UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA
Daniele Belmont de Farias Cavalcanti
USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO:
MODELOS DE ESTUDOS SOBRE O COMPORTAMENTO DE BUSCA E USO DA INFORMAÇÃO
Orientadora: Profª. Francisca de Assis Sousa
NATAL/RN
2008.2
DANIELE BELMONT DE FARIAS CAVALCANTI
USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO:
MODELOS DE ESTUDOS SOBRE O COMPORTAMENTO DE BUSCA E USO DA INFORMAÇÃO
Orientadora: Profª. Francisca de Assis Sousa
NATAL/RN 2008.2
Monografia apresentada à disciplina Monografia,
ministrada pelas professoras Maria do Socorro
Azevedo Borba e Renata Passos Filgueira de
Carvalho para fins de avaliação da disciplina e como
requisito parcial para conclusão do curso de
Biblioteconomia do Centro de Ciências Sociais
Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte.
Cavalcanti, Daniele Belmont de Farias.
Usuários da informação: modelos de estudos sobre o comportamento de busca e uso da informação / Daniele Belmont de Farias Cavalcanti. – Natal, RN, 2008.
42 p.: il.
Orientador: Profª Esp. Francisca de Assis de Sousa.
Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Biblioteconomia.
1. Usuários da Informação: modelos de estudos sobre o comportamento de busca e uso da informação – Monografia. 2. Estudo do usuário: sua origem – Monografia. 3. Modelos para estudo do usuário – Monografia. 4. Analise comparativa dos modelos: sense-making e information search process – Monografia. 5. O papel do bibliotecário na busca e uso da informação I. Sousa, Francisca de Assis.. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III.
Título
CDU 001.8
DANIELE BELMONT DE FARIAS CAVALCANTI
USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO:
MODELOS DE ESTUDOS SOBRE O COMPORTAMENTO DE BUSCA E USO DA INFORMAÇÃO
MONOGRAFIA APROVADA EM ____/____/2008.
BANCA EXAMINADORA
Profª. Esp. Francisca de Assis de Sousa (Orientadora)
Profª. MsC. Maria do Socorro de Azevedo Borba (Professora da disciplina)
Profª. MsC. Renata Passos Filgueira de Carvalho (Membro)
Monografia apresentada à disciplina Monografia,
ministrada pelas professoras Maria do Socorro
Azevedo Borba e Renata Passos Filgueira de
Carvalho para fins de avaliação da disciplina e como
requisito parcial para conclusão do curso de
Biblioteconomia do Centro de Ciências Sociais
Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte.
Dedico esta monografia a todos que juntamente comigo lutaram, me apoiaram,
me incentivaram e me encorajaram pra que hoje estivesse pronta a concluí-la na
certeza que melhores dias virão.
AGRADECIMENTOS
Á Deus, todo honra, glória e louvor pelos grandes feitos em minha vida, pelo seu grandioso poder regenerador, pela sua bondade e misericórdia, pelo seu imensurável amor que em nenhum momento me abandonou.
Aos meus amados pais, José Manoel Pereira de Farias e Maria de Fátima Belmont de Farias que sempre me incentivaram a lutar pelos meus ideais. Agradeço pelo grande apoio nos momentos que precisei pra concluir o curso. Amo vocês.
As minhas irmãs, Laysa Belmont de Farias Leite e Grabriela Belmont de Farias por todos os bons e maus momentos que passamos juntas, pelas trocas de experiências pessoal e intelectual, pelo amor que construímos uma pela outra. Estarei sempre pronta a ajudá-las.
Ao meu maravilhoso marido, Will Douglas Cavalcanti de Farias por toda dedicação a minha pessoa, por demonstrar carinho, respeito e fidelidade. Por estar ao meu lado me orientando nas escolhas, por me ajudar com nossos filhos e pela constante luta de trabalho pensando em nos oferecer o melhor. Amo-te.
