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A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO FÍSICA PARA OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

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Academic year: 2022

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A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO FÍSICA PARA OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

THE IMPORTANCE OF PSYCHOMOTRICITY IN THE CURRICULUM OF PHYSICAL EDUCATION FOR THE INITIAL YEARS OF FUNDAMENTAL EDUCATION.

Amanda Pinheiro Silva

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, Viviane Ferreira Fonseca

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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo fazer considerações sobre a relevância da Psicomotricidade nas aulas de Educação Física dos anos iniciais do ensino fundamental. Instiga a observação e compreensão do currículo que incentiva a continuidade da realização de atividades que promovam o desenvolvimento motor além da Educação Infantil, evidenciando que a psicomotricidade ultrapassa os limites de abordagem pedagógica ou conjunto de atividades psicomotoras, mas sim seja um meio de desenvolver as potencialidades das crianças no ambiente escolar. Essa pesquisa tem o caráter qualitativo com o uso de procedimentos metodológicos em revisão bibliográfica. Foi abordado que a psicomotricidade na Educação Física é uma ferramenta essencial a ser explorada nas aulas e cabe ao professor compreender a pertinência do seu papel, fazendo com que suas aulas sejam um espaço de vivências e por meio de objetivos específicos, aliado a metodologia adequada, ofereçam condições para que a educação psicomotora desenvolva as crianças de forma integral.

Palavras-chave: Educação Física; Psicomotricidade; Ensino Fundamental; Currículo.

ABSTRACT

This study aims to make considerations about the relevance of psychomotricity in the Physical Education classes of the initial years of elementary school. It promotes to observe and to understand the curriculum that encourages the continuity of activities that promote motor development beyond Early Childhood Education, evidencing that the psychomotricity goes beyond the limits of pedagogical approach or set of psychomotor activities, but is a means to develop the potentialities of children in the school environment.

This research has a qualitative character with the use of methodological procedures in bibliographic review. It was approached that the psychomotricity in Physical Education is an essential tool to be explored in the classes and it is up to the teacher to understand the pertinence of its role, making its classes a space of experiences and through specific objectives, allied with the appropriate methodology, provide conditions for psychomotor education to develop children in a comprehensive way.

Keywords: Physical Education; Psychomotricity; Elementary School; Curriculum.

1 Universidade Presidente Antônio Carlos, Prefeitura Municipal de São Paulo, Prefeitura Municipal de Santana de Parnaíba 2 IESLA, ECA-USP, Escola Fazarte, Faculdades Campos Salles, Colégio Campos Salles

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1. INTRODUÇÃO

No mundo contemporâneo, em meio às ofertas de consumo de tecnologia de forma desenfre- ada, cada vez mais se percebe que as crianças têm se tornado adeptas aos meios passivos de entre- tenimento, através de jogos eletrônicos disponibilizados por diferentes plataformas digitais. Aliado a este cenário, percebe-se a tendência da verticalização das moradias e, consequentemente, restrições quanto a áreas livres, antes contempladas em abundância, isto posto, impuseram às nossas crianças, restrições quanto ao direito de brincar e se desenvolver livremente.

Neste contexto, ao ambiente escolar coube um número maior de atribuições, e, temendo fu- turas gerações afetadas pelo desenvolvimento motor restrito, a psicomotricidade tem sido utilizada, como meio de promoção de habilidades motoras e à Educação Física, disciplina facilitadora do pro- cesso.

Este artigo justifica-se, pois, em muitos currículos, as habilidades motoras fundamentais e seu desenvolvimento possuem papel secundário no ensino de esportes, servindo como método parcial para a aprendizagem esportiva, o que requer dos educandos as habilidades motoras básicas para que a vivência seja positiva e faça com que no futuro, possam realizar atividades físicas e se tornem pessoas ativas e saudáveis.

Isto posto, qual a importância da Educação Física, utilizando como base a psicomotricidade nos anos iniciais do ensino fundamental?

Caso seja protagonista no processo educativo dos anos iniciais, fundamentada e realizada de forma lúdica, é inegável que poderá contribuir significativamente para o desenvolvimento integral dos alunos. Porém, diante das diferentes abordagens pedagógicas existentes, a psicomotricidade pode não ter o reconhecimento necessário nos planos de aula e, por consequência, sua prática será prejudicada.

