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A UTILIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS COMO TERAPIA ALTERNATIVA E SEUS RISCOS À SAÚDE

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THE USE OF MEDICINAL PLANTS AND PHYTOTHERAPY AS ALTERNATIVE THERAPY AND ITS RISKS TO HEALTH

ALVES, Mayana Altoé1 SIQUEIRA, Sara Silva de2 MARTINS, Gyovanna Pavani3 TEIXEIRA, Camilla Dellatorre4

RESUMO

Fitoterápicos são medicamentos oriundos de componentes bioativos de plantas medicinais. Apesar de serem naturais, existem riscos associados a utilização destes sem orientação médica ou farmacêutica. Este estudo objetivou orientar a população sobre a ingestão indiscriminada de plantas medicinais e fitoterápicos, visando a conscientização acerca dos seus riscos. Além disso, destacar a fitoterapia como uma forma alternativa de tratamento, enaltecendo seus benefícios em relação aos medicamentos alopáticos. A pesquisa foi realizada durante o período de Março/2019 até Junho/2019, reunindo artigos científicos e periódicos que abrangem diferentes estudos importantes e que servem de base para esta pesquisa. Constatou-se que o desenvolvimento de mais pesquisas na área de botânica e fitoquímica no Brasil, com foco em potencial terapêutico de plantas medicinais, é uma medida crucial para descobrir seus benefícios e garantir a segurança e minimização dos riscos, visto que muitas plantas são utilizadas mesmo sem estudos sobre estas.

Palavras-chave: Fitoterapia; Plantas medicinais; Intoxicação por plantas; Saúde pública.

ABSTRACT

Phytotherapics are medicines derived from bioactive components of medicinal plants.

Although they are natural, there are risks associated with their use without medical or pharmaceutical orientation. This study aimed to inform the population about the indiscriminate ingestion of medicinal plants and phytotherapics, aiming to raise

1 Graduanda do Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo-ES – mayana.altoe@gmail.com.

2 Graduanda do Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo-ES – sarahsiqueira27@gmail.com.

3 Graduanda do Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo-ES – gyopmasc@gmail.com.

4 Professora orientadora. Mestre em Patologia Clínica pela Universidade Federal Fluminense – UFF. Centro Universitário São Camilo-ES – camilladellatorre@saocamilo-es.br.

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awareness about its risks. In addition, highlight phytotherapy as an alternative form of treatment, praising its benefits in relation to allopathic medicines. The research was accomplished during the period of March/2019 until May/2019, gathering scientific and periodical articles that cover different important studies and that serve as the basis for this research. It was found that the development of more research in the area of botany and phytochemistry in Brazil, focusing on the therapeutic potential of medicinal plants, is a crucial measure to discover its benefits and to ensure the safety and minimization of the risks, since many plants are used even without studies on them.

Keywords: Phytotherapy; Medicinal plants; Intoxication by plants; Public health.

INTRODUÇÃO

Medicamentos fitoterápicos têm como principal matéria prima as plantas, e seus princípios ativos (TEIXEIRA; SANTOS, 2011). São compostos por partes subterrâneas ou aéreas de plantas, ou outra matéria-prima vegetal, ou ainda a associação entre estes, com finalidade paliativa, profilática ou curativa (RATES, 2001). Estes compostos podem ser responsáveis por diversas ações no organismo gerando interações medicamentosas potencializadas ou retardadas, mais conhecidas como sinergismo e antagonismo. Geralmente, seu grau de classificação é caracterizado pela forma como este pode interagir com o corpo humano e promover a cura da patologia ou mal estar (TEIXEIRA; SANTOS, 2011).

Consoante a RDC N° 26/2014, as plantas medicinais constituem espécies vegetais dotadas de potencial para serem utilizadas com finalidades terapêuticas, devido a suas propriedades; enquanto os medicamentos fitoterápicos são produtos com fins profiláticos, curativos ou paliativos, advindos de matérias-primas ativas vegetais, sem a utilização de substâncias isoladas, podendo ser simples ou composto, a depender da quantidade de espécies vegetais das quais são provenientes (BRASIL, 2014).

