“GEOLOGIA, GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA DOS SILLS MÁFICOS DA SUÍTE INTRUSIVA HUANCHACA NA PORÇÃO
NORDESTE DA SERRA RICARDO FRANCO (MT) – SW DO
CRATON AMAZÔNICO”
ii
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT
ReitoraProfª. Drª. Maria Lucia Cavalli Neder
Vice-ReitorProf. Dr. Francisco José Dutra Solto
Pró-Reitora de Pós-GraduaçãoProfª. Drª. Leny Caselli Anzai
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA - ICET
DiretorProf. Dr. Edinaldo de Castro e Silva
DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS - DRM
ChefeProf. Dr. Paulo César Corrêa da Costa
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Geociências
Prof. Dr. Denis de Jesus Lima Guerra
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v
CONTRIBUIÇÕES ÀS CIÊNCIAS DA TERRA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO N° 18
“GEOLOGIA, GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA DOS SILLS MÁFICOS DA SUÍTE INTRUSIVA HUANCHACA NA PORÇÃO NORDESTE DA SERRA RICARDO
FRANCO (MT) – SW DO CRATON AMAZÔNICO”
Gabrielle Aparecida de Lima
Orientadora
Profª. Drª. Maria Zélia Aguiar de Sousa
Co-Orientador
Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geociências do Instituto de Ciências Exatas e da Terra da Universidade Federal de Mato Grosso como requisito parcial
para a obtenção do Título de Mestre na Área de Concentração: Geoquímica de Minerais e Rochas.
CUIABÁ
2011
vi
Universidade Federal de Mato Grosso – www.ufmt.br Instituto de Ciências Exatas e da Terra – www.ufmt.br
Curso de Graduação em Geologia – cursodegeologia@ufmt.br Departamento de Recursos Minerais – www.ufmt.br
Programa de Pós-Graduação em Geociências – ppgec@ufmt.br Campus Cuiabá – Avenida Fernando Corrêa, s/nº - Coxipó 78.060-900 – Cuiabá, Mato Grosso
Fone: (65) 3615-8000
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Nenhuma parte desta publicação poderá ser gravada, armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada ou reproduzida por meios mecânicos ou eletrônicos, ou utilizada sem a observância das normas de direito autoral.
Depósito Legal na Biblioteca Nacional Edição 1ª
Catalogação elaborada pela Biblioteca Central do Sistema de Bibliotecas e Informação – SISBIB – Universidade Federal de Mato Grosso
Lima, Gabrielle Aparecida
Geologia, Geoquímica e Geocronologia dos Sills Máficos da Suíte Intrusiva Huanchaca na porção nordeste da Serra Ricardo Franco (MT) – SW do Craton Amazônico
[manuscrito]. / Gabrielle Aparecida de Lima – 2011
xii, 62f.; il. Color. (Contribuições às Ciências da Terra, série 1, vol. 1, n. 1).
Orientadora: Profª. Drª. Maria Zélia Aguiar de Sousa Co-Orientador: Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz
Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Mato Grosso. Instituto de Ciências Exatas e da Terra.
Curso de Geologia. Programa de Pós-Graduação em Geociências.
Área de Concentração: Geoquímica de Minerais e Rochas
1. Sills máficos – Dissertação. 2. SW do Cráton Amazônico – Dissertação. 3. Magmatismo Intracontinental – Dissertação. 4. Estudo petrográfico, geoquímico e geocronológico – Dissertação.
I. Universidade Federal de Mato Grosso. Departamento de Recursos Minerais. II. Título.
CDU: ...
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Dedicatória
Dedico este trabalho à minha eterna amiga
Lucimar Pereira Gomes (in memoriam).
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AGRADECIMENTOS
Agradeço de antemão a todos que de alguma forma contribuíram para a construção deste trabalho, em especial:
Aos orientadores Profª. Drª. Maria Zélia Aguiar de Sousa e Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz, meu profundo agradecimento, pelo apoio e inspiração no amadurecimento dos meus conhecimentos, pela amizade, pelo convívio, pela compreensão e pela afetuosidade.
As colegas da graduação que permanecem convivendo comigo, em especial ao Marcel, Thaty, Débora e Mara.
Ao Programa de Pós-Graduação em Geociências, incluindo todos os professores, técnicos e mestrandos.
A todos do Grupo de Pesquisa em Evolução Crustal e Tectônica (Guaporé) em especial a Ms. Maria Elisa Fróes Batata e aos alunos Shayenne, Rafael, Newton, Letícia, Jéssica, Luiz Ricardo e Francisco.
A FAPEMAT (Proc. nº448287/2009), FAPESP (Proc. nº07/59531-4), GEOCIAM (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Geociências da Amazônia) e CAPES (PROCAD nº096/2007), pelo suporte financeiro ao desenvolvimento deste trabalho, este último também pela concessão de bolsa de mestrado.
Por fim agradeço imensamente a minha família, que sempre admirei muito, aos meus pais Lula e Lia, aos meus irmãos Grazielle, Giselle e George, aos meus queridos sobrinhos Jullia, Vitória e Caio, meu muito obrigada a todos vocês que tanto amo e que sempre me deram força em todas as etapas da minha vida.
Ao meu noivo Amarildo, agradecer seria pouco, com ele compartilho a realização deste
trabalho porque ele tem sido co-autor dos momentos mais importantes da minha vida. “Te amo
amorzinho”.
x
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ... ix
SUMÁRIO ... x
RESUMO ... xi
ABSTRACT ...
xii
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA ... 1
1.2. OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS... 1
1.3. LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO... 2
1.4. MÉTODO DE TRABALHO ... 3
1.4.1. Etapa Preliminar
...3
1.4.2. Etapa de Aquisição de Dados ... 4
Trabalhos de Campo ...
4
Trabalhos de Laboratório ...
4
Análises Petrográficas ... 4
Análises Litogeoquímicas ... 5
Análises Geocronológicas ... 5
Método Ar-Ar ...
5
1.4.3. Etapa de Tratamento e Sistematização dos Dados ... 6
1.4.4. Etapa de Elaboração e Defesa da Dissertação ... 6
CAPÍTULO 2 – GEOLOGIA REGIONAL 2.1.CRATON AMAZÔNICO ... 7
2.2. SW DO CRATON AMAZÔNICO ... 10
2.2.1. Compartimentação Tectônica... 10
2.3. UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS... 12
2.3.1. Grupo Aguapeí ... 12
2.3.2. Suíte Intrusiva Huanchaca ... 14
2.3.3. Unidade Tramposo ... 17
2.3.4. Aluviões Atuais ... 18
CAPÍTULO 3 - ARTIGO Resumo ... 19
Abstract ...
19
INTRODUÇÃO ... 20
CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL ... 20
GEOLOGIA E PETROGRAFIA ... 22
GEOQUÍMICA DE ROCHA TOTAL ... 27
DADOS GEOCRONOLÓGICOS ... 34
Análises
40Ar/39Ar... 34
CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 37
Agradecimentos ...
38
Referências ... 39
CAPÍTULO 4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ÍNDICE DE FIGURAS DA DISSERTAÇÃO
Figura 01. Mapa de localização e vias de acesso.Figura 02. Mapa de localização de afloramentos.
Figura 03. Compartimentação geocronológica e tectônica do Craton Amazônico, considerando o Maciço Rio Apa como parte integrante do mesmo (Extraído de Ruiz 2005).