O presente estudo segue por meio de pesquisa bibliográfica, orientada por livros e artigos científicos, propondo que a perspectiva sobre a relação entre psicomotricidade e a Educação Física seja além de uma abordagem curricular, erroneamente executada sob à luz motricista e efetive-se no âmbito escolar como método indissociável do aprendizado psicomotor, composto de estímulos cog- nitivo, afetivo-social e motor, imprescindíveis para o processo de formação integral do ser humano.

2. A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO COMPONENTE CURRICULAR

A Educação Física, atualmente, enquanto componente curricular, integra a área de Lingua- gens, Códigos e suas Tecnologias, para tanto, em sua trajetória histórica, foi influenciada por diferen- tes abordagens pedagógicas: desenvolvimentista, construtivista-interacionista, crítico-superadora, sistêmica, crítico-emancipatória, cultural, jogos cooperativos, saúde renovada, tecnicista, higienista, militarista, pedagogicista e esportivista.

Com o objetivo de estruturar a educação no âmbito nacional surgiram diversas normas criadas pelo Governo Federal: a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), os PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais) e por fim, a BNCC (Base Nacional Comum Curricular).

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A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, promulgada em 1996, juntamente com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL,1997) norteiam o sistema educacional brasileiro, esta- belecendo níveis, modalidades e diretrizes elaboradas com a finalidade de orientar os docentes por meio da normatização de fatores fundamentais de cada disciplina, abrangendo a rede pública e pri- vada de ensino.

Em 2017, a Base Nacional Comum Curricular foi homologada, sendo um documento normati- vo que define o conjunto de aprendizagens fundamentais que todos os alunos devem desenvolver na Educação Básica. Conforme foi definido na LDB, a BNCC deve nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino brasileiras, como também as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas, desde o Ensino Infantil até o Médio. A Base estabelece conhecimentos, competências e habilidades  que se espera que todos os estudantes desenvolvam ao longo do período escolar básico. Embasada por princípios éticos, políticos e estéticos delineados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, soma-se aos pressupostos que fundamentam a educação brasileira para a formação humana integral (BNCC,2017).

Isto posto, caberá aos estados e municípios, alinhados à BNCC, reconstruir seus currículos, com autonomia e organizando-os de acordo com as especificidades locais, integrando diversidades re- gionais de acordo com seu contexto escolar. Para que isso seja possível, o Ministério da Educação (MEC), estabeleceu um prazo de dois anos para que a adequação seja realizada nas redes. Portanto, é e continuará sendo possível perceber diferentes abordagens pedagógicas nos currículos pelo Brasil, porém todas deverão abranger o que a BNCC preconiza.

3. O CURRÍCULO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTANA DE PARNAÍBA

O Currículo da Prefeitura Municipal de Santana de Parnaíba, cidade da região metropolitana de São Paulo, é produzido pelo SEFE (Sistema Educacional Família e Escola), sediado no Paraná, o material utilizado para fundamentar este artigo teve sua última edição elaborada em 2016, portanto, ainda não contempla o estabelecido pela BNCC.

De acordo com Gabardo (2016), autora do material utilizado pela rede supracitada, a aborda- gem pedagógica em curso é a crítico-superadora, que tem como objeto de estudo a cultura corporal de movimento, representada como formas culturas do movimento, produzidas historicamente pela humanidade, que acredita que a Educação Física deve apresentar as diferentes formas de atividades corporais, como: esportes, lutas, ginástica, dança, jogos e brincadeiras, percebemos que os conteú- dos contemplados não são exclusividade do material, não trazendo até então nenhuma inovação, porém faz com que o professor esteja atualizado e possua conhecimentos suficientes para contem- plar tantas possibilidades em um ano letivo.

A cultura corporal de movimento, termo utilizado por várias correntes pedagógicas no século XXI, tem como princípio selecionar, organizar e tematizar o conhecimento produzido historicamente sobre a motricidade humana e é convertido em saber escolar, importante frisar que essa “conversão”

deverá ser adequada para as especificidades de cada série, relacionando saberes, abordando os temas de forma crítica e reflexiva, integrando os conhecimentos acadêmicos, de forma lúdica, atual e contex- tualizando com o cotidiano sociocultural do docente para que este tenha um aprendizado significativo.