Com a ampliação da indústria farmacêutica e alopata, simultaneamente com os avanços tecnológicos, houve uma decadência da prática da fitoterapia. A ausência de pesquisas científicas sobre os efeitos das plantas medicinais no organismo, também foi o motivo da diminuição dessa prática (TEIXEIRA, et al. 2012).

Com o passar dos anos, a busca por terapias alternativas com produtos naturais teve um grande aumento, principalmente devido à influência da mídia (RATES, 2001).

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Com isso, foi despertado maior interesse em pesquisas nessa área, o que foi crucial para comprovação de eficácia e ações terapêuticas de várias plantas, dentre elas, as principais e mais utilizadas pela população para fins medicinais (TEIXEIRA; et al. 2012).

A eficácia é comprovada através de bases populares e científicas, além de ensaios clínicos devidamente registradas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA (TEIXEIRA; SANTOS, 2011).

As plantas medicinais possuem características histoquímicas que são utilizadas para obtenção de fitoterápicos. Essas características, em contato com o organismo do paciente, podem ou não causar efeitos colaterais, se este fazer uso de fitoterápicos de forma indiscriminada. Diante disso, como o uso indiscriminado de plantas medicinais e fitoterápicos pode oferecer riscos à saúde da população? Além disso, sabe-se que a alopatia é a forma mais comum de farmacoterapia. A fitoterapia pode ser considerada uma forma alternativa eficaz de tratamento, substituindo alguns medicamentos alopáticos?

Os fitoterápicos e as plantas medicinais apresentam em sua composição uma diversidade de substâncias complexas capazes de provocar diversas reações benéficas ou maléficas ao organismo, além de serem responsáveis por ocasionar efeitos sinérgicos e antagônicos quando associadas a outros medicamentos. Com isso, as interações medicamentosas, juntamente com as intoxicações, constituem os maiores riscos do uso indiscriminado destes medicamentos como efeitos adversos, visto que, a maior parte destes, possuem efeitos adversos desconhecidos (TEIXEIRA; SANTOS, 2011).

Dessa forma, a utilização irracional de plantas medicinais e fitoterápicos pode acarretar diversos riscos à saúde, devido ao desconhecimento de possíveis agentes tóxicos presentes nas plantas, sua forma de cultivo, bem como a comprovação de sua capacidade terapêutica. Portanto, é necessário salientar a importância da capacitação dos profissionais de saúde, a fim de prestar orientações corretamente a população acerca do uso racional deste tipo de medicamentos com intuito de fazer com que os riscos advindos da utilização indiscriminada destes possam ser evitados (FONTENELE;

et al. 2013).

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A utilização de plantas medicinais e fitoterápicos em tratamentos, sem orientação adequada de profissionais da saúde, aumenta a probabilidade de ocorrência de patologias na população. No entanto, se utilizada de forma orientada, a fitoterapia é uma alternativa natural e de baixo custo em relação aos medicamentos alopáticos.

Diante disso, objetiva-se destacar a prática da fitoterapia como uma forma alternativa aos medicamentos alopáticos, bem como advertir a população sobre os riscos do uso indiscriminado de plantas medicinais e fitoterápicos.

METODOLOGIA

Trata-se de uma abordagem qualitativa de pesquisa, permitindo uma análise detalhada das informações sob diferentes perspectivas. Essa análise visa a discussão significativa e abrangente sobre o conteúdo. Ademais, trata-se de uma pesquisa descritiva de dados já analisados, pois reúne informações que já foram estudadas anteriormente (GIL, 2010).

Além disso, a pesquisa é uma revisão integrativa, possuindo como característica uma abordagem ampla de revisões bibliográficas, reunindo ideias e dados teóricos de diferentes estudos para definir conceitos e evidências sobre o problema da pesquisa (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).

A base de dados utilizada para a pesquisa de artigos científicos e periódicos que serviram de base para este estudo foi, principalmente, a SciELO, além de outras plataformas de pesquisa pertinentes ao estudo. O referencial teórico foi realizado durante o período de Março/2019 até Junho/2019, utilizando as palavras-chaves

“fitoterapia”, “saúde pública” e “riscos”. Como critério de aceitação, foram escolhidos os artigos que tinham objetivos de pesquisa semelhantes. Como critério de eliminação, foram excluídos os artigos que não foram de interesse ao assunto da pesquisa.