Figura 04. Mapa tectônico do Sul/Sudoeste do Craton Amazônico (Extraído de Ruiz et al. 2010b).
Figura 05. Compartimentação Tectônica do SW do Cráton Amazônico em Mato Grosso, Rondônia e oriente da Bolívia (modificado de Ruiz 2009).
Figura 06. Mapa geológico da região da Fazenda Paredão.
Figura 07. Formas de afloramento das rochas da Formação Fortuna: A) lajedos as margens do rio Verde, B) em blocos; C) Base da Formação Vale da Promissão, predominância de pelitos finamente laminados;
D) predominância de intercalações de arenito quartzoso fino com pelito na Formação Vale da Promissão;
E) afloramento em blocos das rochas da Formação Morro Cristalina; F) intercalações de arenito quartzoso com material pelítico, base da Formação Morro Cristalina.
Figura 08. Formas de afloramentos das soleiras: A) blocos; B) lajedos. C) contato nítido da Suíte Intrusiva Huanchaca (sills) com a Formação Vale da Promissão. F) Aspecto macroscópico das rochas dos sills.
Figura 09. A) Forma de afloramento das rochas da Unidade Tramposo, sempre nas cristas dos morrotes.
B) detalhe da estrutura maciça; C) feições similares a dobras e D) veio centimétrico de quartzo, fibroso, com óxido de ferro.
ÍNDICE DE FIGURAS DO ARTIGO
Figura 01. Mapa tectônico do Sul/Sudoeste do Craton Amazônico (Extraído de Ruiz et al. 2010b).
Figura 02. Mapa Geológico da porção norte da Serra Ricardo Franco (Extraído de Lima 2008).
Figura 03. A) Contato do sill com a Formação Vale da Promissão. Formas de afloramentos dos sills: B) lajedos e C) blocos. D) Aspecto macroscópico das rochas da Suíte Intrusiva Huanchaca ilustrando cor cinza-esverdeado.
Figura 04. Fotomicrografias ilustrando: A) textura ofítica formada por cristal de augita incluindo minúsculas ripas euédricas a subédricas de plagioclásio. B) textura subofítica formada por cristais tabulares de plagioclásio e prismáticos de piroxênio com geminação setorial, parcialmente uralitizados e intercrescimento gráfico. C) intercrescimento radiado, constituído por dois cristais de plagioclásio, perpendiculares entre si em um único cristal de piroxênio. D) leques formados por ripas divergentes de
xii
plagioclásio intercaladas por piroxênio. E) detalhe de cristais de plagioclásio com percolação de óxido de ferro e piroxênio parcialmente uralitizado. F) cristal de olivina com fraturamentos preenchidos por serpentina, seu principal produto de alteração e também com textura coronítica, formada por piroxênio. G) intercrescimento gráfico. H) desopatização, intercrescimento simplectítico, e textura gráfica na parte superior direita. B), C), D), E), G), H) Hornblenda Diabásio; A) e F) Olivina Diabásio. Polarizadores cruzados em todas as imagens.
Figura 05. Diagramas de variação mg# vs óxidos de elementos maiores (% em peso) das rochas da Suíte Intrusiva Huanchaca.
Figura 06. Diagramas de variação mg# vs elementos traço (ppm) das rochas da Suíte Intrusiva Huanchaca.
Figura 07. Diagramas classificatórios dos sills da Suíte Huanchaca: (A) Na2O+K2O versus SiO2 e (B) AFM de Irvine & Baragar (1971), C) TAS de Le Bas et al. (1986), D) Zr versus Zr/Y de (Pearce & Norry (1979).
Figura 08. A) Diagrama multi-elementar das rochas da Suíte Intrusiva Huanchaca normalizado pelo manto primitivo (McDonough & Sun 1995). B) Diagrama de distribuição dos elementos terras raras (ETR) para as rochas da Suíte Intrusiva Huanchaca normalizados pelo condrito segundo Boynton (1984).
Para efeito de comparação foram utilizados os padrões OIB, N-MORB e E-MORB de McDonough & Sun (1995) e Boynton (1984), respectivamente.
Figura 09. Diagramas de correlação entre Zr versus elementos traço (incompatíveis) para as rochas da Suíte Intrusiva Huanchaca.
Figura 10. Diagramas 40Ar/39Ar (mineral) da amostra LG-70 da Suíte Intrusiva Huanchaca. A) Plagioclásio e B) Anfibólio (hornblenda).
ÍNDICE DE TABELAS DA DISSERTAÇÃO
Tabela 1. Coordenadas dos afloramentos descritos.Tabela 02. Sumário das unidades litoestratigráficas da LIP com respectivas idades e localização no S-SW do Cráton Amazônico. BO - Bolívia, BR – Brasil. (a) Litherland et al. (1986), (b) Santos et al. (1979), (c) Barros et al. (1982), (d) Araújo (2003), (e) Araújo et al. (1982), (f) Boger et al. (2005).
Tabela 03. Idades obtidas para rochas da Suíte Intrusiva Huanchaca. a= Litherland et al. (1986); b=
Santos et al. (1979).
xiii
ÍNDICE DE TABELAS DO ARTIGO
Tabela 01. Sumário das unidades litoestratigráficas da LIP com respectivas idades e localização no S-SW do Craton Amazônico. BO - Bolívia, BR – Brasil. (a) Litherland et al. (1986), (b) Santos et al. (1979), (c) Barros et al. (1982) e Elming et al. (2009), (d) Araújo (2003), (e) Araújo et al. (1982), (f) Boger et al.
(2005).
Tabela 02. Composição química das amostras dos sills da Suíte Intrusiva Huanchaca (elementos maiores em %, traços e terras raras em ppm) obtidas no Acme Analytical Laboratories.
Tabela 03. Composição química das amostras dos sills da Suíte Intrusiva Huanchaca (elementos maiores em %, traços e terras raras em ppm) obtidas no Activation Labs.
Tabela 04. Dados analíticos obtidos para plagioclásio e anfibólio da Suíte Intrusiva Huanchaca.
xiv
RESUMO
A Serra Ricardo Franco é constituída pelos estratos sub-horizontais do Grupo Aguapeí (Formações Fortuna, Vale da Promissão e Morro Cristalina, da base para o topo), pelos
sillsmáficos da Suíte Intrusiva Huanchaca e pelos
cherts e silexitos da Unidade Tramposo. Estetrabalho objetiva apresentar os dados geológicos, petrográficos, geoquímicos e geocronológicos dos
sills máficos pertencentes à Suíte Intrusiva Huanchaca, na porção norte da Serra RicardoFranco, inseridos no Terreno Paraguá, SW do Craton Amazônico, e discutir o provável significado tectônico deste evento ígneo. O mapeamento geológico permitiu a identificação de dois sills, alojados nos argilitos da Formação Vale da Promissão. Petrograficamente, as rochas dos
sillssão maciças, de granulação fina a média e cor cinza-esverdeado a preta. Apresentam texturas equi a inequigranulares e composição gabróica. A partir de análises microscópicas, identificaram-se dois litotipos, classificados como Hornblenda Diabásio e Olivina Diabásio.
