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Efeito do exercício físico moderado nas respostas da atenção seletiva em escolares

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Academic year: 2017

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LÍLIAN ALVES PEREIRA

TÍTULO DO TRABALHO

Stricto Sensu em Educação Física

EFEITO DO EXERCÍCIO FÍSICO NAS RESPOSTAS DA

ATENÇÃO SELETIVA EM ESCOLARES

Brasília - DF

2013

(2)

EFEITO DO EXERCÍCIO FÍSICO NAS RESPOSTAS DA ATENÇÃO

SELETIVA EM ESCOLARES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física da Universidade Católica de Brasília como requisito parcial para obtenção do titulo de Mestre em Educação Física.

Orientadora: Dra. Nanci Maria de França

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7,5cm

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB

P436e Pereira, Lílian Alves.

Efeito do exercício físico moderado nas respostas da atenção seletiva em escolares. / Lílian Alves Pereira – 2013.

70 f.; il : 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2013.

Orientação: Profª. Drª. Nanci Maria de França

1. Exercícios físicos. 2. Aptidão física. 3. Desenvolvimento cognitivo. 4. Crianças – desenvolvimento. 5. Educação física para crianças. I. França, Nanci Maria de, orient. II. Título.

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Dissertação de autoria de Lílian Alves Pereira, intitulada “Efeito do exercício físico nas respostas da atenção seletiva em escolares”, apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Educação Física da Universidade Católica de Brasília, em 15 de março de 2013, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

____________________________________________ Profa Dra Nanci Maria de França

Orientadora

Mestrado e Doutorado em Educação Física – UCB

____________________________________________ Profa Dra Gislane Ferreira de Melo

Universidade Católica de Brasília – UCB

____________________________________________ Prof Dr José Eduardo Pandóssio

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AGRADECIMENTOS

É chegada hora de agradecer e várias pessoas e lembranças vêem à tona ao mesmo tempo. Deus sempre fiel e presente em minha vida, me deu o presente de poder ter vivido toda experiência deste processo. A Ele sempre o maior e mais sincero agradecimento por tudo que me proporciona e por sempre me abençoar. Não existem palavras hoje, nem em momento algum haverá, para expressar o quanto eu sou grata à minha família. Papai, sempre muito rígido, transmitiu-me o significado da responsabilidade em tudo que eu faça e sua presença constante presença espiritual me reforça dia após dia. Mamãe, minha guerreira e vencedora absoluta, é meu exemplo de determinação e fé. Por ela, todo e qualquer esforço é válido. Para ela, todas minhas vitórias. Meu irmão, exemplo presente nos momentos em que mais pensei em desistir. Passou pelo que passei com dificuldades extremamente maiores e não fraquejou, ele não fraqueja. Papai, mamãe e Júnior... obrigada por me fazerem quem eu sou hoje e por não desistirem jamais de mim! Eu amo vocês.

Meus tios e meus primos, obrigada por constituírem essa base de amor na qual sinto-me acolhida. Laura e Sofia, minhas princesinhas, madrinha/tia Lílian ama vocês do tamanho do mundo. Foram minhas saudades mais intensas nesses 2 anos e serão sempre minhas maiores paixões! Tida, não poderia te esquecer ou mesmo deixá-la de fora do meu “momento família” nessa hora. Você é uma irmã que Deus me deu. Obrigada por essa irmandade, pela companhia constante à mamãe e por essa dádiva que é a Laura.

Meus amigos de antes, suportar-me dá a vocês as chaves do céu! Obrigada por me darem o presente de viver esse tesouro que é uma amizade verdadeira!

De maneira muito especial, agradeço meu amigo, Ms Leonardo Cavalcanti. Através da nossa amizade, veio o contato com nossa orientadora, professora Dra Nanci Maria de França, a qual, no mais real sentido da palavra, estendeu suas mãos para que eu ressuscitasse. Muito obrigada!

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Gostaria de dizer que tudo que eu conquistar de agora em diante tem sua mão. Obrigada por tudo!

Da maneira mais especial agradeço aos amigos que fiz em Brasília. Aos “mans” todos agradecimentos, sobretudo com relação ao apoio para que eu conquistasse minha tão sonhada bolsa de estudos. Ao Ms. Ricardo Yukio Asano agradeço por todo respeito e companheirismo, você é um amigo muito especial e que várias vezes fez papel de meu pai. Obrigada, Kio! Ms. Rafael Sotero da Costa sempre atencioso e preocupado em ajudar no fosse possível e impossível também. Mas, devo, sem sombra de dúvida, meus maiores agradecimentos a dois amigos: Ms Verusca Najara e Ms Marcelo Magalhães Sales. Najinha, obrigada por estar comigo por grande parte deste processo. Você é uma amiga que eu sentirei imensas saudades físicas, mas sei que sempre estaremos ligadas pelo coração. Marcelinho, obrigada por compartilhar comigo a beleza e a bondade do seu coração, esteve comigo desde minha primeira disciplina como aluna especial. Eu tenho muito orgulho da amizade de todos nós! Amo vocês da maneira mais pura e intensa possível!

Não poderia deixar de citar meu agradecimento a todos professores do PPGEF por todo conhecimento compartilhado. Mas, de maneira muito especial, às professoras Dra Tânia Mara Sampaio e Dra Gislane Melo. Obrigada pelo ombro amigo nos meus inúmeros momentos de desespero e, por conseqüência, de choro também. A tranqüilidade e o carinho de vocês sempre fizeram com que eu me sentisse querida e me trouxesse a calma novamente.

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“Os frágeis vêem os trovões e se amedrontam, os fortes vêem a chuva e com ela a oportunidade de cultivar!”

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Referencia: PEREIRA, Lílian Alves

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Efeito do exercício físico moderado nas respostas da função executiva em escolares. 2013. 70 páginas. Mestrado em Educação Física – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2013.

A função executiva envolve a memória de trabalho, a atenção e a flexibilidade cognitiva. A melhora no desempenho cognitivo após o exercício físico vem sendo investigada e está associada à excitação fisiológica provocada nos indivíduos que se exercitaram. Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi analisar o efeito do exercício físico agudo nas respostas da função executiva, em escolares de 7 a 14 anos. Para tal, o teste de Flanker adaptado foi aplicado em 39 escolares pré e pós uma sessão aguda de exercício físico moderado (com duração de 25 minutos) em esteira e monitorado pelo eletroencefalograma (EEG). Os resultados apontam que a aptidão cardiorrespiratória possui relação moderada com os grupos de estímulos do teste aplicado (p≤0,005). Com relação aos momentos pré e pós exercício físico,

observou-se o componente N2 e os achados apontam que, a sessão pós-exercício apresenta menores valores de latência e maiores de amplitude em grande parte dos eletrodos das regiões pré-frontal, parietal e occipital (p<0,05), traçadas como regiões fundamentais para o desempenho da função executiva. Dessa maneira, além dos benefícios relacionados à saúde, observa-se que a aptidão cardiorrespiratória e o exercício físico são fortes aliados do desempenho no teste de atenção aplicado. Tratando-se da faixa etária etária estudada, conclui-se que tanto a aptidão cardiorrespiratória quanto o exercício físico contribuem na otimização de habilidades importantes dentro e fora da sala de aula, logo que, a função executiva é parte essencial do processo cognitivo e fundamental para o desenvolvimento de crianças e adolescentes, sendo comprovadamente decisivas no processo de aprendizagem e no desempenho escolar.

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Executive function involves working memory, attention and cognitive flexibility. The performance gains in cognition observed after exercises has been investigated and is associated with physiological arousal caused in individuals who exercised. Thus, the objective of this study was to analyze the effect of acute exercise on responses of executive function in schoolchildren aged 7 to 14 years. An adapted Flanker's test was applied in 39 individuals and monitored by electroencephalogram (EEG) before and after an acute session of moderate exercise (lasting 25 minutes) on a treadmill. The results suggest that cardiorespiratory fitness has moderate relationship with the classes of stimuli experienced in trails (p ≤ 0.005). The values

of latency was lower, and amplitude was higher in most electrodes in the regions that critically influence the performance of the executive function --- prefrontal, parietal and occipital (p <0.05) --- when observed the N2 component and considering pre- and post-exercise instants. The results of the attention test suggest the performance was impacted by the cardiorespiratory fitness and physical activity in addition to known benefits related to health. In the target aged individuals, from the present study can be inferred that both cardiorespiratory fitness and physical activity help in the optmization process of development of important skills of indoor and outdoor activities since executive function is an essential part of the cognitive process and fundamental to development of children and adolescents, proven decisive in the process of learning and school performance.

