PETROGÊNESE DE ROCHAS METAULTRAMÁFICAS DO
QUADRILÁTERO FERRÍFERO E ADJACÊNCIAS E
iii
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
Reitor
Cláudia Aparecida Marliére de Lima
Vice-Reitor
Hermínio Arias Nalini Júnior
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
Sérgio Francisco de Aquino
ESCOLA DE MINAS
Diretor
Issamu Endo
Vice-Diretor
José Geraldo Arantes de Azevedo Brito
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
Chefe
v
CONTRIBUIÇÕES ÀS CIÊNCIAS DA TERRA – VOL. 76
TESE DE DOUTORAMENTO
Nº 351
PETROGÊNESE DE ROCHAS METAULTRAMÁFICAS DO
QUADRILÁTERO FERRÍFERO E ADJACÊNCIAS E
GEOCRONOLOGIA DE TERRENOS ASSOCIADOS
Gabriela Magalhães da Fonseca
Orientadora
Dr. Hanna Jordt Evangelista
Co-orientadora
Dr. Gláucia Nascimento Queiroga
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais do
Departamento de Geologia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto como
requisito parcial à obtenção do Título de Doutor em Ciências Naturais, Área de Concentração:
Tectônica, Petrogênese e Recursos Minerais
Universidade Federal de Ouro Preto – http://www.ufop.br
Escola de Minas - http://www.em.ufop.br
Departamento de Geologia - http://www.degeo.ufop.br/
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais
Campus Morro do Cruzeiro s/n - Bauxita
35.400-000 Ouro Preto, Minas Gerais
Tel. (31) 3559-1600, Fax: (31) 3559-1606 e-mail: pgrad@degeo.ufop.br
Os direitos de tradução e reprodução reservados.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser gravada, armazenada em sistemas eletrônicos,
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normas de direito autoral.
ISSN
Depósito Legal na Biblioteca Nacional
Edição 1ª
Catalogação elaborada pela Biblioteca Prof. Luciano Jacques de Moraes do
Sistema de Bibliotecas e Informação - SISBIN - Universidade Federal de Ouro Preto
F676p
Fonseca, Gabriela Magalhães da.
Petrogênese de rochas metaultramáficas do Quadrilátero Ferrífero e
adjacências e geocronologia de terrenos associados [manuscrito] / Gabriela Magalhães da Fonseca. - 2017.
108f.: il.: color; grafs; tabs; mapas.
Orientador: Profa. Dr
a. Hanna Jordt Evangelista. Coorientador: Profa. Dra. Gláucia Nascimento Queiroga.
Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas.
Departamento de Geologia. Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais.
Área de Concentração: Tectônica, Petrogênese e Recursos Minerais - TPRM.
1. Quadrilátero Ferrífero (MG). 2. Petrogênese. 3. Geocronologia. 4. Geoquímica. I. Jordt Evangelista, Hanna. II. Queiroga, Gláucia Nascimento. III. Universidade Federal de Ouro Preto. IV. Titulo.
ix
Agradecimentos
À Deus.
Aos meus queridos pais, Luciana e Luiz e a toda minha família.
À Prof
a. Dra. Hanna Jordt Evangelista, orientadora desta dissertação, por todo empenho, sabedoria e
compreensão. Agradeço pelas discussões, correções, revisões e sugestões que fizeram com que
concluíssemos este trabalho.
À Prof
a. Dra. Gláucia pela co-orientação, revisão e análises que contribuíram grandemente para a
conclusão desta tese.
Ao Prof. Dr. Cristiano Lana pelas análises e contribuição a este trabalho.
Ao Tiago por me incentivar e estar presente em todos os momentos.
Ao Instituto Federal de Goiás, campus Goiânia e professores pelo apoio.
Aos amigos, Alice, Leo, Alexandre (Kaatitão), Francesco, Marcus, Amanda, Kássia, Guilherme,
Marilane, Ana, Helen, Taynara, Claudia, Samuel e Edgar, pelo companheirismo nesta etapa.
À República Lumiar pela acolhida.
À CAPES, pela bolsa de estudos.
A todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para realização deste trabalho.
