UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ ÁREA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE MEDICINA SAÚDE DO ADULTO E DO IDOSO III
Nardeli Boufleur nardeli@unochapeco.edu.br
E
MENTAÉtica. Fundamentos clínicos, morfológicos funcionais do ser humano: propedêutica médica do adulto e do idoso.
Raciocínio clínico, diagnóstico laboratorial/radiológico e tratamento de agravos à saúde relacionados aos sistemas respiratório, cardiovascular e gastro-intestinal prevalentes no adulto e no idoso, tendo como ponto de partida sinais e sintomas. Fundamentos teóricos e práticos de técnica cirúrgica relacionados aos temas da fase. Fundamentos de farmacologia clínica e de patologia relacionados aos temas da fase. Atividades práticas em ambulatórios das UBS e em ambiente hospitalar. Saúde, Sociedade e Meio Ambiente:
Mecanismos de promoção da saúde e prevenção de doenças relacionadas ao módulo. Manejo de informações para construção de conhecimentos: integrado com os módulos especificidades de gênero e saúde da criança e do adolescente - monografia I.
C
RONOGRAMA06/05 (3ª 13:30 – 17:05): Farmacologia aplicada ao sistema digestório
21/05 (4ª 13:30 – 17:05): Farmacologia aplicada ao sistema digestório
23/05 (6ª 08:20 – 11:55): Farmacologia aplicada ao sistema respiratório
27/05 (3ª 13:30 – 17:05): Farmacologia aplicada ao sistema cardiovascular
28/05 (4ª 13:30 – 17:05): Farmacologia aplicada ao sistema cardiovascular
04/06 (4ª 19:00 – 22:35): Farmacologia aplicada ao sistema cardiovascular
18/06 (4ª 19:00 – 22:35): Avaliação pontual de farmacologia
SECREÇÃO GÁSTRICA
- 2,5 l/dia de suco gástrico
Células principais ou pépticas
Células parietais ou oxínticas pepsinogênio
Ácido clorídrico pepsina (proteínas → peptídeos)
pH ácido
Células parietais ou oxínticas A produção de ácido é importante para promoção da digestão proteolítica dos alimentos, absorção do ferro e eliminação de patógenos.
Células secretoras de muco
Íons bicarbonato presos no muco:
Barreira protetora pH 6-7 da mucosa
SECREÇÃO GÁSTRICA
PROTEÇÃO DA MUCOSA GÁSTRICA Abundantes entre as céls superficiais da mucosa
Estimulam a secreção de muco e bicarbonato;
↓ produção de ácido gástrico;
previnem a vasoconstrição (dano à mucosa) que ocorre após estímulo agressivo.
produzidas localmente
Desequilíbrios desses mecanismos secretores e protetores
patogênese da úlcera péptica
outros tipos de comprometimento gástrico como a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) e lesões causadas pelos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs).
Principais estímulos que atuam sobre as células parietais
Gs Gq
hormônio local
hormônio peptídico
OBS: prostaglandinas E2 e I2 e somatostatina (hormônio peptídico) inibem a secreção de ácido Etanol e cafeína:
efeito estimulatório
COORDENAÇÃODOS FATORESQUEREGULAM ASECREÇÃOÁCIDA
Liberação de gastrina (células G).
Atua nas células ECS → liberação de histamina e pode possuir um efeito secundário sobre as próprias células parietais (?).
A histamina atua sobre as células parietais: ↑ o AMPc e ativa a secreção de prótons.
Estimulação vagal direta - liberação de ACh → estimula os receptores M3 nas células parietais.
A somatostatina provavelmente exerce sua influência inibitória tônica sobre as células G, as ECS e as células parietais.
As prostaglandinas exercem efeito inibitório
predominantemente sobre a função das células ECS.
COORDENAÇÃODOS FATORESQUEREGULAM ASECREÇÃOÁCIDA
FÁRMACOSUTILIZADOSEMDOENÇASÁCIDO-PÉPTICAS
refluxo gastroesofágico,
úlcera péptica (gástrica e duodenal),
lesão da mucosa relacionada a estresses.
