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C araCterização físiCa e físiCo - químiCa da uva m erlot

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Academic year: 2022

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COZINHA

FLORIANÓPOLIS

C araCterização físiCa e físiCo - químiCa da uva m erlot

Cultivada em u rupema na safra de 2009

Fabiana Mortimer Amaral, Sofia Beliza Cabra e Patricia Poggerell Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina - IFSC | Campus Fpolis Continente Rua 14 de Julho, 150 - Coqueiros - Florianópolis - SC

CEP: 88075-010 E-mail:fabiana@ifsc.edu.br, sofia_cabrall@hotmail.com e vinicola@indusflora.com.br

Resumo: Este artigo visa avaliar as características físicas e físico-químicas da uva Merlot cultivada na região de Urupema em diferentes fases do seu desenvolvimento para formar um banco de dados e estabelecer uma identidade varietal e sua caracterização da tipicidade regional. Foram realizadas análises físicas da uva e determinado o índice de refração (oBrix) e o pH do sucos extraído de diferentes cachos de uvas. As análises possibilitam guardar informações a respeito do desenvolvimento da uva Merlot nesta região caracterizada por um micro clima bastante peculiar quando comparada a outras cidades do Planalto Serrano.

PalavRas-Chave: Merlot. Vinho. Análises físicas.

1 i

ntrodução

A vitivinicultura no Planalto Serrano de Santa Catarina vem apresentando um crescimento em área cultivada, investimentos por parte das indústrias vinícolas e introdução de novas variedades de Vitis vinifera.

Novos pólos estão surgindo em Santa Catarina, no qual as variedades européias estão sendo plantadas, para a produção de vinhos finos, o que vem a melhorar a qualidade do produto. Tal crescimento vem acompanhando o consumo de vinhos finos no Brasil sendo cada vez maior a busca por melhoria na qualidade destes vinhos.

O sucesso de um vinhedo e a qualidade do vinho dependem dos fatores naturais como o clima e o solo, biológicos relacionados ao porta-enxerto, agronomicos influenciado pelo manejo e pelo sistema de condução e enológico relacionado ao processo de vinificação.

Entre as cidades com destaque para a produção de uvas viníferas no Planalto Serrano podemos citar as cidades de São Joaquim e Urupema, em função de possuírem um micro clima propicio para o desenvolvimento de espécies Vitis vinifera e características de solo, clima e localização geográfica adequadas para tal produção. Segundo a EPAGRI a região já concentra mais de 300 hectares de vinhedos cultivados com variedades viníferas para produçao de vinhos finos.

Torna-se importante a definição das características agro-climáticas favoráveis ao cultivo da videira, uma vez que a região do Planalto Serrano possui macros e micros ecossistemas diferenciados nos aspectos de altitude, declividade, radiação solar, solos, incidência de chuva, vento e geada.

O acompanhamento da maturação das uvas e os testes de vinificação são ferramentas utilizadas em

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todo o mundo vitícola, e são estudos importantes para a definição da época de colheita e do potencial vitivinícola de uma região. (GUERRA, 2001)

Segundo LUCCHESI (1987), o ambiente natural atua através de ‘forças’ que podem afetar a morfologia, o crescimento e a reprodução vegetal, sendo o meio físico um importante componente deste ambiente e que podem ser enquadrados em:

Edáficos – descrito pela posição geográfica, topografia e pelo material de origem do solo, os quais podem influenciar suas propriedades físicas e as propriedades químicas e;

Climáticos – representado pela nebulosidade, pelo vento, pela chuva, pela temperatura e pela energia radiante peculiar de uma localidade.

Determinados fatores ambientais atuam sobre o crescimento vegetal de maneira indireta, como a latitude, a altitude, a topografia, a textura e a estrutura do solo, ou atuam diretamente como a radiação solar, a temperatura, a pluviosidade, a aeração e os minerais do solo.

O êxito da atividade vitivinícola em uma região depende principalmente da adaptação das variedades de Vitis vinifera aos fatores climáticos e endáficos. Dentre as variedades nobres para a vinificação, algumas têm despertado o interesse de produtores da região. Tais variedades apresentam características que lhes conferem vantagens qualitativas na produção de uva e vinho.

Entre as espécies Vitis vinifera cultivadas na região podemos destacar a cultivar Merlot que atualmente, é a segunda vinífera tinta mais cultivada no Planalto Serrano, apresentando bons resultados na produção das uvas e por produzir vinhos com características valorizadas no mercado.

A vitivinicultura nesta região abre um leque de oportunidades para a sociedade local, com destaque ao desenvolvimento do enoturismo na região e a formação de uma Indicação de procedência para os vinhos produzidos na região, protegendo e valorizando o recurso natural específico desse local.