xi
Sumário
AGRADECIMENTOS ... ix
LISTA DE FIGURAS ... xi
LISTA DE TABELAS ... xvii
RESUMO ... xix
ABSTRACT ... xxi
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ... 1
1.1 Considerações Gerais ... 1
1.2 Objetivos ... 1
1.3 Materiais e Métodos ... 2
1.3.1 Pesquisa bibliográfica ... 2
1.3.2 Trabalhos de campo ... 2
1.3.3 Trabalhos de laboratório ... 2
1.3.4 Tratamento e análise dos dados ... 4
1.4 Localização e acesso das áreas estudadas ... 4
1.5 Estrutura da Tese ... 5
CAPÍTULO 2. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL ... 7
2.1 Introdução ... 7
2.2 Geologia Regional ... 8
2.2.1 Cinturão Mineiro ... 8
2.2.2 Quadrilátero Ferrífero ... 9
2.2.3 Complexo Santa Bárbara ... 11
2.2.4 Complexo Mantiqueira ... 12
2.2.5 Complexo Acaiaca ... 12
2.2.6 Grupo Dom Silvério ... 13
CAPÍTULO 3. ROCHAS ULTRAMÁFICAS PLUTÔNICAS DO GREENSTONE
BELT RIO DAS VELHAS NA PORÇÃO CENTRAL DO QUADRILÁTERO
FERRÍFERO, MINAS GERAIS, BRASIL ... 15
3.1 Abstract ... 15
3.2 Resumo ... 16
3.3 Introdução ... 16
3.4 Materiais e métodos ... 17
3.5 Corpo metaultramáfico de Amarantina ... 18
3.5.2. Geoquímica ... 22
3.6 Discussão e conclusões ... 26
CAPÍTULO 4. PETROGENESIS OF METAULTRAMAFIC ROCKS FROM THE
QUADRILÁTERO FERRÍFERO AND ADJACENT TERRAINS, MINAS GERAIS,
BRAZIL: TWO EVENTS OF ULTRAMAFIC MAGMATISM? ... 29
4.1 Abstract ... 29
4.2 Introduction ... 30
4.3 Geology ... 30
4.4 Materials and Methods ... 34
4.5 Results ... 35
4.5.1 Petrography and mineral chemistry ... 35
4.5.2 Litogeochemistry ... 42
4.6 Discussion ... 54
4.7 Conclusions ... 59
CAPÍTULO 5
COMPLEXO MANTIQUEIRA ENCAIXANTE DE ROCHAS
METAULTRAMÁFICAS A LESTE DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO:
PETROGÊNESE E GEOCRONOLOGIA. ... 61
5.1 Introdução ... 61
5.2 Geologia local e petrografia ... 62
5.3 Litogeoquímica ... 70
5.3.1 Resultados ... 70
5.4 Geocronologia ... 80
5.4.1 Acervo geocronológico do Complexo Mantiqueira ... 81
5.4.2 Resultados ... 84
CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO ... 93
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 97
xiii
Lista de Ilustrações
Figura 1.1-
Localização dos pontos e principais vias de acesso da área estudada ... 6
Figura 2.1-
Localização das rochas deste estudo e mapa geológico regional do estado de Minas Gerais, modificado de Heineck et al. (2003)... 9
Figura 3.1-
Mapa geológico do Quadrilátero Ferrífero (modificado de Alkmim & Marshak 1998) e
mapa de localização dos afloramentos das rochas metaultramáficas. ... 19
Figura 3.2-
Imagens de rochas metaultramáficas da região de Amarantina. A) Afloramento do
metaperidotito (AM-4). B) Bloco do espinélio metaperidotido (AM-3). C) Amostra de mão do
metaperidotito (AM-1). D) Amostra de mão do metaperidotito (AM-4) dobrado. ... 20
Figura 3.3-
Fotomicrografias das rochas metaultramáficas de Amarantina. A) Espinélio
metaperidotito (AM-3) com olivina (Ol) e espinélio (Spl) preservados e clorita (Chl) metamórfica.
LPP (polarizadores planos); B) Idem. LPX (polarizadores cruzados). C) Espinélio metaperidotito
(AM-3) com olivina (Ol) e clorita (Chl). LPX (polarizadores cruzados). D) Espinélio
metaperidotito (AM-3) com ortopiroxênio (Opx) preservado. LPX (polarizadores cruzados). E)
Metaperidotito (AM-4) com grão de Olivina (Ol) parcialmente serpentinizados (Srp) orientados
segundo dobras. LPX (polarizadores cruzados). F) Metaperidotito (AM-1) com grão de Olivina
(Ol) parcialmente serpentinizados (Srp). LPX (polarizadores cruzados). ... 23
Figura 3.4-
Mosaico de fotomicrografias do metaperidotito dobrado em polarizadores cruzados
(AM-4), realizado com o software Canon PhotoStitch 1.6.0 . ... 23
Figura 3.5-
Imagens de elétrons retroespalhados obtidas por MEV. Esquerda cima Pentlandita (Ptl)
intercrescida com arita (Ar). Direita cima Pentlandita (Ptl) intercrescida com breithauptita (Br).
Esquerda baixa Arita (Ar). Direita baixa Breithauptita (Br) no centro e arita (Ar) nas bordas. ... 24
Figura 3.6-
Diagramas geoquímicos. A) Diagrama discriminante de Jensen (1976) modificado por
Rickwood (1989) in Rollinson (1993), para komatiitos, tholeiitos e rochas cálcio-alcalinas, onde AT-
Andesito tholeiitico; DT-Dacito tholeiitico; RT-Riolito tholeiitico; BC- Basalto calcioalcalino; AC-
Andesito calcioalcalino; DC- Dacito calcioalcalino; RC- Dacito calcioalcalino. B) Diagrama
triangular (MgO-CaO-Al2O3) segundo Viljoen & Viljoen (1969) ... 26
Figura 4.1-
Geological map (modified after Heineck et al. 2003 and Ávila et al. 2010) and location
of the studied ultramafic bodies
... ... 34
Figura 4.2-
Field photographs. A: Metakomatiite with relictic spinifex texture, Rio Manso (RM-1),
B: Spinel metaperidotite, Amarantina (AM-3), C: Gneiss xenolith in the metaultramafic rock,
soapstone quarry, Mariana (UTM 684117E, 7744953N), D: Metaperidotite, Queluzito (QE-5), E:
Metaperidotite, Lagoa Dourada (LD-60), F: Metaperidotite, Lamim (LA-33)... ... 38
Figura 4.4-
A: Variation of Ni vs Fo (MgO / (MgO + FeO) in olivine from the metaultramafic rocks
of this study; B and C: Classification of pyroxene and spinel of the metaperidotite from Amarantina
(AM-3). ... 40
Figura 4.5-
A: Molecular Proportion Ratio (MPR) plot of SiO2/TiO2 vs (FeOt + MgO)/TiO2; A:
Metaultramafic rocks from Amarantina; B: Metaultramafic rocks from Lamim. In terms of FM:SiO2,
the reference line of olivine (ol) has a slope of 1:2 and that of clinopyroxene (cpx), has a slope of 2:1
(Pearce 1968,1970). Symbols in orange are related to spinel metaperidotite sample, in dark-blue to
metaperidotite samples, in green to tremolite-chlorite ± talc granofels samples and in light-blue to
steatite samples. ... 50
Figura 4.6-
Cation plot of Jensen (1976). All samples can be classified as komatiite and komatiitic
basalt. Symbols in orange are related to spinel metaperidotite sample, in dark-blue to metaperidotite
samples, in black to metakomatiite samples, in green to anthophyllite ± talc ± serpentine ± tremolite
± hornblenda-chlorite granofels samples, in pink to anthophyllite ± tremolite ± talc ±
carbonate-chlorite schist samples and in light-blue to steatite samples. ... 50
Figura 4.7-
Covariations of: A: Al2O3 vs. MgO; B: TiO2 vs. MgO; C: SiO2 vs. MgO; D: Cr vs.
