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C U R S O D E F O R M A Ç Ã O PSICANÁLISE

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C U R S O D E F O R M A Ç Ã O

PSICANÁLISE

PSICOPATOLOGIA 1

Dr FRANCIS BITTENCOURT OLIVEIRA

2015

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DR FRANCIS BITTENCOURT

CLASSIFICAÇÃO QUANTO A CATEGORIA PARA FINS DIDÁTICOS 1) PSICOSES;

2) ESTADOS PSICÓTICOS;

3) CONDIÇÕES PSICÓTICAS.

PSICOSES

Perturbação grave das funções psíquicas que se caracteriza prin- cipalmente pela perda de contato com a realidade, pela incapacidade de adaptação social, por perturbações da comunicação e ausência de consciência da doença. A prejuízo de contato com a realidade é a prin- cipal característica de uma psicose à luz da psiquiatria, da psicologia e da psicanálise.

Para Freud, a psicose é resultado do conflito entre o ego e o mundo

exterior. Diante da frustração de fortes desejos infantis, o ego nega a

realidade externa e procura construir através do delírio um mundo inter-

no e externo de acordo com as tendências do id.

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DR FRANCIS BITTENCOURT

A psiquiatria distingue duas classes de psicoses: as orgânicas, on- de uma enfermidade orgânica é o princípio causal e as funcionais, onde não há lesão orgânica demonstrável. Três formas de psicose funcional são reconhecidas: a esquizofrenia, a psicose maníaco-depressiva (trans- torno bipolar, a partir da edição do CID-10) e a paranóia.

O quadro clínico pode ser de surgimento agudo ou crônico, ao evo- luir de forma muito lenta e gradativa, quando são de prognóstico bastan- te difícil. As formas agudas possuem uma sintomatologia muito mais ruidosa e quando bem diagnosticadas e tratadas, podem ser de excelen- te prognóstico.

Entende-se por prognóstico, o conhecimento ou juízo antecipado,

prévio, baseado necessariamente no diagnóstico médico e nas possibili-

dades terapêuticas, acerca da duração, da evolução e do eventual termo

de uma doença ou quadro clínico. É predição do médico de como a do-

ença do paciente irá evoluir, e se há e quais são as chances de cura. Já

diagnóstico, é o processo analítico de que se vale o especialista ao e-

xame de uma doença ou de um quadro clínico, para chegar a uma con-

clusão. É também o nome dado à conclusão em si mesma.

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DR FRANCIS BITTENCOURT

ESTADOS PSICÓTICOS

Pressupõem a preservação de áreas do ego que atendem a duas condições:

a) Permitem uma relativa adaptação ao mundo exterior;

b) Possibilitam um recuperação sem seqüelas, após um surto psi- cótico.

São exemplos de estados psicóticos por permitirem uma relativa adaptação ao mundo externo, os pacientes borderline ou fronteiriços, personalidades paranóides ou narcisistas, alguns tipos de perversão, psicopatias e neuroses graves. Já os quadros de reações esquizofrênicas agudas ou de transtornos afetivos (antiga psicose maníaco-depressiva) são exemplos de estado psicóticos que bem demonstram a segunda condição supracitada.

Cabe aqui uma atenção especial aos pacientes borderline em

virtude do seu alto grau de incidência clínica. Todos os aspectos

inerentes à parte psicótica da personalidade estão presentes nesses

pacientes. No entanto, diferem dos pacientes com psicose clínica por

conservarem o juízo crítico e o senso da realidade.

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DR FRANCIS BITTENCOURT

CONDIÇÕES PSICÓTICAS

Refere-se a pacientes que, apesar de bem adaptados, possuem uma acentuada presença dos núcleos psicóticos que Bion chamou de “a parte psicótica da personalidade”.Nos legados de Bion, um ponto muito importante é a distinção que ele faz da parte psicótica e não psicótica da personalidade. Essa parte psicótica não equivale a um diagnóstico psiquiátrico, mas sim a um modo de funcionamento mental, coexistente a outros tantos. A PPP designa comportamentos mais regressivos, com núcleos primitivos enquistados na personalidade de qualquer indivíduo.

Pode-se afirmar, com absoluta convicção, que uma análise que não

tenha tratado dessa parte psicótica está inconclusa e corre o risco de

ter produzido resultados analíticos superficiais. Entre a parte psicótica

de um paciente neurótico até a franca esquizofrenia clínica, existe o

fator quantitativo que pesa consideravelmente, determinando o grau de

sanidade de uma pessoa, ou seja, toda pessoa não-psicótica é

portadora, mesmo que em grau diminuto, em estado latente, de um

resíduo de “sua majestade o bebê”, do seu psiquismo primitivo. A clínica

comprova que quanto mais o paciente entra em contato com esses

núcleos psicóticos, mas vai se aliviando e mais o seu self vai se

estruturando e integrando-se. Um dos objetivos do tratamento

psicanalítico é propiciar que essas partes da personalidade dialoguem

entre si.

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DR FRANCIS BITTENCOURT

As características básicas que estão presentes na PPP são:

1- Fortes pulsões destrutivas, com predomínio da inveja e da voracidade.

2- Baixa tolerância às frustrações, no lugar de modificá-las.

3- As relações interpessoais mais íntimas são caracterizadas pelo víncu- lo sadomasoquista.

4- Uso excessivo de dissociações e identificações projetivas patológi- cas.

5- Uso excessivo de projeções e sentimentos e pensamentos persecutó- rios. 6- Grande ódio à realidade interna e externa, com preferência pelo mundo das ilusões.