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1. INTRODUÇÃO ... 14

2. OBJETIVOS ... 18

2.1 GERAL ... 18

2.2 ESPECÍFICOS ... 18

3 REFERENCIAL TEÓRICO ... 19

3.1 PROCESSOS COGNITIVOS ... 19

3.2 MEMÓRIA DE TRABALHO ... 20

3. 2. 1 Neuroanatomia da Memória de Trabalho ... 22

3.3 ATENÇÃO SELETIVA ... 23

3.3.1 Neuroanatomia da Atenção ... 26

3.4 RELAÇÃO ENTRE OS PROCESSOS COGNITIVOS E EXERCÍCIO FÍSICO .... 27

4. MATERIAIS E MÉTODOS... 31

4.1 AMOSTRA ... 31

4.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ... 31

4.3 PROCEDIMENTOS ... 31

4.3.1 Avaliação Antropométrica ... 32

4.3.2 Avaliação Maturacional ... 32

4.3.3 Avaliação Socioeconômica ... 32

4.3.4 Teste de Esforço Máximo ... 32

4.3.5 Avaliação Cognitiva ... 34

4.3.6 Avaliação do Eletroencefalograma ... 35

4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA ... 36

5. RESULTADOS ... 37

6. DISCUSSÃO ... 46

7. CONCLUSÃO ... 54

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 55

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1. INTRODUÇÃO

O termo função executiva (FE) reflete as atividades do lobo pré-frontal, responsável por comportamentos futuros, tais como a elaboração de estratégias, organização de resposta e controle de impulsos (ROMINE; REYNOLDS, 2004), para executar suas atividades. A FE envolve a memória de trabalho (MT), a atenção e a flexibilidade cognitiva.

A MT é uma das memórias mais discutidas na atualidade, do ponto de vista conceitual tem sido considerada como semelhante à memória de curto prazo (GATHERCOLE, 1999). Também chamada memória on line, por trabalhar de maneira imediata e pelo fato de não ser capaz de armazenar informações por muito tempo, possui capacidade baixa de armazenamento limitando-se a poucos dígitos. É nela que se armazena uma sequência numérica ou o nome de uma pessoa (BADDELEY; ANDERSON; EYSENCK, 2011). Para que determinado estímulo atinja a MT, ele passa por uma espécie de filtro, denominado atenção seletiva.

A atenção seletiva tem como função filtrar os estímulos recebidos, sendo que, para ultrapassá-la, tal estímulo deve superar outros estímulos menos potentes na situação vivenciada em um momento específico (CONWAY et al., 2001; STERNBERG, 2010). A atenção torna-se essencial também quando a abordagem refere-se à flexibilidade cognitiva.

Já a flexibilidade cognitiva refere-se a capacidade de reestruturar o conhecimento e a informação com base em novas exigências situacionais. Cañas et al. (2003) a conceitua como uma habilidade que define a capacidade humana de adaptar novas estratégias de processamento cognitivo para enfrentar novas e inesperadas situações em um determinado ambiente. Logo, para ser flexível cognitivamente, é preciso perceber as condições que podem interferir em sua tarefa (CAÑAS; FARJADO; SALMERÓN, 2006).

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Existem evidências sobre a relação entre os processos cognitivos e a prática do exercício físico, mas ainda muito distantes de um consenso final (ELLEMBERG; ST-LOUIS-DESCHÊNES, 2009). A melhora no desempenho cognitivo após o exercício físico vem sendo investigada e está associada à excitação fisiológica provocada nos indivíduos que se exercitaram. Estudos revelam que os benefícios do exercício físico para o desempenho cognitivo estão diretamente relacionados à intensidade e a duração do mesmo (ETNIER et al., 1997; KAMIJO et al., 2007; TOMPOROWSKI, 2003).

Uma vez que o pico do desenvolvimento cognitivo ocorre entre os 6 e 12 anos de idade, coincidindo com o pico de desenvolvimento de outras dimensões como motora, psicossociais e maturação biológica (CASEY; GIEDD; THOMAS, 2000; GATHERCOLE, 1999; ROMINE; REYNOLDS, 2004), esse período é associado também ao desenvolvimento do córtex pré-frontal (JOHNSON, 2001). O córtex pré-frontal é uma das principais estruturas corticais responsáveis pelo processamento da memória de trabalho, inibição da resposta e atenção seletiva (CURTIS; ESPOSITO, 2003; ROMINE; REYNOLDS, 2004). Dentre as mudanças mais significativas, nessa área, durante a infância, destaca-se o fortalecimento das ligações sinápticas e a maturação da mielinização sub-cortical (ESPY et al, 2001).

Barde (1989), Vaynman e Gomez-Pinilla (2006) realizaram estudos com objetivo de relacionar o exercício físico e cognição, os autores relatam que o mesmo pode afetar o desenvolvimento neurológico, levando à produção de neurotransmissores que interferem na sobrevivência, crescimento e desenvolvimento dos neurônios durante o desenvolvimento.

Crianças com idade entre 9 e 10 anos foram avaliadas por Chaddock et al. (2011) e constataram que os indivíduos com menor capacidade aeróbia apresentam pior desempenho da memória em um teste de reconhecimento de faces humanas. Ao contrário, as crianças que apresentaram melhor capacidade aeróbia além de exibirem melhor desempenho em tarefas de recuperação, envolvendo o controle executivo central, mostraram, também, melhores estratégias no funcionamento do córtex pré-frontal e do hipocampo.

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com teste de capacidade aeróbia) no Flanker’s test, o qual envolve tarefas da função executiva. O grupo que foi classificado como melhor aptidão aeróbia apresentou melhor precisão de resposta, quando comparado ao grupo com a pior aptidão, e no que se refere ao tempo de reação nenhuma diferença significativa foi observada. Todavia, esses resultados apontam que melhores níveis de aptidão podem se correlacionar positivamente com melhoras na função cognitiva, particularmente, em tarefas que requerem função executiva (HILLMAN et al., 2009).

Nessa mesma direção, o estudo de dois grupos de crianças com idade entre 7 e 10 anos, foram submetidos às tarefas de tempo de resposta e reação. Um grupo praticou 30 minutos de exercício aeróbio, enquanto o outro grupo permaneceu o mesmo tempo assistindo TV. Os resultados apontaram que, ao comparar os dois grupos pré e pós-intervenção, aquele que praticou exercício físico obteve melhora significativa nas tarefas propostas (ELLEMBERG; ST-LOUIS-DECHÊNES, 2009).

Além dos efeitos agudos do exercício físico, os efeitos crônicos da aptidão cardiorrespiratória também foram estudados, mostrando se correlacionar positivamente com o desempenho cognitivo. Os resultados do estudo realizado com crianças entre 9 e 10 anos indicaram que o grupo classificado como “Alta aptidão” possui melhor desempenho no tempo de reação e maior acurácia no teste de Flanker adaptado, que mensura o desempenho atencional, quando comparado ao grupo classificado como “Baixa aptidão” quando avaliado uma ano mais tarde (CHADDOCK et al., 2012).

Ainda tratando de aptidão cardiorrespiratória, outros estudos apontaram que os indivíduos com maior aptidão cardiorrespiratória apresentam melhor desempenho matemático e de leitura quando comparados aos que possuem menor aptidão (CASTELLI et al., 2007; CHOMITZ et al., 2009). Nesta mesma direção, Wu et al. (2011) sugerem que a maior aptidão cardiorrespiratória está associada a uma melhor saúde cognitiva e que ambas possuem implicações no desempenho escolar, constatado em indivíduos entre 8 e 11 anos de idade.

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fenômeno mundial indicando que as oportunidades para a atividade física durante o dia escolar vêm sendo reduzidas ou eliminadas.

Dessa maneira, justifica-se a necessidade de pesquisas para elucidar a influência do exercício físico no desempenho da função executiva, bem como a intensidade mais adequada para sua estimulação durante a fase de crescimento e desenvolvimento infanto-juvenil.

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2. OBJETIVOS

2.1 GERAL

Analisar o efeito do exercício físico nas respostas da função executiva, em escolares de 7 a 14 anos.