MgO; gray squares: komatiite data from the GeoRoc database
(http://georoc.mpch-mainz.gwdg.de/georoc/Csv_Downloads/Rocks_comp/KOMATIITE.csv;
retrieved
5.12.2016
Symbols in orange are related to spinel metaperidotite sample, in dark-blue to metaperidotite
samples, in black to metakomatiite samples, in green to tremolite-chlorite ± talc granofels samples,
in pink to anthophyllite ± tremolite ± talc ± carbonate-chlorite schist samples and in light-blue to
steatite samples. ... 51
Figura 4.8-
A and B: Primitive mantle-normalized multi-element diagram for the selected samples
from this study, normalizing values from Sun & McDonough (1989); C and D: CI
chondrite-normalized REE patterns, normalizing values from Boynton (1984). Komatiites from Onverwacht,
Kambalda, and Barbeton provinces are shown for comparison (Lesnov 2010). ... 52
Figura 5.1-
Mapa geológico e localização do Complexo Mantiqueira e Complexo Santa Bárbara,
modificado de Heineck et al. (2003). ... 61
Figura 5.2-
Mapa geológico e localização das amostras deste estudo, modificado de Heineck
et al.
(2003). ... 63
Figura 5.3-
A) Vista geral do afloramento de biotita gnaisse (AV-2A) e quartzo - biotita anfibolito
(AV-2B). B) Biotita gnaisse (AV-2A). C) Quartzo - biotita anfibolito (AV-2B) concordante com o
gnaisse (AV-2A) D) Biotita gnaisse cortado por veios de quartzo (AV-2A). ... 64
Figura 5.4-
Imagens representativas de biotita gnaisse do ponto AV-1 A) Aspecto geral do
afloramento. B) Amostra de mão. C) Fotomicrografia sob LPP (luz polarizada plana), com palhetas
acastanhadas orientadas de biotita dispersas em agregado de quartzo e feldspatos. D) Idem sob LPX
(luz polarizada cruzada).. ... 66
Figura 5.5-
Imagens representativas do leucognaisse do ponto MA-1. A) Aspecto geral do
afloramento. B) Amostra de mão. C e D) Fotomicrografia mostrando raras palhetas castanhas de
biotita dispersas entre os agregados de quartzo e feldspatos, LPP. D) Idem C, LPX.. ... 67
xv
(PF-1B), com biotita lepidoblástica castanha, hornblenda esverdeada e agregados incolores de
quartzo e plagioclásio. LPP. D) Idem C LPX. ... 69
Figura 5.8-
Diagramas binários para elementos maiores dos gnaisses estudados. A) SiO2 vs. Al2O3.
B) SiO2 vs. MgO +FeOt. C) SiO2 vs. Na2O. D) SiO2 vs. CaO2 ... 72
Figura 5.9-
A) Diagrama An (anortita) - Ab (albita) - Or (ortoclásio) (O`Connor 1965), com campo
para os TTGs arqueanos de Moyen e Martin (2012). B) Diagrama AFM (Irvine and Baragar 1971),
pontos em cor bege para os TTGs de Moyen (2011). C) Diagrama Al2O3/(CaO + Na2O + K2O)] x
Al2O3/(Na2O + K2O)] (Maniar e Picolli 1989). D) Diagrama SiO2 vs. K2O (Peccerillo e Taylor 1976),
com discriminação dos campos de Laurent
et al. (2014) para granitos híbridos (laranja), TTGs
(amarelo) e biotita granito (cinza). Para comparação foram plotadas análises de Farina
et al. (2015)
dos complexos metamórficos do Quadrilátero Ferrífero ... 73
Figura 5.10-
Classificação dos gnaisses deste trabalho no diagrama ternário para granitoides de
Laurent
et al. (2014) (campo laranja para granitos híbridos, amarelo para TTGs e cinza para biotita
granito). Os vértices do triângulo correspondem a: 2*A/CNK (razão molar Al2O3/(CaO + K2O +
Na2O)); 2 * (FeOt + MgO) * (Sr + Ba)% em peso (FMSB) e Na2O/K2O. ... 74
Figura 5.11-
Classificação dos gnaisses deste trabalho em diagramas de Laurent
et al. (2014). A)
A/CNK (Al2O3/[CaO + Na2O + K2O] molar) vs. K2O/Na2O. B) Al2O3/(FeOt + MgO) vs. CaO/(Na2O
+ K2O), campo laranja para granitos híbridos, amarelo para TTGs e cinza para biotita granito de
Laurent et al. (2014).. ... 75
Figura 5.12-
A) Diagrama de multielementos normalizado pelos valores do condrito de Sun et al.
