Curso Superior de Tecnologia em Agronegócios – Comércio Internacional
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM AGRONEGÓCIOS
Disciplina:
Comércio Internacional
Profº Me. SUSSUMO T.KONDA E-mail: sussumo.konda@fatec.sp.gov.br
Curso Superior de Tecnologia em Agronegócios – Comércio Internacional
SETOR EXTERNO DA ECONOMIA BRASILEIRA I. Estrutura do Balanço de Pagamentos II. Histórico do crescimento do setor externo
O COMÉRCIO INTERNACIONAL NO BRASIL III. Do colonialismo aos dias de hoje IV. As aberturas comerciais da economia brasileira ao
comércio internacional
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I. ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS (BP) Balanço de Pagamentos:
- Registro contábil das transações realizadas entre residentes e não residentes de um país.
Registra todas as transações com:
- mercadorias, - serviços, - transferências e - capitais financeiros.
O BP refere-se apenas ao fluxo em um dado período e não indicam o total de endividamento externo e de reservas.
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I. Subdivisões do Balanço de Pagamento A) Balança Comercial -compreende o valor total das:
- exportações (FOB) e - importações (FOB).
B) Serviços e Rendas (balanço de serviços) – registra-se todos os serviços referentes a:
- fretes e seguros, - lucros e dividendos, - juros,
-royalties,
- assistência técnica, comissões, - viagens internacionais, etc.
C) Transferências Unilaterais Correntes (conta de donativos) – são registradas as doações entre países, podendo ser em divisas ou em mercadorias.
D) Balanço de Transações Correntes (saldo de: A + B + C) O total da soma do Balanço Comercial + Serviços e Rendas + Transferências Unilaterais Correntes.
Se saldo (-), houve poupança externa positiva, indicando que o país aumentou o seu endividamento externo, em termos financeiros, mas absorveu bens e serviços em termos reais do exterior.
Se saldo (+), houve poupança externa negativa, indicando que foram enviados mais bens e serviços para o exterior do que recebidos.
E) Conta de Capital e Financeira
São lançadas as transações que produzem variações no ativo e no passivo externos do país e que modificam a posição devedora ou credora do país perante o resto do mundo. Tipos de registro:
- contrapartidas financeiras das exportações e importações, exceto as transferências unilaterais;
- transações financeiras puras (ações e quotas de capital de empresas, quotas de participação governamental em organismos internacionais, títulos de outros países, empréstimos em ME, etc.);
- empréstimos de regularização, como empréstimos do FMI;
- atrasados, no caso do país não ter recursos para honrar seus débitos no exterior.
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F) Erros e Omissões
Diferença entre o saldo do BP e o financiamento do resultado para compatibilizar as transações físicas e financeiras com as várias fontes de informações (BACEN, SECEX e RFB).
A regra internacional admite o valor máximo, nesta rubrica, de 5% da soma das exportações e importações.
G) Saldo do Balanço de Pagamentos Resultado líquido de D + E + F
Curso Superior de Tecnologia em Agronegócios – Comércio Internacional A. Balança Comercial (mercadorias)
> Importações FOB
> Exportações FOB B. Serviços e Renda
> Viagens internacionais (turismo)
> Transportes (fretes)
> Seguros
> Rendas de capitais (juros, lucros, dividendos e lucros reinvestidos pelas multinacionais
> Serviços diversos (royalties, assistência técnica)
> Serviços governamentais (embaixadas)
C. Transferências unilaterais Correntes (donativos em divisas ou mercadorias) D. Balanço de Transações Correntes ou Saldo em Conta-Corrente
Resultado Líquido de A + B + C E. Conta de Capital e Financeira
> Investimentos diretos líquidos (novas firmas estrangeiras)
> Reinvestimentos (multinacionais já instaladas no país)
> Empréstimos e financiamentos (Banco Mundial, BID, bancos privados e oficiais estrangeiros)
> Amortizações
> Capitais de curto prazo F. Erros e Omissões
G. Saldo do Balanço de Pagamentos (Resultado Líquido de D + E + F) H. Variação de Reservas (- G)
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DISCRIMINAÇÃO VALOR em US$ bi
1. Balança Comercial 1.1 Exportações 1.2 Importações 1,3 Saldo
118,3 - 73,6 44,7 2. Conta de Serviços e Rendas
2.1 Juros 2.2 Turismo 2.3 Lucros e Dividendos 2.4 Outros 2.5 Saldo
- 13,5 - 0,9 - 12,7 - 7,0 - 34,1 3. Transferências Unilaterais Correntes
3.1 Saldo 3,6
4. Balanço de Transações Correntes (1) + (2) + (3)
4.1 Saldo 14,2
5. Conta de Capital e financeira 5.1 Investimentos 5.2 Empréstimos/Amortizações 5.3 Saldo
15,2 - 24,0 -8,8 6. Erros e Omissões
6.1 Saldo - 1,1
7. Superávit (+) ou Déficit (-)
7.1 Saldo 4,3
Balanço de Pagamentos do Brasil em 2005
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Outros conceitos importante utilizado na análise do setor externo:
a) Índice de relação de trocas (IRT)
Mede a relação entre os preços dos produtos exportados (Px) e importados (Pm)m medidos em USD:
IRT = Px / Pm
b) Coeficiente de vulnerabilidade (CV)
Grau de solvência externa. Mede a relação da dívida externa líquida {dívida externa bruta (Dβ) – reservas internacionais (R)} e o valor das exportações (X).
