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CEI-TRF1 ROTEIRO DE SENTENÇA PENAL

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CEI-TRF1 RETA FINAL

ROTEIRO DE SENTENÇA PENAL

CEI-TRF1

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ROTEIRO DE SENTENÇA PENAL

Prezado(a) aluno(a), é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso.

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ROTEIRO DE SENTENÇA PENAL

PROFESSORES

Clara da Mota Santos Pimenta Alves – Professora em Formação Humanística.

Juíza Federal Titular em Cuiabá – MT (aprovada em 1º lugar no XIII Concurso para o TRF-1). Foi Subescrivã no TJBA (2005), Advogada da Petrobrás Distribuidora (2005/2006), Procuradora do Banco Central (2006/2007) e Procuradora da Fazenda Nacional (2007/2011). Graduada em Direito pela Universidade Federal da Bahia (2004).

Especialista e Mestre em Direito Constitucional pela UNB. Aprovada para os cargos de Procuradora Federal – AGU, Defensora Pública do Estado de Sergipe e Promotora de Justiça do Estado da Bahia, dentre outros.

Emmanuel Mascena de Medeiros – Professor em Direito Administrativo e em Sentença Cível.

Juiz Federal Titular em Manaus – AM (aprovado no XIII Concurso para o TRF-1). Foi Técnico Judiciário no TRF-5 (2004/2011). Graduado em Direito pela Universidade Federal da Paraíba (2007). Pós-graduado em Direito Público.

Aprovado nos concursos de Defensor Público Federal e Procurador Federal – AGU, dentre outros.

Isaura Cristina de Oliveira Leite - Professora em Direito Financeiro/Tributário

Juíza Federal Substituta em Brasília – DF (aprovada no XIII Concurso para o TRF-1), atualmente exercendo a função de Juíza Auxiliar (assessoria) junto ao gabinete da Ministra do STF Rosa Weber, no Supremo Tribunal Federal. Foi Advogada do Banco do Nordeste do Brasil (2002 a 2006), Analista Judiciária no TJCE (2006) e Procuradora Federal – AGU (2006 a 2011). Graduada em Direito pela Universidade Federal do Ceará. Foi aprovada, ainda, no concurso para Advogado da União.

Luciano Mendonça Fontoura – Professor em Direito Penal e Sentença Penal.

Juiz Federal Titular em Belém – PA (aprovado no XIII Concurso para o TRF-1). Foi Delegado da Polícia Federal (2002/2011) e Procurador do IPSEMG – Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (2001/2002). Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (1999) e Pós-Graduado em Direito Público pela Universidade Cândido Mendes.

Luiz Bispo da Silva Neto – Professor em Direito Processual Civil e Consumidor/Econômico

Juiz Federal Titular em Salgueiro – PE (aprovado no XIII Concurso para o TRF-1). Foi Técnico (2004/2005) e Analista Judiciário (2005/2006) no TRE-PE, Procurador Federal – AGU (2006) e Advogado da União (2006/2011). Graduado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (2005). Aprovado, ademais, nos concursos para os cargos de Promotor de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte e Procurador da Fazenda Nacional, dentre outros.

Marllon Souza – Professor em Direito Processual Penal e em Sentença Penal.

Juiz Federal Titular em Manaus – AM (aprovado no XIII Concurso para o TRF-1). Foi Agente da Polícia Civil do Distrito Federal (2006) e Analista Judiciário no TRE-MG (2006/2011). Graduado em Direito pela Universidade Federal de Ouro Preto (2003). Mestre em Direito Processual Penal pela Universidade Federal de Minas Gerais. Aprovado também para os cargos de Procurador do Estado de Minas Gerais e Promotor de Justiça do Estado de Goiás (não fez o curso de formação).

Rafael Leite Paulo – Professor em Direito Constitucional e Sentença Cível.

Juiz Federal Titular em Manaus – AM (aprovado no XIII Concurso para o TRF-1). Foi Técnico Judiciário no TRF-5 (2004/2011). Bacharel em Direito pela Universidade Federal da Paraíba (2005) e Especialista em Direito Público. Curso

“Decisão Judiciária: construção, simplificação e legitimação” da e-UNIFOJ, da Universidade de Coimbra. Aprovado também para os cargos de Promotor de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte e de Procurador Federal – AGU.

Rafael Vasconcelos Porto – Coordenador do curso. Professor em Direito Previdenciário e em Sentença Penal.