Aos meus lindinhos Davi Belmont de Farias Cavalcanti e em breve, Danilo Belmont de Farias Cavalcanti. Meus filhinhos, a ausência às vezes se faz necessário, mas mamãe garante que a minha ausência durante esse período é pra proporcionar a vocês um futuro melhor.
Aos meus admiráveis amigos Wesley Chaves e Breno Leite, homens os quais eu estimo pelo excelente caráter como pessoa, esposo, cunhado e amigo. Continuem sempre assim, com certeza Deus dará a melhor recompensa! Saudades.
Aos professores do curso que durante quatro anos puderam repassar seus conhecimentos dando-me a oportunidade de aumentar meus conhecimentos interiores, com certeza tudo que foi passado será válido.
A professora e minha orientadora Francisca de Assis, muito obrigada pela ajuda.
Aos meus amigos do grupo pequeno da Igreja Nazareno, pelas orações e apoio que sempre me ofereceram.
Aos amigos do curso, pelos bons e maus momentos, pelas trocas de
informações, pela ajuda e apoio, mas principalmente pela amizade!
RESUMO
Apresenta a origem dos estudos voltados aos usuários da informação, mostrando as abordagens tradicional e alternativa utilizadas para realização de estudos direcionados a essa vertente. Demonstra dois modelos aplicáveis em estudo de usuários que abordam a visão cognitiva para aplicação dos procedimentos voltados a busca e uso da informação. Analisa e compara os dois modelos apresentados nesse trabalho. Ressalta as habilidades do profissional bibliotecário como mediador do processo de busca e utilização da informação pelos usuários de bibliotecas. Concluí que os modelos apresentados são ferramentas aplicáveis a estudos de usuários e que a existência de um bibliotecário como intermediário desse processo é de suma importância para a formação dos usuários no que diz respeito a busca e uso da informação.
Palavras-chave: Estudos de usuários da informação. Bibliotecário intermediário de
informação. Formação de usuários da informação.
ABSTRACT
It presents the origin of studies aimed at information user, showing the traditional and alternative approaches used to carry out studies directed to that aspect. Shows two models applicable in a user study that address the cognitive vision for implementation of procedures aimed to information search and user. Analyzes and compares the two models presented in this work. It Emphasizes the skills of professional librarian as a mediator in the process of information search and use by libraries users. It concluds that the models presented are tools for user studies and that the existence of a librarian, as an intermediary of the process, is of paramount importance for the training of users in the information search and use.
Key words: Study of Information user. Information user education. Librarian Information
Intermediary.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...8
2 ESTUDO DO USUÁRIO: SUA ORIGEM ...10
2.1 TIPOS DE ABORDAGEM PARA ESTUDO DO USUÁRIO...14
2.1.1 Serviços de informação versus abordagem alternativa e tradicional ... 16
3 MODELOS PARA ESTUDO DO USUÁRIO ...18
3.1 SENSE-MAKING ...19
3.2 ISP - INFORMATION SEARCH PROCESS ...25
3.2.1 Zona de Desenvolvimento Proximal – ZDP ...28
4 ANÁLISE COMPARATIVA DOS MODELOS: SENSE-MAKING E INFORMATION SEARCH PROCESS ...32
4.1 COMPARAÇÕES DOS MODELOS DE BRENDA DERVIN E CAROL KULTHAU...33
5 O PAPEL DO BIBLIOTECÁRIO NA BUSCA E USO DA INFORMAÇÃO... 35
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...39
REFERÊNCIAS... 40
1 INTRODUÇÃO
Entre os princípios que regem a formação acadêmica do profissional bibliotecário, estão presentes os firmes compromissos com a liberdade intelectual e a promoção ao acesso das mais variadas fontes de informação.
Esses compromissos levam o profissional bibliotecário a uma preocupação maior com a qualidade dos produtos/serviços informacional oferecidos ao usuário da informação, pois a existência de um serviço de informação se justifica pelas necessidades de informação obtidas pelos indivíduos.
Para tanto se torna necessário a realização do estudo de usuários para obtenção de informações pertinentes a esse processo a fim de obter esboço para futuros produtos/serviços informacional.