DISCUSSÃO

1 Biodiversidade brasileira e potencial para novas pesquisas

O Brasil possui a maior porcentagem de biodiversidade mundial, haja vista os diversos climas e tipos de vegetação nacional. Com isso, é comum a presença e o uso

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de plantas medicinais no cotidiano das pessoas (TEIXEIRA; et al. 2012). A grande diversidade e volume de flora, além de reservas naturais como a Amazônia, faz do Brasil um país ideal para pesquisas envolvendo plantas medicinais, propiciando a descoberta e desenvolvimento de fitoterápicos novos. Esse tipo de pesquisa também é crucial em fitoterápicos já conhecidos, pois, apesar de já existirem estudos sobre as plantas medicinais utilizadas, estes ainda precisam ser aprofundados em relação ao uso das plantas a fim de comprovar e garantir sua segurança e eficácia terapêutica (SANTOS; et al.2011).

Em 2006, houve a aprovação da “Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterapia”, base para que em 2009 houvesse a criação do “Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterapia” (PNPMF). O principal objetivo com a criação do PNPMF é a promoção do uso sustentável e racional dos principais componentes da flora brasileira (TEIXEIRA; et al. 2012). No entanto, apenas 8% da flora brasileira foram utilizadas para pesquisas científicas e avaliadas pelas suas características histoquímicas (BRASIL, 2006).

Diante disso, observa-se que o Brasil tem grande potencial para realizar pesquisas com plantas medicinais, a fim de descobrir novos princípios ativos e desenvolver medicamentos fitoterápicos. Tal diversidade dá ao Brasil a oportunidade de promoção e desenvolvimento de lucros (BRASIL, 2006).

2 Utilização indiscriminada de plantas medicinais e fitoterápicos e seus riscos à saúde

Desde a antiguidade, a flora mundial tem sido explorada em busca do tratamento de inúmeras patologias que acometiam a sociedade e dessa forma foram descobertas diversas plantas com potencial medicinal para cura e profilaxia de determinadas doenças. A partir daí, os conhecimentos populares foram transmitidos através das gerações, fundamentando-se em diversas informações e, atualmente, as plantas medicinais são essenciais para a indústria farmacêutica, pois fornecem fármacos que dificilmente poderiam ser obtidos por síntese química e fornecem compostos que podem tornar-se mais eficazes ou menos tóxicos ao serem modificados (TUROLLA;

NASCIMENTO, 2006).

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Entretanto, embora apresente elevada relevância, poucos estudos são realizados no Brasil e no mundo com intuito de comprovar a eficácia e segurança das plantas medicinais e de medicamentos fitoterápicos. Com isso, muitos desses produtos ainda são utilizados baseados apenas em conhecimentos populares, juntamente com a crença de que aquilo que é natural não causa efeitos adverso (TUROLLA;

NASCIMENTO, 2006).

A propaganda, através dos meios de comunicação, tem disseminado amplamente informações acerca da utilização de plantas medicinais e fitoterápicos como uma alternativa terapêutica, livre de efeitos adversos (SILVEIRA; BANDEIRA;

ARRAIS, 2008). Com isso, tais produtos têm sido muito utilizados por automedicação para fins de tratamento, profilaxia e cura, devido à facilidade de acesso e, muitas vezes, sem conhecimento sobre a toxicidade, contraindicações, efeitos adversos e interações medicamentosas, a que estão expostos, dependendo da quantidade e circunstância empregada, dentre outros fatores (RESENER; SCHENKEL; SIMÕES, 2006).

Ao utilizar plantas medicinais para fins terapêuticos, devem ser levados em conta os fatores capazes de interferir na composição química destas plantas, como a sazonalidade e as condições de cultivo, tendo em vista que estes são capazes de alterar a quantidade e qualidade dos princípios ativos das plantas cultivadas, podendo tornar a terapia ineficaz e arriscada (SILVEIRA; BANDEIRA; ARRAIS, 2008).