2.2 ESPECÍFICOS

- Correlacionar o consumo máximo de oxigênio e as repostas da atenção em escolares.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 PROCESSOS COGNITIVOS

Ao longo das últimas três décadas, a ciência empenhou-se em registrar o quanto a cognição evoluiu e os avanços no entendimento da consciência. Neurocientistas e psicólogos traçaram pesquisas com intuito de analisar, destacar e complementar teorias que surgiram no decorrer deste período, como behaviorismo e posteriormente o cognitivismo (STERNBERG, 2010). As teorias foram questionadas e mecanismos específicos do sistema nervoso foram pesquisados, com auxílio da Neurofisiologia e Neuroanatomia (GAZZANIGA; IVRY; MANGUN, 2006). Assim, foi enfatizado o pensar como objeto de estudo, dando origem à Psicologia Cognitiva, que mais especificamente estuda a forma como os indivíduos percebem, aprendem, lembram e pensam sobre as informações (STERNBERG, 2010).

A cognição possui como base o pensamento, sendo assim, a teoria cognitivista defende que grande parte do comportamento humano pode ser compreendido pela forma como as pessoas pensam. O controle do conjunto de habilidades que envolvem a cognição foca de maneira flexível nos pensamentos de acordo com nossos objetivos, englobando a exclusão de pensamentos indesejados e impedindo que os mesmos venham à consciência. Através de todo esse aparato, conquistado durante a evolução humana, torna-se possível perceber, apreender, recordar, raciocinar e solucionar problemas com enorme precisão, além disso, observar que o sistema cognitivo opera em conjunto com vários outros sistemas, como os sistemas psicológicos e os sistemas biológicos (STERNBERG, 2010).

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Segundo Sternberg (2010), o modelo integrativo é, provavelmente, o mais usado e aceito atualmente e será o modelo assumido neste estudo. Ele foi proposto por Alan Baddeley e Graham Hitch, em 1974, sintetiza o modelo da memória de trabalho e a estrutura dos níveis de processamento (NP). Assim como o nome sugere, o modelo integrativo assume uma visão ampla na qual as teorias funcionam como mapas, elaborados de acordo com os questionamentos a serem explicados (BADDELEY; ANDERSON; EYSENCK, 2011).

3.2 MEMÓRIA DE TRABALHO

A memória de trabalho (MT) é capaz de armazenar as informações e de manipulá-las, permitindo a execução de tarefas mais complexas, que envolvam raciocínio, compreensão e aprendizado. Este fato a diferencia da memória de curto prazo, que é capaz somente de armazenar pequenas quantidades de informações em um curto período de tempo (BADDELEY; ANDERSON; EYSENCK, 2011).

A nomenclatura MT enfatiza o “de trabalho” principalmente com o objetivo de dissociá-la da memória de curto prazo (MCP), sobretudo pelo fato desta possuir características funcionais que envolvem a capacidade de trabalho mental e pensamento coerente em atividades e situações do cotidiano de cada pessoa (GAZZANIGA; VRY; MANGUN, 2006). O fato de manter uma informação através da repetição para si mesmo (guardar uma sequência de números, por exemplo) é a principal característica da MT (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2008).

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na MT, que não sejam semânticos, mas que possuem som parecido, por exemplo, a semelhança acústica ao se pronunciar as letras “T” e “G”.

A capacidade de ouvir e repetir uma palavra que não existe presume-se depender da alça fonológica, fornecendo um bom indicativo do nível de desenvolvimento vocabular em crianças saudáveis. A aquisição do vocabulário é considerada como a principal aplicação da AF e que facilita a aprendizagem da gramática e da leitura (GATHERCOLE; BADDELEY, 1990; BADDELEY et al., 1998).

Em uma representação paralela à AF, está o segundo subsistema, denominado esboço visuoespacial, responsável por informações puramente visuais e visuoespaciais. Evidências relacionadas à existência desses dois subsistemas surgiram pelo fato de possuírem códigos distintos (acústicos e visuoespaciais). Dessa forma, chegou-se a um modelo de MT administrado por um executivo central (EC) (BADDELEY; ANDERSON; EYSENCK, 2011). O EC é considerado uma modalidade do sistema cognitivo não específico e é responsável pela coordenação da MT (GAZZANIGA; IVRY; MANGUN, 2006). Uma das suas principais funções é o foco atencional, ou seja, a capacidade de dirigir atenção a uma tarefa disponível. A capacidade atencional foi atribuída ao EC pelo fato de dividir a atenção com duas ou mais tarefas (por exemplo, dirigir e conversar com o passageiro) (BADDELEY; ANDERSON; EYSENCK, 2011).

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principalmente quando os danos são extensos (BADDELEY; ANDERSON; EYSENCK, 2011).

Algumas incógnitas envolvendo o modelo de três componentes, permaneceram. Um dos maiores problemas era explicar como esse modelo se relacionava com a memória de longo prazo (MLP). Com intuito de solucionar tais questões, Baddeley (2000) propôs um quarto componente, o episodic buffer, responsável pela interação entre as MT e MLP. Para conseguir a interface entre MT e MLP, os quais possuem codificações diferentes, assume-se para o buffer um sistema assume-se código multidimensional, podendo assume-ser acessado tanto pelo executivo central (por meio da consciência) quanto pelos demais componentes da MT que se façam necessários para atender a uma informação específica. Dessa forma, o buffer é capaz de fornecer um mecanismo para escaneamento do ambiente e de criar novas representações cognitivas, facilitando a resolução de problemas (BADDELEY, 2000; BADDELEY; ANDERSON; EYSENCK, 2011).

Para o melhor entendimento de cada componente, no próximo item são abordadas as áreas anatômicas responsáveis pelos mesmos, bem como as áreas apontadas como responsáveis por diferentes tipos de estímulo.

3. 2. 1 Neuroanatomia da Memória de Trabalho

Áreas corticais distintas estão envolvidas com a MT, em consequência, com suas divisões. Para Gazzaniga, Ivry e Mangun (2006), no que refere à fonologia dessa memória, duas áreas são ativadas: o giro supra marginal esquerdo (uma vez que lesões nessa área levam à queda do desempenho da memória auditivo-verbal) e área pré-motora esquerda ou área de Broca. Já para Cabeza e Nyberg (1997), o circuito fonológico engloba ativação bilateral dos lobos pré-frontal e parietal. Além da área de Broca e do córtex pré-frontal, observou-se ativação unilateral, o hemisfério esquerdo entre os lobos parietal e temporal (PAULESU; FRITH; FRACKOWIAK, 1993).

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visuoespacial (GAZZANIGA; IVRY; MANGUN, 2006). Um estudo que utilizou técnicas de tomografia por emissão de pósitrons – PET, também apontou ativação do hemisfério direito, em diferentes áreas, quando os indivíduos foram submetidos a uma tarefa de memória visual (SMITH; JONIDES; KOEPPE, 1996). Para Haxby et al. (1995), as áreas que serão ativadas através de um estímulo visuoespacial, dependem da duração do intervalo de retenção, sendo que, intervalos mais curtos ativam áreas dos lobos parietal e pré-frontal do hemisfério esquerdo. No que se refere às regiões corticais, as operações do executivo central envolve as áreas frontais (OWEN et al., 2005). Porém, não existe um consenso no que diz respeito a especificar áreas nessa região que exerçam papel essencial no EC (BADDELEY; ANDERSON; EYSENCK, 2011).

Shallice (2002) cogita a possibilidade de um mapeamento mais detalhado, enquanto que Duncan e Owen (2000) apontam para mapeamento com níveis mais amplos. O componente mais recente da MT, episodic buffer, ativa bilateralmente os lobos frontais e parte dos lobos temporais, incluindo hipocampo esquerdo (RUDNER et al., 2007).

O Modelo Integrativo presume sistemas separados de diferentes tipos de memória: Memória Sensorial, Memória de Curta Duração, Memória de Trabalho e Memória de Longo Prazo. Todavia, as informações não seguem uma ordem de fluxo do ambiente para a MLP, exemplo disso é que o nosso conhecimento do mundo (armazenado na MLP), pode influenciar nosso foco de atenção, o qual influencia os sistemas de memória sensorial, a maneira como a informação será processada e armazenada posteriormente (BADDELEY; ANDERSON; EYSENCK, 2011).

3.3 ATENÇÃO SELETIVA

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quantidade limitada de informações dentro de uma gama maior que está disponível por meio sensorial, da memória armazenada e de outros processos cognitivos. Embora a atenção pareça ser sinônimo de ver ou perceber, após uma rápida reflexão, percebe-se que ela é um processo bem mais complexo (GAZZANIGA; IVRY; MANGUN, 2006).