CV = (Dβ– R) / X
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II. O Crescimento do Setor Externo Brasileiro a) 1948 a 1968
O comércio internacional brasileiro apresentou números muito reduzidos (total de +/- US$ 3,0 bilhões anuais = exp + imp).
Principal responsável: política cambial de maxi-desvalorizações.
b) 1968 / 1973
Em 1968 o Brasil adotou a política de minidesvalorizações cambiais Amplia as exportações através de medidas fiscais e creditícias, para aumentar a capacidade de exportar. As exportações cresceram a taxa média de 27% ao ano, permitindo o crescimento das importações no mesmo ritmo.
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c) 1974 / 1980
- Crise do petróleo de 1973, interrompe o milagre brasileiro.
Ao contrário de muitos países, o Brasil optou pela manutenção do crescimento da economia, sem ajustes no consumo de derivados fósseis.
Essa estratégia fez com que as despesas de importação duplicassem, abrindo sucessivos déficits no balanço comercial e de serviços.
O financiamento da dívida não era problema, pois existia liquidez no mercado financeiro internacional (petro-dólares), aumentando ainda mais a dívida externa brasileira.
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d) 1981 / 1983
Em razão do endividamento e da queda nos exportações, o Brasil enfrentou no início de 1980 uma das maiores recessões de sua história.
Grande parte da dívida pública externa era remunerada a taxas flutuantes e os juros internacionais após a crise do petróleo de 1979, subiram astronomicamente, aumentando a necessidade de divisas, ao mesmo tempo em que reduzia a disponibilidade de recursos para os países devedores. Os recursos internacionais eram canalizados para os papéis dos EUA que combatiam a inflação interna por meio da elevação da taxa de juros dos papéis do governo.
O país faz acordo com o FMI.
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e) 1984 / 1985
Termina o processo de ajuste acordado com o FMI.
Economia americana em expansão e aumenta a demanda por produtos brasileiros. O país volta a crescer por meio da demanda externa.
f) Plano Cruzado (fevereiro de 1986) Plano Cruzado II (novembro de 1986) Plano Bresser (junho 1987)
Gestão Maílson da Nóbrega e a “política do feijão com arroz”
O governo Collor (1990 – 1992) Plano Real (1994 – 1998) e (1999 – 2002) Governo Lula (2003 – 2010)
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.III – DO COLONIALISMO AOS DIAS DE HOJE A) Colonialismo ao Império
- Extração dos recursos naturais (pau-brasil utilizado na indústria de corantes de tecidos);
- Cultura da cana-de-açúcar em Pernambuco e São Vicente;
- Outras culturas (algodão e fumo) para atender a compromissos portugueses na Europa;
- Exploração de ouro em MG (ciclo de ouro)
- Vinda da Família Real para a colônia e a abertura dos portos às nações amigas;
- Novas culturas agrícolas (café no sul e sudeste).
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B) Da proclamação da República até o século XX - Exportação de produtos agrícolas;
- Importação de bens manufaturados (a produção local não atendia à às necessidades internas);
- Após a II GG, instalação de diversas indústrias (incluindo a automobilística).