Além disso, sabe-se que muitas plantas medicinais são constituídas por diferentes substâncias capazes de provocar reações adversas, portanto, torna-se indispensável a realização de um rigoroso controle de qualidade durante toda a cadeia produtiva, além da execução de análises farmacológicas, fitoquímicas e toxicológicas dentre outras, para que as plantas possam ser utilizadas de forma segura e eficaz (TUROLLA; NASCIMENTO, 2006).

Uma questão muito alarmante é baseada no fato de que população que não faz uso racional dos produtos medicinais, somente consegue reconhecer a toxicidade por meio de sinais muito evidentes, como convulsões, diarreia, alergia, dentre outros. Em casos com toxicidade tardia, dificilmente os usuários identificam a ofensividade do produto utilizado e dão continuidade ao uso, propagando informações (RATES, 2001).

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3 A aplicação da fitoterapia na saúde pública

Pesquisas constataram que uma parcela da população atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), utiliza plantas medicinais como terapia por conta própria (FONTENELE; et al., 2013). Em geral, adultos e idosos que fazer uso de outros medicamentos alopáticos para tratar doenças crônicas, constituem a faixa etária de maior predominância quanto ao uso de medicamentos fitoterápicos (TEIXEIRA;

SANTOS, 2011).

Visando uma forma de integralizar o acesso das pessoas aos medicamentos e, concomitantemente, buscar uma alternativa de baixo custo para isso, em alguns municípios a Estratégia Saúde da Família (ESF) oferece programas, através da Atenção Básica à Saúde, que têm como base o uso de plantas medicinais, visto que a eficácia terapêutica é semelhante à obtida com o uso de medicamentos na maioria dos agravos à saúde, sendo esta uma forma de diminuição do excesso de medicamentos consumidos pela população (FONTENELE; et al., 2013).

Além disso, os efeitos adversos e elevado custo dos medicamentos alopáticos colocam novamente a fitoterapia no mercado, visto que, estes são produzidos a partir de plantas medicinais e, portanto tem custo de produção reduzido, configurando um benefício relevante para o SUS (TEIXEIRA; et al., 2012).

É indiscutível que se faz necessária a ampliação das alternativas terapêuticas para a promoção e recuperação da saúde no SUS, tendo em vista que, os usuários deste sistema se deparam, constantemente, com a escassez de medicamentos básicos. Pensando nisso, a proposta da fitoterapia e plantas medicinais se torna muito viável a saúde pública, visto que são mais acessíveis à população devido ao baixo custo e possuem potencial eficácia terapêutica, quando utilizados de forma correta e com as orientações necessárias (PETRY; JÚNIOR, 2012).

Contudo, para que os fitoterápicos possam ser, de fato, inclusos como uma nova proposta terapêutica na saúde pública, é indispensável que sejam realizadas capacitações dos profissionais da área da saúde, de forma que estes adquiram conhecimento acerca das atividades farmacológicas e toxicológicas das plantas medicinais para que, assim, possam aconselhar os pacientes de forma correta e segura sobre o uso destes como terapia alternativa (SANTOS; et al., 2011).

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Além disso, é essencial que dentro da equipe multidisciplinar da saúde pública sempre haja um farmacêutico para prestar serviços de assistência farmacêutica, afim de melhor orientar acerca do uso e associação de fitoterápicos, evitando riscos de intoxicações e diferentes efeitos adversos. Em continuação, o farmacêutico poderia contribuir também promovendo ações voltadas ao uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, com intuito de sensibilizar a população sobre os riscos da utilização indiscriminada.

4 Parâmetros que Influenciam a utilização de fitoterápicos

Atualmente, os meios de comunicação têm exercido forte influência sobre o incentivo ao consumo das plantas medicinais, propagando informações sobre propriedades milagrosas de algumas espécies de plantas, com ausência de possibilidade de reações adversas e contraindicações, sem o conhecimento sobre a toxicidade das substâncias que compõe o produto, as quais podem acarretar diversos problemas ao indivíduo, como reações tóxicas e alérgicas (COELHO; LOPES JR, 2015).