Mesmo após mais de cem anos que William James, de maneira clara e coesa, escreveu sobre os mecanismos de atenção como foco voluntário e a inabilidade de prestar atenção em várias situações ao mesmo tempo, os estudos sobre atenção se intensificam à medida que seus substratos neurais são esclarecidos. Considerando a existência do limite quanto ao volume de informações concentrado neste recurso mental, a existência dos processos atencionais torna-se relevante, logo que, ao diminuir o foco em estímulos externos, aumenta-se o foco sob aqueles que mais interessam em determinada situação vivenciada (STERNBERG, 2010). Este fator está em acordo com o aceleramento do tempo de reação (tempo entre o aparecimento do estímulo significativo e a reposta motora), assim, quanto maior o foco de atenção, menor será o tempo de reação (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2008; LENT, 2004).

O foco de atenção pode sofrer interferência de fatores externos, tais como estímulos auditivos e/ou visuais. Em estímulos auditivos, por exemplo, pelo menos três desses fatores exercem grande influência: as características sensoriais do som (tons agudos ou graves), a intensidade ou volume do som e a localização da fonte do som (STERNBERG, 2010). Fatores psicológicos também são enfáticos no desempenho atencional. Para Eysenck e Byrne (1992) tanto a ansiedade baseada em traços da personalidade quanto a ansiedade relacionada à situação restringem o foco atencional. Não podemos ignorar também o estado geral de excitação do indivíduo. O cansaço e a tontura são fatores que tendem a limitar a atenção (STERNBERG, 2010).

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existência e, assim, colaborando com a formação da identidade pessoal; (3) colabora com o controle e planejamento de ações futuras, ligando as experiências do passado e do presente (STERNBERG, 2010). Para melhor entendimento dos processos atencionais, eles foram divididos em dois outros processos distintos: os processos conscientes, relativamente mais fáceis de serem estudados, e os processos inconscientes ou automáticos, mais complexos pelo simples fato de não se ter consciência dos mesmos (JACOBY; LINSAY; TOTH, 1992).

Os processos automáticos não requerem controle consciente, exigem pouco ou nenhum esforço, consumindo em baixa escala os recursos atencionais. Ao contrário dos processos automáticos, os processos conscientes requerem controle, podendo levar mais tempo para serem executados. Algumas tarefas de processamento consciente podem tornar-se automáticas ao longo do tempo e com a prática que será adquirida (STERNBERG, 2010). Um bom exemplo deste fato é a situação de dirigir um carro, não o ato motor, mas os fatores de atenção que o envolve no geral. Ao dirigir de casa para o trabalho, já existe todo trajeto mentalizado e assim, como o passar do tempo, as paradas obrigatórias, as conversões tornam-se processos automáticos, não exigindo grandes esforços dos recursos atencionais.

Além da divisão dos comportamentos atencionais em automáticos ou conscientes, considera-se também a estrutura hierárquica que possui. Em nível mais global estão os estados de sono e vigília. A vigília engloba estados de sonolência, alerta e hiperalerta, como em uma situação que represente ameaça de vida. Já em estágios mais detalhados, são alcançados níveis de descrição apropriados, para os quais consideramos a seletividade.

A atenção seletiva é conceituada como um mecanismo cognitivo que possibilita o processamento de informações, pensamentos ou atos relevantes, enquanto ignora as demais que são irrelevantes (GAZZANIGA; IVRY; MANGUN, 2006). Para Sternberg (2010), a atenção seletiva refere-se como foco de atenção fixado em determinada informação, para isso, o indivíduo precisa ignorar certos estímulos e prestar mais atenção em outros.

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ápice de desenvolvimento da atenção é no período de 6 a 12 anos, coincidindo também com o desenvolvimento cerebral e com o pico de maturação biológica (ADLEMAN et al, 2002; DURSTON, 2002). Pesquisadores tem direcionado estudos no intuito de comprovar tal desenvolvimento, o desempenho em uma tarefa de atenção seletiva, o “go; no-go”, em grupos de crianças (6 a 12 anos) e adultos (20 a 30 anos) que foram comparados entre si. Os resultados mostram que a ativação cerebral ocorre em maior intensidade no grupo de crianças (CASEY et al., 1997; BOOTH et al., 2004).

Diante do exposto e com a finalidade de melhor compreensão do mecanismo atencional, vejamos as áreas corticais responsáveis pelo processamento dos estímulos oriundos do meio em que o indivíduo se encontra.

3.3.1 Neuroanatomia da Atenção

De maneira geral, o sistema cerebral de controle da atenção envolve o lobo parietal, córtex temporal, córtex pré-frontal e estruturas subcorticais, as quais são responsáveis por abranger a fonte de seleção da atenção, ou seja, processos de controle (GAZZANIGA; IVRY; MANGUN, 2006). A ativação neural no que tange à atenção compreende áreas visuais, auditivas e motoras em tarefas específicas (POSNER et al., 1988).Os resultados de uma pesquisa que utilizou tomografia por emissão de pósitrons – PET , apontam que a ativação cerebral é maior nas áreas responsáveis pelos estímulos aplicados (CORBETTA et al., 1993). Geralmente, pacientes com lesões no lobo pré-frontal e gânglios da base apresentam déficits de atenção (LOU; HENRIKSEN; BRUHN, 1984). Em um estudo realizado com pacientes com cérebro “dividido” (possuem secção do corpo caloso, responsável pela ligação entre os hemisférios) foi relatado que o hemisfério direito parece ser dominante na manutenção do estado de alerta (LADAVAS et al., 1994).

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incluindo atenção seletiva, o córtex pré-frontal é uma região fundamental (COLCOMBE; KRAMER, 2003; COLCOMBE et al., 2006; HILLMAN et al., 2009; KRAMER et al., 1999). Torna-se relevante também destacar o córtex anterior do cíngulo e sua parte dorsal no que tange à atividade do sistema atencional executivo (FAN et al., 2002; PIZZAGALLI et al., 2006).

A seguir, observa-se como os mecanismos da função executiva vêm sendo abordados em pesquisas juntamente com o exercício físico e a aptidão cardiorrespiratória.

3.4 RELAÇÃO ENTRE OS PROCESSOS COGNITIVOS E EXERCÍCIO FÍSICO

A relação entre exercício físico e o desempenho cogntivo, até certo tempo atrás, não era tão óbvia. Duas pesquisas com adultos sugerem que uma única sessão de exercício físico melhorou diferentes aspectos do desempenho cognitivo imediatamente após o final do exercício, independente do nível de aptidão física do indivíduo (ETNIER et al., 1997; TOMPOROWSKI, 2003).

Um estudo realizado por Brisswalter, Collardeau e René (2002), aponta a excitação relacionada ao exercício físico como uma das hipóteses como explicação para melhora do desempenho cognitivo, bem como o aumento dos índices de adrenalina e a fatores nutricionais (quantidade de carboidrato e líquido ingerida).

Hancock e McNaughton (1986) avaliaram 6 indivíduos, os quais foram submetidos a um teste de esforço máximo em esteira dois dias antes de realizar de percepção visual. Duas sessões foram realizadas (1) repouso e (2) fadiga (acima do limiar anaeróbico). Os resultados mostram que, ao comparar as duas sessões, o desempenho na tarefa de percepção visual foi prejudicada sob influência da fadiga.

No que diz respeito à piora do desempenho cognitivo, Cian et al. (2001), destacaram que após exercício físico sub-máximo (2 horas de corrida na esteira a 65% VO2máx), resultando em desidratação, os três pontos afetados

(26)

cognitivo, constatou-se que a intensidade moderada, 110-130 bpm, com duração entre 20-40 minutos melhorou o sistema sensório-motor e o desempenho cognitivo (CLARKSON-SMITH; HARTLEY, 1989; HOGERVORST et al., 1996).

Dentre os estudos que relatam benefícios foram realizadas tarefas de tempo de reação (ETNIER et al., 1997; TOMPOROWSKI, 2003), sendo este um grande indicador da integridade funcional do SNC (WANG, 2008). Já Brisswalter, Collardeau e René (2002) e Kamijo et al. (2004) relatam que a explicação para os benefícios sobre o tempo de reação é o aumento da excitação fisiológica induzida pelo exercício físico. Porém, anteriormente, Clarkson-Smith e Hartley (1989) colocaram que os benefícios do exercício físico sobre o tempo de reação, englobando funções executivas da-se por um aumento na excitação neuronal, induzida pelo exercício físico.

