complicada. Mas os que não têm perda de renda começam a tomar uma atitude mais conservadora. Evitam impulsos consumistas.

Por outro lado, há o aumento de investidores na bolsa. Ela teve quatro anos seguidos de alta forte, entre 2016 e 2019. Isso atrai investidores. Atualmente, temos um gatilho adicional: o juro muito baixo. Aqueles que sempre conseguiram ganhar dinheiro acima da inflação mesmo sendo conservadores estão vendo que isso está mais dificiL Outro fator é a disponibilidade de informação, há uma democratização das plataformas de investimento.

Os novos poupadores são incentivados a começar pela reserva de emergência, destinada a investimentos conservadores. Como manter a disciplina e não desanimar diante de rendimentos baixos?

Os investimentos não são fins em si mesmos. O objetivo não deve ser ter a maior rentabilidade possível. Você escolhe os investimentos como meio para alcançar determinados objetivos. O que você quer é ter um capital sem risco de ser reduzido e que possa usar em caso de necessidade. Para manter a disciplina, é preciso ter isso em mente. Porque se você vai para a renda variável com capital de emergência, corre o risco de resgatar o dinheiro em uma situação desfavorável. É imprescindível que você tenha pelo menos de seis a 12 meses a renda mensal. Depois disso, você faz investimento de risco e, mesmo com altas e baixas na bolsa, não vai ser obrigado a resgatar esse valor porque já tem reserva para imprevistos.

A Sebe baixa acaba com a esperança de ter ganhos reais na renda fixa. A alternativa é ousar na renda variável? O que existe para ganhar um pouco sem muita exposição à volatilidade?

Na época de Selic alta, todo mundo estava acostumado a ganhar juro sem fazer nada. Agora veio a necessidade de tomar mais risco.

Renda variável não é necessariamente uma grande ousadia. Dentro da renda variável, há risco muito alto quando o investidor faz

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alavancagem, tem operações de curtíssimo prazo, quando opera derivativos, que é diferente do risco de comprar ação de uma empresa com bons fundamentos. Se o investidor tem reserva de emergência, já está mais seguro para destinar seu capital de longo prazo a um ativo de risco, porque, se ele perder o emprego, não precisa resgatar justo esse investimento que oscila. O segundo ponto é que você não precisa ter um raciocínio binário: estou na renda fixa ou na renda variável. Existe o produto conservador e o agressivo e existe a carteira conservadora e a carteira agressiva. O que vai fazer que uma seja mais agressiva do que outra é o percentual que você coloca em cada um dos tipos de investimento. Além disso, tem produtos que fazem o papel intermediário, como os fundos multimercado. A alocação total é o grande segredo para você navegar entre renda fixa e variável com tranquilidade.

Que conselho você dá àqueles que ainda estão começando e não são tão habilidosos com os instrumentos digitais?

Essas pessoas deveriam se capacitar, não só para investir, mas para tudo. Se você passa a ter alguma alguma familiaridade digital, vai ver inclusive boas sugestões de leitura, conhecer opiniões e debater. O celular é uma ferramenta para conseguir acesso a um conteúdo mais amplo e muito mais disponível on-demand. A grande massa de informação está na internei. Quem estiver se expondo ao aprendizado precisa incluir prioritariamente o manuseio das ferramentas digitais.

Você diz às pessoas que elas devem investir para realizar sonhos. Você acredita que esta crise pode ser o momento de aproveitar oportunidades, para quem não perdeu receita e estava reservando recursos para algum gasto?

As pessoas devem investir para realizar sonhos, ter objetivos. Se você não tem objetivos, investe exclusivamente pensando no dinheiro, então eu diria que talvez o dinheiro esteja fazendo mal para você, passou a ser o centro da sua vida. Ao investir bem, o que você quer é se tornar independente do dinheiro. A relação não pode ser de apego, tem de ser uma ferramenta da qual você domina o funcionamento. Em situações de crise, aqueles que têm organização financeira vão continuar poupando e podem fazer melhores investimentos. Quem tinha um sonho de viajar, por exemplo, obviamente não o fará na pandemia, mas tem uma série de companhias aéreas fazendo promoções agressivas para o fim do ano com possibilidade de remarcar por mais um ano sem multa. Você consegue, se tiver se planejado.

Para ensinar a relação entre risco, retorno e liquidez, você usa a ferramenta tripé dos investimentos. Pode explicar este princípio?