Dados geoquímicos evidenciam natureza subalcalina do tipo toleítica para o magmatismo gerador destes
sills em ambiente geotectônico correspondente à intraplaca continental e os valores doíndice de magnésio (mg#), variando entre 0,25 e 0,38, indicam magma basáltico evoluído. Foram obtidas duas idades plateaus (Ar-Ar) 948 ± 5 Ma (plagioclásio) e 1040 ± 40 Ma (anfibólio) que por se tratar de rochas indeformadas, certamente, estão bem próximas à idade de cristalização desta unidade. Os enxames de diques máficos das Suítes Intrusivas Huanchaca, Rancho de Prata e Rio Perdido, bem com os sills máficos Huanchaca e Salto do Céu, formaram-se entre 1040 a 850 Ma, e são constituídos por diabásios e gabros com afinidade toleítica. Este episódio magmático máfico constitui uma
LIP (Large Igneous Province) de idade toniana, gerada pelaextensão crustal com vetor deslocamento NNW, que precedeu a dispersão do Supercontinente Rodínia.
Palavras-chave: Sills máficos, Craton Amazônico, Suíte Intrusiva Huanchaca, Magmatismo
Intracontinental.
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ABSTRACT
The Ricardo Franco mountain ridge is comprised by sub-horizontal layers of the Aguapeí Group (Fortuna, Vale da Promissão and Morro Cristalina Formations, from bottom to top), mafic sills from the Huanchaca Intrusive Suite, and cherts and silexites belonging to the Tramposo Unit.
This work presents geologic, petrographic, geochemical and geochronological (Ar-Ar) data of mafic sills belonging to the Huanchaca Intrusive Suite inserted in the Paraguá Terrane, SW of Amazonian Craton, and discuss the possible tectonic significance of this igneous event. Two sills are identified intruding mudstones of the Vale da Promissão Formation. Petrographically, the mafic rocks are isotropic, fine to medium grained and greenish-gray to black. They show equi to inequigranular textures and gabbroic composition. Two lithotypes were identified from microscopic analysis, classified as Hornblende Diabase and Olivine Diabase. Geochemically the sills are subalkaline tholeiitic basalts and tectonically they are related to a continental intraplate environment. The magnesium index (mg #) values vary between 0.25 and 0.38, indicating evolved basaltic magmas.
40Ar-
39Ar plateau ages of 948 ± 5 Ma (plagioclase) and 1040 ± 40 Ma (amphibole) were obtained for one of the analyzed samples which constrain the Huanchaca magmatism to the late Mesoproterozoic. The Huanchaca sills and other 1040-850 Ma mafic dykes (Rancho de Prata and Rio Perdido) and sills (Salto do Céu) of the southwestern sector of the Amazonian craton, also described as diabases and gabbros with tholeiitic affinity, form a large igneous province (LIP) of tonian age, generated by crustal extension with a NNW displacement vector, preceding the dispersion of Rodinia Supercontinent.
Keywords: mafic sills, Amazonian Craton, Huanchaca Intrusive Suite, Intracontinental Magmatism.
1
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
1.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA
O sudoeste do Craton Amazônico em Mato Grosso, especificamente na região limítrofe Brasil- Bolívia, nas proximidades do município de Vila Bela da Santíssima Trindade, é caracterizado pela ocorrência de rochas pertencentes ao Terreno Paraguá, que se estende do oeste da Bolívia ao extremo ocidente do Brasil, tendo como limites sul e leste, respectivamente, os Terrenos Rio Alegre e Jauru (Ruiz 2009).
A região, praticamente desconhecida do ponto de vista geológico, é constituída por assembléias litológicas que retratam a evolução crustal anterior à deposição do Grupo Aguapeí, seguida por intrusões ácidas e básicas, sem registro de efeitos da Orogenia Sunsás (0,9 a 1,1 Ga).
A área de estudo é constituída por sedimentos do Grupo Aguapeí, intrusões (sills) máficos, sedimentos terciários e quaternários. Os sills máficos da Suíte Intrusiva Huanchaca (SIH) foram escolhidos como objeto deste trabalho, que consta de mapeamento geológico sistemático na escala de 1:50.000, estudos petrográficos, geoquímicos e geocronológicos, bem como, descrições preliminares de rochas que ocorrem em sua adjacência. Os resultados obtidos contribuem para o conhecimento da evolução geológica da porção sudoeste do estado de Mato Grosso, limite Brasil-Bolívia, particularmente sobre o magmatismo básico toniano relacionado ao estágio de ruptura do Supercontinente Rodínia.
Expressivo magmatismo básico, de idade toniana, tem sido reportado na porção Sul/Sudoeste do Craton Amazônico como descrito em Litherland et al. (1986); Araújo et al. (1982); Sécolo et al. (2008);
Lima (2008); Corrêa da Costa et al. (2008, 2009), D`Agrella Filho et al. (2010); Ruiz et al. (2005, 2009, 2010a); sendo sugerido pelos últimos como representante de uma LIP (Large Igneous Province).
1.2. OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS
A elaboração desta dissertação inclui a caracterização geológica, petrográfica, litogeoquímica e geocronológica dos sills máficos da Suíte Intrusiva Huanchaca, a partir de trabalhos de campo e de laboratório, na tentativa de contribuir com o conhecimento geológico da porção sudoeste de Mato Grosso, especialmente da borda norte da Serra Ricardo Franco/Huanchaca.
A partir de mapeamento geológico sistemático na escala 1:50.000, de uma área situada nas imediações da Fazenda Paredão, Município de Vila Bela da Santíssima Trindade, pretendeu-se alcançar os seguintes objetivos específicos:
2
1. mapeamento geológico dos sills máficos e suas encaixantes;
2. caracterização petrográfica dos sills;
3. determinação da relação de contato dos sills com suas encaixantes;
4. caracterização litogeoquímica;
5. determinação da idade de colocação/resfriamento dos sills.
1.3. LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO
A região mapeada situa-se na porção sudoeste do Estado de Mato Grosso, Folha Betânia (SD.20- Z-B-III). A área cartografada, na escala 1:50.000, compreende em média 84 km2 e dista, aproximadamente, 600 km de Cuiabá.
A área está localizada no município de Vila Bela da Santíssima Trindade (Fig. 01), na porção norte da Serra Ricardo Franco ou Huanchaca, como é denominada na Bolívia. Seu acesso é feito partindo- se de Cuiabá, pela rodovia BR-070 até o Município de Cáceres e daí a BR-174 em direção ao município sede, a partir de onde se toma a MT-199, passando pela Vila Ricardo Franco, sem pavimentação asfáltica, até a entrada da Fazenda Rio do Meio. A locomoção no interior da área é feita por estradas carroçáveis (encascalhadas) que interligam as fazendas.
3 Figura 01. Mapa de localização e vias de acesso.
4
1.4. MÉTODO DE TRABALHO
A metodologia utilizada nesta pesquisa foi constituída por quatro etapas, sendo elas: etapa preliminar, etapa de aquisição de dados (etapas de campo e de laboratório), etapa de tratamento e sistematização dos dados e etapa de elaboração e apresentação da dissertação.
1.4.1. Etapa Preliminar
A etapa preliminar foi constituída de levantamento da literatura geológica disponível sobre a região, interpretação de fotografias aéreas e imagens de satélite (LANDSAT), visando o entendimento geológico regional do SW do Craton Amazônico, com objetivo de sumarizar dados de âmbito regional e local.
A base cartográfica utilizada para confecção do mapa geológico preliminar foi elaborada a partir da Folha Betânia (SD.20- Z-B-III) na escala de 1:100.000 editada pela Diretoria de Serviço Geográfico – Ministério do Exército (DSG-ME) em 1973.