Chaddock et al. (2011) realizaram um estudo com 46 crianças entre 9-10 anos, vizando relacionar os benefícios cognitivos com um estilo de vida ativo na infância. Para tal, utilizaram testes de memória. Baseados nos resultados obtidos, sugerem que a aptidão aeróbica é um fator que pode influenciar na capacidade de codificação, sendo que, as crianças com menores índices de aptidão demonstraram pior desempenho nas tarefas propostas. Benefícios semelhantes foram encontrados por Hillman, Erickson e Kramer (2008), através de uma revisão de literatura. De acordo com o trabalho, o exercício aeróbico afeta positivamente o cérebro e a capacidade cognitiva, principalmente porque se relaciona com as funções do cortex pré-frontal e hipocampo.

(27)

condicionamento aeróbico pode afetar negativamente funções do controle executivo, incluindo a atenção seletiva (CASTELLI et al., 2007; SIBLEY; ETNIER, 2003).

Ao avaliar 179 idosos com idade média de 66 anos, com objetivo de correlacionar aptidão cardiorrespiratória e o volume dos gânglios da base e se a mesma predizia flexibilidade cognitiva em idosos, Verstynen et al. (2012), apontaram que o aumento da aptidão cardiorrespiratória prediz flexibilidade cognitiva, sobretudo devido ao maior volume do núcleo caudado.

Tratando-se de crianças, dois grupos foram comparados: alta e baixa aptidão cardiorrespiratória. O primeiro (n=14, 7 Masculino e 7 Feminino), possui média de idade de 10,1 anos e VO2máx de 35,8 ml.kg-1.min-1, o seguinte, (n=18,

8 Masculino e 10 Feminino), possui média de 10 anos de idade e VO2máx de

52,1 ml.kg-1.min-1. Ao serem submetidos ao teste de Flanker adaptado, constatou-se que, o grupo com alta aptidão cardiorrespiratória apresentou menor tempo de reação e maior quantidade de acertos quando comparado ao grupo de baixa aptidão (CHADDOCK et al., 2012).

Corroborando com esse estudo, 36 crianças foram avaliadas no intuito de comparar ativação cerebral entre dois grupos (1) baixa (7 meninos e 11 meninas, idade média de 9,9 anos) e (2) alta aptidão cardiorrespiratória (10 meninos e 8 meninas, idade média de 9,8 anos). As crianças realizam o teste de Flanker adaptado e os achados apontam que o grupo de alta aptidão cardiorrespiratória apresentou maior ativação cerebral das redes relacionadas à tarefa aplicada (VOSS et al., 2011).

(28)

maximizar o desempenho escolar e implicar sugestoes de políticas educacionais (CASTELLI et al., 2007).

Ainda no âmbito do desempenho escolar, o teste de Flanker adaptado foi utilizado para comparar grupos de baixa e alta aptidão cardiorrespiratória. 48 crianças com idade entre 8 e 11 anos, sendo 25 do sexo masculino e 23 do sexo feminino, foram divididas em (1) grupo de baixa aptidão cardiorrespiratória (VO2máx = 35,7ml/kg/min) e (2) grupo de alta aptidão cardiorrespiratória (VO2máx

= 52,6ml/kg/min). Os resultados indicam que quanto maior o nível de aptidão cardiorrespiratória, maior a saúde cognitiva e, por conseguinte, melhor desempenho escolar (WU et al., 2011).

(29)

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Esta pesquisa é um estudo de campo de natureza quantitativa, que utilizou procedimento experimental a fim de analisar a relação causa-efeito entre a variável independente (exercício físico moderado) e variáveis dependentes (função executiva). O estudo possui financiamento do CNPq (processo nº 473849/2010-0) e aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa – CEP, da Universidade Católica de Brasília, registrado sob nº 182/2011.

4.1 AMOSTRA

A amostra foi constituída de 39 indivíduos, sendo 22 do sexo masculino e 17 do sexo feminino, subdivididos em grupo controle e grupo experimental, com idade entre 7 e 14 anos, constituída voluntariamente dentro de uma população de alunos da rede de ensino do Distrito Federal.

4.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Para participar da pesquisa as crianças apresentaram disponibilidade para participar de todo o processo da pesquisa, não apresentaram disfunções mentais, psicológicas, problemas de locomoção, cardíacos ou respiratórios, além disso, os responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), permitindo a participação da criança no estudo.

4.3 PROCEDIMENTOS

(30)

4.3.1 Avaliação Antropométrica

A massa corporal foi mensurada por meio de uma balança digital da marca TOLEDO®, com acuidade de 50g. A estatura foi mensurada por meio de

um estadiômetro fixado na parede da marca TECNOLOGY INC, Gays Mills, WI, modelo 67031, com escala milimétrica.

4.3.2 Avaliação Maturacional

Para avaliar o estágio maturacional de cada indivíduo, utilizou-se as Escalas de Tanner (masculina e feminina), com objetivo de caracterizar a amostra.

4.3.3 Avaliação Socioeconômica

Foi aplicado o Critério de Classificação Econômica Brasil; esse instrumento visa, através de um sistema de pontos, estimar o poder de compra de pessoas e famílias urbanas. Foi proposto em 2010 pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP), com base no Levantamento Sócio Econômico de 2008 do IBOPE.

4.3.4 Teste de Esforço Máximo

Foi aplicado um teste de esforço máximo em esteira rolante (Super ATL Imbramed) com o intuito de avaliar a capacidade aeróbia através do consumo máximo de O2 (VO2máx) e Limiar ventilatório (LV). Durante o teste de esforço

todos os voluntários foram monitorados através de um eletrocardiograma digital (ELITE Micromed) com acompanhamento de um médico cardiologista, além disso, foram coletadas as variáveis ventilatórias através do analisador de gases Cortex (Metalyzer 3B) das quais: ventilação pulmonar (VE), consumo de oxigênio (VO2), produção de dióxido de carbono (CO2), pressão expiratória final

de oxigênio (PETO2), pressão expiratória final dióxido de carbono (PETCO2),

(31)

O analisador foi previamente calibrado com uma seringa de ar (HansRudolph) de 3 litros (calibração de fluxo) e um padrão misto de gás contendo 4,93% de CO2 e 16,98% de O2 (calibração de gás). Antes de cada teste o referido equipamento fez uma calibração do ar ambiente, conforme recomendações do fabricante. Caso fosse detectada alguma incoerência nos valores das variáveis ergoespirométricas analisadas todos os procedimentos de calibração (pressão barométrica, mistura padrão primária, fluxo e ar ambiente) foram refeitos e o equipamento calibrado novamente com a mistura padrão independente do momento do teste.

Para a determinação do VO2máx foram utilizados os critérios propostos

por Wasserman et al. (1994) e caso os critérios não fossem alcançados, foi utilizado o maior valor de consumo de O2, também conhecido como VO2pico.

No intuito de determinar a intensidade do exercício que seria aplicado como intervenção aguda, utilizou-se como base o LV proposto por Wasserman et al. (1994). A identificação deste foi realizada por dois avaliadores experientes e obedeceu aos seguintes itens: (1) razão de troca respiratória (RER) > 0,85; (2) análise das curvas de VE/VO2 e VE/VCO2 – quebra da

linearidade de ambos parâmetros, aumento de VE/VO2 desproporcional ao

aumento de VE/VCO2; (3) quebra da linearidade da VE (±10% a mais que a

média anterior) e (4) aumento dos valores de PETO2 e queda nos valores de

PETCO2, gerando afastamento das linhas correspondentes aos valores das

variáveis mencionadas.

Identificado o LV, adotado como referência, o cálculo da intensidade do exercício físico moderado foi considerado 10% abaixo do LV (SVEDAHL; MacINTOSH, 2003), considerando a inclinação constante em 1%.

(32)

Quadro 1. Velocidades utilizadas de acordo com a idade.

4.3.5 Avaliação Cognitiva

Os procedimentos da avaliação cognitiva foram da seguinte ordem: Os horários de avaliação eram individuais e iniciou-se com a marcação e fixação dos eletrodos sobre o escalpo para o exame do eletroencefalograma. Após essa etapa, a criança passou para o primeiro momento do teste, no qual foi aplicado o teste de atenção seletiva, sendo este acompanhado em tempo real pelo eletroencefalograma. Posteriormente, a criança iniciou o exercício na esteira com a intensidade já balizada pela ergoespirometria realizada anteriormente. O exercício teve duração de 25 minutos, sendo 2 minutos para adaptação à esteira, 20 minutos de exercício físico balizado e 3 minutos de volta à calma. Após o exercício, a criança foi novamente submetida ao teste cognitivo monitorado pelo eletroencefalograma a fim de comparar as respostas fisiológicas cerebrais antes e após a intervenção do exercício físico agudo. O tempo entre o término do exercício físico e o início da reavaliação cognitiva foi o mínimo possível, sendo que, eventualmente, alguns eletrodos se soltaram, necessitando de colagem. As necessidades individuais de cada criança ou adolescente foram sanadas antes do início da intervenção no intuito de diminuir ao máximo este tempo, que variou entre 3 – 5 minutos.