A comercialização de plantas medicinais em feiras e mercados ainda é um fato preocupante para a saúde da população (SANTOS; 2011). O uso indiscriminado destes produtos pode acarretar diversos problemas associados a forma de cultivo da planta, colheita, armazenamento, conservação, preparo e até mesmo por erro ao identificar a espécie de interesse (COELHO; LOPES JR, 2015). A grande maioria desses produtos não são adequados quanto à segurança e eficácia exigidas pelo controle de qualidade da farmacovigilância. Consequentemente, essa situação gera o uso inadequado das plantas pelo consumidor (SANTOS; et al. 2011).

Alguns fatores como a eficácia das plantas, baixo risco do seu uso, constância da qualidade, fácil acesso, e até o baixo custo, estão aplicados como características desejáveis desta para o uso dos fitoterápicos, não obstante, é preciso que seja levado algumas estratégias para a formulação do fitoterápico, não deixando de lado os estudos e avaliações dos compostos, bem como os princípios ativos, visando os cuidados para cultivo, colheita e seleção correta do vegetal, para que a manipulação, e a terapêutica

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ocorram de forma a não agredir ou provocar danos ao organismo, como o envenenamento por intoxicação (BONIL; BUENO, 2017).

5 Benefícios da fitoterapia em relação aos alopáticos

A fitoterapia, como já mencionada, trata do estudo do uso de medicamentos fabricados a partir de plantas, ou partes das plantas, desta forma, utilizando seu princípio ativo oriundo de uma base natural, eliminando a ideia que apenas medicamentos fabricados de forma sintética, realizam o efeito desejado para combater o desequilíbrio homeostático do organismo.

Os medicamentos fitoterápicos possuem a capacidade de realizar o efeito desejado de forma eficaz, tanto como um medicamento sintético. Por possuir sua fabricação associada a extração de componentes químicos naturais, associados exclusivamente da manipulação e extração natural, tem propriedades terapêuticas que podem alterar o funcionamento de uma célula, e não provocar tantos danos e/ou efeitos adversos ao organismo do paciente, haja visto que, a utilização de plantas como terapêutica farmacológica, possui a capacidade de reconectar o ser humano ao ambiente, e assim, ajuda o organismo a recuperar, e normalizar suas funções fisiológicas, restaurando a imunidade, promovendo a desintoxicação, quando utilizados de maneira correta (FRANÇA; et al. 2007).

Após a implementação de síntese química, os medicamentos com origem vegetal, foram drasticamente substituídos por outros medicamentos que possuem seu princípio ativo extraídos deles próprios ou derivados sintéticos. Podemos associar simultaneamente isto, a implementação de alopáticos. Os medicamentos alopáticos, são conceituados de forma que possuem seu efeito indo de forma contrária a patologia, são sintéticos, sendo hoje em dia, os medicamentos mais utilizados, em combate as várias doenças que afligem a população. Tecnicamente, nada mais são que extratos vegetais manipulados de forma a terapêutica farmacêutica, totalmente industrializada, com aplicação de sintetização da matéria prima, para derivação de um fármaco sintético (DAS-DÔRES; et al. 2003).

É importante lembrar que, os alopáticos, devido suas propriedades terapêuticas, também age na célula de forma farmacológica, porém, pode causar danos e/ou efeitos

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adversos, como a intoxicação, ao organismo do paciente, uma vez que seu princípio ativo altera o funcionamento de uma célula, quando encontra receptores, porém, após o efeito, devido a sua meia vida plasmática, pode ainda circular no organismo, e causar efeitos tóxicos.

6 A utilização de plantas medicinais e fitoterápicos na gravidez

A utilização de plantas medicinais e a prática da fitoterapia têm crescido cada vez mais nos últimos anos, principalmente com base na crença de que por ser um método natural e associado ao poder de cura, configura um tipo de medicamente não tóxico. A questão a ser descrita baseia-se justamente no fato de que realizar a associação que um medicamento natural possui um teor de toxidade baixo é um equívoco, haja vista que a fitoquímica comprova que dentre as substâncias presentes em plantas, algumas possuem propriedades terapêuticas em determinadas partes botânicas, mas em outras partes há alto teor de toxicidade, sendo totalmente nociva ao ser humano. Além disso, grupos mais sensíveis como idosos, crianças, e gestantes estão expostos a um risco ainda maior quanto à toxicidade de plantas medicinais e fitoterápicos, quando estes são utilizado de forma indevida (CARDOSO; AMARAL, 2017).