Síntese de fatos significativos e políticas de comércio exterior que levaram o Brasil à posição de 8ª posição na economia mundial:
- 1930 a 1964 :política de restrição às importações (PSI – Política de Substituição das Importações), performance sofrível de exportação e política cambial inadequada e desestimulante;
- 1965 a 1966: redução tarifárias, proteção via “similaridade”, lento crescimento das exportações e importações;
- 1967 a 1973:criação de incentivos fiscais às exportações, liberação das exportações, inicio da utilização de entrepostos e drawback,
crescimento do PIB;
- 1974 a 1975:desaceleração do crescimento, crise internacional, (petróleo, juros, inflação, etc.), política restritiva das importações (controle do déficit e da dívida externa, PIM), manutenção e ampliação dos incentivos e financiamentos às exportações (FINEX);
- 1976 a 1992:significativo crescimento das exportações, contração e posterior expansão das exportações, aumento de 7,4% das vendas externas entre 1974 e 1988;
- 1993 a 2000:abertura comercial, crescimento das importações e das exportações de produtos manufaturados, déficit do Balanço Comercial, crise cambial;
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- 2001 a 2012: Ritmo acelerado das exportações, superávit comercial (de 2003 a 2012), provocado pelo maior crescimento das exportações do que das importações, os setores agrícola, pecuário, automobilístico e aeronáutico foram as estrelas dessa década, problemas de infra- estrutura (falta de contêineres); em 2010 apesar da forte valorização do real, o país teve superávit comercial, puxado pela alto dos preços da commodities.
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Ano Exp.Brasil US$ bi Exp.Mundo US$ bi % da participação
1980 20,1 1.940,8 1,03
1985 25,6 1.872,0 1,36
1990 31,4 3.395,3 0,92
1991 31,6 3.498,5 0,90
1992 35,8 3.708,0 0,96
1993 38,6 3.725,1 1,03
1994 43,5 4.204,0 1,03
1995 46,5 5.042,0 0,92
1996 47,7 5.308,0 0,89
1997 53,0 5.518,0 0,96
1998 51,1 5.386,0 0,94
1999 48,0 5.583,0 0,85
2000 55,1 6.295,0 0,87
2001 58,2 6.031,0 0,96
2002 60,4 6.306,0 0,95
2003 73,1 7.365,0 0,99
2004 96,5 8.939,0 1,07
2005 118,3 10.153,0 1,17
Participação das exportações brasileiras no comércio mundial
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Segundo o MDIC:
- 85% das exportações brasileiras foram realizadas por grandes empresas;
- 8% por médias empresas e - 2,5% por pequenas e micro-empresas.
Em 2005 o Brasil ocupava a 23ª posição no ranking de países exportadores, atrás da China, Índia, Coréia do Sul e México.
O mercado mundial movimenta + de US$ 10 trilhões anuais.
O Brasil participa com somente 1,17% (2005).
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ABERTURAS DA ECONOMIA BRASILEIRA
AO
COMÉRCIO INERNACIONAL
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IV-A) ABERTURA COMERCIAL DE 1808
- 28/01/1808: Abertura dos portos às nações amigas Decreto Real de S.A.R. Regente o Príncipe Dom João.
Coloca fim ao monopólio comercial português exercido sobre a colônia, permitindo o comércio internacional direto, sem o intermédio de fidalgos portugueses.
A administração do comércio exterior passa a ser feito em terras tupiniquins.
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IV-B) ABERTURA COMERCIAL DE 1990
Período de proteção comercial, com reservas de mercado às empresas instaladas no país (ditadura militar);
Hiperinflação e moratória externa (Governo Sarney);
1º presidente brasileiro, após o regime militar, eleito pelo voto direto do povo (Fernando Collor de Mello, 1990 - 1992);
Collor, através de MP, abriu a economia brasileira, até então sem concorrentes externos, ao mercado mundial, eliminando todos os entraves de comércio exterior, principalmente, os relativos às importações.
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RESULTADOS DA ABERTURA COMERCIAL DE 1990:
- muitas indústrias não estavam preparadas para enfrentar a concorrência e por fala de investimentos nos anos anteriores, não conseguiram sobreviver (indústria têxtil);
- novas tecnologias de produção foram introduzidas no país;
- o setor agrícola especializou-se no comércio internacional;
- as indústrias instaladas no país modernizaram o parque industrial, através da importação de novas máquinas e equipamentos;
- Aumento da produtividade interna; etc..
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O comércio exterior brasileiro teve uma grande reviravolta, com a extinção da CACEX – Carteira de Comércio Exterior, que desde os anos 50, normatizava e fiscalizava o comércio internacional do país.
As normas inicialmente foram atreladas ao Ministério da Fazenda, depois para o da Indústria e Comércio, chegando na atual estrutura.
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BIBLIOGRAFIA:
VASCONCELOS, M.A.S.; LIMA, M.; SILBER, S. (Orgs.). Gestão de Negócios Internacionais. São Paulo: Saraiva: 2006.
FARO, Ricardo; FARO, Fátima. Curso de Comércio Exterior – Visão e Experiência Brasileira. São Paulo: Atlas, 2007.