O teste de atenção seletiva aplicado foi o de Flanker (ERIKSEN, 1974) adaptado (FAN, 2002), que consiste em avaliar o processo atencional (para a análise dessa pesquisa utilizou-se somente a primeira fase do teste). A criança foi orientada a clicar, com os indicadores, nos botões correspondentes ao

Estágios (Idades)

Masculino Feminino

Velocidades - km/h (Inicial – Final)

7 – 8 anos 3,0 – 8,5 3,0 – 8,5

9 – 10 anos 3,3 – 9,4 3,2 – 8,9

(33)

mouse no notebook, respeitando a direção para onde a figura central do estímulo estivesse apontando (direita ou esquerda), esta sempre esteve posicionada acima ou abaixo do sinal referência, representado por “+” no centro da tela do notebook. A figura estava representada pela imagem de um peixe, os estímulos se classificaram em três grupos: congruentes (todos os peixes estavam virados para o mesmo lado), incongruentes (o estímulo significativo posicionado ao contrário dos demais peixes) e neutros (quando aparece somente um peixe na tela). A figura de estímulo varia de acordo com a idade, até 12 anos, será representado pela imagem de um peixe e, acima dessa idade, por uma seta (figura 1).

Figura 1. Imagens dos estímulos do teste de Flanker adaptado

Nos testes realizados pelos indivíduos de 11 anos ou menos, a quantidade de estímulos é: 56 congruentes, 55 incongruentes e 55 neutros. Já para os indivíduos de 12 anos ou mais são 103 estímulos congruentes, 106 estímulos incongruentes e 101 estímulos neutros.

4.3.6 Avaliação do Eletroencefalograma

As atividades neuroelétricas foram mensuradas através de 32 canais, com eletrodos Ag/AgCl em concordância com o sistema 10-20. Para a montagem de leitura do EEG tomou-se como pontos de referência os mastoides A1 e A2. Adotando-se o limite da impedância 10Ω. O equipamento

(34)

Para a análise dos testes Flanker foi configurada a duração da época de análise entre 100 a 1000ms com espaçamento máximo de 30%, os dados serão filtrados com corte de 24Hz. Para análise do componente N2 será adotada a latência entre 200 e 280ms. Os estímulos do teste e a análise PER foram sincronizados e adaptados ao software Neuro-Spectrum.NET.

4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Inicialmente, para correlacionar o consumo máximo de oxigênio e as respostas da atenção, foram realizadas as análises descritivas da amostra, o teste de normalidade de Kolmogorov e Smirnov foram aplicados no intuito de observar o comportamento normal dos dados. Para a análise inferencial aplicou-se a Regressão Linear Simples com objetivo de relacionar as predições entre a aptidão cardiorrespiratória (VO2máx) e as variáveis da atenção obtidas

pelos estímulos congruente, incongruente e neutro ocorridos no teste de Flanker adaptado.

Posteriormente, para comparar o efeito do exercício físico moderado no desempenho da atenção, foram realizadas as análises descritivas. Para verificar a normalidade e homogeneidade dos dados, foram empregados os testes de Kolmogorov-Smirnov e Levene, respectivamente. Tendo todas as variáveis apresentado normalidade, os dados foram expressos em média e (±) desvio padrão. Para comparação entre os grupos controle e experimental (CON e EXE) e intra (pré e pós) grupos foi empregado à análise de variância (ANOVA) para medidas repetidas com interação entre e intra-assuntos. Para ambos objetivos o nível de significância foi fixado em 5% (p≤0,05). Todos os

procedimentos foram realizados com auxílio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) 19.0 para Windows.

(35)

5. RESULTADOS

A amostra estudada no primeiro objetivo específico da pesquisa foi constituída de 20 crianças do sexo masculino (n=10 – 50%) e do sexo feminino (n=10 – 50%). As tabelas 1, 2 e 3 expressam os resultados encontrados para essa amostra, a qual foi estudada com o objetivo de correlacionar o consumo máximo de oxigênio e as respostas da atenção.

Os indivíduos tiveram um desempenho médio de 21 pontos no CCEB, resultado que os caracteriza na classe média-baixa, a qual é predominante na região demográfica estudada (ABEP, 2012). Os demais dados de caracterização encontram-se na tabela 1.

Tabela 1. Caracterização da amostra.

Média ± Desvio Padrão Idade

(anos) 8,65 ± 1,18

Peso

(kg) 30,81 ± 7,40

Estatura

(cm) 135,58 ± 11,31

Tanner

(estágio) 1,35 ± 0,58 Sócioeconômico

(pontos) 21,05 ± 6,87

(36)

Tabela 2. Média e desvio padrão das variáveis dependentes e da variável independente.

Média ± Desvio Padrão VO2máx

(ml.kg-1.min-1) 38,26 ± 5,79 Congruentes

(ms) 993,07 ± 53,08 Incongruentes

(ms) 986,34 ± 63,69 Neutros

(ms) 998,11 ± 61,05

A regressão linear simples apontou relação moderada entre VO2máx e

os grupos de estímulos “congruente” e “incongruente” e relação forte entre VO2máx e o grupo de estímulo “neutro”, sendo que as três relações

apresentaram valor de p<0,005. Os dados estão expressos na tabela 3.

Tabela 3. Valores da Regressão Linear Simples.

R2 β p

VO2máx

X

Congruente 0,366 -0,605 0,005

VO2máx

X

Incongruente 0,423 -0,650 0,002 VO2máx

X

Neutro 0,592 -0,769 0,001

(37)

experimental 78,3%. Observa-se que, assim como idade e estatura, e apesar de apresentar médias com as maiores diferenças, as variáveis peso, estágio maturacional (Tanner), socioeconômico e VO2máx não apresentaram

diferenças significativas entre os grupos.

Tabela 4. Valores da estatística descritiva – amostra final.

CONTROLE EXPERIMENTAL

Média ± DP Mín – Máx Média ± DP Mín – Máx Idade

(anos) 10,68 ± 2,65 7 – 14 10,21 ± 2,41 7 – 14 Peso

(kg) 37,02 ± 14,72 19,2 – 70,7 38,38 ± 11,20 21,6 – 58,45 Estatura

(cm) 145,06 ± 16,99 119 – 171 145,39 ± 15,16 115 – 173 Tanner

(estágio) 2,31 ± 1,07 1 – 4 1,82 ± 1,07 1 – 4 Sócioeconômico

(pontos) 23,37 ± 6,99 13 – 32 21,08 ± 5,43 14 – 35 VO2máx

(ml.kg.min-1) 38,2 ± 6,79 27,48 – 48,55 39,51 ± 6,09 29,9 – 52,02

No que se refere ao tempo de reação, nos estímulos congruentes, incongruentes e neutro da amostra final, os valores apontados são maiores no momento pós exercício físico, com exceção do estímulo “neutro”, do grupo controle, conforme observado na tabela 5.

Tabela 5. Valores do tempo de reação no teste de Flanker adaptado

CONTROLE EXPERIMENTAL

Pré Pós Pré Pós

Congruentes

(ms) 1023,66±35,81 1021,51±23,08 993,73±32,21 1011,77±30,4 Incongruentes

(ms) 994,04±35,05 1005,72±39,26 991,5±34,35 1009,30±31,20 Neutros

(ms) 1000,01±41,32 999,51±30,13 991,7±38,6 991,47±35,23

(38)

significativas são os córtex traçados como responsáveis pela atenção: pré-frontal, parietal e occipital.

Sete dos onzes eletrodos apresentados para a região pré-frontal apontam diferença estatisticamente significativa (entre os momentos pré e pós) intra e entre os grupos, conforme tabela 6. Destas, a maioria referem-se à latência, apontando que a atividade elétrica cerebral foi mais rápida.

Na tabela 7, cujos valores da região central são apresentados, observa-se que os eletrodos onde houve diferença significativa são os nomeados “CP” e se referem a uma localização mais próxima à região parietal. O mesmo não ocorre na tabela 8, onde os valores expressos são referentes à região temporal, a qual não apresenta relação com a atenção.