O levantamento bibliográfico foi feito a partir de trabalhos de conclusão de curso da Universidade Federal de Mato Grosso, dissertações e teses, Projeto RADAMBRASIL (Folha Guaporé), além de alguns artigos publicados na Bolívia (e.g. Litherland et al. 1986 e Boger et al. 2005) .
1.4.2. Etapa de Aquisição de Dados
Esta etapa foi dividida em duas fases: 1) trabalhos de campo e 2) trabalhos de laboratório.
Trabalhos de Campo
Foram realizadas duas etapas de campo, onde foram descritos 142 (cento e quarenta e dois) pontos (Tabela 1 e Figura 2) situados ao longo de estradas, córregos e encostas da Serra Ricardo Franco, que posteriormente foram lançados no mapa base obtido a partir da carta topográfica SD.20- Z-B-III (Folha Betânia). Nesta fase buscou-se obter uma caracterização preliminar dos sills alojados no Grupo Aguapeí, para posterior discussão do provável significado tectônico deste evento ígneo. Foram efetuadas seções transversais à direção das cristas da serra, com descrição de feições que caracterizassem as relações de contato entre as unidades litológicas mapeadas.
Juntamente com as descrições feitas em campo, foram realizadas coletas de amostras de rochas para os estudos em laboratórios (análises macroscópicas, microscópicas, geoquímicas e geocronológicas).
O posicionamento dos afloramentos descritos foi feito utilizando GPS (Garmin - Legend), com sistema de coordenadas UTM (Datum WGS84).
5
Tabela 1. Coordenadas dos afloramentos descritos.
PONTO LAT LONG LITOLOGIA
1 780721 8418714 ponto de controle
2 780929 8418282 gabro
3 780896 8418210 arenito (fortuna)
4 781195 8418140 gabro
5 781293 8417922 gabro
6 781371 8418008 arenito (fortuna) 7 781179 8418482 arenito (fortuna)
8 781056 8418418 gabro
9 778202 8421522 gabro
10 777931 8422614 ponto de controle
11 772176 8432088 pelito
12 772657 8432008 pelito
13 772519 8433050 arenito (fortuna)
14 772168 8432846 gabro
15 772240 8432764 gabro
16 772439 8432592 gabro
17 772453 8432384 arenito (vale)
18 772519 8432102 arenito (vale)
19 772638 8432010 arenito (vale)
20 780150 8418450 pelito
21 777762 8422150 ponto de controle
22 777691 8422154 pelito
23 777629 8422198 arenito (morro)
24 777517 8422274 arenito (morro)
25 777361 8422178 arenito (morro)
26 777335 8422314 arenito (morro)
27 777460 8422440 arenito (morro)
28 777481 8422498 arenito (morro)
29 777556 8422540 arenito (morro)
30 777701 8422600 ponto de controle 31 776834 8425204 ponto de controle 32 776488 8426130 ponto de controle
33 776129 8426118 gabro
34 775938 8426160 gabro
35 775952 8426094 arenito (morro)
36 775655 8426206 gabro
37 775454 8426004 ponto de controle
38 775112 8425806 pelito
39 774864 8425638 silexito
40 774135 8425346 silexito
41 773844 8425438 silexito
42 773636 8425590 silexito
43 773789 8425524 silexito
44 778580 8420586 pelito
45 778607 8420386 arenito (vale)
46 778882 8420034 silexito
6
47 779422 8419382 ponto de controle 48 778275 8420108 ponto de controle 49 778650 8419174 ponto de controle 50 777669 8419366 ponto de controle
51 776500 8419990 arenito (vale)
52 776472 8420442 ponto de controle 53 776208 8421446 ponto de controle 54 775562 8422030 ponto de controle 55 775530 8422654 ponto de controle
56 775413 8423072 silexito
57 775358 8423304 silexito
58 775228 8424254 silexito
59 774936 8425028 silexito
60 774942 8425132 pelito
61 774844 8425360 pelito
62 775757 8427482 gabro
63 775615 8427708 ponto de controle
64 775720 8427896 gabro
65 780014 8418584 pelito
66 776554 8426614 ponto de controle 67 776546 8427056 ponto de controle
68 776532 8426908 gabro
69 775999 8426492 gabro
70 775907 8427076 gabro
71 775301 8430578 gabro
72 775419 8430234 gabro
73 775431 8429648 gabro
74 775509 8429086 silexito
75 775346 8428696 gabro
76 775495 8428124 ponto de controle
77 775444 8428088 arenito (morro)
78 775541 8428178 gabro
79 776508 8425536 gabro
80 776759 8425738 ponto de controle
81 775472 8427684 gabro
82 774997 8427687 gabro
83 774413 8427703 gabro
84 774172 8427691 gabro
85 773834 8427650 pelito
86 775851 8427681 gabro
87 776516 8427670 gabro
88 777203 8427665 gabro
89 777351 8428051 gabro
90 776948 8427874 gabro
91 776538 8428021 silexito
92 779081 8420698 gabro
93 779967 8420383 arenito (fortuna) 94 780315 8419651 arenito (fortuna)
7
95 780816 8419226 arenito (fortuna)
96 775411 8429338 gabro
97 775188 8431044 gabro
98 774960 8431947 gabro
99 775686 8432464 gabro
100 775739 8432104 pelito
101 775862 8433154 gabro
102 775911 8434135 pelito
103 775898 8433699 gabro
104 775523 8433505 gabro
105 774886 8432145 gabro
106 774821 8432671 gabro
107 774757 8433043 gabro
108 774776 8433446 pelito
109 774572 8433408 gabro
110 774506 8433439 pelito
111 774776 8431292 gabro
112 774392 8431478 gabro
113 774310 8431425 pelito
114 774090 8431151 pelito
115 773858 8430964 pelito
116 773551 8430818 silexito
117 772879 8430532 gabro
118 772458 8430265 pelito
119 772069 8430023 silexito
120 771317 8429468 arenito (fortuna)
121 774035 8431698 pelito
122 773570 8431793 pelito
123 775551 8430677 pelito
124 775921 8431162 pelito
125 777425 8424262 gabro
126 776860 8424143 pelito
127 776512 8424071 arenito (morro)
128 776283 8423994 silexito
129 775945 8423933 silexito
130 777491 8424448 gabro
131 777203 8425285 ponto de controle 132 777689 8425583 arenito (fortuna) 133 777800 8425638 arenito (fortuna) 134 774855 8428775 ponto de controle 135 774683 8428787 arenito (morro) 136 774385 8428889 arenito (morro)
137 774414 8429139 gabro
138 774249 8429177 gabro
139 774482 8429185 gabro
140 774726 8429141 gabro
141 774924 8429024 gabro
142 775212 8428727 gabro
8 Figura 02. Mapa de localização de afloramentos.
9 Trabalhos de Laboratório
Esta etapa envolveu análises petrográficas, litogeoquímicas e geocronológicas. As amostras utilizadas para as análises litogeoquímicas e geocronológicas (Sm-Nd e U-Pb) foram tratadas no Laboratório de Preparação de Amostras do Departamento de Recursos Minerais (DRM/UFMT), e encaminhadas para os laboratórios.
Análises Petrográficas
Foram selecionadas trinta (30) amostras dos sills e cinco de suas encaixantes (Grupo Aguapeí) para a confecção de lâminas delgadas e posterior caracterização petrográfica dos principais aspectos, tais como, texturas, estruturas, processos de alteração, composição mineralógica, dentre outros.