Dessa maneira é imprescindível estudar suas características em relação ao procedimento de busca e uso da informação e a percepção de cada usuário no processo de busca e utilização dos recursos de informacional. Assim o embasamento teórico traz subsídios para o estudo do usuário e contribui para criação de técnicas e procedimentos a serem utilizados nesse processo.
O interesse por este tema surgiu pela importância e a necessidade de se estudar como proceder nas investigações relacionadas ao estudo do usuário. Desta forma pretende-se demonstrar modelos aplicáveis em estudos de usuários de forma a compreender os procedimentos utilizados para tal estudo.
A partir do tema abordado “estudos de usuários”, surgiram às seguintes
problematizações: Quais são os modelos abordados na literatura da área de
Biblioteconomia e Ciência da Informação sobre o comportamento no processo de busca
e uso da informação pelos os usuários da informação? Quais são as abordagens
existentes para a realização de estudo de usuários? Qual é o papel do bibliotecário
como mediador da busca e uso da informação?
Diante desse contexto, é preciso analisar os modelos existentes na literatura que abordam o tema a ser apresentado para verificar se os mesmo são capazes de atender as expectativas relacionadas aos estudos de usuários.
Neste trabalho, objetivou-se, analisar de modo geral a(s) metodologia(s) aplicada para o estudo de usuário na busca e uso da informação e de modo específico os modelos de estudo de usuários e o papel do bibliotecário como mediador da informação.
Para os procedimentos metodológicos foi utilizado levantamento bibliográfico através de leituras de livros, artigos eletrônicos e impressos que serviram de arcabouço para o desenvolvimento dos tópicos a serem abordados.
A monografia está estruturada da seguinte maneira: o capítulo que procede a introdução apresenta a origem do estudo de usuários da informação, sua importância e as abordagens existentes a esse respeito.
No capítulo posterior são apresentados dois modelos existentes na literatura direcionados a visão cognitiva de como estudar o usuário através da análise perceptiva de cada pessoa.
No quarto capitulo é feita uma breve explanação dos modelos apresentados no capitulo anterior e em seguida uma analise comparativa entre os dois.
No quinto capítulo é ressaltado o papel do bibliotecário como mediador da busca
e uso da informação com objetivo de investir na formação do usuário para que esse
torne individuo confiante em si mesmo no processo de busca da informação. E por fim,
no ultimo capítulo são apresentadas as considerações finais.
2 ESTUDO DE USUÁRIOS: SUA ORIGEM
As investigações com intuito de saber o que os indivíduos necessitam em matéria de informação, ou se estão sendo atendidos de maneira adequada pela unidade de informação, é denominado pela literatura da área da biblioteconomia e ciência da informação como estudo de usuários.
È através desses estudos que pode ser verificado as razões pelos quais levam os indivíduos a usarem a informação e os fatores que afetam o uso da mesma. Desta forma o estudo de usurário torna-se ponte de comunicação entre unidade de informação e a comunidade a qual ela serve. A existência dessa comunicação entre usuário e unidade de informação faz com que haja um aprofundamento sobre a origem do estudo de usuários.
A preocupação em se estudar o usuário da informação surgiu na década de 40 a partir da Conferência da Royal Society, em 1948, na qual foram apresentados trabalhos que vieram a contribuir para o surgimento da preocupação de se criar estudos orientados aos usuários. Em 1958 em Washington, ocorreu a Conferência Internacional de Informação Cientifica, no qual veio a contribuir para o desenvolvimento dessa área de investigação (FIGUEIREDO, 1994).
O período entre 1948 a 1965 corresponde o primeiro período do estudo de usuários, teve como ênfase o estudo do uso da informação por engenheiros e cientistas, esse grupo de usuário estava inserido em uma área na qual havia muitos problemas de sistemas inadequados e conseqüentemente atrapalhavam nas buscas por informação. Neste momento os estudos abordaram principalmente o método quantitativo, usando técnicas de questionários e entrevistas com intuito exploratório para obtenção dados, porém os resultados foram contraditórios devido à complexidade e a amplitude diversificada das necessidades dos usuários.