Desta forma este trabalho visa avaliar a variedade Merlot (Vitis vinifera L.) na safra de 2009, com relação às características vitivinícolas favoráveis à elaboração de vinhos finos, na condição ambiental da região produtora de Urupema, no Vinhedo Santo Emílio em Santa Catarina. O estudo será realizado a cerca da qualidade da matéria prima, enquanto fruto, ao longo das fases de maturação dos frutos, a fim de identificar o comportamento varietal e caracterizar a tipicidade regional.

2 m

etodologia

A pesquisa baseou-se em estudos sobre as características adaptativas e o potencial enológico das videiras da variedade Merlot, realizados nas condições climáticas de Urupema e conduzidos durante a safra de 2008/2009. As amostras cultivadas no sistema de espaldeira, foram coletadas durante os meses de dezembro/2008, fevereiro/2009 e março/2009.

O experimento desdobrou-se em estudos definidos pela caracterização geográfica da região vitícola Santo Emilio em Urupema, o vinhedo foi formado em 2004 e fica a uma altitude de 1119 metros (Latitude de 28º05´10.00´´ S e longitude de 50º01´43.37´´ O).

As datas de coletas correspondem a 5, 67 e 107 dias após a floração .

As amostras foram levadas ao laboratório em sacos plásticos e congeladas para posterior análise das características físicas e fisico químicas das uvas como: peso médio do cacho, peso médio das bagas, peso médio da raqui e número médio de bagas por cacho e físico químicas como: análise do pH e do índice de refração (brix) em diferentes fazes do desenvolvimento da uva.

2.1 a

nálises físiCasdosCaChosedasbagas

As características físicas das uvas: peso do cacho, número de bagas por cacho e peso da ráquis foram determinadas através de medidas efetuadas por ocasião da colheita em 5 cachos colhidos aleatoriamente.

As medidas de comprimento da baga foram efetuadas em 150 bagas (30 bagas da cada cacho), com um paquímetro (incerteza de 0,1mm). O peso médio das bagas foi determinado através de medidas de 300 bagas retiradas aleatoriamente desses cachos.

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2.2 a

nálises físiCoquímiCas

O índice de refração(oBrix) e pH, foram determinados em triplicata no suco das uvas de diferentes cachos (coletados aleatoriamente) e nas alíquotas de vinho extraídas durante os diferentes processos de vinificação. O suco foi obtido pelo esmagamento parcial em um mortar das bagas descongeladas (sem esmagar as sementes). As medidas de °Brix foram feitas em um Refratômetro Alla France® para medir o teor de açúcares solúveis. As medidas de pH foram realizadas em um pHmetro Hanna modelo 200.

3 r

esultadose

d

isCussão

A uva Merlot é uma uva das responsáveis pelas características dos vinhos tintos de Saint Émillion, região de Bordeaux, França. A cv. Merlot, juntamente com outras do grupo das européias, marcou o início da produção de vinhos finos varietais brasileiros. Atualmente, ocupa o segundo lugar em volume de produção entre as cultivares de Vitis vinifera L. tintas (RIZZON e MIELE, 2003).

A evolução do peso médio dos cachos, do número de bagas por cacho e do peso médio das bagas nos três diferentes estágios de desenvolvimento estão apresentados na Tabela 1.

Através dos dados referentes às características físicas, observa-se um constante aumento do peso médio da baga, este dado é bastante positivo quando comparado com o obtido na época de colheita na safra de 2008 no qual na época de colheita o peso médio da baga teve uma perda de massa de 8,4% em relação a data anterior.

Na época de colheita as bagas apresentaram cachos com aproximadamente 161 bagas e as bagas apresentaram peso médio de 1,634g.

Tabela 1: Características físicas da uva Merlot cultivada no município de Urupema na safra de 2009.

Estágios de

desenvolvimento Peso médio cacho (2009)

Número médio de bagas por cacho

(2009)

Peso médio bago (2009)

5 dias 60,547 g 145 0,0765

67 dias 291,709 g 217 1,375 g

107 dias 270,689 g 161 1,634 g

A Figura 1 apresenta os gráficos de distribuição do tamanho da baga (comprimento em mm) em função do número percentual de bagas, em medidas realizadas em 4 cachos.

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Figura 01: Gráfico de distribuição do comprimento da baga (mm) em função do número percentual de bagas da uva Merlot, nos diferentes estágios de desenvolvimento (05, 67, 107).

A quantidade de açúcares presentes nas amostras de uvas foram medidas através do índice de refração.

Os valores apontados por este índice são proporcionais à concentração de sólidos dissolvidos em soluções aquosas (oBrix). A Figura 2 apresenta o gráfico da evolução da concentração de açúcares na uva em função das datas de coleta das amostras.

No caso das uvas, 90% dos sólidos totais são os açúcares glicose e frutose que representam, na época da colheita, 99% dos carboidratos presentes no mosto. Os açúcares representam 12 – 27% do peso das uvas maduras (DAUDT e SIMON, 2001).