Efeitos cáusticos de fatores agressivos (ácido, pepsina, bile) superam os fatores de defesa da mucosa gastrintestinal.
Lesão aberta na pele ou mucosas ÚLCERAS
Úlcera péptica é a lesão da mucosa gastrintestinal
Mais de 99% dos casos de úlcera péptica são causados por infecção pelo Helicobacter pylori – um bacilo gram- negativo que causa gastrite crônica – ou pelo uso de AINEs (inibição da ciclo-oxigenase-1 → responsável pela síntese das prostaglandinas).
ÚLCERAS
produção de úlceras gástricas e, mais particularmente, de úlceras duodenais; fator de risco para câncer gástrico.
Fatores desencadeantes
•Infecção Helicobacter pylori
•AINEs
•↑
acidez (pepsina e HCl)•Defesa inadequada da mucosa
•Estresse (↑ secreção de ácido)
•Ansiedade
•Fumo
Abordagens terapêuticas 1) Eliminar infecção por H. pylori;
2) ↓ secreção HCl (antagonista H2 ou IBP), e/ou 3) Fármaco que proteja a mucosa.
ÚLCERAS
FÁRMACOSUTILIZADOSEMDOENÇASÁCIDO-PÉPTICAS
Os fármacos utilizados no tratamento dos distúrbios ácido- pépticos podem ser divididos em duas classes:
AGENTES QUE REDUZEM A ACIDEZ INTRAGÁSTRICA
AGENTES QUE PROMOVEM A DEFESA DA MUCOSA
AGENTES QUE REDUZEM A ACIDEZ INTRAGÁSTRICA
A
NTIÁCIDOSUtilizados há séculos no tratamento de pacientes com dispepsia e doenças ácido-pépticas.
Eram a base do tratamento dos distúrbios ácido-pépticos até o advento dos antagonistas dos receptores H2 e inibidores da bomba de prótons.
São bases fracas que reagem com o ácido clorídrico gástrico, formando sal e água (neutralização).
Ao alcalinizar o meio, não permitem a transformação de pepsinogênio em pepsina (que aumentaria a secreção de suco gástrico) – ação antipéptica.
ANTIÁCIDOS
Administrados em quantidade suficiente, por tempo suficiente, podem produzir fechamento de úlceras duodenais, mas são menos eficazes para úlceras gástricas.
ANTIÁCIDOS
Bicarbonato de sódio
Reage rapidamente
O álcali que não reage é prontamente absorvido → alcalose metabólica (altas doses ou pacientes com insuficiência renal).
A absorção de NaCl pode exacerbar a retenção de líquido em pacientes com insuficiência cardíaca, hipertensão e insuficiência renal.
distensão gástrica e eructações
ANTIÁCIDOS
Bicarbonato de sódio
Com o uso prolongado:
↑ necessidade de vitamina K e ↓ absorção de triptofano e de ferro. Tomar suplemento de ferro separadamente, 1 hora antes ou 2 horas após o fármaco.
Precaução com suplemento de cálcio ou ingestão elevada de leite (o cálcio ↑ a absorção do bicarbonato).
ANTIÁCIDOS
Carbonato de cálcio
É menos solúvel e reage mais lentamente
CaCO3 + 2HCl → CaCl2 + H2O + CO2
Com o uso prolongado:
Pode produzir rebote ácido por estimulação da gastrina (cálcio), constipação, ↓ absorção de ferro e de fosfato.
distensão gástrica e eructações
ANTIÁCIDOS
Uso de doses excessivas de bicarbonato de sódio ou de carbonato de cálcio com laticínios contendo cálcio
desenvolvimento de hipercalcemia e alcalose metabólica (o cálcio ↑ a absorção do álcali).
Síndrome do leite-álcali
ANTIÁCIDOS
As formulações que contêm hidróxido de magnésio ou hidróxido de alumínio reagem lentamente com HCl, formando cloreto de magnésio ou cloreto de alumínio e água.
Não há produção de gás, não ocorre eructação.
A alcalose metabólica também é incomum → eficiência da reação de neutralização.
ANTIÁCIDOS
Hidróxido de alumínio:
Agrega-se à parede intestinal, ↓ a secreção de água e muco, resseca as fezes → constipação.