Quando você escolhe um investimento, há três itens a considerar: risco, retorno e liquidez. O investidor tem de analisar essas três coisas e dizer qual é a mais importante. Se a pessoa diz "para mim, o mais importante é a segurança'', ou seja, risco baixo, vai abrir mão de retorno. E depois ela decide a segunda coisa mais importante: "é liquidez, o dinheiro estar disponível". Então deve escolher um investimento seguro que possa resgatar a qualquer momento. E abrir mão de retorno mais elevado. Não dá para ter as três coisas no mesmo investimento. O que você pode ter são as três coisas na mesma carteira, com a diversificação de vários tipos de investimento. O tripé ajuda a lidar com clareza com o dilema da escolha, a ter expectativas realistas. Assim ele não fica iludido na decisão. Depois que ele montar a reserva de emergência, pode buscar o que dê retorno e liquidez, então, nesse ativo, corre mais riscos.

25/07/2020 | Zero Hora | DOC | 11

A próxima REVOLUÇÃO

A evolução da sociedade passou por diversas ondas ou etapas, desde a posse da terra como principal fator de geração de riqueza, passando pela Revolução Industrial nos séculos 18 e 19, deslocando o eixo para as máquinas e as indústrias. Na segunda metade do século 20, a revolução da tecnociência muda novamente os principais fatores de geração de riqueza, com a emergência da sociedade do conhecimento, com o foco na tecnologia e na inovação. Neste século 21, diversos eventos e sinais vêm sendo enviados do futuro com relação a um novo ciclo de transformação na sociedade, sendo a crise sanitária que vivemos somente um deles. As questões sociais, em especial o desafio da desigualdade em suas diferentes dimensões e as questões ambientais, principalmente as mudanças climáticas e seus impactos no meio ambiente, são temas centrais com relação ao futuro da humanidade.

Uma das mais importantes discussões hoje no mundo vem da Inglaterra, em torno dos negócios de impacto social e ambiental. Nesse sentido, Sir Ronald Cohen aborda o tema da Revolução do Impacto, cuja questão básica é: que tipo de mundo nós queremos viver no futuro?

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Estamos hoje imersos ainda na primeira fase da pandemia, o que poderíamos chamar de sobrevivência, tentando nos manter vivos e os negócios, viáveis. Logo, ingressaremos em uma segunda fase, ainda crítica, que envolverá a recuperação: será a hora de retomarmos nossas atividades relacionais, sociais e profissionais. Somente depois chegaremos na fase da renovação, o que muitos chamam de "novo normal", que é muito difícil de prever ou antecipar. Mas parece que todos concordamos que não seremos os mesmos. Não nos comportaremos da mesma forma. Novos paradigmas irão emergir.

Quase impossível saber ou antecipar o que virá. No máximo podemos ler alguns sinais do futuro e imaginar algumas possibilidades.

Provavelmente, as transformações virão em duas frentes: pessoal e social, profissional e dos negócios. Na frente pessoal e social talvez emerja um novo humanismo, como atitude frente aos desafios, como uma nova forma de estar no mundo. Humanismo como uma nova forma de cuidarmos uns dos outros. Pensar o coletivo antes do individual.

Na frente profissional e dos negócios, talvez emerja um novo conjunto de valores a nortear a ação das organizações, não somente da percepção social, mas também novos padrões de análise dos negócios, onde o impacto social e ambiental dos empreendimentos se torne tão importante quanto seus resultados financeiros. Podemos imaginar um mundo no qual as pessoas tenham mais responsabilidade e ciência de seu papel na sociedade, no qual o consumo seja mais consciente, no qual possamos (e devamos) escolher onde trabalhar, o que comprar e em quem investir, de acordo com valores que nos sejam relevantes. Valores globais, com senso de bem comum e responsabilidade pelo futuro do planeta.

Assim como a grande crise de 1929 mudou para sempre a forma como as empresas atuam, são avaliadas e auditadas, esta crise de 2020 pode ser um marco para uma nova forma de avaliar as organizações e seu papel social. Existem muitos desafios que devemos superar como sociedade, os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam com clareza estes desafios. O que devemos fazer é direcionar o melhor dos nossos esforços e capacidades no desenvolvimento de ações de impacto. Impacto social, impacto ambiental. Devemos, juntos, mudar as regras do jogo. O modelo mundial vigente não atende mais nossas expectativas de um mundo melhor. A revolução da tecnociência deve ser seguida por uma revolução de impacto social e ambiental. Podemos pensar em gerar resultados econômicos e impacto social e ambiental simultaneamente. Um não deve mais excluir o outro.