Juiz Federal Titular em Poços de Caldas – MG (aprovado no XIII Concurso para o TRF-1). Foi Defensor Público Federal (2010/2011). Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (2005). Aprovado também para os cargos de Procurador Federal – AGU (8º lugar) e Advogado da Caixa Econômica Federal (para lotação no Distrito Federal), dentre outros. Professor de Direito Previdenciário no Curso Alcance – RJ.

Wagner Mota Alves de Souza – Professor em Direito Civil Sentença Cível.

Juiz Federal Titular em Cuiabá – MT (aprovado em 3º lugar no XIII Concurso para o TRF-1). Foi Juiz de Direito no TJDFT (2009/2011) e Analista Judiciário do TRE/BA (2007/2009). É bacharel em Direito e Mestre em Direito Privado e Econômico pela Universidade Federal da Bahia.

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A SENTENÇA PENAL

A técnica de elaboração de uma sentença perpassa pelo que denomino de “aspectos formais e materiais”.

O candidato precisa estar bem ambientando com os aspectos formais para a confecção da referida peça, pois assim ganha (ou não perde) tempo (que costuma ser muito curto) e desenvolve o raciocínio mais facilmente.

Sugiro, portanto, que o candidato estude a fundo os aspectos formais para a confecção de uma sentença, sendo recomendável que adote um livro como base para tal. A obra que eu indico - por ser curta (sem ser incompleta), didática e elaborada por um Juiz Federal (e que, portanto, conhece bem as peculiaridades da atividade, especialmente o que é essencial e o que é descartável) – é a “Sentença Penal”, de José Paulo Baltazar Júnior, Ed. Verbo Jurídico, mas há muitas outras no mercado. Recomendo que o aluno elabore um resumo a partir da(s) obra(s) que escolher - no qual fará constar os principais dados -, além de um “modelão” de sentença – no qual procurará apor todos os pontos e detalhes passíveis de serem cobrados, além de escolher qual a estrutura que irá adotar nas provas. É importante também destacar os dispositivos legais pertinentes (ex: art. 59 do CP), inclusive os da legislação extravagante pertinente.

Aconselho também que o candidato procure ler várias sentenças reais, para ir se acostumando mais e mais com a práxis. Elaborar questões cobradas em provas anteriores também é salutar.

Consignarei aqui detalhes sobre o modelo que costumo utilizar em minha atividade prática, mas ressalto que o candidato tem certa liberdade (desde que respeite aspectos mínimos) para adotar o que melhor lhe aprouver.

Uma sentença penal condenatória deve conter, necessariamente, relatório, fundamentação, dispositivo e dosimetria da pena. Eu incluiria também mais alguns tópicos, conforme veremos adiante. O cabeçalho não é obrigatório e a ementa é, a meu ver, perfumaria dispensável em prova, salvo se for expressamente exigida. Dificilmente uma sentença em prova não será ao menos parcialmente condenatória, pois o examinador possivelmente pretende ver a capacidade do candidato em desenvolver a dosimetria da pena.

O relatório muitas vezes é dispensado em prova. Se não for, deve propiciar os dados necessários para a compreensão do caso, ou seja, a boa sentença é aquela que permite até a quem não conhece os autos ter a noção do que está sendo julgado. O relatório deve observar o disposto no art. 381, I e II (embora não seja recomendável, nada obsta que este último esteja no corpo da fundamentação, especialmente a exposição sucinta da defesa) do CPP e descrever os principais acontecimentos do processo (é imprescindível, por exemplo, constar a data de recebimento da denúncia). Eu, particularmente, opto por já descrever detalhadamente todas as provas que foram produzidas (inclusive a testemunhal), no que forem relevantes para o deslinde do feito, no corpo do relatório, sendo que abro a fundamentação, após o exame das preliminares, já adiantando qual é a minha conclusão, passando, em seguida, a justificá-la.

No entanto, não recomendo que o candidato adote tal estilo em prova, sendo mais seguro que examine as provas produzidas na fundamentação.

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Na fundamentação, o candidato irá desenvolver o raciocínio acerca do caso posto, enfrentando todas as questões relevantes levantadas. Recomendo que sejam enfrentadas inicialmente as preliminares, passando-se em seguida ao mérito. No mérito, sugiro que, se possível, o candidato passe, pela ordem consagrada na doutrina majoritária, por todos os elementos para a configuração do delito, quais sejam, autoria, materialidade, tipicidade (incluindo aí o elemento subjetivo), excludentes de ilicitude e excludentes de culpabilidade. Baltazar Júnior (op. cit.) recomenda que sejam tratadas como preliminares, dentre outras, as seguintes matérias: competência, desclassificação (em alguns casos, contudo, entendo que tal matéria pode ser melhor apreciada no tópico “tipicidade”, especialmente se for acolhida), extinção da punibilidade, condições da ação ou de procedibilidade. Sugere, ainda, seja utilizado, como indicativo, o art. 301 do CPC, no que couber.