Hidróxido de magnésio:
O magnésio não é solúvel, adere-se à parede intestinal e retira a água por osmose da parede para o lúmen → diarreia com perda de princípios nutritivos.
ANTIÁCIDOS
Costumam ser administrados juntos em formulações patenteadas (Gelusil, Maalox, Mylanta) para minimizar os impactos sobre a função intestinal.
ANTIÁCIDOS
Com o uso prolongado:
Hidróxido de alumínio
↓ a absorção de vitamina B12, ácido fólico, vitamina A, ferro, potássio, cobre, cálcio, fosfatos.
Hidróxido de magnésio
↓absorção de vitamina A e B1, fosfato, ferro e cálcio.
ANTIÁCIDOS
Pacientes com insuficiência renal não devem tomar esses agentes por um longo período de tempo (magnésio e alumínio são excretados pelos rins).
Algumas preparações contêm altas concentrações de sódio.
ANTIÁCIDOS
↑ do pH estimula a liberação de gastrina → secreção compensatória de HCl e pepsina.
Rebote mais proeminente no caso de uso de carbonatos.
ANTIÁCIDOS
aa e peptídeos; leite e soluções de sais de cálcio
Trissilicato de magnésio
Reage lentamente com o suco gástrico, formando cloreto de magnésio e sílica coloidal.
Efeito antiácido prolongado
Pode adsorver pepsina (↓ degradação do muco)
Uso prolongado:
Diarreia (perda de proteínas, eletrólitos e água)
↓ absorção de riboflavina (B2), vitamina A e B1, potássio.
Cálculos renais de sílica.
ANTIÁCIDOS
Alginatos e simeticona algumas vezes são combinados aos antiácidos.
Alginatos: ↑ a viscosidade e a aderência do muco à mucosa esofágica → barreira protetora
Simeticona (forma ativada da dimeticona): agente antiespumante → aliviar a distensão abdominal e a flatulência.
ANTIÁCIDOS
Interações medicamentosas
Os antiácidos podem afetar a absorção de outros fármacos:
ligação ao fármaco (↓ absorção)
↑ pH intragástrico (afeta a dissolução ou a solubilidade de alguns fármacos).
Não administrar antiácidos dentro de 2 horas após doses de tetraciclinas, fluoroquinolonas, itraconazol, cetoconazol e ferro.
ANTIÁCIDOS
Usos clínicos
Dispepsia
Alívio sintomático na úlcera péptica ou (alginato) refluxo esofágico.
ANTIÁCIDOS
A
NTAGONISTASDOSRECEPTORESH2
Desde a sua introdução, em meados da década de 1970, até o início da década de 1990, foram os fármacos mais prescritos.
Depois:
Reconhecimento do H. pylori na úlcera
Advento dos inibidores da bomba de prótons (IBP)
Inibem competitivamente as ações da histamina em todos os receptores H2
Podem inibir a secreção de ácido estimulada pela histamina e pela gastrina
A secreção de pepsina também ↓ com a redução de volume do suco gástrico.
ANTAGONISTASDOSRECEPTORES H2
↓ a secreção de ácido tanto basal como estimulada por alimentos em 90% ou mais
Ensaios clínicos indicam que também promovem fechamento de úlceras duodenais
Prováveis as recidivas após a suspensão do tratamento.
ANTAGONISTASDOSRECEPTORES H2
Cimetidina
Ranitidina (algumas vezes combinada a bismuto)
Nizatidina
Famotidina
ANTAGONISTASDOSRECEPTORES H2
Farmacocinética
Rapidamente absorvidos pelo intestino.
Cimetidina, ranitidina e famotidina sofrem metabolismo hepático de primeira passagem (biodisponibilidade de cerca de 50%).
Nizatidina: pouco metabolismo de primeira passagem.
Meia-vida sérica: 1,1 – 4 horas (duração de ação depende da dose).
ANTAGONISTASDOSRECEPTORES H2
Farmacocinética
Depuração: metabolismo hepático + filtração glomerular + secreção tubular renal.