Estes estudos evidenciavam com mais profundidade os problemas ocasionados
nos sistemas e computadores ao invés de como a informação era obtida e utilizada pelo
o usuário, pois:
Nesta época os planejadores estavam mais preocupados em entender e se ajustarem aos novos modelos de computadores disponíveis, e o interesse maior era com as capacidades técnicas do sistema a ser implantado, não com as necessidades dos possíveis usuários (FIGUEIREDO, 1994, p.9).
O segundo período dos estudos realizados com enfoque no usuário da informação começou após o ano de 1965, foram utilizadas técnicas mais sofisticadas de observação indireta para estudar aspectos particulares do comportamento dos usuários. Os métodos sociológicos para análise da transmissão informal amplamente utilizada pelos cientistas também foram utilizados nesse período.
Os estudos sociológicos tiveram mais ênfase na década de 70 onde a necessidade de se ajustar os sistemas computacionais com o usuário ainda era percebida, porém, nesta fase percebeu-se além disso a importância de estudar as necessidades do usuário e não somente os problemas ocasionados pelos sistemas implantados.
Muitos problemas foram encontrados nas realizações desses estudos começando pelas contradições observadas nas respostas obtidas pela utilização do questionário e na observação indireta das pessoas pesquisadas. Outro ponto é o fato das pessoas agirem de forma diferente da usual, quando sabem estar sob observação, o que leva a invalidade dos métodos utilizados para o estudo. Outra questão negativa foi o fato dos usuários demonstrarem desconhecimento em relação aos serviços oferecidos pela biblioteca.
Uma das maiores critica existente na literatura em relação aos estudos de
usuários é a possibilidade de se estabelecerem às necessidades de informação dos
usuários, as quais devem ser analisadas não somente pelo procedimento de busca de
um documento, mas também, pelas necessidades de informação sentidas pelos
mesmos.
Entretanto, esses estudos contribuíram mais para consolidar o campo de investigação do que propriamente gerar conhecimentos que pudessem nortear as propostas de melhorias dos serviços, Crawford (apud DIAS 2001, p. 208), “avaliava a maioria desses estudos como estéreis”. Desde então, as críticas se sucedem, seja pela ausência de diretrizes teóricas para interpretar os estudos, seja pelas questões colocadas e/ou pela metodologia utilizada.
Verifica-se que os estudos de usuários realizados no período de 1948 a 1965 que correspondem ao levantamento do primeiro estágio da pesquisa, tinha enfoque principal em saber qual era a demanda da informação e não o uso da informação pelos usuários. Já a segunda fase corresponde às investigações que envolvem a psicologia e o comportamento humano pela busca e uso da informação tornando o estudo de usuário mais complexo e de difícil análise.
Conforme Kuhlthau (apud DIAS 2001, p. 208)
O paradigma bibliográfico é baseado na certeza e na ordem, ao passo que os problemas dos usuários são caracterizados pela incerteza e pela confusão. Visto um conflito entre os princípios em que são concebidos e desenvolvidos os sistemas e a natureza do comportamento de busca de informação dos usuários.
Ou seja, a necessidade de informação gera um comportamento muitas vezes imprevisível de se mensurar, tornando a natureza dos sistemas de informação muitas vezes incompatíveis a atender a necessidade informacional do usuário.
Os estudos de usuários continuam sendo uma tarefa difícil de realizar, pois para
obter dados concretos, muitos pontos devem ser analisados. Quando se trata de
investigar pessoas, atitudes de busca, motivação, percepção, os problemas de analises
e respostas aumentam partindo do ponto que cada ser humano pensa, agem e
procedem de forma diferente e em determinados momentos suas atitudes se
diferenciam da primeira. Estudá-los torna-se um desafio para oferecer serviços que
atendam as necessidades de informação sentidas por eles.