É preciso ter em vista que a sentença deve guardar uma correlação com a acusação, sem prejuízo de dar aos fatos classificação jurídica diversa (emendatio libelli). Sugiro que o candidato faça a separação em tópicos, para facilitar a própria elaboração e, principalmente, demonstrar mais claramente ao examinador que o ponto foi lembrado e devidamente examinado.

O dispositivo deve conter (sugere-se a separação em itens): a rejeição e/ou o acolhimento das preliminares;

quais réus foram absolvidos por quais crimes e o fundamento legal para a absolvição; quais réus foram condenados por quais crimes; se a dosimetria precedeu o dispositivo, será preciso colocar também as penas ( já somadas as da mesma espécie e separadas as de espécies distintas).

A fixação da pena, geralmente, vem logo após a fundamentação e antes do dispositivo ou logo após o dispositivo e antes das deliberações finais. Particularmente, adoto a segunda opção, por me parecer mais didática e melhor esteticamente. Dentro do próprio tópico, ou logo a seguir, eu adoto a seguinte sequência: regime inicial; substituição de pena e sursis; efeitos da condenação; e reparação do dano (art.

387, IV, do CPP), se for o caso.

A dosimetria da pena privativa de liberdade deve passar pelas três fases (na prova, é importante delinear bem cada fase), quais sejam: pena-base (circunstâncias judiciais, previstas no art. 59 do CP); pena provisória (agravantes e atenuantes); e pena definitiva (majorantes e minorantes ou causas de aumento e de diminuição).

Em seguida, dosa-se a pena de multa, se houver previsão legal desta.

Após a fixação da pena (ou após o dispositivo), entendo ser recomendável abrir um tópico para as deliberações finais, que são, em geral (sem prejuízos de outras, conforme o caso concreto), as seguintes:

direito de apelar em liberdade; condenação em custas e despesas processuais; após o trânsito em julgado, comunicação à Justiça Eleitoral (art. 15, III, da CRFB) e lançamento dos nomes dos condenados no rol de culpados.

A qualificadora, tecnicamente falando (em sentido estrito), configura, em verdade, um novo tipo penal (com novo preceito secundário), pelo que deve ter sido analisada já na fundamentação (no momento da adequação típica) e referenciada no dispositivo, sem ser trazida para o momento da dosimetria.

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Por fim, o “PRIC”, local e data (em prova, escreva apenas “Local e data”) e assinatura (em prova, você não pode colocar o seu nome, nem assinar, sob pena de ser eliminado, então coloque apenas “Juiz Federal Substituto”, que é o cargo para o qual você concorre).

Ressalto que tratei aqui apenas de aspectos genéricos, mas é possível que o caso concreto guarde peculiaridades para além do que foi aqui abordado.

Quanto aos aspectos materiais (substanciais), o aluno precisa conhecer bem o Direito Penal (especialmente aqueles crimes mais comuns na esfera federal) e o Direito Processual Penal, para conseguir se desvencilhar bem de todas as “armadilhas” que são colocadas na prova. Ademais, é preciso estar muito atualizado no que tange à jurisprudência do STJ, do STF e do Tribunal para o qual está prestando o concurso. Além disto, é preciso lembrar que três dos cinco membros da banca são magistrados (em geral, dois deles são Desembargadores e um é Juiz de primeiro grau), pelo que sempre sugiro sempre que o candidato procure ler as decisões que foram por eles prolatadas - quanto aos Desembargadores, os acórdãos nos quais foram relatores (originários ou, por divergência, para o acórdão) -, ao menos as do último ano (recomendável: dos três últimos anos). Em geral, no site do Tribunal é possível obter ao menos as decisões prolatadas pelos Desembargadores. Por precaução, e se sobrar tempo, examine também as decisões dos membros suplentes. É possível, diria até provável, que os examinadores retirem os casos a partir de sua experiência prática, por vezes efetuando pequenas modificações.

Por fim, ressalto que é preciso trabalhar também o poder de argumentação, a redação concisa, clara, direta e didática e caprichar na letra.