↓ a dose em pacientes com insuficiência renal moderada a grave (e, possivelmente, insuficiência hepática grave).
Idoso: ↓ até 50% a depuração dos fármacos; ↓ o volume de distribuição.
ANTAGONISTASDOSRECEPTORES H2
KATZUNG, Bertram G. Farmacologia básica e clínica. 9.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
A potência dos 4 antagonistas dos receptores H2 varia em mais de 50 vezes.
Disponíveis preparações para uso intramuscular e intravenoso.
ANTAGONISTASDOSRECEPTORES H2
Nas doses habituais, inibem 60-70% da secreção total de ácido em 24 horas.
Eficazes na inibição da secreção ácida noturna (depende, em grande parte, da histamina)
Impacto moderado na secreção de ácido estimulada pelo alimento (estimulada por gastrina, Ach e histamina).
Bloqueiam mais de 90% da secreção noturna de ácido; apenas 60-80% da secreção diurna.
ANTAGONISTASDOSRECEPTORES H2
Usos clínicos
Doença por refluxo gastroesofágico (DRGE)
Doença ulcerosa péptica
Dispepsia não-ulcerosa
Prevenção de sangramento da gastrite relacionada ao estresse
Inibição da secreção de ácido + perfil de segurança superiores → IBP estão substituindo os antagonistas H2 na maioria das indicações clínicas.
ANTAGONISTASDOSRECEPTORES H2
Doença por refluxo gastroesofágico (DRGE)
Pacientes com pirose ou dispepsia pouco frequente (menos de 3 x/semana) podem tomar antiácidos ou antagonistas H2.
Efeito dos antiácidos: 1-2 horas
Efeito dos antagonistas H2: 6-10 horas
Os antagonistas H2 podem ser tomados de modo profilático antes das refeições.
ANTAGONISTASDOSRECEPTORES H2
Doença por refluxo gastroesofágico (DRGE)
A pirose de ocorrência frequente é mais bem tratada com antagonistas H2, 2x/dia (controle efetivo dos sintomas em 50-75%
dos indivíduos).
Em pacientes com esofagite erosiva, os antagonistas H2 produzem cura em menos de 50% dos pacientes.
Embora as doses mais altas de antagonistas H2 ↑ a taxa de cicatrização, preferem-se os IBP.
ANTAGONISTASDOSRECEPTORES H2
Doença ulcerosa péptica
Supressão da secreção ácida noturna → cicatrização efetiva das úlceras na maioria dos pacientes com úlceras gástricas e duodenais não-complicadas (cicatrização das úlceras superiores a 80-90% depois de 6-8 semanas de terapia).
Para pacientes com úlceras causadas por aspirina ou outro AINE, os antagonistas H2 produzem rápida cicatrização das úlceras, contanto que o AINE seja interrompido.
ANTAGONISTASDOSRECEPTORES H2
Dispepsia não-ulcerosa
Dispepsia intermitente não causada por úlcera péptica.
Prevenção de sangramento da gastrite relacionada ao estresse
↓ a incidência de sangramento da gastrite relacionada ao estresse (pacientes na UTI).
Via IV (a infusão rápida pode causar bradicardia e hipotensão).
ANTAGONISTASDOSRECEPTORES H2
Efeitos adversos
Raros
Em menos de 3% dos pacientes: diarreia, cefaleia, fadiga, mialgias.
SNC
Confusão, alucinações, agitação com a administração de antagonistas H2 por via IV (pacientes na UTI - idosos ou com disfunção renal ou hepática). Cimetidina.
ANTAGONISTASDOSRECEPTORES H2
Efeitos adversos
Efeitos endócrinos
Cimetidina - pequena afinidade por receptores de andrógenos.
Inibe a ligação da diidrotestosterona aos receptores de androgênio, inibe o metabolismo do estradiol e ↑ os níveis séricos de prolactina.
Utilizada a longo prazo ou em altas doses → ginecomastia ou impotência nos homens e galactorreia nas mulheres.
ANTAGONISTASDOSRECEPTORES H2
Efeitos adversos
Gravidez e lactação
Nenhum efeito prejudicial conhecido sobre o feto, mas atravessam a placenta.