(39)

Tabela 6. Valores referentes aos eletrodos da região pré-frontal.

† p=0,002 em relação ao momento pré da mesma sessão;

* p=0,037 em relação ao momento pré da mesma sessão; € p=0,048 em relação ao momento pré da mesma sessão; ¥ p=0,005 em relação ao momento pré da mesma sessão;

£ p=0,04 em relação ao mesmo momento da sessão experimental;

β p=0,026 em relação ao momento pré da mesma sessão;

α p=0,046 em relação ao mesmo momento da sessão experimental;

c p=0,004 relação ao mesmo momento da sessão experimental.

CONTROLE EXPERIMENTAL

Pré Pós Pré Pós

Lat (ms) Amp (µV) Lat (ms) Amp (µV) Lat (ms) Amp (µV) Lat (ms) Amp (µV) AFZ 226,80±32,10 2,51±1,76 225,58±36,09 2,06±1,23 225,78±29,83 2,09±1,34 210,24±33,19* 2,40±1,90 AF3 218,58±21,84 2,20±1,55 215,28±24,9 1,33±0,62 224,72±30,25 2,13±1,17 214,82±21,82 2,74±2,05 AF4 220,40±33,05 1,52±1,01 205,57±31,56€ 2,17±1,91 221,16±34,40 1,54±0,88 204,87±19,59 3,00±2,13¥ FPZ 218,92±37,03 2,37±1,35 190,31±25,28¥£ 2,26±1,84 221,00±32,00 2,15±1,66 210,48±41,48£ 3,35±3,37 FP1 215,46±34,82 2,87±1,59 203,62±25,56 1,57±1,05βα 213,22±32,96 2,06±1,39 210,26±31,92 2,25±1,40α

(40)

Tabela 7. Valores referentes aos eletrodos da região central.

CONTROLE EXPERIMENTAL

Pré Pós Pré Pós

Lat (ms) Amp (µV) Lat (ms) Amp (µV) Lat (ms) Amp (µV) Lat (ms) Amp (µV) FC1 228,93±33,47 1,60±0,99 222,15±29,30 1,46±0,62 209,81±32,39 1,32±0,91 208,59±29,84 1,31±0,96 FC5 219,40±30,08 2,09±1,03 215,66±28,59 1,60±0,88 209,38±33,45 1,55±1,54 212,75±23,28 2,00±1,54 FC2 215,42±26,65 1,44±0,70 218,70±22,67 1,94±1,65 223,68±31,80 1,32±1,05 224,83±27,84 1,35±1,43 FC6 217,86±31,66 1,59±0,81 224,32±27,93 1,54±0,88 228,27±25,50 1,50±0,99 219,91±17,79 1,35±1,06 CZ 223,09±25,67 1,51±1,22 218,21±30,53 1,67±0,64 225,11±22,61 1,59±1,15 215,28±29,00 1,49±1,35 C3 216,35±24,60 1,22±1,32 232,48±27,51 1,32±0,59 215,96±23,07 1,51±1,43 215,99±26,06 1,39±0,97 C4 215,24±23,19† 1,66±0,70 213,65±26,82 1,38±0,81 230,35±21,70 1,58±0,93 208,43±30,59* 1,37±0,92 CP1 203,48±21,72 1,95±1,29 232,61±23,35§ 1,64±0,99 210,98±33,91 1,89±1,94 212,64±27,54‡ 2,63±1,67¥ CP5 206,14±18,09 1,23±0,52 225,35±35,64 2,08±1,58 216,96±26,27 1,15±0,47 211,08±32,20 2,17±1,85β

CP2 208,86±33,93 1,29±0,79 207,10±37,06 2,53±1,64α€ 204,94±34,30 2,16±1,49 215,22±33,11 1,99±1,58

CP6 218,39±21,14 1,38±0,70 217,96±32,70 1,55±0,86 221,41±24,47 1,43±0,88 211,33±24,68 1,45±0,98

*p=0,024 em relação ao momento pré intra-sessão;

†p=0,048 em relação ao momento pré da sessão experimental;

‡p=0,042 em relação ao mesmo momento da sessão controle;

§p=0,023 em relação ao momento pré da mesma sessão;

¥p=0,026 em relação ao mesmo momento da sessão controle;

βp=0,012 em relação ao momento pré da mesma sessão;

α p=0,032 em relação ao momento pré da mesma sessão;

(41)

Tabela 8. Valores referentes aos eletrodos da região temporal.

CONTROLE EXPERIMENTAL

Pré Pós Pré Pós

Lat (ms)

Amp (µV)

Lat (ms)

Amp (µV)

Lat (ms)

Amp (µV)

Lat (ms)

Amp (µV) T3 228,64±23,72 1,80±0,84 206,72±32,32 1,48±0,73 219,08±31,93 2,05±1,57 208,83±22,43 1,36±0,95 T5 217,43±17,72 1,56±0,94 208,66±34,27 1,72±1,24 210,36±27,98 1,43±0,88 201,78±26,03 1,91±1,28 T4 227,36±24,14 1,34±0,94 225,61±37,80 2,04±0,90 219,85±29,26 1,89±0,73 221,45±28,25 1,60±1,12 T6 212,41±20,74 1,74±0,88 219,24±36,46 1,15±0,90 213,09±16,62 0,95±0,73 199,39±30,13 1,40±0,93*

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Tabela 9. Valores referentes aos eletrodos da região parietal.

CONTROLE EXPERIMENTAL

Pré Pós Pré Pós

Lat (ms)

Amp (µV)

Lat (ms)

Amp (µV)

Lat (ms)

Amp (µV)

Lat (ms)

Amp (µV) PZ 213,32±37,11 1,33±0,97 229,54±21,94§ 2,16±1,10* 218,97±24,71 1,31±0,81 227,45±25,45 1,90±1,61 P3 217,19±32,03 1,16±0,80 204,41±23,54 1,52±0,70 215,04±29,85 1,37±0,91 216,65±33,08 1,23±1,11 P4 196,33±27,44 1,08±0,67 205,17±11,22 1,08±0,85 219,71±33,78 1,32±0,35 205,44±10,08 1,55±1,64

(43)

Tabela 10. Valores referentes aos eletrodos da região occipital.

CONTROLE EXPERIMENTAL

Pré Pós Pré Pós

Lat (ms)

Amp (µV)

Lat (ms)

Amp (µV)

Lat (ms)

Amp (µV)

Lat (ms)

Amp (µV) O1 216,15±29,15 0,94±0,69 214,00±27,48 1,85±1,59* 218,73±21,96 1,26±0,72 214,96±28,30 1,04±1,15 O2 211,52±35,25 1,55±1,16 208,30±26,55 1,14±1,00 223,99±21,75 1,52±0,72 203,78±32,88‡ 1,49±1,32

(44)

6. DISCUSSÃO

Os resultados apresentados apontam que a aptidão cardiorrespiratória se relaciona de maneira significativa com os grupos de estímulos do teste de Flanker adaptado. Os indivíduos apresentaram menor tempo de reação ao comparar os estímulos congruente e incongruente. Resultado semelhante foi encontrado por Wu et al. (2011) ao observar 48 pré-adolescentes, com idade média de 10,1 anos, divididos em grupos de acordo com o nível de aptidão aeróbica. O condicionamento de tais indivíduos, apesar de não influenciar o tempo de reação em cada grupo de estímulos, foi diretamente relacionado à precisão de respostas no teste de Flanker modificado, sendo que, as crianças com maiores índices de condicionamento apresentaram melhor exatidão de resposta.

Do mesmo modo que o condicionamento aeróbico é capaz de favorecer o cérebro e a cognição durante toda vida (HILLMAN; ERICKSON; KRAMER, 2008), vasta gama da literatura relaciona o baixo nível de condicionamento aeróbico com déficits na função executiva (PONTIFEX e tal., 2011.; COLCOMBE; KRAMER, 2003; COLCOMBE et al., 2004; COLCOMBE et al., 2006; ETNIER et al., 2006; KRAMER et al., 1999), afetando negativamente funções do controle executivo, incluindo a atenção seletiva (CASTELLI et al., 2007; SIBLEY; ETNIER, 2003).