(1980) para o grupo de rochas com composição química semelhante aos TTGs. B) Diagrama ETR
normalizado pelos valores do manto primitivo de McDonough & Sun (1995) para o grupo TTGs. C)
Idem A para o grupo de rochas com composição química semelhante aos Biotita granitos. D) Idem B
para o grupo Biotita granito. E) Idem A para o grupo Granito híbrido. F) Idem B para o grupo
Granito híbrido. ... 76
Figura 5.13-
A) Comparação dos gnaisses estudados com TTGs de Moyen (2011, pontos em bege)
no diagrama binário Sr/Y
vs. Y. B) Amplitude da anomalia de Eu (concentrações de EuN = Eu
normalizado para os valores do condritos C1, McDonough & Sun (1995); Eu * =
√
SmN*GdN) vs.
Σ
ETRL = (La + Ce + Nd), campo laranja para granitos híbridos, amarelo para TTGs e cinza para
biotita granito de Laurent et al. (2014).. ... 77
Figura 5.14-
Comparação dos gnaisses estudados com TTGs de Moyen (2011, pontos em bege) em
diagramas binários selecionados. A) Rb vs. Sr. B) La/Yb vs.
Σ
ETRP = (Eu + Gd + Tb + Dy + Ho +
Er + Tm + Yb + Lu), campo laranja para granitos híbridos, amarelo para TTGs e cinza para biotita
granito de Laurent et al. (2014).. ... 78
Figura 5.15-
Diagramas de multielementos e de ETR para os gnaisses deste trabalho A) Diagrama
de multielementos normalizado pelos valores do condrito de (Sun
et al. 1980). B) Diagrama ETR
normalizado pelos valores do manto primitivo de Sun & McDonough (1995). ... 79
Figura 5.16-
A) Diagrama AFM (Irvine and Baragar 1971) e B) Diagrama discriminante de Jensen
(1976), para as rochas anfibolíticas deste estudo, pontos em cor cinza para os anfibolitos de Duarte et
al. (2004).. ... 79
Figura 5.17-
A) Diagrama discriminante [Rb
vs. (Y + Nb)] de ambiente tectônico para rochas
graníticas de Pearce
et al. (1984). B) Diagrama discriminante 2*Nb - Zr/4 – Y para basaltos de
Meschede (1986). ... 80
Figura 5.19-
Imagens de catodoluminescência (CL) dos g
rãos de zircão representativos das rochas
deste trabalho. Círculos em vermelho para idade de cristalização, amarelo para idade metamórfica e
em azul para idade herdada.. ... 86
Figura 5.20-
Diagramas de análise U-Pb para as rochas deste estudo. Diagramas concórdia e
diagramas de variação (em detalhe) da média
207Pb/
206Pb para as amostras BA-3, AV-6, DV-3.. ... 88
Figura 5.21-
Diagramas de análise U-Pb para as rochas deste estudo. Diagramas concórdia e
diagramas de variação (em detalhe) da média
207Pb/
206Pb para as amostras DV-3, AV-2A, MA-1,
PF-1A, AV-3, ML-8. ... 89
Figura 5.22-
Diagramas de análise U-Pb para as rochas deste estudo. Diagramas concórdia e
diagramas de variação (em detalhe) da média
207Pb/
206Pb para as amostras PF-2, BL-5, BL-4, BL-1,
MA-2, PN-3. ... 90
xvii
Lista de Tabelas
Tabela 3.1-
Composição química média (% peso) de minerais do metaperidotito AM-1, espinélio
metaperidotito AM-3 e metaperidotito AM-4
.... 22
Tabela 3.2-
Composição química (óxidos em % peso, elementos-traços em ppm) dos litotipos de
Amarantina e da literatura geológica
.... 25
Tabela 4.1-
Locality, coordinates, petrographic type and modal composition of the rocks of this
study
.... 41
Tabela 4.2-
Average analyses of olivine, spinel and orthopyroxene
.... 42
Tabela 4.3-
Whole rock major (wt. %) and trace element (ppm, Au in ppb) compositions for the
metaultramafic rocks of this study ... 44
Tabela 5.1-
Localização e classificação das amostras desse estudo. ... 65
Tabela 5.2-
Composição modal dos litotipos atribuídos ao Complexo Mantiqueira e Complexo Santa
Bárbara (% volumétrica). Qz quartzo, Pl plagioclásio, Afs feldspato alcalino, Bt biotita, Hbl
hornblenda, Ep epidoto, Grt granada. ... 70
Tabela 5.3-
Acervo geocronológico para os complexos Mantiqueira e Santa Bárbara. ... 83
xix
Resumo
xxi
Abstract
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS
O estudo de rochas ultramáficas e metaultramáficas se reveste de grande importância em todo
o mundo uma vez que muitas dessas rochas são de grande relevância econômica, pois são hospedeiras
de mineralizações de cromo, níquel, sulfetos e elementos do grupo da platina. Além disso, os estudos
são relevantes devido à importância científica deste tipo litológico que se forma em diversos
ambientes geológicos, além de poderem representar uma parte inacessível do manto. Associado aos
peridotitos, tem-se o estudo do embasamento constituído por granito-gnaisse.
Na porção sul do cráton São Francisco (CSF) encontra-se o Quadrilátero Ferrífero (QF) e o
Cinturão Mineiro (CM) e a leste do CSF, o Complexo Mantiqueira (CMA) e o Complexo Santa
Bárbara (CSB), onde são encontradas rochas metaultramáficas do tipo esteatito/serpentinito, entre as
quais há raras ocorrências com minerais ígneos preservados como olivina, piroxênios e espinélio
(Silva 1997; Martins 1999; Peres 2000; Jordt-Evangelista & Silva 2005;
Braga 2006; Fonseca &
Pereira 2008; Medeiros Júnior 2009; Santos e Mota 2010; Fonseca 2011; Gradim
et al.