Esses estudos devem levantar respostas lógicas, as quais possam ser interpretadas resultando em aplicações praticas de interesse do usuário. Devem ser estudos válidos e de confiança, para isto deve existir vários problemas metodológicos.
No entanto os profissionais da informação vêem nesses estudos a necessidade de não apenas estudar o usuário, mas colocá-lo no centro das preocupações dos projetos da unidade de informação e dos sistemas de informação, para isso torna-se necessário o conhecimento de abordagens e modelos existentes na literatura sobre esse assunto, para melhor aplicação desses estudos.
2.1 TIPOS DE ABORDAGEM PARA O ESTUDO DE USUÁRIOS
A investigação do uso e efeito da informação, para a criação e realizações de trabalhos vem contribuindo para realização de novas abordagens do usuário da informação. A literatura sobre o estudo dos usuários aborda duas perspectivas: a tradicional ou demográfica – que foca o método quantitativo e a perspectivas alternativa ou cognitiva – que foca a observação do comportamento do usuário em relação à busca e uso da informação.
A abordagem tradicional tem como foco principal o sistema de informação, os quais estão inseridos o acervo, os bibliotecários, as bases de dados, bem como os problemas, as barreiras, a satisfação ou insatisfação que envolve a relação usuário e sistema de informação/biblioteca (ALVES; FAQUETI, 2001, p.2).
Corroborando com a citação acima Taylor apud Ferreira (1997), acrescenta que
os estudos dentro desse paradigma tradicional têm sido dirigidos ao conteúdo ou a
tecnologia. Nesta abordagem consideram-se dados relevantes: à idade, o sexo, a
formação acadêmica, o curso, o departamento, entre outros. Com esses dados o
estudo permite a descrição do usuário porém não diagnostica o comportamento em
relação à busca da informação, porém não identifica um perfil das necessidades de informação do usuário.
Estudos de usuários centrados na perspectiva tradicional chegam a resultados quantitativos, como por exemplo, usuários do curso de biblioteconomia, utilizam mais as bases de dados para realização de pesquisas acadêmicas, do que os estudantes do curso de pedagogia. Já os usuários da área tecnológica utilizam mais os periódicos, sendo os estudantes da área tecnológica predominantemente do sexo masculino e assim por diante. Esses estudos na verdade provam que as características demográficas são válidas, mas, não são indicadores potenciais do comportamento de busca e de uso da informação, pois segundo (FERREIRA apud ALVES; FAQUETI, 2001) o usuário deixa de ser o objeto de estudo e torna-se a ser apenas o informante.
Observa-se que os estudos centrados nas abordagens tradicionais objetivam melhorar a resposta do sistema de informação e de seus serviços, além de aumentar a satisfação do usuário. E que estão focados em observar grupos de usuários a fim de obter dado como: raça, idade, formação acadêmica, etc. Entretanto os estudos atuais estão centrados no indivíduo, com intuito de observá-los do ponto de vista cognitivo, buscando interpretar necessidades de informação tanto intelectual como sociológicas.
Tais estudos centrados nos indivíduos são chamados de abordagem alternativa ou cognitiva. Este se preocupa em analisar os usuários levando em consideração seus sentimentos, o modo de aprendizagem, a percepção, enfim aspectos que segundo os teóricos da corrente cognitivista interferem no comportamento de busca da informação.
Estudos dessa natureza começam a considerar que a informação só tem sentido quando integrada a algum contexto. Pois a informação “é um dado incompleto, o qual o indivíduo atribui um sentido a partir da intervenção de seus esquemas interiores”
(FERREIRA, 1995, p. 5). E considera os usuários como indivíduos com necessidades
cognitivas, afetivas e fisiológicas individuais, que segundo Ferreira (1995), tais
indivíduos operam dentro de um esquema, que faz parte de um ambiente, com
restrições, socioculturais, políticas e econômicas.
São as necessidades próprias dos indivíduos que formam a base do conjunto do comportamento de busca de informação. No entanto, os atos de comunicação:
questionar, planejar, interpretar, criar, resolver, responder, tão esquecido no modelo tradicional é amplamente valorizado no modelo alternativo.