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Betti;Zuliani (2002) complementam sobre o tema, afirmando em seus estudos que para usu- fruir âmbitos afetivos, sociais, cognitivos e motores, pois compõem a personalidade. É fundamental que os saberes aprendidos na escola sejam unificados, pois um determinado conteúdo só será trans- formado em conhecimento e, assim, terá significado para o aluno se este for compreendido por ele como relevante e com seus valores estabelecidos, para que se torne interessante e próximo da rea- lidade, é necessário que haja envolvimento e interesse pelo que é proposto e não meramente uma atividade ou exercício dissociado de objetividade.

É possível constatar nas orientações do currículo de Santana de Parnaíba, que há uma subdivi- são nos objetivos de aprendizagem e que contemplam a plenitude, evidenciada por Betti, buscando assim, promover a cultura corporal de movimento, para trabalhar o ser humano como um todo, essas subdivisões, devem, não somente constar nos planejamentos das instituições de ensino local, mas também serem efetivadas nas aulas de Educação Física em todas as séries, respeitadas as individua- lidades e os objetivos de cada ano.

Há uma preocupação deste currículo com o aspecto motor e a matriz curricular, distribuída aos docentes da rede, que busca padronizar o ensino em todas as escolas da cidade, contemplando nas expectativas de aprendizagem os elementos básicos da psicomotricidade (esquema corporal, imagem corporal, estruturação espacial, lateralidade, orientação temporal, coordenação motora fina e global e equilíbrio), em todos os anos das séries iniciais de ensino fundamental.

Esta padronização, em um primeiro momento, aparenta o “engessamento” do currículo fazen- do que o professor seja mero cumpridor de sequências didáticas e planos de aula técnicos, porém a realidade mostra que desta forma, há a possibilidade para o aluno, em caso de transferências inter- nas na rede, que não haja prejuízos nos processos de aprendizagem pois, por mais que as atividades realizadas pelos professores sejam diferentes, todos deverão trabalhar em sincronia, com objetivos semelhantes. Cabe ao professor que busque diferentes possibilidades para alcançar as metas estabe- lecidas, utilizando todo seu conhecimento, seja ele por meio de formações dadas pela própria rede, curso de extensão, livros ou troca de informações entre os pares.

Com a finalidade de ilustrar as diferentes possibilidades curriculares, sem a pretensão de com- parar abordagens pedagógicas, é possível perceber que uma das maiores redes educacionais do nosso País possui uma visão diferente da até aqui referenciada, importante considerar que com a diversidade de possibilidades da Educação Física e com a multiculturalidade existente é necessário refletir sobre práticas pedagógicas que são efetivamente realizadas em nosso País, estudos futuros, sob à luz da BNCC certamente surgirão e serão de grande valia para promover o intercâmbio de co- nhecimento acerca deste componente curricular.

No Estado de São Paulo, a Prefeitura Municipal de São Paulo já possui seu currículo, denomi- nado Currículo da Cidade, produzido em 2017, em consonância com os preceitos estabelecidos pela BNCC. Entre as concepções do componente curricular:

“Desde 2007, documentos oficiais da Rede Municipal de Ensino entendem a prá- tica da Educação Física com linguagem, fundamentando-se nos estudos culturais e pós-estruturalistas, os quais encontram sua grande produção nas universidades paulistas. A Educação Física na perspectiva cultural compreende em sua prática

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pedagógica que o corpo traz as marcas históricas dos sujeitos e da cultura. Assim, o movimento expressa intencionalidades e comunica e difunde os modos de ser, pensar e de agir das pessoas. Cabe a essa perspectiva proporcionar aos diferentes estudantes a oportunidade de conhecer, ampliar e compreender em profundidade seu próprio repertório cultural e dos outros e perceber o patrimônio cultural ela- borado ao longo do tempo, seja ele do universo particular dos sujeitos, seja de uni- versos distantes, de modo que possam contribuir para a ampliação da experiência pedagógica e da aprendizagem. (SÃO PAULO, 2017, p.64).

Diante de dois municípios tão próximos, é interessante perceber como a Educação Física pode ser implementada de forma distinta.

“As Abordagens Pedagógicas para Educação Física têm por objetivo deixar que as aulas de Educação Física deixem de ter um enfoque apenas ligado ao aprender a fa- zer, mas incluem uma intervenção planejada do professor quanto ao conhecimento que explique o que está por trás do fazer, além dos valores e atitudes envolvidos na prática da cultura corporal do movimento”. (SILVA; FERNANDES et al,2010, p. 02)  Portanto, perceber a psicomotricidade e o desenvolvimento motor valorizados e reconheci- dos em um currículo destacam a importância desta ciência. Para legitimar sua relevância, é oportuno analisar sua contribuição nas aulas de educação física.