Desde a encíclica Laudato Si, do Papa Francisco, até pensadores como o inglês Sir Ronald Cohen, cada vez mais as pautas social e ambiental se tornam mais e mais relevantes. Para o nosso futuro. Para o futuro da humanidade. Para transformar o mundo em um lugar melhor para se viver, menos desigual, reduzindo a pobreza e ampliando as possibilidades de desenvolvimento pessoal por meio de uma educação de qualidade, transformadora, inclusiva. Para todos. Pelo bem de todos.

Superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS JORGE AUDY

25/07/2020 | Zero Hora | Notícias | 14

Experiência 5G será oferecida na Capital e Bento Gonçalves

A internet 5G, tecnologia que promete revolucionar a nossa relação com dispositivos móveis e produtos com inteligência artificial, aos poucos chega ao Brasil. A Vivo anunciou que ativará o serviço em Porto Alegre - e outras sete cidades brasileiras - até o final do mês. Já a TIM prometeu, para setembro, emplacar a novidade em Bento Gonçalves, na Serra, e em outros dois municípios no país.

O diretor regional Sul da Vivo, Ricardo Vieira, disse que o serviço oferecido contempla especificamente as regiões de Moinhos de Vento, Avenida Carlos Gomes e Shopping Iguatemi. A TIM informou que "vai utilizar a técnica DSS com os fornecedores Ericsson, Huawei e Nokia, que aproveita a agregação de frequências do espectro atual (4G) para chegar à velocidade do 5G" e que "em breve, anunciará mais detalhes".

O serviço que chega ao Estado e nas demais cidades-piloto não é o que se entende como 5G puro. É o 5G DSS. Essa modalidade é a de Compartilhamento Dinâmico de Espectro (DSS, na sigla em inglês), ou seja, usa pedaços de frequências excedentes das que foram destinadas para o 4G brasileiro, explica César Marcon, professor do programa de pós-graduação de Ciências da Computação

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da PUCRS:

- O 5G DSS aumenta a velocidade de upload e download, de transmissão de dados e melhora a transmissão de imagem. Entretanto, por não termos frequência própria para o 5G, as pessoas não vão conseguir sentir diferença na diminuição do tempo para receber uma resposta às informações entregues, característica que é a chave para o futuro. A iniciativa é boa, porque permitirá maior tráfego de dados e impulsionará a outra ponta, os usuários, a adquirirem aparelhos que suportem a tecnologia, mas tem limitações.

Jéferson Campos Nobre, professor do Instituto de Informática da UFRGS, destaca que dificilmente a cobertura do sinal 5G DSS ultrapassará os limites das localidades anunciadas pela Vivo.

- Provavelmente, serão implementadas estações somente nessas áreas, porque são tecnologias que exigem investimento alto. Mas essa também é uma forma de prospectar novos clientes para o serviço e sinalizar que a companhia está se preparando para a implementação do 5G posteriormente - pontua.

Leilão

O leilão da faixa de 3,5GHz, destinado ao 5G, está previsto para início de 2021. Uma vez implantada a tecnologia, haverá acesso à máxima potência, altíssimas velocidades de internet, maior confiabilidade e disponibilidade, além da capacidade para conectar massivamente aparelhos ao mesmo tempo.

Segmento: Outras Universidades 25/07/2020 | ABC | Comunidade | 10

Painéis debatem os desafios da retomada

Especialistas de diversas áreas estão confirmados para encontros marcados para a próxima semana

Após quatro meses submersos em um contexto econômico recheado de desafios, a região já pensa em como será a tão esperada retomada. Uma certeza se tem: a de que os aprendizados das últimas semanas, sejam eles positivos ou negativos, serão incorporados nesse novo momento dos negócios locais. E esse é o grande tema central de três painéis que serão realizados na próxima semana pelo Grupo Sinos. Nos encontros marcados para os dias 28, 29 e 30 de julho, sempre das 11 horas ao meio-dia, o apresentador da Rádio ABC e jornalista do Jornal NH João Ávila conversará com especialistas de diversas áreas para apontar os caminhos dessa retomada da economia.