As pesquisas sobre estudos de usuários da informação, inseridos dentro dessa abordagem, possuem em comum algumas características, tais como:
a) O foco principal está voltado aos aspectos cognitivos e afetivos que interferem na busca e no uso da informação;
b) Levam em consideração as experiências individuais de cada usuário;
c) Considera o ser humano como um ser ativo e criativo;
d) As necessidades de informação devem ser situacionais e contextualizados. (ALVES, 2001, p. 22)
Tais características devem servir como arcabouço na criação de serviços e sistemas de informação e aos programas destinados a educação de usuários.
2.1.1 Serviços de Informação Versus Abordagem Alternativa e Tradicional
O que leva uma instituição estudar seus usuários é a necessidade de saber se os serviços oferecidos pela mesma atendem as expectativas de sua clientela. Isso não é diferente nas unidades de informação, no entanto o que se questiona na literatura da área que envolve os estudos de usuários é a forma metodológica utilizada para aplicação dos estudos, visto que existem algumas divergências entre utilizar a abordagem tradicional ou a alternativa, abordagens já citadas anteriormente.
A questão que vem sendo discutida pelos pesquisadores é que os estudos de
usuários voltados ao modelo tradicional tratam o usuário como um ser passivo tendo
que se adaptar com os mecanismos de recuperação da informação, em vez do
mecanismo se amoldar às características particulares dos indivíduos.
Estes estudos, voltados a grupos de usuários utilizam os modelos tradicionais e outros elementos que priorizam os tratamentos técnicos e a organização do conteúdo ou da informação. Essa perspectiva tem sua organização centrada prioritariamente na aquisição e administração de coleções de materiais.
Quanto ao usuário essa abordagem limita-se em saber do indivíduo estudado os procedimentos utilizados para localizar os itens desejados, sem levar em consideração as tarefas de interpretação, formulação e aprendizado, fatores que se inclui na abordagem alternativa. De acordo com Ferreira (1995, p.3), “na perspectiva tradicional os usuários da informação são vistos apenas como um dos integrantes do sistema, mas não como a razão de ser do serviço”.
Esse tipo de estudo não satisfaz totalmente as diversas necessidades sentidas pelos usuários, ele contribuiu apenas para alguns avanços no que diz respeito aos serviços ou sistemas de informação, como por exemplo: planejamento de centros de documentação incluindo, aquisição, organização, controle e desenvolvimento de coleções; os sistemas de catalogação e indexação apropriados para melhor recuperação da informação e o acesso às bases de dados bibliográficas e não bibliográficas.
Já os estudos direcionados a abordagem alternativa buscam analisar o indivíduo através de suas características próprias com intuito de buscar a cognição comum à maioria deles. Permitindo que os serviços e sistemas de informação sejam mais flexíveis no processo de busca de informação, considerando que as necessidades de informação de cada indivíduo são diferentes e mudam no decorrer do tempo.
Complementando essa idéia Rouse (apud FERREIRA, 1995, p.7) considera que:
[...] a atividade de se buscar informação [...] é um processo dinâmico em
que métodos e critérios utilizados para selecionar ou rejeitar informações
variam freqüentemente no tempo, dependem dos resultados imediatos,
são fortemente relacionados com os hábitos pessoais do indivíduo e
com as necessidades que precisam ser satisfeitas.
Diante do modelo alternativo, torna-se mais claro identificar as dificuldades de cada individuo, permitindo assim que o planejamento de uma unidade de informação não esteja apenas na projeção de ótica dos projetistas, analista de sistemas ou bibliotecário. Pois o ideal seria que ambos profissionais juntamente com os usuários construíssem um ambiente o qual disponha de produtos e serviços que atendam as expectativas tanto materiais, quanto cognitivas de seus clientes.
Os serviços de informação que aderem à abordagem alternativa devem-se ajustar de acordo com os seus usuários, levando em consideração suas necessidades de informação e seus padrões na busca e uso da informação.