4. A PSICOMOTRICIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR

A expressão psicomotricidade apareceu pela primeira vez citada por Dupré, no ano de 1920, e significava a união entre o movimento e pensamento.

De acordo com Merleau-Ponty apud Oliveira (2015), com um ponto de vista bem específico, ele relata que a psicomotricidade ultrapassa a visão corpo e mente, sendo assim uma realidade corporal.

É possível encontrar na literatura outras definições, como afirma Galvão:

“Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o cognitivo.” (GALVÃO, 1995, p. 10).

É preciso perceber o homem e sua forma de se relacionar com o mundo, analisar todos os âm- bitos e influências sociais, afetivas e cognitivas, históricas e compreendê-lo, por meio de sua relação com os objetos por meio de estímulos e tornar os movimentos eficientes afim de proporcionar o desenvolvimento do ser como um todo.

A psicomotricidade é estudada por inúmeras áreas, mas foi na educação que ela encontrou seu espaço de forma efetiva, como forma de promover o desenvolvimento infantil, auxiliando no processo de aprendizagem.

Para Rossi (2012) não se pode objetivar a automação motora ou o rendimento motor, mas sim ressignificar o corpo como um instrumento de ação sobre o mundo e utilizá-lo como meio de inte-

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ração social. Desta forma, a psicomotricidade contribui para que o educando se torne apto compre- ender e a expressar-se livremente, superar suas dificuldades, tornando assim, o aprendizado escolar mais efetivo.

Para Oliveira (2015), o indivíduo não se constrói em um ato, mas paulatinamente, e esse pro- cesso se dá por meio da interação com o meio em que vive, suas experiências e a psicomotricidade contribui, tornando-se fundamental. Sendo assim, a socialização por meio de atividades motoras realizadas de forma coletiva se justifica, pois auxilia na edificação do ser humano em processo de aprendizagem.

O objetivo da educação psicomotora não é restrito aos elementos em que se constitui, mas sim faz com que os mesmos sejam utilizados como mecanismos para os alunos se descobrirem com seres ativos e faz com que percebam que seu corpo, e as partes que o compõem se relacionam com o todo, de forma equilibrada e pode ser utilizada de forma indissociável para se relacionar com a esfera social que vivemos. Destarte, a psicomotricidade é evidenciada nos anos iniciais do ensino funda- mental para que os educandos se descubram com o intuito de que amadureçam e se desenvolvam totalmente afetivamente, cognitivamente e emocionalmente.

Le Boulch (1984) exemplifica que a educação psicomotora prepara as crianças para a vida, por- tanto, na escola os alunos devem ter uma experiência ativa de confrontação com o meio. O papel de escola e do processo pedagógico deve possibilitar a criança a desenvolver-se dentro das suas poten- cialidades, explorando todos os seus recursos para que se promova a interação entre os educandos com a vida social e seus dispositivos.

E o mesmo autor é enfático ao afirmar que:

“A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base na escola primária, ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares; leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar seu tempo, a adquirir habitualmente a coordenação de seus gestos e movimentos.

A educação psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade; conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações difíceis de corrigir quando já es- truturadas...” (LE BOULCH,1984, p.24)

Tão fundamental é para o ser humano o aprendizado psicomotor, que se faz necessário exem- plificar seus elementos, que combinados com o desenvolvimento social, intelectual, afetivo e cog- nitivo compõem a psicomotricidade. Tais elementos, para Aquino et al (2012) auxiliam o reconhe- cimento do indivíduo sobre si mesmo e a movimentar seu corpo explorando suas potencialidades, como no quadro abaixo.

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Tabela 1 – Elementos psicomotores

Fonte: AQUINO et al., 2012, p. 248

5. O PAPEL DA PSICOMOTRICIDADE NOS ANOS INICIAIS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

A Educação Física é privilegiada quando se fala em psicomotricidade, pois apesar desta ser ob- jeto de estudo da Educação Infantil, não é disponibilizada em muitas grades curriculares de forma- ção da Pedagogia no Brasil, fazendo com que os professores polivalentes executem atividades sem a devida orientação e suporte teórico, sendo assim, faz com que os atos se tornem meros momentos recreativos ao ar livre ou repetição de gestos mecanizados , pois, para Oliveira (2015), o professor está preocupado com o desenvolvimento da criança, mas para isso fazem com que os alunos preencham folhas mimeografadas e restringem a psicomotricidade a escrita, tais ações não possuem significado para as crianças e muitas vezes se encerram sem promover um desenvolvimento humano integral.