Apresento, a seguir, um modelo sucinto de sentença penal condenatória. Ressalto que é um modelo que eu particularmente utilizo, mas o aluno deve estar atento às considerações acima feitas. Ademais, é um modelo utilizado na prática, sendo que, na prova, há vários detalhes que são despiciendos, como será possível notar.

MODELO SUCINTO DE SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL

PROCESSO Nº. : XXXXXX

AUTOR : XXXXXX

RÉUS : XXXXXX Vistos, etc..

1. RELATÓRIO

Trata-se de Ação Penal Pública Incondicionada, promovida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, com esteio no Inquérito Policial de nº XXXX, contra XXXXX, brasileiro, solteiro, filho de XXXXX e XXXXX, nascido

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em XX/XX/XXXX, portador do RG XXXX e CPF nº XXXX, imputando-lhe a prática do delito previsto no art.

171, §3º, do Código Penal.

A denúncia foi recebida em XX/XX/XXXX (fls. XX).

Narra a inicial acusatória que...

O réu, em XX/XX/XXXX, foi pessoalmente citado e intimado para apresentar resposta à acusação (fls. XX- XX).

Em sede de defesa preliminar (fls. XX-XX), o réu alegou...

A denúncia foi definitivamente recebida em XX/XX/XXXX (fls. XX-XX).

Em audiência realizada no dia XX/XX/XXXX, foram ouvidas as testemunhas de acusação XXX, XXX, e XXX, e as de defesa XXX e XXX (fls. XX-XX).

(Relatar o que as testemunhas disseram de relevante).

A testemunha de defesa XX foi ouvida em audiência realizada em XX/XX/XXXX, ato deprecado à Subseção Judiciária de XXX (fls. XX-XX).

(Relatar o que a testemunha disse de relevante)

O réu, eu seu interrogatório judicial, realizado em XX/XX/XXXX (fls. XX-XX), disse que...

Na fase do art. 402 do CPP, as partes não requereram diligências complementares.

Em sede de alegações finais (fls. XX-XX), o MPF...

Nos memoriais defensivos (fls. XX-XX), o réu sustentou...

Vieram os autos conclusos para sentença.

É o relatório. Decido.

2. FUNDAMENTAÇÃO

2.1 Preliminares e Prejudiciais

O réu suscitou a ocorrência de prescrição pela pena em perspectiva...

2.2. Mérito

Imputa-se ao acusado a prática do crime previsto no art. 171 do Código Penal, com a incidência da causa de aumento prevista no §3º do mesmo dispositivo legal. In verbis:

Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:

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Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.

(...)

§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.

Para formar meu convencimento, analisei detidamente todo o material probatório colhido na fase indiciária e na fase judicial da persecução penal, especialmente...

Bem analisado o contexto probatório, não tenho dúvida alguma de que o acusado XXX praticou o fato- crime narrado na denúncia, de modo que o pedido de condenação formulado pelo Ministério Público é procedente.

2.2.1. Da materialidade (...)

2.2.2. Da autoria (...)

2.2.3. Da tipicidade, ilicitude e culpabilidade A conduta se afigura perfeitamente típica...

Não restou comprovada – e nem sequer foi alegada – excludente de ilicitude ou de culpabilidade. Em especial, destaco que eventual situação financeira desfavorável não justifica a perpetração do ilícito e que os réus claramente possuíam condições de entender o caráter ilícito de suas condutas.

3. DISPOSITIVO

Diante do exposto, afasto as preliminares de... e, no mérito, JULGO PROCEDENTE a pretensão punitiva estatal para CONDENAR o réu XXXXX pela prática do delito previsto no art. 171 do Código Penal.

3.1. Fixação da pena a) Pena-base

Quanto à culpabilidade, a reprovabilidade da conduta do réu não extrapola aquela inerente à gravidade do próprio crime praticado. De fato, a conduta perpetrada é de comum ocorrência em casos que tais.

Ausentes elementos que permitam avaliar negativamente a conduta social e a personalidade do agente.

O motivo do crime revela-se ordinário neste tipo de delito, qual seja, a obtenção Quanto às conseqüências do crime, entendo que tal circunstância milita desfavoravelmente ao réu, já que foi causado prejuízo de larga monta (mais de $$$ reais à época) ao INSS, que é uma entidade que já conta com orçamento reduzido e se responsabiliza pela previdência pública e pela assistência social As circunstâncias em que praticado o delito não justificam a exasperação da pena, pois que não fogem ao que ordinariamente se

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observa. O réu não ostenta maus antecedentes.