O maior risco associado ao uso da fitoterapia pelas gestantes é o uso destes, concomitantes a medicamentos, sendo fitoterápicos ou não. O risco de interações medicamentosas entre ambos pode ser estritamente prejudicial ao desenvolvimento embrionário, principalmente nas primeiras semanas de gestação (CARDOSO;

AMARAL, 2017).

O uso dos medicamentos fitoterápicos sem indicação, sem orientação, ou supervisão por um profissional da saúde, é altamente perigoso, visto que a terapêutica e o teor toxico é desconhecido pela gestante. O perigo consiste em saber que existem muitas plantas que são altamente tóxicas para o bebê, em muitos casos abortivas, ou até mesmo se configuram em um exemplo de agente teratogênico, como já mencionado (DUARTE; et al. 2018).

Embora existam os riscos, alguns desses medicamentos são utilizados para tratar desconfortos ocasionados pela própria gestação, constipação intestinal, náuseas

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e pirose. Não obstante, é um lapso considerar que o uso dos fitoterápicos ou plantas medicinais é totalmente viável em uma gestação, devido aos problemas que esse uso sem orientação por parte de um profissional da saúde, pode ocasionar, no início, durante, e até mesmo após a gestação (amamentação), por exemplo. Com isso, é preciso considerar o uso de fitoterápicos, somente quando devidamente orientados por profissionais capacitados, desde que não associados e uso concomitante a outros, com doses seguras, pensando no bem da gestante e, principalmente, do bebê (DUARTE; et al. 2018).

7 A utilização de plantas medicinais e fitoterápicos por idosos

Desde as gerações passadas, tornou-se cultural a utilização de plantas medicinais para tratamento de diversas patologias, principalmente por idosos, que são os principais usuários destes medicamentos alternativos. No entanto, sabe-se que a maior parte deste grupo etário também faz uso de outros medicamentos alopáticos de acordo com a necessidade e condição de saúde, compondo graves riscos associados à polifarmácia, devido à alta possibilidade de efeitos adversos em relação a possíveis interações medicamentosas, efeitos sinérgicos e antagônicos (MACHADO, 2014).

Com o aumento da longevidade e, consequente envelhecimento, há uma crescente taxa de utilização de diferentes medicamentos por grande parte da população idosa, com intuito de realizar a recuperação e/ou manutenção da saúde (BADANAI, 2011). A possibilidade de efeitos adversos, entretanto, não decorre somente devido a possibilidade de interações entre os constituintes das plantas medicinais com os medicamentos alopáticos, mas também pode ter relação com as características fisiológicas do paciente (MACHADO, 2014), visto que, devido à idade, por exemplo, a quantidade de enzimas e receptores farmacológicos também diminuem, favorecendo a intoxicação por choque anafilático.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De modo geral, os produtos constituídos por plantas medicinais são considerados seguros à saúde, desde que tenham eficácia terapêutica comprovada e sejam utilizados de forma correta e segura, mediante as orientações necessárias.

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Contudo, de acordo com a pesquisa realizada, espera-se que o uso irracional de plantas medicinais e fitoterápicos como terapia alternativa, sem a orientação adequada dos profissionais da saúde, possa acarretar diversos riscos à saúde, devido ao desconhecimento sobre possíveis agentes tóxicos presentes nas plantas, dentre outros fatores.

Além disso, sabe-se que deve ser estimulada a realização de mais pesquisas sobre o potencial terapêutico das plantas medicinais, com intuito de realizar um levantamento de dados sobre os benefícios, a toxicidade e os efeitos adversos, destacando os riscos das possíveis interações. Assim, seria possível garantir, de forma mais segura e racional, a prevenção de riscos à saúde e a eficácia terapêutica.

Ademais, também se faz necessária a realização da capacitação dos profissionais da saúde, para que se tornem aptos a orientar corretamente a população sobre o uso racional das plantas medicinais e fitoterápicos.

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Referências

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