As seções delgadas foram confeccionadas no Laboratório de Laminação do DRM/UFMT e descritas no Laboratório de Microscopia, pertencente ao mesmo departamento, utilizando Microscópio Óptico. As fotomicrografias das seções delgadas foram feitas com polarizadores paralelos e cruzados, com objetivas de aumento 2,5; 4 e 10x, usando uma câmera (modelo Fujitsu General Limited) acoplada ao microscópio.
Análises Litogeoquímicas
Após a descrição microscópica de trinta amostras dos sills, foram selecionadas dezessete para análises litogeoquímicas de elementos maiores (%), traço e terras raras (ppm).
As amostras foram encaminhadas para os Laboratórios Acme Analytical Laboratories (Vancouver - Canadá), e Activation Labs. (Ontário - Canadá) onde foi empregada a técnica de Fluorescência de Raios- X para análises dos elementos maiores (SiO2, Al2O3, MgO, CaO, TiO2, MnO, Na2O, K2O, P2O5, Fe2O3(t))e espectrometria de emissão atômica com plasma acoplado induzido (ICP-MS) para os elementos traços (Ba, Sc, Be, V, Co, Zn, Ga, As, Rb, Sr, Cr, Ni, Zr, Y, Ce, , Nb, Mo, Ag, Sn, Sb, Cu e Cs) e terras raras (La, Ce, Pr, Nd, Sm, Eu, Gd, Tb, Dy, Ho, Er, Tm, Yb, Lu).
Análises Geocronológicas
Método Ar-ArA amostra selecionada para análise isotópica 40Ar/39Ar foi triturada, até alcançar granulação inferior a 2 mm, sendo em seguida lavada em banho ultra-sônico até sua limpeza completa, e logo depois lavada por um período mínimo de 15 minutos, sequencialmente, em água destilada e etanol absoluto e, posteriormente seca ao ar. Os grãos minerais (plagioclásio e anfibólio), com granulação entre 0,5 e 2 mm, foram selecionados com auxílio de um microscópio binocular a partir do material limpo. Os minerais
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foram acondicionados em discos de alumínio junto com um padrão internacional (Fish Canyon Sanidine - idade 28,201 ± 0,046 Ma; Kuiper et al. 2008), para monitoramento do fluxo de nêutrons, seguindo a geometria ilustrada em Vasconcelos et al. (2002). Os discos de irradiação foram fechados com tampas de alumínio, envolvidos em papel alumínio, selados em tubos de quartzo, dispostos num recipiente colunar de cádmio e posteriormente irradiado, em um reator tipo TRIGA na Universidade do Estado de Oregon- EUA, por 42 horas, no período de 03 a 15 de dezembro de 2009.
Cada amostra foi aquecida gradualmente com um feixe de laser contínuo com tamanho de 2 mm, para extração do Ar por fusão por etapas (step-heating) das amostras irradiadas. Este procedimento resulta em extrações de várias frações de gás a temperaturas crescentes analisadas individualmente no espectrômetro de massa MAP-215-50, utilizando o software "MassSpec Versão 7.527", desenvolvido pelo Centro de Geocronologia de Berkeley-EUA, os procedimentos analíticos estão descritos em Deino & Potts (1990) e Vasconcelos et al. (2002). Os dados analíticos, apresentados no capítulo 4, foram obtidos no Laboratório da Universidade de Queensland-Austrália.
1.4.3. Etapa de Tratamento e Sistematização dos Dados
Esta fase consistiu na integração e interpretação de todos os dados obtidos.
Nesta etapa foram utilizados os seguintes Softwares:
Microsoft Excel 2007 utilizado na elaboração de planilhas;
CorelDraw X3 para a confecção de mapas e tratamento de fotografias e fotomicrografias;
StereoNet empregado no tratamento de dados estruturais, possibilitando a preparação dos estereogramas;
ArcGIS para confecção dos mapas de localização de afloramentos e geológico;
MinPet 2.0 para confecção dos diagramas geoquímicos.
1.4.4. Etapa de Elaboração e Defesa da Dissertação
Com os dados obtidos nas etapas anteriores foi possível a elaboração desta dissertação e a confecção do artigo submetido à Revista Brasileira de Geociências.
Foram utilizados Microsoft Word 2007 para digitação, redação final e formatação da dissertação e Microsoft Power Point para elaboração da apresentação.
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CAPÍTULO 2 GEOLOGIA REGIONAL
2.1. CRATON AMAZÔNICO
O Craton Amazônico, localizado na parte norte da América do Sul corresponde a uma das principais entidades geotectônicas pré-cambrianas. Tem como limite oriental os Cinturões neoproterozóicos Paraguai, a sudeste, e a leste o Araguaia, estando, os limites N, S e W, recobertos pelos sedimentos das Bacias Subandinas. Abrange, aproximadamente, uma área de 4,3 x 105 km2, e está dividido, pela Sinéclise do Amazonas, em dois escudos: o Escudo Brasil Central e o Escudo das Guianas.
Há duas grandes linhas de pensamento quanto à evolução do Craton. A primeira concepção, proposta por autores como Amaral (1974), Almeida (1978), Issler (1977), Hasui et al. (1984) e Costa &
Hasui (1997), in Ruiz (2005) , baseada nos conceitos da escola geossinclinal, propunha que a tectônica pré-cambriana do cráton fosse caracterizada por processos de reativação de plataforma e formação de blocos continentais ou paleoplacas por meio de retrabalhamento de crosta continental no Arqueano e Paleoproterozóico e que durante o Mesoproterozóico teriam ocorrido apenas processos de reativação e/ou retrabalhamento de rochas preexistentes. A segunda concepção, proposta por Cordani et al. (1979), seguida e modificada por Tassinari (1981), Cordani & Brito Neves (1982), Teixeira et al. (1989), Tassinari (1996), Santos (2000), Tassinari & Macambira (2004), entre outros, se fundamenta na Teoria da Tectônica Global ou de Placas, defendem a ocorrência, durante o Arqueano, Paleo e Mesoproterozóico, de uma sucessão de arcos magmáticos envolvendo a formação de material juvenil, além de processos subordinados de retrabalhamento crustal.
Ruiz (2005) apresenta a compartimentação tectônica-geocronológica, considerando o Maciço/Bloco Rio Apa, que aflora no Brasil (Mato Grosso do Sul) e Paraguai entre os sedimentos da Bacia do Pantanal, como parte integrante do Craton Amazônico (Fig. 03).
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Figura 03. Compartimentação geocronológica e tectônica do Craton Amazônico, considerando o Maciço Rio Apa como parte integrante do mesmo (Extraído de Ruiz 2005).
O magmatismo toniano, ocorrente no sul e sudoeste do Craton Amazônico, de natureza bimodal, está representado pelas Suítes Intrusivas Huanchaca, Salto do Céu, Rancho de Prata, Rio Perdido, Guapé, Sunsás e Granito Vila Bela (Tab. 02 e Fig. 04), sugerindo uma tentativa de ruptura continental.
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Tabela 02. Sumário das unidades litoestratigráficas da LIP com respectivas idades e localização no S-SW do Cráton Amazônico. BO - Bolívia, BR – Brasil. (a) Litherland et al. (1986), (b) Santos et al. (1979), (c) Barros et al. (1982), (d) Araújo (2003), (e) Araújo et al. (1982), (f) Boger et al. (2005).