2011; Veiga
2011; Fernandes 2016). Estas últimas constituem, pela sua raridade e importância econômica, um
relevante objeto de estudo para o conhecimento geológico e geotectônico da região.
Este trabalho apresenta os resultados de estudos mineralógicos, petrográficos e geoquímicos
das rochas de natureza ultramáfica encontradas na região do QF, CM e CMA, bem como dos
granito-gnaisses pertencentes ao CMA e CSB dos quais também foi realizado um detalhado estudo
geocronológico, a fim de contribuir para o entendimento dos processos envolvidos em sua gênese e
em sua ambiência geotectônica.
1.2 – OBJETIVOS
De modo específico, objetivou-se:
•
Identificar mineralogia e microestrutura das rochas metaultramáficas
•
Identificar a composição química dos minerais das rochas meta
ultramáficas
,
especialmente dos minerais ígneos preservados de transformações metamórficas.
•
Obter a composição química das rochas metaultramáficas.
•
Compilar as informações obtidas para interpretação petrogenética das rochas
mais
preservadas do metamorfismo e comparação dos diversos corpos entre si e com aqueles já totalmente
metamorfizadas.
•
Identificar a mineralogia das rochas granito-gnáissicas encontradas no Complexo
Mantiqueira, bem como a sua composição química e idade.
•
Compilar as informações obtidas para caracterizar a evolução do Complexo
Mantiqueira.
1.3 - MATERIAIS E MÉTODOS
1.3.1 - Pesquisa bibliográfica
Realizou-se um levantamento bibliográfico sobre as rochas ultramáficas, metaultramáficas e
granito-gnáissicas a fim de obter informações sobre geologia, geoquímica e geocronologia da região
escolhida para estudo.
1.3.2 - Trabalhos de Campo
Coletaram-se amostras representativas dos corpos metaultramáficos nas localidades de Rio
Manso, Amarantina, Mariana, Lamim, Queluzito e Lagoa Dourada. Nas regiões de Porto Firme, Diogo
de Vasconcelos, Barra Longa, Mariana e Alvinópolis (Fig. 1), localizadas no Complexo Mantiqueira e
Complexo Santa Bárbara, foram coletadas amostras de rochas granito-gnáissicas e máficas. Amostras
selecionadas foram laminadas, submetidas a análise microscópica dos minerais e texturas, a análise
química e a estudos geocronológicos.
Contribuições às Ciências da Terra Série D, vol.76, 108p.
3
Descrição macroscópica e microscópica das amostras
As amostras foram descritas macroscopicamente e selecionadas para a confecção de lâminas
delgadas polidas, no Laboratório de Laminação do DEGEO/UFOP. Foram descritas 56 lâminas em
microscópio petrográfico de polarização por luz refletida e luz transmitida, no Laboratório de
Microscopia do DEGEO/UFOP.
MEV-EDS e microssonda eletrônica de varredura
Para obter as análises semi-quantitativas de química mineral utilizou-se o microscópio
eletrônico de varredura (MEV) de marca JEOL, modelo JSM com espectrometria de dispersão de
energia (EDS)
Thermo Electron
acoplado. Esse equipamento pertence ao Laboratório de Microanálise
(MICROLAB) do DEGEO-UFOP e operou sob condições analíticas de 20kV, com largura de feixe 10
µ
m e 2000 contagens.
As análises químicas quantitativas dos minerais foram realizadas no Laboratório de
Microanálises do consórcio Física-Química-Geologia da UFMG e CDTN-CNEN. A microssonda
eletrônica da marca JEOL, modelo JCXA-8900RL, operou com uma tensão de 15 kVe corrente de
feixe de 20nA. Também foram realizadas análises no Laboratório de Microanálises do DEGEO/EM -
Laboratório integrante da RMIc, Rede de Microscopia e Microanálises de Minas Gerais – FAPEMIG.
A microssonda eletrônica da marca JEOL, JXA-8230, operou com uma tensão de 15 kVe corrente de
feixe de 20nA 5
µ
m tamanho do
spot
, contagem de 10 s. As correções de matriz ZAF foram aplicadas.
Geoquímica
Geocronologia
Método U-Pb em zircão
A obtenção das idades U-Pb de 19 amostras via LA-ICP-MS das rochas granito-gnáissicas e
máficas do Complexo Mantiqueira foram realizadas no Laboratório de Geoquímica Isotópica do
DEGEO/UFOP. Coletaram-se amostras entre 10 a 15 kg em cada ponto. Cerca de 5 kg de cada
amostra foram britados em britador de mandíbulas e moída em moinho de disco. A seguir o material
foi bateado com a finalidade de concentração dos minerais pesados, incluindo o zircão, no Laboratório
de Preparação de Amostras para Geocronologia DEGEO/UFOP. Em torno de 150 a 200 grãos de
zircão foram então separados manualmente com auxílio de lupa binocular, colocados em fita adesiva e
cobertos por resina. As pastilhas foram lixadas e polidas para expor o grão e fazer imageamento por
catodoluminescência,
usando um microscópio eletrônico de varredura JEOL 6510 do Laboratório de
Microanálises do DEGEO/EM.