Não devem ser administrados a mulheres grávidas, a não ser que seja absolutamente necessário.
Secretados no leite materno → podem afetar lactentes.
ANTAGONISTASDOSRECEPTORES H2
Com o uso prolongado:
Cimetidina
↓ ou interfere na absorção de ferro, ácido fólico
Cimetidina, ranitidina, famotidina e nizatidina
↓ a absorção de vitaminas A, B1, B12
Cafeína, xantinas, álcool e nicotina ↓ a absorção dos fármacos.
ANTAGONISTASDOSRECEPTORES H2
Interações medicamentosas
Cimetidina
Inibe o citocromo P450 e pode retardar o metabolismo (potencializar a ação) de vários fármacos.
Ranitidina: liga-se ao citocromo P450 com afinidade 4-10 vezes menor do que a cimetidina.
Nizatidina e famotidina: interação insignificante.
ANTAGONISTASDOSRECEPTORES H2
Lidocaína, propranolol, labetalol, metoprolol, antidepressivos tricíclicos, benzodiazepínicos, bloqueadores dos canais de cálcio, sulfonilureias,
metronidazol, etanol.
I
NIBIDORESDABOMBADEPRÓTONS(IBP)
Desde a sua introdução no final da década de 1980, rapidamente assumiram importante papel no tratamento dos distúrbios ácido-pépticos.
Estão entre os medicamentos mais vendidos no mundo
→ notável eficácia e segurança.
Inibem irreversivelmente a H+-K+-ATPase.
Em contraste com os antagonistas H2, os IBP inibem a secreção tanto em jejum quanto estimulada por alimentos.
Em doses convencionais, inibem 90-98% da secreção de ácido em 24 horas.
INIBIDORESDABOMBADEPRÓTONS
Omeprazol (Prilosec®)
Esomeprazol (Nexium®)
Lansoprazol (Prevacid®)
Pantoprazol (Protonix®)
Rabeprazol (Aciphex®)
Via de administração mais comum: oral
Algumas preparações injetáveis.
Administrados na forma de pró-fármacos inativos.
Degradam-se rapidamente em pH baixo → cápsulas contendo grânulos de revestimento entérico.
No intestino o revestimento entérico dissolve-se e o pró- fármaco é absorvido.
INIBIDORESDABOMBADEPRÓTONS
Do sangue, entra nas células parietais e depois nos canalículos (ácidos).
O pró-fármaco é protonado e concentrado dentro do canalículo da célula parietal. Sofre conversão molecular no cátion sulfonamida tiofílico reativo e ativo.
A sulfonamida reage com a bomba de prótons, formando uma ligação dissulfeto covalente e inativa irreversivelmente a enzima
meia-vida de ± 1 hora, mas uma dose diária única afeta a secreção de ácido por 2 a 3 dias.
INIBIDORESDABOMBADEPRÓTONS
A biodisponibilidade ↓ em ± 50% pelo alimento → administrados com estômago vazio.
Em jejum, apenas 10% das bombas de prótons secretam ativamente ácido e são suscetíveis à inibição.
IBP devem ser administrados ± 1 hora antes de uma refeição (desjejum ou jantar), de modo que a concentração sérica máxima possa coincidir com a atividade máxima da secreção da bomba de prótons.
Bebidas alcoólicas ↓ a absorção do fármaco INIBIDORESDABOMBADEPRÓTONS
Sofrem rápido metabolismo hepático sistêmico e de primeira passagem e apresentam depuração insignificante.
Não há necessidade de ↓ a dose em pacientes com insuficiência renal ou com hepatopatia leve a moderada (considerar em pacientes que apresentam grave comprometimento hepático).