Adiante, ressalto que adoto, salvo situações extraordinárias, o critério de aumentar a pena-base em 1/8, tendo em vista a pena mínima cominada ao tipo e o termo médio entre esta e a pena máxima, a cada circunstância judicial desfavorável que vem a ser reconhecida. Assim, tendo em vista ter reconhecido apenas uma circunstância judicial desfavorável, fixo a pena-base em 01 ano e 03 meses de reclusão.

b) Pena provisória

Não vislumbro nenhuma circunstância agravante ou atenuante apta a influenciar a pena, razão pela qual mantenho o quantum fixado na 1ª fase da dosimetria.

c) Pena definitiva

Resta claro ser aplicável a causa de aumento prevista no §3º do art. 171 do Código Penal, tendo em vista que o crime foi praticado em detrimento de entidade de direito público, qual seja, o INSS (neste sentido, STF no HC 73.749/SP e TRF-1 na AC 89.0121445/BA). Destarte, a pena deve ser aumentada em 1/3.

Não há minorantes nem outras majorantes a serem reconhecidas, razão pela qual fixo a pena definitiva em 01 ano e 08 meses de reclusão.

d) Pena de multa

Atento ao disposto nos arts. 49-51 e 60 do Código Penal, e observando o reconhecimento de uma circunstância judicial desfavorável, fixo o número de dias-multa em 15 (quinze). Tendo em vista a condição financeira atual do réu, que teve sua aposentadoria cessada, fixo o valor do dia-multa em 1/30 do salário mínimo vigente na data desta sentença.

e) Regime inicial

Atento ao disposto na alínea c do §2º do art. 33 do Código Penal, e tendo em vista a análise das circunstâncias judiciais, estabeleço o regime inicial aberto para cumprimento da pena.

f) Substituição da Pena e Sursis

A pena privativa de liberdade aplicada não supera quatro anos, o crime não foi cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, o réu não é reincidente e as circunstâncias judiciais, conforme fundamentação já exposta, indicam a suficiência da pena restritiva de direitos para a reprovação e prevenção do crime.

Preenchidos, assim, os requisitos previstos nos incisos I, II e III do art. 44 do Código Penal, e considerando que a pena privativa de liberdade aplicada foi superior a 01 ano, substituto a pena privativa de liberdade por duas penas restritivas de direitos, nos termos do §2º do referido dispositivo legal.

Analisando as espécies de penas restritivas previstas no art. 43 do Código Penal, entendo que, para a necessária e suficiente reprovação e prevenção do crime praticado, afiguram-se recomendáveis, para o caso em tela, a prestação de serviços à comunidade (inciso IV do art. 43 do CP) e a prestação pecuniária.

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Deveras, a pena restritiva consistente na prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, com tarefas gratuitas a serem prestadas pelo condenado (art. 46, caput e §1º, do CP), é a que melhor funciona como resposta criminal, além de não restringir o direito de locomoção. Essa pena possibilita a manutenção do agente na sociedade em que inserido e bem cumpre a função de resposta criminal específica, pois o condenado bem sente os efeitos de efetiva pena - pela prestação do trabalho -, que, aliás, é socialmente útil.

As tarefas serão atribuídas, em execução de sentença, conforme as aptidões da condenada, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho (art. 46, §3º, do Código Penal). Fica facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo, nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada (art. 46, §4º, do Código Penal).

A outra pena restritiva de direitos consistirá na prestação pecuniária (art. 43, I, do Código Penal), a qual é razoável, diante das circunstâncias do caso, como resposta penal, pois a condenada praticou o delito com o objetivo de auferir vantagem econômica. Essa pena também tem o benefício de manter o condenado socialmente inserido e serve como razoável reprimenda criminal. Deve, porém, ser utilizada como pena suplementar à prestação de serviços comunitários, em casos de pena privativa de liberdade superior a um ano, pois possui mero caráter indenizatório e, assim, é menos apta à conscientização do criminoso e à reparação social.

Sopesadas as circunstâncias do caso, a prestação pecuniária consistirá no pagamento do valor de R$

2.000,00 (dois mil reais), cujo montante deverá ser entregue à entidade com destinação social, a ser indicada oportunamente pelo juízo da execução (art. 45, §1º, do CP). Esse valor deve ser atualizado, a partir da presente data, até o efetivo pagamento, podendo este ser parcelado, a critério do juízo da execução. Justifica-se esse valor, pois que o mesmo não pode ser irrisório a ponto de não servir como reprimenda, nem pode também ser excessivo, a ponto de inviabilizar o seu cumprimento. Tendo em vista a renda anual auferida pela ré, é de se admitir que consiga arcar tranquilamente com o valor estipulado na condenação, tendo em vista, inclusive, a possibilidade de parcelamento.