A série de debates terá em cada dia um olhar diferente do tema central e será transmitida pelas páginas do Facebook da Rádio ABC e dos jornais NH, VS, DC, Jornal de Gramado, Correio de Gravataí e Diário de Cachoeirinha. A promoção da Rádio ABC e do Jornal NH tem o apoio de Sicredi Pioneira, ACI-NH/CB/EV, CDL de Novo Hamburgo, Acise de Esteio, CDL de Esteio e CDL de Estância Velha, Ivoti, Presidente Lucena, Lindolfo Collor e São José do Hortêncio

PAINEL 1

Economia consciente, capitalismo e novas formas de empreender e trabalhar Quando: dia 28/07 (terça-feira), das 11 horas ao meio-dia Participantes: coautor do livro Capitalismo Consciente Guia Prático – Ferramentas para transformar sua organização, Thomas Eckschmidt e economista e professor da Universidade Feevale José Antonio Ribeiro de Moura

PAINEL 2

Como as entidades podem ajudar a fomentar os comércios locais Quando: dia 29/07 (quarta-feira) das 11 horas ao meio-dia Participantes: diretor executivo da Sicredi Pioneira, Solon Stapassola Stahl; presidente da ACI-NH/CB/EV, Marcelo Kehl;

presidente da CDL-NH, Jorge Stoffel; presidente da Acise de Esteio, Paulo Matielo; presidente da CDL de Esteio, Renato Schmidt;

presidente da CDL de Estância Velha, Ivoti, Presidente Lucena, Lindolfo Collor e São José do Hortêncio, Fábio Ludke

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PAINEL 3

Como as prefeituras podem contribuir para preservar a saúde, os empregos e os negócios Quando: dia 30/07 (quinta-feira) das 11 horas ao meio-dia Participantes: prefeita de Novo Hamburgo, Fatima Daudt e outras prefeituras que ainda não confirmaram

25/07/2020 | Correio do Povo | Caderno de Sábado | 5

O fim das orquestras

Produtora analisa fechamentos de corpos orquestrais ligados a universidades

Ah, que pena, acabou mais uma orquestra! Mas realmente não sei se todos entendem o que está por trás de uma orquestra mantida pelas universidades, seu funcionamento e importância. Vai muito além de oferecer concertos gratuitos a população e dar emprego para um grupo de pessoas. As orquestras então inseridas na chamada economia criativa, que é um conjunto de atividades econômicas relacionadas à produção e distribuição de bens e serviços que utilizam a criatividade e as habilidades dos indivíduos ou grupos como insumos primários.

Isso entra como um caminho que serve para ampliar os ganhos com uso da criatividade, conhecimento, e desenvolvimento tecnológico. Quando uma instituição acaba com uma orquestra, ela desencadeia uma redução significativa na cadeia produtiva e financeira do mercado cultural local. Uma orquestra é um bem cultural que gera muitos empregos diretos e indiretos, e não somente a maestros e músicos. Existe uma série de profissionais que trabalham e produzem para que a cultura e a música clássica estejam vivas, movimentando a economia local.

São produtores, roadies, arquivistas, técnicos de luz e som, figurinistas, montadores, carregadores, etc. Isso diretamente, e indiretamente gera atividades a designers, gráficas, profissionais da imprensa, teatros, hotéis, empresas de ônibus, luthiers, transportadoras, camareiras, fornecedores de refeições, produtores de CD, estúdios, etc. Enfim, uma infinidade de trabalhadores que, se pesquisarmos a fundo, geram mais renda e emprego que outros segmentos profissionais. Também é importante pensarmos no fim de projetos sociais, que são fomentados pelas orquestras, com aulas gratuitas de músicas para crianças e jovens das escolas públicas.

Esses jovens nunca teriam a oportunidade de estudar música se não existissem instituições que garantem projetos e mantêm suas orquestras, pois não adianta manter projetos sem dar perspectiva de uma profissão aos futuros músicos, não é mesmo?! Os concertos didáticos para crianças, eram uma ferramenta de ensino utilizadas por muitos professores de escolas públicas, e faziam diferença na vida das crianças, que multiplicavam esses ensinamentos as suas famílias. Instituições de ensino têm por missão formar profissionais cidadãos. E como dar um ensino que realmente forme cidadãos se falta a cultura? Não falo em espetáculos como entretenimento, e sim, na efetiva atividade cultural envolvendo os alunos.