INIBIDORESDABOMBADEPRÓTONS INIBIDORESDABOMBADEPRÓTONS
Usos clínicos
Doença por refluxo gastroesofágico (DRGE)
Doença ulcerosa péptica
Componente da terapia na infecção pelo Helicobacter pylori
Úlceras associadas a AINE
Prevenção da recorrência de sangramento de úlceras pépticas
Dispepsia não-ulcerosa
Prevenção de gastrite de estresse
Gastrinoma e outros distúrbios de hipersecreção
INIBIDORESDABOMBADEPRÓTONS
Doença por refluxo gastroesofágico (DRGE)
Agentes mais eficazes
Uma dose 1x/dia: alívio sintomático efetivo e cicatrização tecidual em 85-90% dos pacientes
Até 15% dos pacientes necessitam de uma dose 2x/dia INIBIDORESDABOMBADEPRÓTONS
Doença ulcerosa péptica
Em comparação com os antagonistas H2, os IBP proporcionam alívio mais rápido dos sintomas e cicatrização da úlcera mais rápida no caso das úlceras duodenais e, em menor grau, das úlceras gástricas.
Produzem cicatrização de mais de 90% das úlceras duodenais dentro de 4 semanas e de uma percentagem semelhante de úlceras gástricas em 6-8 semanas.
INIBIDORESDABOMBADEPRÓTONS
Úlceras associadas ao H. pylori
Dois objetivos terapêuticos: a cicatrização da úlcera e a erradicação do microorganismo.
Esquemas mais eficazes para a erradicação do H. pylori:
2 antibióticos + IBP
IBP: propriedades antimicrobianas diretas (de menor importância); ↑ do pH intragástrico ↓ concentrações inibitórias mínimas (CIM) de antibióticos contra H. pylori.
INIBIDORESDABOMBADEPRÓTONS
Modo de infecção por H. pylori:
H. Pylori adere à superfície epitelial gástrica
Produz amoníaco a partir da ureia, para neutralizar
o HCl
Migração e proliferação ao foco de infecção
Ulceração com destruição da
mucosa, inflamação e morte celular
TRATAMENTO TRIPLO
IBP (omeprazol 20 mg) Amoxicilina 1 g Claritromicina 500 mg 1 a 2 semanas
2x/dia
Ocasionalmente, adicionam-se preparações contendo bismuto.
Após completar a terapia tríplice, o IBP deve ser mantido uma vez ao dia, num total de 4-6 semanas → assegurar a cicatrização completa da úlcera.
Metronidazol 500 mg - pacientes alérgicos à penicilina)
Úlceras associadas a AINE
Rápida cicatrização da úlcera (IBP 1x/dia), contanto que o AINE seja suspenso.
Complicações de úlcera:
Ulceração péptica assintomática em 10-20% dos indivíduos em uso frequente de AINE;
Complicações relacionadas com a úlcera (sangramento, perfuração) em 1-2% dos pacientes por ano.
IBP (1x/dia): eficazes ao ↓ a incidência de úlceras e as complicações da úlcera em pacientes em uso de aspirina ou de outros AINEs.
INIBIDORESDABOMBADEPRÓTONS
Prevenção da recorrência de sangramento de úlceras pépticas
Pacientes que apresentam sangramento GI agudo em consequência de úlceras pépticas → ↑ risco de recidiva do sangramento (vaso visível ou coágulo aderente).
IBP: 3-5 dias em altas doses por via oral (p ex, omeprazol 40 mg por via oral, 2x/dia), ou na forma de infusão IV contínua.
INIBIDORESDABOMBADEPRÓTONS
Dispepsia não-ulcerosa
Eficácia moderada
Resultados em 10-20% mais pacientes do que o uso de placebo
A superioridade dos IBP em relação aos antagonistas H2 não foi conclusivamente demonstrada.
INIBIDORESDABOMBADEPRÓTONS
Prevenção de gastrite de estresse
IBP por via IV: cada vez mais utilizados em pacientes gravemente enfermos para ↓ a incidência de sangramento da mucosa associado a estresse.
Mas não há estudos clínicos controlados para demonstrar sua eficácia.
INIBIDORESDABOMBADEPRÓTONS
Gastrinoma e outros distúrbios de hipersecreção
Síndrome de Zollinger-Ellison: tumores raros de células secretoras de gastrina: ↑ a produção de suco gástrico, lesões.
Em pacientes com gastrinomas metastásicos ou não- ressecáveis, a hipersecreção maciça de ácido resulta em ulceração péptica, esofagite erosiva e má absorção.
IBP → excelente supressão do ácido.