UNIDADE DESCRIÇÃO IDADE (Ma) LOCALIZAÇÃO
Suíte Intrusiva Huanchaca diques e sills máficos 918 ± 20 (K-Ar) 936 ± 20 (K-Ar)
(a) Terreno Paraguá - BO (b) Terreno Paraguá - BR Suíte Intrusiva Salto do Céu sills máficos (RT) 875±21
(Pl) 960±21 (c) Terreno Jauru - BR Suíte Intrusiva Rancho de
Prata diques máficos --- Terreno Jauru - BR
Suíte Intrusiva Rio Perdido diques máficos 914 ± 9 (K-Ar) (e) Terreno Rio Apa - BR
Granito Vila Bela diques graníticos --- Terreno Paraguá - BR Suíte Intrusiva Guapé corpos graníticos 917 ± 18 (U-Pb) (d) Faixa Móvel Aguapeí
- BR
Suíte Intrusiva Sunsás corpos graníticos 1076 ± 18 (U-Pb) (f) Faixa Móvel Sunsás - BO
Figura 04. Mapa tectônico do Sul/Sudoeste do Craton Amazônico (Extraído de Ruiz et al. 2010b).
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2.2. SW DO CRÁTON AMAZÔNICO
2.2.1. Compartimentação Tectônica
O SW do Cráton Amazônico exposto em Mato Grosso guarda registros geológicos e tectônicos que se estendem do Paleo ao Neoproterozóico, culminando com a consolidação do Supercontinente Rodínia. Apresenta uma evolução tectônica policíclica caracterizada pela superposição de episódios orogênicos.
Monteiro et al. (1986), definiram três calhas sinformais (Faixa Cabaçal, Araputanga e Jauru) constituídas por seqüências supracrustais do Greenstone Belt do Alto Jauru, separadas pelos terrenos gnáissico-migmatíticos com intrusões graníticas denominadas, de leste para oeste, de Bloco Cachoeirinha, Domo Água Clara e Bloco Córrego Fortuna.
Saes & Fragoso César (1996) apresentam o arranjo tectônico, onde se destacam os terrenos Jauru, Paragua, San Pablo e uma zona de sutura. Saes (1999) modifica parcialmente a proposta anterior destacando os seguintes terrenos: Paragua (TP), Rio Alegre (TRA), Santa Helena (TSH) e Jauru (TJ).
Matos et al. (2004) apresentam o SW do Cráton como um amálgama de orógenos justapostos:
Orógeno Alto Jauru (1,79 a 1,74 Ga), Cachoeirinha (1,58 a 1,52 Ga), Santa Helena, Rio Alegre e San Ignácio.
Ruiz (2005) sugere, para a porção sudoeste do Cráton Amazônico em Mato Grosso a divisão em cinco Domínios Tectônicos: Cachoeirinha, Jauru, Rio Alegre, Santa Bárbara e Paraguá.
Ruiz (2009) que, com base na evolução geológica que antecede a Orogenia Sunsás (1.1 a 0.9 Ga), divide a região em cinco Terrenos (Fig. 05), sendo eles: Paraguá, Rio Alegre, Jauru, Alto Guaporé e Nova Brasilândia, compartimentação adotada neste trabalho.
Ruiz (2009) e Bettencourt et al. (2010) adotaram o termo Terreno Paraguá, para denotar um terreno composto por rochas do embasamento paleoproterozóico (Complexo Gnáissico Chiquitania, Grupo Xistos San Ignácio e Complexo Granulítico Lomas Manechis) e granitóides mesoproterozóicos (Complexo Granitóide Pensamiento), amalgamados ao proto-Craton Amazônico durante a orogenia Rondoniano-San Ignácio. Esse embasamento paleo-mesoproterozóico encontra-se recoberto, por discordância erosiva, pelos sedimentos do Grupo Aguapeí, que retrata uma bacia intracontinental ou do tipo aulacogênica (Saes 1999, Teixeira et al. 2010).
Segundo Ruiz (2009) no Terreno Paraguá são reconhecidas duas orogêneses que precederam a Orogenia Sunsás: Orogenia Lomas Manechis (1.74 a 1.69 Ga) e Orogenia San Ignácio (1.4 a 1.28 Ga) (Boger et al. 2005, Ruiz 2005, Santos et al. 2008).
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Figura 05. Compartimentação Tectônica do SW do Cráton Amazônico em Mato Grosso, Rondônia e oriente da Bolívia (modificado de Ruiz 2009).
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2.3. UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS
O presente item apresentará uma breve descrição das unidades litoestratigráficas que ocorrem na área mapeada (Figura 6), dispostas da base para o topo: Grupo Aguapeí (Formações Fortuna, Vale da Promissão e Morro Cristalina), Suíte Intrusiva Huanchaca, Unidade Tramposo e Coberturas Aluvionares.
Figura 06. Mapa geológico da região da Fazenda Paredão.
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2.3.1. Grupo Aguapeí
Os afloramentos de rochas da Formação Fortuna, na maioria das vezes, definem relevo de chapadões, destacadas cristas alinhadas de direção NNW, e no cânion do rio Verde (Fig. 07A e 07B). Esta unidade expõe-se nas porções sudeste e extremo noroeste da área e mantêm contatos tectônicos, por falhas normais, com o embasamento metamórfico, Formação Vale da Promissão e com a Suíte Intrusiva Huanchaca. O contato com a unidade sobreposta, Formação Vale da Promissão, é do tipo transicional.
Esta unidade constitui-se por espessos pacotes, em média 200m, de uma associação rudácea-psamítica com estratificações cruzada acanalada e plano-paralela de pequeno porte, depositados em um ambiente transicional de mar raso e corrente de marés, com participação de depósitos fluviais entrelaçados.
Nos níveis mais inferiores dominam os conglomerados monomíticos, suportados pela matriz arenosa, ambos essencialmente quartzosos. Os clastos, comumente na granulação de seixos, são compostos, essencialmente, por quartzo sub-arredondados a arredondados. A matriz apresenta tonalidade esbranquiçada, sendo composta por areia quartzosa fina a média.
Em direção ao topo desta unidade, os conglomerados cedem lugar a arenitos quartzosos mais finos, de cor cinza amarelada, ainda com níveis conglomeráticos, que são proporcionalmente mais abundantes. Estes apresentam veios milimétricos de quartzo, fibrosos e não-fibrosos, subparalelos ao acamadamento.
A Formação Vale da Promissão compreende uma seqüência dominada por pelitos marrom acinzentados, ora com tonalidade arroxeada (Fig. 07C), finamente laminados, com intercalações, em direção ao topo, de arenitos finos, depositados provavelmente em um ambiente marinho profundo.
Na base desta formação predominam pelitos com pequenas lentes de arenito fino, que em direção ao topo cedem lugar as intercalações com arenito quartzoso fino (Fig. 07D).
Essas rochas afloram, principalmente, nas áreas rebaixadas, perfazendo cerca de 60% (sessenta por cento) da área mapeada. A espessura desse pacote rochoso varia em torno de 50m, com atitude média (S0) de 240°/12°.
A Formação Morro Cristalina é definida por um pacote, não muito espesso, aproximadamente 30m, de quartzo-arenitos, finos, esbranquiçados, com intercalações subordinadas de material pelítico (Fig.