Darcy Ribeiro (1972): afirma que: “cultura é a herança social de uma comunidade humana, representada pelo acervo coparticipado de modos padronizados de adaptação à natureza para o provimento da subsistência, de normas e instituições reguladoras das reações sociais e de corpos de saber, de valores e de crenças com que explicam sua experiência, exprimem sua criatividade artística e se motivam para ação". As orquestras mantidas pelas universidades eram mais do que um grupo para fazer concertos e espetáculos, tinham suas atividades integradas à graduação e às atividades acadêmicas dos alunos de jornalismo, comunicação, administração, música, artes, design, pedagogia, etc.

Utilizavam a orquestra como objeto de estudo, de entendimento da cultura e do funcionamento de uma estrutura que possibilitava muitas alternativas, sendo espaço criativo dentro da academia. Manter uma orquestra dentro da universidade é um diferencial, pois ela também faz parte do processo de ensino aprendizagem, ela nutre, socializa e fornece ideias para um aprendizado, mas eficiente e humanizado. Acabar com uma orquestra é exterminar com uma parte importante na formação de um profissional. A música toca a alma, desenvolve o sensível dentro da sua profissão, possibilita ampliar seus repertórios de vida, fazer a diferença na comunidade.

Acabar com as orquestras tem sido um equívoco dos profissionais de administração, gestores, que só pensam em despesas com RH.

Sim, é somente essa a despesa que uma orquestra dá para a instituição, pois todas as demais despesas estão financiadas por projetos via lei de Incentivo Federal e Estadual, que recebem patrocínio de empresas privadas para efetivar a sua programação. Se pensarmos ainda na repercussão, marketing e mídia positiva que uma orquestra dá de retorno para essas instituições, daí as coisas ficam mais

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inexplicáveis ainda, pois o retorno de mídia é muitas vezes maior que a despesa de RH. Sem cultura, a educação não se fixa.

A educação é um esqueleto. O que dá a dimensão dele, a carnadura, é a cultura. Houve um desmonte. Objetivaram apenas o processo esquelético, assim falou nossa maravilhosa Fernanda Montenegro. É realmente muito triste quando acaba uma orquestra, porque com ela acaba a música, a transformação de cidadãos, a cadeia produtiva, a cultura e principalmente a perspectiva de mudanças na sociedade.

Após 23 anos de existência, a Orquestra Unisinos/Anchieta teve suas atividades encerradas no início de 2019 (Ver foto) ANA CRISTINA FRONER*Produtora cultural. Especialista em gestão de projetos de orquestra

25/07/2020 | Correio do Povo | Ensino | 8

Feevale: estudo segue em ambiente virtual

As aulas de graduação do 2° semestre deste ano da Universidade Feevale, em Novo Hamburgo, terão início nesta segundafeira (27/7). Para ingressantes ou aqueles que irão cursar disciplinas do 1° semestre, o início está marcado para o dia 6/8 – as turmas devem ser consultadas no Espaço Feevale. A instituição informou que, “diante da preocupação com o bem-estar de todos e do cenário global, em razão da pandemia da Covid-19, as aulas vão seguir no ambiente virtual (feevale.blackboard.com)”.

A universidade explicou, ainda, que as práticas presenciais terão início quando os protocolos assim permitirem, visando à segurança dos estudantes, docentes e suas famílias. Já a Escola de Aplicação Feevale, o Idiomas Feevale, MBAs e especializações começarão as atividades no dia 3/8. E para os acadêmicos de mestrados e doutorados, as aulas se iniciarão no dia 10 do mesmo mês, todas no ambiente virtual. E, quando o cenário permitir, será retomada a modalidade presencial. Para recepcionar os acadêmicos, a Universidade preparou ação de volta às aulas.

Os estudantes que interagirem com os posts específicos da atividade nas redes sociais da Feevale, entre 10 e 14/8, receberão, em suas casas, um presente e uma mensagem especial. O site www.feevale.br/bem-vindo contém outros dados sobre os serviços, como Webmail Feevale, site acessível em Libras e acessos aos campus, entre outros.