Perante o que foi exposto verifica-se a importância dos profissionais da informação em averiguar a forma que eles visualizam a natureza de seus serviços, deve ter em mente não somente quem usa os sistemas de informação e qual é a freqüência dessa utilização, mas principalmente visualizar seus serviços através do propósito que os mesmos são utilizados e de que forma efetiva eles tem ajudado na busca da informação e se efetivamente os resultados são satisfatórios.
3 MODELOS PARA ESTUDO DE USUÁRIOS
A identificação de modelos de busca da informação nas pesquisas centradas nos
usuários tem sido uma constate na literatura que envolve a Biblioteconomia e a
Ciências da Informação. Essa constante se dá pelas mudanças nos paradigmas que envolvem essa área, os quais eram voltadas principalmente aos serviços, as máquinas e aos sistemas e os métodos utilizados apenas levantavam dados que caracterizavam os tipos de grupo de usuários.
Com o surgimento das ciências cognitivas, ciência que estuda o comportamento do ser humano na aquisição do conhecimento (percepção), esses paradigmas tradicionais que até então eram utilizados passaram a ser insuficientes para a obtenção de dados que refletissem nas reais necessidades sentidas pelos usuários. Daí ocorre o que chamamos de interdisciplinaridade entre as ciências cognitivas, Biblioteconomia e Ciências da informação o que levaram muitos estudiosos que acreditam que os seres humanos ao irem à busca das suas necessidades passam por várias etapas que envolvem o estado cognitivo do individuo, a criarem modelos de busca e uso da informação direcionado a particularidade de cada um.
Partindo do interesse de saber da existência desses modelos, suas teorias, seus embasamentos e a contribuição para o avanço nas pesquisas direcionadas aos usuários da informação, nesse trabalho serão abordados dois modelos bem interessantes que estão centrados nas particularidades do individuo no processo de busca e uso da informação. Outros modelos são encontrados na literatura que envolve o estudo de usuários como o de David Ellis que estuda os usuários para obter melhorias em sistemas de informação, porém a escolha dos modelos citados abaixo se deu pela sua abrangência de informação na literatura pesquisada, pelo seu direcionamento ao construtivismo pessoal no processo de busca da informação e pelos seus diferenciais em relação aos modelos tradicionais. São eles denominados de Sense-Making e o segundo de Informatin Search Process – ISP, modelos que estão sendo bastante utilizados em serviços de informação e na formação de usuários da informação.
3.1 SENSE - MAKING
O modelo Sense-Making foi elaborado pela professora Brenda Dervin no ano de 1972, porém seus embasamentos filosóficos, metodológicos e teóricos foram publicados no ano de 1983 na International Communications Associantion Annual Meeting. Sua base teve como sustentáculo as teorias de vários pesquisadores que em seus estudos abordaram a cognição, a psicologia, os estudos das ciências tradicionais e alternativas, mas “principalmente em Carter, teórico da comunicação que acredita que o homem cria idéias para preencher as lacunas, que aparecem no decorrer das descontinuidades sempre presentes na realidade” (FERREIRA, 1997, p.13).
O fenômeno do sense-making
1é definido como um comportamento humano interno e externo o qual permite que o indivíduo passe por um processo construtivista no qual ele projeta suas ações, para tanto à busca e a utilização da informação torna-se ação primordial para tal processo. Através dessas ações a abordagem Sense-Making avalia como os indivíduos se interagem com instituições, com a mídia, com as mensagens que recebem diariamente e como essas pessoas utilizam a informação e outros recursos que estão relacionados a esse processo (FERREIRA, 1997).
A abordagem Sense-Making pode ser sinteticamente demonstrada pelos seus enunciados básicos:
A existência de gaps (vazios) no individuo é permeada por este estar inserido em uma realidade de constantes mudanças;
A informação é considerada como um produto da observação humana sendo assim, a informação assume um papel subjetivo;
Busca e uso da informação é tido como uma atividade construtiva feita pelo indivíduo;
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