Os grãos de zircão foram datados usando o
ThermoScientific Element
2
sector field
ICP-MS
acoplado ao laser CETAC LSX-213 G2+ seguindo a técnica descrita por Gerdes & Zeh (2006, 2009)
no Laboratório de Geocronologia do DEGEO/UFOP. As ablações por laser foram realizadas com uma
frequência de 10 Hz que geraram furos de 20 micrômetros de diâmetro. Os primeiros cinco segundos
de cada análise foram descartados e os sinais das janelas de integração foram ajustados para excluir
possíveis sinais de fraturas ou inclusões. Erros instrumentais foram corrigidos usando ajustes
interpolativos lineares. As calibrações foram baseadas em nove ou mais análises de padrões. O padrão
primário utilizado foi M127 524 ± 2 (Klotzli
et al.
2009) e o secundário,
Ple
š
ovice 337
± 1 (Sláma
et
al.
2008).
1.3.4 - Tratamento e análise dos dados
Os dados obtidos nos estudos petrográficos, de química mineral, de geoquímica e
geocronologia foram tratados e interpretados. Os resultados de química mineral foram processados no
software
Minpet
versão 2.02 (Richard 1995) e no
software Microsoft® Office
Excel
2007. As análises
químicas de rocha total foram processadas no
GeoChemical Data toolkit
3.00 (GCDkit 3.00)
(Janou
š
ek
et al.
2006). Para a geocronologia os dados foram tratados no
software
Glitter
(Van
Achterbergh
et al.
2001)
e as idades foram calculadas e plotadas em diagramas Concordia usando a
macro
Isoplot 3
(Ludwig 2003), no
Excel
2003.
Contribuições às Ciências da Terra Série D, vol.76, 108p.
5
1.4 – LOCALIZAÇÃO E ACESSO DAS ÁREAS ESTUDADAS
Os corpos de rochas metaultramáficas, gnáissicas e máficas estudados localizam-se na porção
sul e sudeste do estado de Minas Gerais, nos municípios Rio Manso, Lagoa Dourada, Queluzito,
Lamim, Amarantina, Mariana, Porto Firme, Diogo de Vasconcelos, Barra Longa, Mariana e
Alvinópolis. Para acessá-los tendo como partida a cidade de Belo Horizonte deve-se seguir pelas
rodovias BR-040, BR-383, BR-356, BR-262 (Fig. 1.1).
1.5 – ESTRUTURA DA TESE
A tese é apresentada sob a forma de artigos científicos de acordo com as normas do Programa
de Pós-Graduação de Evolução Crustal e Recursos Minerais da Universidade Federal de Ouro Preto.
O capítulo 1 descreve a natureza do estudo, os objetivos, metodologia empregada e
localização da área de estudo.
O capítulo 2 fornece uma revisão bibliográfica da região de estudo com base em estudos
anteriores.
O capítulo 3 consiste do artigo “Rochas ultramáficas plutônicas do greenstone belt Rio das
Velhas na porção central do Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, Brasil”, publicado em 2013 na
Revista Escola de Minas (REM).
O capítulo 4 apresenta o artigo “Petrogenesis of Metaultramafic Rocks from the Quadrilátero
Ferrífero and adjacent terrains, Minas Gerais, Brazil: Two events of ultramafic magmatism?”,
submetido em 2016 a Journal of South American Earth Sciences (JSA).
O capítulo 5 apresenta os dados geoquímicos e geocronológicos para o Complexo
Mantiqueira.
No capítulo 6 tem-se a discussão e conclusões desse trabalho.
CAPÍTULO 2
CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL
2.1 INTRODUÇÃO
A área de estudo situa-se na parte sul do Cráton São Francisco, localizado na Província São
Francisco e na porção sudeste da Faixa Araçuaí, que pertence à Província Mantiqueira. A região de
trabalho compreende o Quadrilátero Ferrífero, Cinturão Mineiro, Complexo Mantiqueira e Complexo
Santa Bárbara (Fig. 2.1).
A Província São Francisco abrange todo o território
do Cráton do
São Francisco (Almeida
et
al.
1977, 1981; Alkmim
et al.
1993). Segundo Almeida
et al.
(1981), este cráton teria suas margens
deformadas durante o Evento Transmazônico
e retrabalhadas durante o Evento Brasiliano. De acordo
com Almeida (1977), o Cráton do São Francisco é margeado, a norte, pelas faixas Sergipana e Riacho
do Pontal, a noroeste, pela Faixa Rio Preto, a oeste, pela Faixa Brasília e a sul/sudeste pela Faixa
Araçuaí.
A Província Mantiqueira, tal como definida por Almeida
et al.
(1977, 1981), é paralela a costa
sul e sudeste do Brasil, delineando uma faixa de direção NE-SW, com mais de 3.000 km. Esta é
composta pelos orógenos neoproterozoicos Araçuaí, Ribeira, Dom Feliciano e São Gabriel, e pela
zona de interferência entre os orógenos Brasília e Ribeira (Heilbron 2004).
O Orógeno Araçuaí está compreendido entre o C
ráton São
Francisco e a margem continental
brasileira, entre os paralelos 15° e 21° S (Alkmim & Marshak 1998; Pedrosa-Soares &
Wiedemann-Leonardos 2000; Pedrosa-Soares
et al.
2001; Heilbron 2004; Alkmim
et al.
2007) e é constituído por
duas feições tectônicas maiores, a Faixa Araçuaí e o núcleo cristalino que é caracterizado por rochas
metamórficas de alto grau e por um grande volume de granitos, originados em estágios diversos da
Orogênese Brasiliana (Peres
et al.
2004; Heilbron 2004).