25/07/2020 | Folha do Mate | Folha 360º | 37

Alemão: uma língua que precisa ser cultivada

Para muitos, o alemão é a língua-mãe. Para outros, é um idioma aliado na hora de conquistar oportunidades em diferentes segmentos

É comum ouvir, principalmente, nas regiões de colonização germânica, a preservação da comunicação através da língua alemã. No entanto, com o tempo, o cultivo do idioma está sendo perdido. Em Santa Cruz do Sul, há 15 anos, a Escola de Língua Alemã Auf gut Deutsch mantém viva a tradição de ensinar e cultivar o alemão, considerado a língua-mãe para muitas pessoas. Ao completar 15 anos neste sábado, 25, a proprietária e professora, Jaqueline Bender, que também assina a Coluna Alemã todos os sábados, na Folha do Mate, ressalta a importância do idioma, não apenas para o cultivo de uma cultura, mas também para o crescimento profissional.

“A língua alemã é falada por muitas pessoas ao redor do mundo. Existe uma ideia de que ela é apenas falada na Alemanha, mas não é. Ela se tornou tão importante justamente pela chanceler da Alemanha Angela Merkel, que fez a economia ir ao topo e levou a língua consigo”, explica.

ESSÊNCIA

Para Jaqueline, o alemão foi a primeira língua que aprendeu em casa, no interior de Monte Alverne. Ela recorda que o pai viveu na Alemanha antes dela nascer e, durante a infância, passou muitos momentos ouvindo histórias sobre o país. “Quando criança, brilhavam os olhos porque queríamos sempre conhecer aquele lugar que o pai tinha ido de navio.” Formada em Letras/Alemão pela Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), em 1997, logo após a conclusão da graduação, ensinou o alemão em algumas escolas.

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“Confesso que nessa época senti que faltava algo. Queria que as pessoas que eu ensinava soubessem falar o alemão e isso não acontecia em sala de aula porque o tempo da disciplina era curto”, observa. Foi nesse momento, aliado à necessidade de preservação do idioma, que surgiu a escola Auf gut Deutsch. “Sentia que a cultura estava sendo perdida, que as pessoas estavam deixando de ensinar alemão aos filhos por causa da vergonha”, destaca.

A ESCOLA

Foi na cidade de Santa Cruz do Sul, há 15 anos, que Jaqueline Bender apostou no seu sonho. “Essa cidade tem muito da língua e da cultura alemã”, ressalta. Contribuíram para a escolha do local, na época, o fato de, na cidade, ser realizada a Oktoberfest e pelo número de pessoas que ainda fala o alemão no município e região. “A escola está em uma cidade onde a sede pode crescer sempre mais”, diz. A escola santa-cruzense é uma das três no Rio Grande do Sul que possui habilitação para aplicar provas de proficiência do idioma desde 2011.

A escola foi reconhecida pelo Instituto Goethe com a disputada placa Prüfungszentrum Goethe-Institut. Com esse título, a instituição pode aplicar exames de proficiência que correspondem aos níveis do Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (QECR), que vão desde A1 para iniciantes até C2 para o nível linguístico mais alto.

Segmento: Interesse

25/07/2020 | Correio do Povo | Caderno de Sábado | 2

Porque as Orquestras morrem?

Crônica de mortes anunciadas, o fim de alguns corpos orquestrais é objeto de artigo de violinista, compositor e regente

Em meus mais de 30 anos de carreira como músico de orquestra eu já presenciei muitos ocasos de corpos orquestrais, muitas vezes envolvendo pessoas muito próximas a mim ou eu mesmo. Quando eu resolvi seguir a profissão de músico de orquestra, há mais de 30 anos, era outra época, outra realidade no país onde nasci e havia bem menos corpos orquestrais sólidos em território nacional, a maioria deles bancados pelo poder público.

A profissão era também bastante elitizada, geralmente exercida por várias gerações de músicos que iam entregando os bastões, senão a seus filhos de sangue, a seus alunos e pupilos, tanto é que na maioria das orquestras grandes o grande “lance” para entrar era ser aluno de algum músico que ocupasse alguma das primeiras posições hierárquicas da mesma. E parecia meio normal, já que, para preservar a identidade do grupo se supunha que seria mais fácil se o candidato fosse “moldado” de uma forma ou de outra aos anseios qualitativos das estâncias mais acima da administração artística da orquestra.

Esse anseio por ter uma “qualidade” perpetrada ainda existe em muitos grupos e é salutar que exista, porém hoje está afortunadamente bem menos ligado às “afinidades” que o candidato possa ter com qualquer membro da orquestra, seja como parentes ou professores... Aliás, os dissabores são muitos em uma profissão tão árdua (pasmem, mas o são) onde, salvo em orquestras que ocupam a cúpula piramidal, você passa metade da sua vida, ou muito mais, lutando por melhores condições de trabalho tanto salariais como salutares e numa grande maioria de vezes você perde essas lutas.