07F) na base, e conglomerados oligomíticos quartzosos em direção ao topo. Apresenta estratificação cruzada tabular de pequeno porte, maturidade elevada e caráter deposicional exclusivamente continental (fluvial).
As rochas que compõem essa formação afloram em forma de blocos (Fig. 07E), nas áreas mais elevadas topograficamente. São encontrados fragmentos, com suposto retrabalhamento, de pelito pertencente à Formação Vale da Promissão.
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Figura 07. Formas de afloramento das rochas da Formação Fortuna: A) lajedos as margens do rio Verde, B) em blocos; C) Base da Formação Vale da Promissão, predominância de pelitos finamente laminados;
D) predominância de intercalações de arenito quartzoso fino com pelito na Formação Vale da Promissão;
E) afloramento em blocos das rochas da Formação Morro Cristalina; F) intercalações de arenito quartzoso com material pelítico, base da Formação Morro Cristalina.
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2.3.2. Suíte Intrusiva Huanchaca
A Suíte Intrusiva Huanchaca, na área em questão, está representada por dois sills, sendo o maior com cerca de 50m de espessura, alojados nos pelitos e arenitos da Formação Vale da Promissão. Afloram sob a forma de blocos (Fig. 08A) e lajedos (Fig. 08B).
Os contatos entre as soleiras e as encaixantes (Fig. 08C) são sempre abruptos, paralelos ao acamadamento, não sendo reconhecidas feições de metamorfismo térmico.
Macroscopicamente, as rochas das soleiras são maciças de granulação fina a média variando de melanocráticas a ultramáficas e cor cinza-esverdeada a preta. Apresentam texturas equigranulares a inequigranulares e composição, predominantemente, gabróica (Fig. 08D).
Figura 08. Formas de afloramentos das soleiras: A) blocos; B) lajedos. C) contato nítido da Suíte Intrusiva Huanchaca (sills) com a Formação Vale da Promissão. F) Aspecto macroscópico das rochas dos sills.
Os sills estudados são constituídos, essencialmente, por minerais máficos e plagioclásio, sendo classificados como Hornblenda Diabásio e Olivina Diabásio.
Opticamente, são rochas holocristalinas, de textura sub-ofítica a ofítica e, mais raramente, intergranular, fina a média, marcada pela trama de ripas de plagioclásio e cristais de piroxênio.
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O Hornblenda Diabásio, de ocorrência mais expressiva é constituído, essencialmente, por plagioclásio,piroxênio, anfibólio, opacos, e feldspato alcalino e quartzo com intercrescimentos gráfico e granofírico, tendo como minerais secundários e acessórios: biotita, clorita, talco, titanita, apatita, argilo- minerais, epidoto/clinozoizita, sericita e calcita. Texturas localizadas, incomuns segundo MacKenzie et al.
(1982), são reconhecidas nestas rochas, tais como intercrescimento radiado, constituído por dois cristais de plagioclásio, perpendiculares entre si em um único cristal de piroxênio; bem como, leques formados por ripas divergentes de plagioclásio intercaladas por piroxênio.
O Olivina Diabásio é formado por um alto percentual de olivina (40%), piroxênio, plagioclásio e opacos, apresentando serpentina, anfibólio, clorita, talco, epidoto, sericita, calcita, argilo-minerais, titanita, apatita e opacos como fases de alteração e acessórias.
Esta unidade apresenta idades (K-Ar – Tabela 03) que variam entre 845 e 936 Ma.
Tabela 03. Idades obtidas para rochas da Suíte Intrusiva Huanchaca. a= Litherland et al. (1986); b=
Santos et al. (1979).
UNIDADE LITOLOGIA MATERIAL
ANALISADO
IDADE (MA)
MÉTODO REFERÊNCIA Huanchaca Sill Dolerítico Rocha Total 918 ± 20 K-Ar a (Bolívia) Huanchaca Dique Dolerítico Rocha Total 845 ± 19 K-Ar a (Bolívia) Huanchaca Dique Dolerítico Rocha Total 888 ± 20 K-Ar a (Bolívia) Rochas Básicas e
Intermediárias
Microgabro Plagioclásio 936 ± 20 K-Ar b (Brasil)
2.3.3. Unidade Tramposo
Os cherts e silexitos encontrados foram correlacionados espacialmente aos que ocorrem em território boliviano, próximos a fronteira com o Brasil, mapeados por Litherland et al. (1986).
As rochas que compõem essa unidade ocorrem nas cristas dos morrotes (Fig. 09A), são maciças (Fig. 09B) de granulação muito fina (sílica microcristalina), cor variando de branca a cinza, às vezes com tonalidade avermelhada (Fig. 09C) devido à contribuição de ferro.
Foram observados veios fibrosos de quartzo (Fig. 09D) com aspecto ferruginoso, e feições similares a dobras não tectônicas (Fig. 09C).
2.3.4. Coberturas Aluvionares
Estes sedimentos quaternários correspondem à unidade mais jovem da área em questão. Suas exposições ocorrem em áreas topograficamente mais arrasadas situadas ao longo dos leitos dos córregos.
São sedimentos inconsolidados de cor marrom-amarelado, mal selecionados, os grãos variam de sub- angulosos a arredondados e, granulometricamente variam de areias muito finas a cascalhosas.
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Figura 09. A) Forma de afloramento das rochas da Unidade Tramposo, sempre nas cristas dos morrotes.
B) detalhe da estrutura maciça; C) feições similares a dobras e D) veio centimétrico de quartzo, fibroso, com óxido de ferro.
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CAPÍTULO 3 ARTIGO
SILLS MÁFICOS DA SUÍTE INTRUSIVA HUANCHACA - SW DO CRATON AMAZÔNICO:
REGISTRO DE MAGMATISMO FISSURAL RELACIONADO À RUPTURA DO SUPERCONTINENTE RODÍNIA
GABRIELLE APARECIDA DE LIMA – Programa de Pós-Graduação em Geociências, Departamento de Recursos Minerais, Instituto de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá (MT), Brasil. Email: gabilimagel@gmail.com
MARIA ZÉLIA AGUIAR DE SOUSA – Departamento de Recursos Minerais, Instituto de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá (MT), Brasil. Email:
prof.mzaguiar@gmail.com
AMARILDO SALINA RUIZ – Departamento de Geologia Geral, Instituto de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá (MT), Brasil. Email: asruiz@gmail.com
Resumo A Serra Ricardo Franco é constituída pelos estratos sub-horizontais do Grupo Aguapeí (Formações Fortuna, Vale da Promissão e Morro Cristalina, da base para o topo), pelos sills máficos da Suíte Intrusiva Huanchaca e pelos cherts e silexitos da Unidade Tramposo. Este trabalho objetiva apresentar os dados geológicos, petrográficos, geoquímicos e geocronológicos dos sills máficos pertencentes à Suíte Intrusiva Huanchaca, na porção norte da Serra Ricardo Franco, inseridos no Terreno Paraguá, SW do Craton Amazônico, e discutir o provável significado tectônico deste evento ígneo. O mapeamento geológico permitiu a identificação de dois sills, alojados nos argilitos da Formação Vale da Promissão. Petrograficamente, as rochas dos sills são maciças, de granulação fina a média e cor cinza-esverdeado a preta. Apresentam texturas equi a inequigranulares e composição gabróica. A partir de análises microscópicas, identificaram-se dois litotipos, classificados como Hornblenda Diabásio e Olivina Diabásio. Dados geoquímicos evidenciam natureza subalcalina do tipo toleítica para o magmatismo gerador destes sills em ambiente geotectônico correspondente à intraplaca continental e os valores do índice de magnésio (mg#), variando entre 0,25 e 0,38, indicam magma basáltico evoluído. Os enxames de diques máficos das Suítes Intrusivas Huanchaca, Rancho de Prata e Rio Perdido, bem com os sills máficos Huanchaca e Salto do Céu, formaram-se entre 1040 a 850 Ma, e são constituídos por diabásios e gabros com afinidade toleítica. Este episódio magmático máfico constitui uma LIP (Large Igneous Province), gerada pela extensão crustal com vetor deslocamento NNW, que precedeu a dispersão do Supercontinente Rodínia.