A Faixa Araçuaí denominada por Almeida (1977) corresponde a um cinturão de dobramentos
e foi edificada à margem sudeste do Cráton do São Francisco, durante a orogênese Brasiliana. Esta
faixa representa a porção brasileira originária do paleocontinente Gondwana, já que as faixas Araçuaí
e Congo Ocidental constituíam um único orógeno brasiliano-panafricano, denominado orógeno
2.2 GEOLOGIA REGIONAL
2.2.1 Cinturão Mineiro
O Cinturão Mineiro (CM) se encontra ao sul do Quadrilátero Ferrífero e é considerado um
orógeno que se desenvolveu entre os períodos
riaciano e orosiriano, seu embasamento se formou em
um episódio orogênico brasiliano desenvolvido entre os cratons São Francisco e Congo (Teixeira e
Figueiredo 1991; Heilbron
et al.
2010; Noce
et al.
2007b). Em virtude disto, boa parte do Cinturão
Mineiro é formado por diferentes suítes de granitoides, classificados como ortognaisses TTGs
(Trodhjemito-tonalito-granodiorito), plutônicas não deformadas (gabro, dioritos e granitos) e rochas
vulcânicas e subvulcânicas (Teixeira
et al.
2015). Diversos estudos mostram que o CM é um
fragmento crustal constituído por granitóides juvenis em associação com rochas vulcânicas e
sedimentares pertencentes ao período do sideriano ao riaciano (Seixas
et al.
2012, 2013; Ávila
et al.
2014; Barbosa
et al.
2015; Teixeira
et al.
2015)
Diversas unidades estratigráficas estão vinculadas ao sistema orogênico Riaciano, cabendo
ressaltar o Complexo Juiz de Fora e os grupos Dom Silvério, Sabará e Itacolomi, além de intrusões
máficas e granitóides (Bizzi
et al.
2003) e de metaultramáficas com olivina preservada na região de
Lagoa Dourada e Queluzito (Braga 2006; Fonseca & Pereira 2008; Fonseca 2011).
Quéméneur & Noce (2000) propuseram uma divisão em três suítes para alguns corpos
plutônicos da parte central do Cinturão Mineiro: granítica, TTG e gabro-diorítica. A suíte granítica
(2,12 Ga) compreende tanto corpos peraluminosos do tipo S altamente diferenciados, como plútons
metaluminosos e peraluminosos de alto-K menos evoluídos. As suítes TTG (2,18 a 2,16 Ga) e
gabro-diorítica (2,22 a 2,13 Ga) são essencialmente cálcio-alcalinas e podem ter sido originadas de magmas
mantélicos em um ambiente de margem de placa tipo Andina. Entretanto, Alkmim & Marshak (1998)
postularam um modelo evolutivo com consumo de crosta oceânica transamazônica de SE para NW
com a consequente formação de um arco magmático oceânico (cinturão Mineiro) e, posteriormente, a
colisão deste arco com o antepaís.
Heineck
et al.
(2003) apresentam uma subdivisão dos terrenos pl
utônicos e ortognáissicos,
intermediários a félsicos, paleoproterozoicos, do Cinturão Mineiro, em três unidades maiores. Estas
unidades são separadas com base na área de ocorrência, na composição e na idade de cristalização. A
primeira unidade é formada por metagabros e metadioritos de 2,2 Ga. A segunda unidade é composta
por granitóides, divididos em três suítes, Suíte Alto Maranhão (2,16 – 2,12 Ga), Suíte Brás Pires, sem
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.76, 108p.
9
Suíte Alto Maranhão
A Suíte Alto Maranhão reúne um grande número
de corpos plutônicos intermediários
a
ácidos
e interpretados como resultantes da evolução de um orógeno acrescionário paleoproterozóico
relacionado ao Ciclo Transamazônico da porção meridional do Cráton
São Francisco (Teixeira
et al.
2000; Seixas
et al.
2013). Esta unidade possui rochas félsicas
plutônicas de composição quartzo
-diorítica a grano-diorítica, intrusivas em terrenos vulcano
ssedimentares e no embasamento
ortognáissico arqueano (Pires 1977; Grossi Sad
et al.
1983; Noce 1995; Seixas 2000; Martins 2008).
Segundo Seixas
et al.
(2013) a provável origem desta unidade remete a uma cunha mantélica
metasomatizada acima de uma zona de subducção paleoproterozoica.
Figura 2.1- Localização das rochas deste estudo e mapa geológico regional do estado de Minas Gerais, modificado de Heineck et al. (2003).
2.2.2 Quadrilátero Ferrífero
Supergrupo Rio das Velhas Complexo Mantiqueira Cinturão Mineiro Supergrupo Minas Grupo Itacolomi 21° 20° 44° 43°
0 10 20 30 40 50 km
Complexos Metamórficos
21° 15°
São
Cráton Francisco
Oceano Atlântico
Legenda
N
Limite do Cráton
São Francisco Localização das rochas deste estudo
O Quadrilátero Ferrífero é um distrito metalogenético localizado na porção sul do Cráton São
Francisco e estruturado sob a forma de mega sinclinais onde afloram rochas do Supergrupo Minas
sobrepostas às do Supergrupo Rio das Velhas e seu embasamento cristalino arqueano, que aparece sob
a forma de estrutura dômicas. O Quadrilátero Ferrífero registra deformação transamazônica e
brasiliana (Endo 1997; Alkmim & Marshak 1998).
A partir do conjunto de dados geocronológicos de U-Pb do embasamento do QF, podem ser
divididos quatro eventos magmáticos principais descritos como evento Santa Bárbara (3220 - 3200
Ma), Rio das Velhas I (2920 – 2850 Ma), Rio das Velhas II (2800 – 2760 Ma) e Mamona (2760 - 2680
Ma) que registram boa parte da evolução arqueana do QF (Romano
et al.
2013; Lana
et al.
2013;
Farina
et al
. 2015).