Hoje existem muito mais orquestras profissionais no Brasil do que há trinta anos, e muitas orquestras nasceram durante este tempo decorrido, algumas públicas e outras mantidas por entidades privadas como universidades e organizações sociais, o que me parece bom, mas hoje também morrem muito mais orquestras, já que as mantidas por entidades privadas são as primeiras a ser cortadas numa crise ou desinteresse da entidade provedora. Temos que destacar também ultimamente as orquestras (a maioria de jovens) ligadas a projetos sociais de ensino de música, que têm mudado o mapa do Brasil nos últimos anos inserindo inúmeras pessoas no mercado de trabalho, profissionais competentes que talvez, por suas condições de vida na infância, sem esta opção nunca teriam começado a estudar algum instrumento musical e muito menos sonhavam tocar numa orquestra profissional.

Mas por que então as orquestras morrem? E mais, por que elas são importantes e precisamos preservá-las? Bem, para responder precisamos entrar em outra seara, a da educação. Quando vamos a um museu o que vemos? A memória de um povo, seja ela científica, artística ou histórica. Quando vamos a um concerto o que podemos presenciar? A memória musical de um povo, e mais,

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que me desculpem as outras artes, mas a música é uma arte onde mais próximo chegamos de senti-la exatamente como era na época da criação de cada obra, porque ela tem o poder de nos transportar e nos fazer sentir e ouvir exatamente o que o autor da obra ouviu no momento em que a criou e/ou a apresentou por primeira vez. Ela pode até tocar a cada pessoa de maneira diferente mas a forma com que ela entra nos sensores auditivos dos ouvintes é da mesma maneira que entrava há 50, 100 ou 300 anos.

Uma orquestra sinfônica está apta a executar qualquer música, de qualquer época da história musical da humanidade (principalmente a ocidental) com uma fidedignidade ímpar. As orquestras menores, como as de câmara também tem seu papel valoroso, porque muita coisa na história da música foi escrita para grupos menores, quando as orquestras não eram tão volumosas, e aí as orquestras menores, que abrangem desde a música medieval até tempos contemporâneos, entram de cheio para brindar à humanidade toda esta riqueza de estilos e cores. Vale destacar também o aparecimento de orquestras que se especializaram em musicas mais regionais ou estilos mais populares como o Pop e o Rock e também grupos que chamamos de “contemporâneos” que executam música de concerto da metade do século vinte até aqui.

Com toda esta gama de nuances e opções não podemos dizer que orquestras não são corpos musicais importantes e essenciais para que qualquer ser humano possa ter acesso à história musical de sua espécie, obviamente levando em conta que uma orquestra também sempre tenha que desenvolver seu papel social de facilitar o acesso a estas informações a todas as pessoas de uma comunidade... Quando uma orquestra morre, morre com ela tudo que ela construiu naquela sociedade durante os anos em que esteve viva e a brindou com seus concertos, espetáculos, óperas ou qualquer outra construção artística proporcionada, além do fato de que muitas delas também trazem educação com seus projetos educacionais agregados; morre um pouco da memória, morre um pouco de uma sociedade mais educada, desenvolvida e com acesso à arte.

Em tempos difíceis como os de agora, falta ao poder público uma visão política de futuro, falta vontade de proporcionar educação, informação e cultura pensando como um investimento a longo prazo e não como “gasto”...mas também o poder privado precisa se

“educar” neste sentido, não esperar tudo da esfera pública mas se engajar numa visão mais social, se preocupar com a sociedade que quer influenciar e ajudar a construir...e todos ganham com isto, é só olhar para países mais desenvolvidos e ver como eles chegaram onde chegaram exatamente por terem investido em educação e cultura. Então, voltando ao início da questão: Por que as orquestras morrem? A meu ver são vários fatores que ocasionam estes “sacrifícios da arte”, mas os mais importantes são a meu ver, falta de visão e desprezo pela educação. A nós sociedade, resta então cobrar, cobrar e cobrar, para que possamos dar aos nossos descendentes um país melhor, mais educado e mais socialmente justo.

Com gestão pública, a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre se mantém longeva há 70 anos, mas o cenário não é dos melhores nesta área (Ver foto)

ARTHUR BARBOSA**Violinista, compositor e maestro

Referências

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