A LDB 9.394/96 afirma que a Educação Física é componente curricular da Educação Básica, a qual compreende a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio mas sabemos que em muitas cidades de nosso país isso não ocorre, cabendo ao professor polivalente, na Educação Infantil que possui alunos com idade a partir dos seis meses, buscar meios e atividades pré-estabelecidas para contemplar a psicomotricidade no cotidiano de seus alunos, superando as dificuldades e abran- gendo diferentes conteúdos exigidos para esta fase, dos quais percebe-se que os currículos deixam o desenvolvimento do corpo e movimento em segundo plano.

A psicomotricidade pode ser desenvolvida utilizando diversos recursos, por meio de jogos, brincadeiras, atividades diversificadas e se caracteriza pelo uso do corpo todo:

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“O desenvolvimento da psicomotricidade ocorre através de exercícios motores em que o corpo se desloca e o sujeito percebe as diferentes noções de maneira interna;

exercícios sensório-motores ocorrem através de manipulação de objetos, ou seja, quando a criança é capaz de segurar e largar objetos; nos exercícios perceptomo- tores as manipulações são mais sutis e a percepção visual, muito importante, domi- na as outras partes. A psicomotricidade busca oferecer às crianças a livre expressão de seu ser, o estar bem e o sentir-se bem” (FERRONATTO, 2006, p. 54).

Para Fonseca (2008, p.392):

“ao brincar, a criança envolve-se em uma atividade psicomotora extremamente complexa, não só enriquecendo a sua organização sensorial, como estruturando a sua organização perceptiva, cognitiva e neuronal, elaborando conjuntamente sua organização motora adaptativa.”

Quando se fala em psicomotricidade nas aulas de Educação Física, é rotineiro perceber que os profissionais restringem suas atividades aos circuitos psicomotores. Este método é eficaz, porém é importante observar que trabalhar circuitos motores à exaustão torna-se tedioso aos alunos, o ele- mento lúdico nas series iniciais é imprescindível para que a criança execute os movimentos motores solicitados e os façam de forma divertida e atrativa.

Gallahue apud Magalhães; Kobal (2007) enfatiza a importância do desenvolvimento integral do indivíduo, compreendendo os aspectos motor, cognitivo e afetivo-social. Enfatiza que entre dois e sete anos, a fase de aquisição dos movimentos fundamentais (andar, correr, saltar, arremessar, rece- ber, chutar, quicar), que vão se constituir na base de toda aquisição motora posterior. Com a aprendi- zagem restrita e pouco significativa desses movimentos, é difícil aprender tudo o que a cultura cor- poral do movimento tem a oferecer. Diante disso, grande parte dos alunos ao ingressar na educação fundamental, atualmente isso se realiza aos 06 anos, possuem dificuldades motoras, portanto caberá ao professor buscar formas de suprir as defasagens apresentadas.

O professor de Educação Física que leciona no ensino fundamental I, que compreende o 1º ao 5º ano, deve ter ciência do seu papel e suas responsabilidades na formação integral dos alunos, demons- trando respeito e aceitação para que as crianças aprendam a confiar e consigam se desenvolver.

Para Oliveira (2015), quando o profissional possui conhecimento técnico, estimula a psicomo- tricidade e a trabalha de forma interligada, promovendo assim um aprendizado pleno, auxiliando o aluno a tomar consciência de suas dificuldades e buscar suas origens para que possua bom desem- penho de seu esquema corporal, sem bloqueios e desequilíbrios tônicos se estiverem supridas suas necessidades afetivas.

De acordo com Rossi (2012), é importante que o professor se torne pesquisador da psicomo- tricidade, para assim, complementar seus conhecimentos sobre o tema de educação psicomotora e embase sua prática pedagógica a partir disso, sempre buscando suprir as necessidades dos alunos, pensando em alternativas para desenvolvê-los, sempre observando e respeitando o currículo e as individualidades e especificidades existentes.