Palavras-chave: Sills máficos, Craton Amazônico, Suíte Intrusiva Huanchaca, Magmatismo Intracontinental.
Abstract The mafic Sills of Huanchaca Intrusive Suite (SW of Amazonian Craton) - are the record of a fissural magmatism related to the break-up of the Rodinia Supercontinent. The Ricardo Franco mountain ridge is comprised by sub-horizontal layers of the Aguapeí Group (Fortuna, Vale da Promissão and Morro Cristalina Formations, from bottom to top), mafic sills from the Huanchaca Intrusive Suite, and cherts and silexites belonging to the Tramposo Unit. This work presents geologic, petrographic, geochemical and geochronological (Ar-Ar) data of mafic sills belonging to the Huanchaca Intrusive Suite inserted in the Paraguá Terrane, SW of Amazonian Craton, and discuss the possible tectonic significance of this igneous event. Two sills are identified intruding mudstones of the Vale da Promissão Formation. Petrographically, the mafic rocks are isotropic, fine to medium grained and greenish-gray to black. They show equi to inequigranular textures and gabbroic composition. Two lithotypes were identified from microscopic analysis, classified as Hornblende Diabase and Olivine Diabase. Geochemically the sills are subalkaline tholeiitic basalts and tectonically they are related to a continental intraplate environment. The magnesium index (mg #) values vary between 0.25 and 0.38, indicating evolved basaltic magmas. 40Ar-39Ar plateau ages of 948 ± 5 Ma (plagioclase) and 1040 ± 40 Ma (amphibole) were obtained for one of the analyzed samples which constrain the Huanchaca magmatism to the late Mesoproterozoic. The Huanchaca sills and other 1040-850 Ma mafic dykes (Rancho de Prata and Rio Perdido) and sills (Salto do Céu) of the southwestern sector of the
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Amazonian craton, also described as diabases and gabbros with tholeiitic affinity, form a large igneous province (LIP), generated by crustal extension with a NNW displacement vector, preceding the dispersion of Rodinia Supercontinent.
Keywords: mafic sills, Amazonian Craton, Huanchaca Intrusive Suite, Intracontinental Magmatism.
INTRODUÇÃO
Expressivo magmatismo básico localizado na porção Sul/Sudoeste do Craton Amazônico, de idade toniana, tem sido descrito por vários autores (Litherland et al. 1986; Araújo et al. 1982; Sécolo et al.
2008; Lima 2008; Corrêa da Costa et al. 2008, 2009, D’Agrella Filho et al. 2010; Ruiz et al. 2005, 2009, 2010a). Segundo os últimos autores, este evento representa um LIP (Large Igneous Province).
O sudoeste do Craton Amazônico em Mato Grosso, especificamente na região limítrofe Brasil-Bolívia, nas proximidades do município de Vila Bela da Santíssima Trindade, é caracterizado pela ocorrência de rochas pertencentes ao Terreno Paraguá, que se estende do oeste da Bolívia ao extremo ocidente do Brasil (Figura 1), o qual foi aglutinado ao Craton Amazônico ao final da Orogenia San Ignácio (1.4 a 1.28 Ga) e reativado parcialmente durante a Orogenia Sunsás (1.1 a 0.9 Ga). A área de estudo deste trabalho está localizada na porção leste deste terreno, ao longo da Serra Ricardo Franco ou Huanchaca, como é conhecida em território boliviano, a qual é constituída por sedimentos do Grupo Aguapeí (Formações Fortuna, Vale da Promissão e Morro Cristalina), intrusões (sills) máficas (Suíte Intrusiva Huanchaca) e sedimentos terciários (Unidade Tramposo) e quaternários. Do ponto de vista tectônico, esta área corresponde à parte do Terreno Paraguá não afetada pela orogenia Sunsás.
Os sills máficos da Suíte Intrusiva Huanchaca, alojados na Formação Vale da Promissão, foram escolhidos como objeto deste trabalho, que consta de mapeamento geológico sistemático na escala de 1:50.000, estudos petrográficos, geoquímicos e geocronológicos, bem como, reconhecimento dos litotipos que ocorrem em sua adjacência. Os resultados obtidos contribuem para o conhecimento da evolução geológica da porção sudoeste do estado de Mato Grosso, limite Brasil-Bolívia, particularmente sobre o magmatismo básico neoproterozóico relacionado ao estágio de ruptura do Supercontinente Rodínia.
CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL
O Craton Amazônico, localizado na parte norte da América do Sul corresponde a uma das principais entidades geotectônicas pré-cambrianas do mundo. A concepção mais aceita para a evolução do craton, proposta por Cordani et al. (1979), seguida e modificada por Tassinari (1981), Cordani & Brito Neves (1982), Teixeira et al. (1989), Tassinari (1996), Tassinari & Macambira (1999), Tassinari et al. (2000), Tassinari & Macambira (2004), Santos et al. (2000, 2008), Ruiz (2005), dentre outros, fundamenta-se na Teoria da Tectônica Global ou de Placas, a qual defende a ocorrência, durante o Arqueano, Paleo e Mesoproterozóico, de uma sucessão de arcos magmáticos envolvendo a formação de material juvenil, além de processos subordinados de retrabalhamento crustal. Ruiz (2005) apresenta a compartimentação tectônica-geocronológica do craton, considerando o Maciço/Bloco Rio Apa, que aflora no Brasil (Mato Grosso do Sul) e Paraguai entre os sedimentos da Bacia do Pantanal, como parte integrante (extremo sul) do Craton Amazônico.
O sudoeste do Craton Amazônico exposto em Mato Grosso guarda registros geológicos e tectônicos que se estendem do Paleo ao Neoproterozóico, culminando com a consolidação do Supercontinente Rodínia, apresentando uma evolução tectônica policíclica caracterizada pela superposição de episódios orogênicos. Há diversas propostas de compartimentação tectônica para esta porção do craton, dentre as quais se destacam: Monteiro et al. (1986); Saes & Fragoso César (1996); Saes (1999); Geraldes et al.
(2001), Matos et al. (2004), Ruiz (2005, 2009). Adota-se neste trabalho a sugerida por Ruiz (2009) que, com base na evolução geológica que antecede a Orogenia Sunsás (1.1 a 0.9 Ga), divide a região em cinco Terrenos, sendo eles: Paraguá, Rio Alegre, Jauru, Alto Guaporé e Nova Brasilândia.
Ruiz (2009) e Bettencourt et al. (2010) adotaram o termo Terreno Paraguá, para denotar um terreno composto por rochas do embasamento paleoproterozóico (Complexo Gnáissico Chiquitania, Grupo Xistos San Ignácio e Complexo Granulítico Lomas Manechis) e granitóides mesoproterozóicos (Complexo