Assim como no presente estudo a aptidão cardiorespiratória mostrou-se relacionar diretamente com os grupos de estímulos do teste de Flanker, outros fatores ainda sobre essa qualidade física deverão ser observados, pois estudos recentes demonstram uma relação entre esta aptidão com a identificação precoce de problemas como doenças coronárias, além de diversas doenças frequentemente tidas como deletérias das quais destacamos diabetes, obesidade, hipertensão e doenças coronarianas (BURGOS et al., 2010.; CARVALHO FILHO et al., 2006).

(45)

associação, Vasques et al.(2007) demonstraram uma alta frequência de crianças/adolescentes que não atingiram o mínimo para a saúde (2/3 para os meninos e 1/3 para as meninas).

Uma das dificuldades encontradas nos estudos abordando a aptidão cardiorrespiratória em escolares é a falta de instrumento que possibilite classificar essa variável e posteriormente compará-la com estudos previamente existentes. O presente estudo utilizou a avaliação direta do consumo de oxigênio como ferramenta para avaliar a aptidão cardiorespiratória, fato que nos impossibita utilizar tabelas de desempenho para classificação desta valência, como as propostas pela Associação Americana para Saúde, Educação Física, Recreação e Dança (AAHPERD, 1988) a qual utiliza o teste de corrida/caminhada de 1 milha para crianças de 8 a 17 anos, ou meia milha para crianças mais novas compreendendo a faixa etária entre 5 a 7 anos. Apesar da facilidade de aplicação dos testes de campo, os mesmos devem ser analisados com cautela uma vez que estes podem apresentar correlações moderadas quando comparados aos métodos laboratoriais (diretos) como o utilizado no presente estudo (PALUDO et al, 2012).

Mesmo com a inexistência de tabelas que possbilitem classificar a aptidão cardiorrespiratória em crianças e adolescentes, nossos achados corroboram os estudos de Pontiflex et al (2011) quanto à aptidão cardiorrespiratória. Porém, tanto a idade (10,1 ± 0,6) quanto os resultados de Tanner foram superiores aos nossos (1,7

± 0,5). Em estudo recente, Venâncio et al. (2012) encontraram valores de VO2 máx

superiores ao nosso, porém além da amostra do estudo em questão apresentar valores médios de idade superior ao nosso algumas modalidades como o atletismo tendem a potencializar o incremento desta variável.

(46)

associados à saúde cerebral e cognitiva (CHADDOCK et al., 2012), além de estar cada vez mais associado à manutenção do desempenho cognitivo e ao funcionamento do cérebro ao longo da vida (HERTZOG et al., 2009). Outro fator que pode vir a influenciar na vida adulta é o status sócio-econômico durante a infância (POULTON, 2002).

Aptidão física é um dos fatores do estilo de vida que mais se associa a menores níveis de risco de se desenvolver doenças e morte por todas as causas, sobretudo ao se considerar como seu indicador o consumo máximo de oxigênio (VO2máx) (LEE; BLAIR, 2002). Fatores de desenvolvimento e crescimento e o alto

nível de atividade física entre 8 – 18 anos, são os principais colaboradores para o aumento do VO2máx nesta faixa etária (ROWLAND, 1989).

Silva e Petroisk (2007) avaliaram 779 escolares (404 meninos e 379 meninas) com idade entre 07 – 14 anos, de sete cidades da região geo-econômica “Continguiba”, no estado de Sergipe, e constataram que, durante a puberdade, existe aumento gradativo do VO2máxabsoluto em ambos os sexos, estabilidade do

VO2máx relativo à massa corporal no sexo masculino e queda dos valores do

mesmo no sexo feminino. Uma vez que o VO2máx depende da quantidade de

músculos envolvidos na atividade, é aceitável que o sexo masculino apresente valores superiores quando comparados ao sexo feminino devido ao aumento de massa muscular no sexo masculino e do aumento do percentual de gordura no sexo feminino (HOWLEY; BASSET ; WELCH, 1995).

Também com o intuito de avaliar o VO2máx em crianças e adolescentes,

Machado, Guglielmo e Denadai (2002), desenvolveram um estudos com 40 meninos, entre 10-15 anos de idade, para investigar se idade e maturação biológica interferem nos índices de VO2máx. De acordo com seus achados, as variáveis

analisadas influenciam no VO2máx apenas quando é expresso em valores absolutos

(l/min), o mesmo não ocorre quando os valores de VO2máx são relativos à massa

corporal (l.kg-1.min-1), os quais foram utilizados no presente estudo.

(47)

2009). A amostra total deste estudo foi submetida ao teste de Flanker adaptado, sob monitorização do EEG com o objetivo de comparar o efeito agudo do exercício físico moderado no desempenho da atenção seletiva.

Os resultados apresentados para este objetivo apontam que o exercício físico tende a corroborar com o desempenho cognitivo no teste de Flanker adaptado. Para analisar a atividade elétrica cerebral utilizou-se do componente N2, identificado 180-325ms após a apresentação de um estímulo auditivo ou visual (PATEL e AZZAM, 2005), sendo o último o estímulo aplicado nesta pesquisa.

Estudos com os mais variados objetivos têm englobado o N2. Referindo-se a estímulos visuais, Lamm et al. (2012) ao estudarem 70 crianças (9,57 anos), aplicaram o teste “go/no-go” nomeado “Zoo Game”, caracterizado como teste de tomada de decisão, assim como o teste de Flanker adaptado, utilizado nesta pesquisa. Neste, imagens de animais se alternavam e foram caracterizadas como “com carga afetiva” (imagens que causavam medo – por exemplo, animais com dentes expostos) e “neutros” (imagens sem carga afetiva). Os resultados apontam que houve maior ativação do N2 ao serem apresentadas as imagens “com carga afetiva”, além de apresentarem reações mais rápidas.

Resultados semelhantes ao anterior, porém, utilizando-se de estímulos auditivos foram encontrados ao analisar o impacto de uma trilha sonora ao assistir um filme. Os achados apontam que dentro de uma amostra de 97 indivíduos dividida em grupos (crianças (n=36, 10-12 anos), adolescentes “jovens” (n=32, 13-15 anos), adolescentes “velhos” (n=19, 16-17 anos) e adultos (n=10, 22-28 anos)), houve maior ativação do N2 durante o filme com trilha sonora ao comparar com o momento onde assistiram ao filme sem som (MAHAJAN ; McARTHUR, 2011).

(48)

de longo prazo do exercício físico são mais robustos do que efeitos de curto prazo após uma sessão aguda (STROTH et al., 2009).

No que diz respeito à ativação cerebral, durante o N2, os presentes resultados apontam que as áreas onde houveram maiores índices de valores significativos (inclusive se tratando de diferenças entre os grupos) foram os córtex pré-frontal, parietal e occipital, além de eletrodos localizados na região centro-parietal. Na região temporal, onde estavam localizados 4 eletrodos, observou-se diferença significativa apenas em um deles, somente nos valores de amplitude e apenas entre os momentos do grupo experimental.

Em um estudo realizado com 30 indivíduos, Adleman et al. (2002) utilizando-se de um equipamento de ressonância magnética (fRMI), obutilizando-servaram que, aos dividi-los em 3 grupos (crianças, adolescentes e adultos jovens) e ao comparar adultos e adolescentes, os adultos apresentaram maior ativação do giro frontal médio esquerdo durante o teste de Stroop, utilizado para medir os níveis atencionais. Maior ativação adulta nas regiões parietal e parieto-occipital também foi encontrada ao comparar com o grupo de crianças. Por fim, adolescentes e adultos apresentaram maior ativação parietal que as crianças.

O presente estudo não comparou faixas etárias diferentes, porém, observa-se que as áreas ativadas foram muito semelhantes. Gazzaniga, Ivry e Mangun (2006) apontam que o controle atencional envolve os córtex pré-frontal, parietal, occipital, além de estruturas sub-corticais. No que se refere à função executiva, o córtex pré-frontal tem se mostrado fundamental (KRAMER et al., 1999; COLCOMBE; KRAMER, 2003; COLCOMBE et al., 2006; HILLMAN et al., 2009).

Imagem

Figura 1. Imagens dos estímulos do teste de Flanker adaptado
Tabela 1. Caracterização da amostra.
Tabela  2.  Média  e  desvio  padrão  das  variáveis  dependentes  e  da  variável  independente
Tabela 5. Valores do tempo de reação no teste de Flanker adaptado  CONTROLE  EXPERIMENTAL  Pré  Pós  Pré  Pós  Congruentes  (ms)  1023,66±35,81  1021,51±23,08  993,73±32,21  1011,77±30,4  Incongruentes  (ms)  994,04±35,05  1005,72±39,26  991,5±34,35  1009,
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