No entanto, Negrine (1995), fez uma pertinente observação, pois para ele, independentemen- te da proposta pedagógica e da metodologia adotadas, o professor deverá levar incluir as funções

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psicomotoras que serão aprendidas pelos alunos em suas aulas. Até porque, em qualquer exercício ou atividade proposta, uma função psicomotora sempre será efetivada. O que pode ocorrer, muitas vezes, é uma busca por planos de aula prontos na internet ou manuais do professor e essas ativi- dades serem realizadas sem reflexão, adaptação ou especificidades de acordo com a faixa etária, tornando-se sem relevância por não ter seus objetivos definidos pois conhecer jogos e atividades psicomotores e não aplicá-los com significados no processo de ensino-aprendizagem torna-se dis- pensável.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A psicomotricidade na Educação Física no ensino fundamental deve ter seu papel reconheci- do e valorizado nos currículos, sendo assim considerada para além de uma abordagem pedagógica, deve ser vista como elemento pedagógico precípuo do processo de ensino aprendizagem dos anos iniciais da educação básica, não servindo apenas para reconhecer desajustes motores e utilizada de forma mecanizada pois isso a descaracteriza e faz com que sua relevância seja pormenorizada a movimentos técnicos e descontextualizados.

O ato motor não pode ser considerado apenas como gesto isolado, fora contexto de quem o executa, pois os processos afetivos, cognitivos e motores são indissociáveis e o corpo é o meio com o qual nos expressamos, cabe ao educador observar as diferentes formas de manifestação das crianças para compreender suas necessidades, fazendo que suas práticas sejam significativas e específicas, realizadas para garantir que o processo de aprendizagem seja relevante.

Considerando que as crianças passam grande parte do dia nas escolas, a responsabilidade para o seu desenvolvimento recai para os profissionais da educação, pois a cada dia observamos que elas estão mais entretidas com jogos eletrônicos presentes em smartphones, tablets, celulares e videogames, ou impossibilitadas de brincar por conta dos espaços com os quais vivem, restritos quanto à área livre onde é possível realizar brincadeiras, e assim, desenvolver as habilidades motoras fundamentais de forma natural.

Percebemos que as experiências motoras têm se concentrado no ambiente escolar, espaço esse que incorpora em seu currículo jogos, brincadeiras, que compõem a cultura corporal de movi- mento e devem ser vivenciados por todos, para que se desenvolvam nos aspectos cognitivo, afetivo- -social e motor simultaneamente.

Portanto, para que as aulas de Educação Física sejam propícias com a finalidade de fomentar o aprendizado significativo de seus alunos é necessário que sejam planejadas e adequadas, pois não basta realizar brincadeiras aleatoriamente, é fundamental que o professor de Educação Física saiba quais objetivos quer atingir e aplicar os conteúdos utilizando a metodologia adequada para o fim que se destina, fazendo com que a Psicomotricidade seja efetivada visando promover a aquisição de habilidades motoras e o desenvolvimento integral dos alunos.

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REFERÊNCIAS

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LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento aos 6 anos. Trad. Por Ana Guar- diola Brizolara. 7ª edição. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.

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FERRONATTO, Sônia Regina Brizolla. Psicomotricidade e Formação de Professores: uma propos- ta de atuação. Dissertação (Mestrado) PUC-Campinas, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, 2006.

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INFORMAÇÕES DOS AUTORES

Amanda Pinheiro Silva é professora de Educação Física de Ensino Fundamental e Médio, licenciada em Educação Física na Universidade Presidente Antônio Carlos, leciona na Prefeitura Municipal de São Paulo e na Prefeitura Municipal de Santana de Parnaíba. Email: amandapinheiro18@hotmail.com Professora Viviane Ferreira Fonseca, mestranda em Educação pelo IESLA, pós-graduada em Docência do Ensino Superior, Extensão em Vanguarda Russa pela ECA-USP. Graduada em Letras Português-Inglês. Professora de Teatro para Educação Infantil, de Literatura no Ensino Fundamental e Médio na Escola Fazarte. Palestrante e professora convidada na Pós-Graduação das Faculdades Campos Salles, ministra as disciplinas: Ludicidade, Corporeidade, Psicomotricidade e Jogos Teatrais.

Professora de práticas ludopedagógicas no Colégio Campos Salles. profvivi2018@gmail.com

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Referências

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