7- Ataque aos vínculos de percepção e aos de juízo crítico, resultando num prejuízo do pensamento verbal, da formação de símbolos e do uso da linguagem.

8- A onipotência, a onisciência e a imitação substituem o processo de aprender com a experiência. O orgulho dá lugar à arrogância, o desco- nhecimento leva à estupidez e a curiosidade se transforma em intrusivi- dade.

9- A pouca capacidade de discriminação leva a uma confusão entre o verdadeiro e o falso, tanto do próprio self como do que está fora.

10- Fuga à verdade, prevalecendo a negação através de distorções, ca-

muflagens, omissões ou mentiras deliberadas.

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DR FRANCIS BITTENCOURT

MANEJO TÉCNICO

Em relação às psicoses propriamente ditas, tal como são descritas na psiquiatria, existe uma evidente lacuna entre os profundos avanços de nossa complexa metapsicologia e os limitados alcances de nossa prática analítica. O método psicanalítico aplicado a esses pacientes abriu um enorme leque na investigação teórica, abrangendo os casos bastantes regredidos, como os borderline, transtornos narcisistas, perversões, etc. Entretanto, não houve grande eficácia clínica no manejo das psicoses.

A maioria dos psicanalistas da atualidade preconiza o uso de métodos alternativos, em um arranjo combinatório de múltiplos recursos, como o uso de psicofármacos, por exemplo.

Na época de Freud, as psicoses não encontravam guarida na terapia analítica, sob o argumento e que tais pacientes não depositavam sua libido no mundo exterior, impossibilitando assim, uma transferência, que é fundamental para o processo analítico. Atualmente, é aceitável a combinação dos recursos psiquiátricos abrindo as portas para o tratamento psicanalíticos.

Fora então identificada uma transferência psicótica do paciente em relação ao analista. Essa transferência é diferente da chamada

“psicose de transferência” descrita por Rosenfeld (1978), verificada em

pacientes não-psicóticos. A Psicose de Transferência consiste em

pacientes não-psicóticos ingressarem em um estado transferencial de

grande negativismo e distorção dos fatos reais em relação ao analista,

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DR FRANCIS BITTENCOURT

que chega a dar uma impressão de uma situação psicótica. Porém essa psicose fica restrita à situação da sessão analítica e termina quando o paciente retoma a sua vida normal. Já a transferência psicótica apresenta três aspectos típicos: é prematura, se instala logo no início da terapia; é pertinaz, se agarra ao analista de uma forma forte; é perecível, nas primeiras decepções esfriam o vinculo com o terapeuta chegando a abandonar a análise.

Todo paciente psicótico por mais desagregado que seja tem uma parte não-psicótica, e é a ela que o analista tem que se aliar. Dessa forma. O analista respeita a parte doente, porem faz aliança com o lado sadio, de sorte que ficam dois contra um, aumentando a chance de êxito.

O setting básico instituído deve ser preservado, a fim de assegurar a manutenção dos limites, da valorização do principio da realidade e diferenciação dos papéis.

Em virtude da transferência psicótica, é possível que surja uma idealização extremada do analista pelo paciente. Essa não pode ser destruída de forma abrupta e nem perpetuada em função das necessidades narcisistas do analista.

Deve ser dada especial atenção aos actings como forma de comunicação primitiva de sentimentos que o paciente não tem condições de verbalizar.

Cresce de importância o surgimento de ideogramas na mente do paciente e do analista. São imagens que expressam uma linguagem não denotativa (de natureza conceitual), mas sim expressiva (de natureza afetiva).

É importante ressaltar que o analista não deve assumir o papel de mãe, ou pai, ou faltante, mas sim suprir por meio de uma adequada função de maternagem essa deficiência do paciente.

É natural que o paciente tenha sentimentos de agressividade, de ódio, o que é positivo, desde que o analista consiga ser continente desses ataques.

Um obstáculo às mudanças psíquicas ocorre quando o analista não percebe as transformações do paciente.

Em linhas gerais, todos os aspectos presentes no campo analítico

devem ser observados atentamente como forma de linguagem em

quaisquer que sejam os casos clínicos, desde a psicose propriamente

dita até os núcleos psicóticos da personalidade. O esquema apresentado

a seguir ressalta alguns elementos do manejo técnico que trazem a tona

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DR FRANCIS BITTENCOURT

conteúdos que comunicam a afetividade (energia psíquica) do paciente.

1. Contrato Terapêutico via Via diálogo e anamnese da vida do paci-

ente

2. Catarse

via Processo de relaxamento e liberdade concedida para „desabafar‟ as frustrações e sentimentos.

3. Livre Associação

via Liberdade para “viajar” com os pensamen- tos de acordo com as motivações internas e emocionais.

4. Transferência – Contratransfe- rência

via Processo natural em que o paciente trans- fere para o terapeuta circunstâncias e funcionalidade de determinados indiví- duos em sua vida.

5. Reconhecimento do Trauma

via Indagações e condução dialética do tera- peuta em que o paciente „descobre‟ o que aconteceu e por que, como reagiu aos eventos traumatizantes.

6. Uso de Recursos Egóicos

via Descoberta dos pontos fortes e recursos pessoais do paciente para vencer os fato- res causadores do trauma.

7. Resposta Terapêutica

via Uso dos recursos egóicos realinhamento

de reações e mudança de postura diante

dos fatos da vida – é corretivo e resoluti-

vo.

Referências

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