Com efeito, a limitação de final de semana não se mostra recomendável, porque traz os malefícios da segregação social, ainda que à noite e em finais de semana, não cumprindo tampouco a função regeneradora da pena, porque ausentes as necessárias Casas de Albergado onde seriam realizados os cursos reeducativos ao condenado. Não é o caso de aplicar a pena de interdição temporária de direitos, porque o crime não foi praticado com o exercício de direito que possa ser legalmente limitado (ex.:

cargo público, habilitação para dirigir e porte de arma de fogo). Em vista da espécie de delito praticado, também não é o caso de se aplicar a pena de perda de bens e valores.

Finalmente, não deve ser aplicada duplamente uma mesma pena restritiva de direitos, de modo que possa o condenado efetivamente cumprir duas diferentes respostas criminais e não apenas uma maior (como se daria em duas penas de prestação de serviços à comunidade ou duas penas pecuniárias).

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conversão em pena privativa de liberdade, observada a detração penal.

Por fim, cumpre salientar que não se revela cabível a suspensão condicional da pena, diante do disposto no art. 77, III, do Código Penal, considerando que a pena privativa de liberdade foi substituída por penas restritivas de direitos.

NA PROVA, NÃO É NECESSÁRIO FAZER UMA FUNDAMENTAÇÃO TÃO EXTENSA QUANTO A PRESENTE, SERVINDO ESTA APENAS COMO EXEMPLO.

g) Reparação do dano

Segundo apurou o INSS (fls. XX-XX dos autos), o réu percebeu indevidamente o montante de R$ 39.885,68 (sessenta e dois mil, setecentos e oitenta e três reais e trinta e sete centavos), valor apurado em XX/XX/XXXX. Consoante o disposto no art. 387, IV, do Código de Processo Penal, fixo tal montante, que deve ser devidamente atualizado, como sendo o valor mínimo de indenização a ser paga pelo réu em favor do INSS. Ressalvo, contudo, a possibilidade de que a cobrança dos valores se dê nos moldes previstos na legislação de regência da autarquia previdenciária, inclusive com eventual parcelamento.

3.2. Direito de apelar em liberdade

O réu respondeu a todo o processo em liberdade e não é tecnicamente reincidente. Ademais, a pena privativa de liberdade aplicada neste ato foi substituída por duas penas restritivas de direitos. Portanto, reconheço ao réu o direito de recorrer em liberdade da presente sentença condenatória.

3.3. Deliberações finais

Condeno o réu ao pagamento das custas e despesas processuais, com fundamento no art. 804 do CPP e art. 6.º da Lei n.º 9.289/1996.

Em razão da condenação, depois de transitada em julgado esta sentença, os direitos políticos do réu restam suspensos, na forma do art. 15, III, da Constituição da República. Oportunamente, oficie-se à Justiça Eleitoral.

Certificado o trânsito em julgado, independentemente de nova conclusão, permanecendo inalterada esta sentença:

1) lance-se o nome do réu no rol dos culpados;

2) procedam-se às anotações e comunicações devidas;

3) expeça-se e remeta-se a carta de guia definitiva, com a maior brevidade;

4) remetam-se os autos ao Sr. Contador para cálculo das multas aplicadas e das custas;

5) intime-se o réu para o recolhimento do valor das custas e das multas, nos moldes do artigo 50, caput, do Código Penal;

6) caso o réu alegue impossibilidade de pagamento da pena de multa, dê-se vista dos autos ao Ministério

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Público Federal e, caso decorra o prazo de dez dias, in albis, extraia-se certidão, encaminhando-se-a à Procuradoria da Fazenda Nacional, para a competente execução.

NA PROVA, NÃO É NECESSÁRIO COLOCAR TODAS ESSAS DELIBERAÇÕES, BASTANDO DETERMINAR O LANÇAMENTO NO ROL DE CULPADOS, COMUNICAÇÃO À JUSTIÇA ELEITORAL E CONDENAÇÃO EM CUSTAS E DESPESAS PROCESSUAIS.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Cumpra-se.

Promovam-se as diligências necessárias.

Local e Data,

JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

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