Doses típicas de omeprazol: 60-120 mg/dia.
INIBIDORESDABOMBADEPRÓTONS
Efeitos adversos
Incomuns
Diarreia, cefaleia (ambas algumas vezes intensas) e dor abdominal em 1-5% dos pacientes.
Tontura, sonolência, confusão mental, impotência, ginecomastia e dores musculares e articulares.
INIBIDORESDABOMBADEPRÓTONS
Efeitos adversos
Usados com cautela em pacientes com hepatopatia ou em mulheres que estejam grávidas ou amamentando.
Sua segurança durante a gravidez ainda não foi estabelecida.
O uso desses fármacos pode mascarar os sintomas de câncer gástrico.
INIBIDORESDABOMBADEPRÓTONS
Efeitos adversos
Nutrição
Ácido: importante para liberação de vitamina B12 dos alimentos.
Discreta redução na absorção oral de cianocobalamina → níveis subnormais de vitamina B12 com tratamento prolongado.
Ácido: promove a absorção de minerais ligados a alimentos (ferro, cálcio, zinco), mas não foi relatada deficiência de minerais com o uso dos IBP.
INIBIDORESDABOMBADEPRÓTONS
Efeitos adversos
Infecções intestinais
Ácido gástrico: barreira à colonização e infecção do estômago e do intestino por bactérias ingeridas.
A hipocloridria de qualquer causa ↑ o risco de infecções entéricas.
INIBIDORESDABOMBADEPRÓTONS
Interações medicamentosas
↓ acidez gástrica pode alterar a absorção de fármacos cuja biodisponibilidade é afetada pela acidez intragástrica (p. ex., cetoconazol).
Omeprazol: pode inibir o metabolismo da varfarina, do diazepam e da fenitoína.
Esomeprazol: pode ↓ o metabolismo do diazepam.
Lansoprazol: pode ↑ a depuração da teofilina.
Rabeprazol e pantoprazol: sem interação importante.
As interações clinicamente significativas são raras.
INIBIDORESDABOMBADEPRÓTONS
AGENTES QUE PROMOVEM A DEFESA DA MUCOSA
F
ÁRMACOSQUEPROTEGEMAMUCOSAAgentes citoprotetores
↑ os mecanismos endógenos de proteção da mucosa e/ou proporcionam uma barreira física sobre a superfície da úlcera.
Sucralfato
Complexo de hidróxido de alumínio e sacarose sulfatada que libera alumínio em presença de ácido.
O complexo residual (sulfato de sacarose) possui forte carga negativa e se liga a grupos catiônicos em proteínas e glicoproteínas na base das úlceras ou da erosão.
FÁRMACOSQUEPROTEGEMAMUCOSA
Forma geis complexos com o muco = barreira física dificulta difusão de HCl;
Estimula secreção de prostaglandinas, bicarbonato e muco;
Inibe a ação da pepsina;
Liga-se ao fator de crescimento epitelial e ao fator de crescimento dos fibroblastos, intensificando o reparo da mucosa.
Cicatrização de úlceras duodenais e prevenção de sangramentos;
Sucralfato FÁRMACOSQUEPROTEGEMAMUCOSA
Via oral
Exige ambiente ácido para ativação → antiácidos administrados concomitantemente ou antes de sua administração ↓ sua eficácia.
Dose de 1 g, 4x/dia, com o estômago vazio (pelo menos 1 hora antes das refeições).
↓ a absorção de outros fármacos: fluorquinolonas, teofilina, tetraciclina, digoxina e amitriptilina.
Sucralfato FÁRMACOSQUEPROTEGEMAMUCOSA
Usos clínicos (limitados)
Cicatrização de úlceras duodenais (IBP mais eficazes)
Em pacientes gravemente enfermos na UTI, mostra-se eficaz para prevenção do sangramento da gastrite relacionada ao estresse
Qual o agente preferido?
Sucralfato (sonda nasogástrica), antagonistas H2 (IV) ou IBP (IV) ?
Não é eficaz na prevenção ou cicatrização de úlceras induzidas por AINEs.