Figura 2: Valores médios do o Brix em função das coletas efetuadas para a uva Merlot

O aumento do o Brix observado entre 05 e 67 dias após a floração deve-se ao fato da uva ter iniciado o período de maturação no qual ocorre uma diminuição da circulação de nutrientes via xilema, e um aumento da atividade do floema. Esse sistema vascular é o principal responsável pelo transporte de açúcares das folhas ao fruto (COOMBE, 1992). Fisicamente, esta fase tem início após a mudança de coloração das bagas.

A acidez do suco da uva foram avaliadas através do pH aparente, que representa a concentração de hidrogênio iônico na amostra. O pH da uva e do vinho depende do tipo e da concentração dos ácidos orgânicos, bem como da concentração de cátions, especialmente do potássio (RIZZON e MIELE, 2002).

O pH do suco é de grande importância sanitária para a vinificação, pois altos valores de pH podem proporcionar o crescimento de microorganismos indesejáveis, prejudicando a qualidade do suco destinado à produção de vinhos de qualidade. O pH também interfere nos processos fermentativos e nas qualidades

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organolépticas, como a estabilidade de cor (LAMIKANRA et al., 1995; LAMIKANRA, 1997; TORIJA et al., 2003).

Na época da colheita a uva apresentou o valor médio de 19º Brix.

A Figura 3 apresenta os valores de pH médio observados durante o desenvolvimento da uva Merlot.

Figura 3: Valores médios do pH em função das coletas efetuadas para a uva Merlot

Através do gráfico de pH, observa-se um aumento significativo de 3,07 para 3,63 na última data de coleta. O aumento do pH observado entre 67 e 107 dias após a floração pode estar associado a fatores como diluição dos ácidos em função do aumento do volume da baga, o aumento da concentração de íons potássio na uva ou ainda pela diminuição da concentração do ácido málico, consumido durante o processo de respiração oxidativa sofrida pela fruta. O ácido tartárico é mais estável aos processos respiratórios e por este fato, é menos afetado pelas variações de temperatura, sua concentração permanece relativamente constante durante a fase de maturação da uva (CARROLL e MARCY, 1992).

4 C

onClusões

Estas análises mostram que em uma determinada região de cultivo, podem-se encontrar variações entre safras de um vinhedo de uma mesma espécie de uva.

As mudanças podem acontecer por decorrência de fatores climáticos na região, exigindo assim, um acompanhamento da relação entre estes fatores climáticos regionais (índice de pluviosidade, dias de insolação e amplitudes térmicas) e o desenvolvimento das uvas a fim de minimizar impactos não desejados sobre a qualidade das safras.

5 r

eferênCias

CARROLL, D.E., MARCY, J.E. Chemical and physical changes during maturation of Muscadine grapes (Vitis rotundifolia). American Journal of Enology and Viticulture, v. 33, n. 3, p. 168 – 172, 1982.

COOMBE, B.G. Research on development and ripening of the grape berry. American Journal of Enology and Viticulture, v.43, n.1, p. 101 – 110, 1992.

DAUDT, C.E., SIMON, J.A. Um método rápido para análise de glicose em mostos e sua quantificação em algumas cultivares do rio grande do sul. Ciência Rural, v. 31, n. 4, p. 697 – 701, 2001.

GUERRA, C. C. Maturação da uva e condução da vinificação para a elaboração de vinhos finos. In:

REGINA, M. A. (Ed). Viticultura e enologia: atualizando conceitos. Caldas: EPAMIG – FECD, 2001, p.

179-192.

LAMIKANRA, O. Changes in organic acid composition during fermentation and aging of Noble muscadine wine. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.45,, p. 935 - 937, 1997.

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LAMIKANRA, O., INYANG, I.D., LEONG, S. Distribution and effect of grapes maturity on organic acid content of red Muscadine grapes. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 43, p. 3026 - 3028, 1995.

LUCCHESI, A. A. Fatores da produção vegetal. In: CASTRO, P. R. C.; FERREIRA, S. O.; YAMADA, T. (Ed.).

Ecofisiologia da produção agrícola. Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, p. 1-11, 1987.

RIZZON, L.A., MIELE, A. Acidez na vinificação em tinto das uvas Isabel, Cabernet sauvignon e Cabernet franc. Ciência Rural, v.32, n.3, p. 511 – 515, 2002.

RIZZON, L.A., & MIELE, A. Avaliação da cv. Merlot para elaboração de vinho tinto. Ciência e Tecnologia de Alimentos, n. 23, p. 156 – 161, 2003.

TORIJA, M.J., BELTRAN, G., NOVO, M., POBLET, M., ROZÈS, N., MAS, A., GUILLAMÓN, J.M. Effect of organic acids and nitrogen source an alcoholic fermentation: Study of their buffering capacity. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 51, p. 916 - 622, 2003.

Referências

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