Sucralfato FÁRMACOSQUEPROTEGEMAMUCOSA
Efeitos adversos
Poucos (não é absorvido)
Constipação (mais comum) em 2% dos pacientes devido ao sal de alumínio.
Boca seca, náuseas, vômitos, cefaleia, rashes.
Formação de bezoar gástrico (crosta obstrutiva que fica presa ao estômago).
Absorção de uma pequena quantidade de alumínio → não deve ser utilizado por períodos prolongados em pacientes com insuficiência renal.
Sucralfato FÁRMACOSQUEPROTEGEMAMUCOSA
Compostos de bismuto coloidal
Subsalicilato de bismuto
Subcitrato de bismuto
Dinitrato de bismuto
Dicitratobismutato tripotássico
O bismuto provavelmente recobre as úlceras e erosões, criando uma camada protetora contra o ácido e a pepsina.
Pode estimular a secreção de prostaglandinas, muco e bicarbonato.
FÁRMACOSQUEPROTEGEMAMUCOSA
Liga-se a enterotoxinas → efeito benéfico na prevenção e no tratamento da diarreia do viajante.
Atividade antimicrobiana direta contra o H. pylori.
Efeitos tóxicos sobre o bacilo e pode impedir sua aderência à mucosa ou inibir suas enzimas proteolíticas bacterianas.
Compostos de bismuto coloidal FÁRMACOSQUEPROTEGEMAMUCOSA
Usos clínicos
Tratamento inespecífico da dispepsia e diarreia aguda (sem prescrição médica)
Prevenção da diarreia do viajante (30 ml ou 2 comprimidos, 4x/dia)
Utilizados em esquemas de múltiplos fármacos para erradicação da infecção por H. pylori.
Compostos de bismuto coloidal FÁRMACOSQUEPROTEGEMAMUCOSA
Efeitos adversos
Náuseas e vômitos, escurecimento da língua e das fezes.
Utilizados por curtos períodos de tempo; evitados em pacientes com insuficiência renal.
Pouco é absorvido, mas se a eliminação renal for comprometida
→ pode resultar em encefalopatia (ataxia, cefaleia, confusão, convulsões).
Essa toxicidade não é relatada com o uso do subsalicilato de bismuto ou o citrato de bismuto.
Compostos de bismuto coloidal FÁRMACOSQUEPROTEGEMAMUCOSA
Análogos das prostaglandinas (Misoprostol)
As prostaglandinas da série E e I têm, em geral, ação protetora no TGI
Deficiência na produção endógena (após ingestão de um AINE) pode contribuir para a formação de úlcera.
O misoprostol é um análogo estável da PGE1.
Propriedades tanto inibidoras da secreção de ácido quanto protetoras da mucosa.
FÁRMACOSQUEPROTEGEMAMUCOSA
Ação direta sobre a célula ECS (possivelmente sobre a célula parietal), inibindo a secreção basal de ácido gástrico e a estimulação da produção que ocorre em resposta a alimentos, pentagastrina e cafeína.
↑ o fluxo sanguíneo na mucosa e
↑ a secreção de muco e de bicarbonato.
Misoprostol FÁRMACOSQUEPROTEGEMAMUCOSA
Após administração oral, sofre rápida absorção e metabolismo a um ácido livre metabolicamente ativo.
Meia-vida sérica: menos de 30 minutos; administrado 3 a 4 vezes ao dia.
Excretado na urina, mas não há necessidade de ↓ a dose em pacientes com insuficiência renal.
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Usos clínicos
Cicatrização de úlceras ou para prevenir lesão gástrica que pode ocorrer com o uso crônico de AINEs.
↓ a incidência de úlceras induzidas por AINE para menos de 3%, e das complicações da úlcera, em 50%.
Os IBP podem ser tão eficazes quanto o misoprostol, podendo ser mais bem tolerados.
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Efeitos adversos
Diarreia e cólicas abdominais em 10 a 20% dos pacientes
Contrações uterinas
Não foi relatada interação medicamentosa significativa.
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EFERÊNCIASRANG, H. P (Et al.). Farmacologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
KATZUNG, Bertram G. Farmacologia básica e clínica. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara/Koogan 2006.