Supergrupo Rio das Velhas
O Supergrupo Rio das Velhas (SGRV) constitui um
greenstone belt
arqueano (Almeida 1976;
Schorscher 1978; Ladeira 1980a; Roeser
et al.
1980; Ladeira & Roeser 1983) e situa-se na porção
centro-meridional do estado de Minas Gerais. Constitui-se em uma das principais unidades geológicas
do QF. O SGRV foi definido originalmente como Série Rio das Velhas por Dorr II (1969), sendo sua
elevação a supergrupo proposta por Menezes Filho
et al.
(1977).
O SGRV ocupa cerca de 4.000 km
2no QF, sendo envolto por rochas gnáissicas, graníticas e
migmatíticas. As relações de contato da base do SGRV com gnaisses graníticos, segundo Ladeira
(1980a), são geralmente obscurecidas por severa granitização e tectonismo. De fato, Dorr II (1969) e
Herz (1978) mostram a existência, em certas áreas em torno do Complexo do Bação, de uma auréola
termo-metamórfica, acompanhada por mobilizados pegmatóides que intrudem ao longo dos contatos e
se injetam em ambos, Complexo do Bação e Rio das Velhas.
Dorr II (1969) subdividiu o SGRV em Grupo Nova Lima (inferior) e Maquiné (superior).
Schorscher (1978, 1979) e Schorscher
et al.
(1982) adicionaram uma nova unidade ultramáfica basal
denominada Grupo Quebra Osso. Ladeira (1980) mantém a proposta feita por Dorr II (1969), mas
divide o Grupo Nova Lima em três unidades, que da base para o topo são: Unidade Metavulcânica,
Unidade Metassedimentar Química, e por último uma Unidade Superior Clástica. A idade de
vulcânicas félsicas da Unidade Metavulcânica é de 2,776 Ga (Machado
et al.
1992).
A Unidade Metavulcânica é constituída por derrames ultramáficos-máficos e associações
félsicas e apresenta komatiitos com textura spinifex, serpentinitos, esteatitos, talco xistos, clorita
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.76, 108p.
11
plutônicas (Fonseca 2011; Fonseca & Jordt-Evangelista 2013; Fernandes 2016). Na Unidade
Metassedimentar Química encontram-se metacherts, formação ferrífera bandada e quartzo-carbonato
xistos e filitos. A Unidade Superior Clástica compreende quartzo-mica xistos, quartzo filitos e
quartzitos com níveis conglomeráticos.
O Grupo Maquiné é subdividido em Formação Palmital, inferior, e Formação Casa Forte,
superior (Dorr II 1969). A formação Palmital é constituída essencialmente por filitos quartzosos,
quartzitos homogêneos e lentes conglomeráticas, e a Formação Casa Forte por lentes de
conglomerados e quartzitos (Ladeira & Roeser 1983). De acordo com Moreira
et al.
(2016) o Grupo
Maquiné tem idade de deposição entre 2730 - 2700 Ma.
Supergrupo Minas
O Supergrupo Minas (SGM) constitui uma sequência de rochas metassedimentares
supracrustais de idade paleoproterozóica sobreposta ao SGVR (Dorr II 1969; Babinski
et al.
1995;
Machado
et al.
1996). O SGM engloba quatro unidades principais sendo da base para o topo, os
sedimentos clásticos do Grupo Caraça, os sedimentos químicos do Grupo Itabira, unidades clásticas e
químicas do Grupo Piracicaba e sedimentos do tipo
flysh
do Grupo Sabará.
Complexo do Bação
O Complexo do Bação forma uma estrutura dômica e se encontra no interior do QF (Figura
2.1). É constituído por gnaisses migmatíticos TTG e rochas básicas subordinadas, sendo embasamento
do
greenstone belt
Rio das Velhas (Figueiredo & Barbosa 1993). Gomes (1985) efetuou um estudo
petrológico e geoquímico dessas rochas e identificou gnaisses, metabasitos, ortoanfibolitos,
para-anfibolitos que gradam para cálcio-silicáticas e metapelitos. Com base em datações U/Pb em titanitas e
monazitas Machado
et al.
(1989) consideraram que a fase final de remobilização de rochas mais
antigas, provavelmente arqueanas, se deu a cerca de 2,0 Ga, na parte sudoeste do Complexo do Bação.
De acordo com Carneiro
et al.
(1998) e Teixeira
et al.
(2000) com exceção da geração mais jovem de
granitóides, todos os componentes arqueanos foram deformados e metamorfizados no Evento Rio das
Velhas com idade de 2,78 e 2,7 Ga. Entretanto, Lana
et al.
(2013) descreve idade de cristalização
magmática entre 2925 a 2795 Ma e idade metamórfica 2775 a 2770 Ma para o Complexo do Bação.
O Complexo Santa Bárbara está em contato tectônico com o Supergrupo Rio das Velhas
através do sistema de falhas de empurrão denominada Água Quente (Dorr II 1969). Baltazar &
Raposo (1993) descrevem três principais litologias que ocorrem no Complexo Santa Bárbara, gnaisse
tonalítico a trondjemítico, o segundo é uma rocha de composição granítica frequentemente foliada e
xenólitos, encontrados nos gnaisses, classificados como anfibolito e metadiorito. De acordo com
Medeiros Jr & Soares (2007) ocorrem microclínio gnaisses intrudidos por granitos e pegmatitos de
composição granítica, além de gnaisses com aspectos típicos de migmatitos e porções anfibolíticas
concordantes com a foliação gnáissica. Lana
et al
. (2013) descrevem idades de cristalização
magmática para o CSB de 3212 ± 9 e 3210 ± 8 Ma.
2.2.4 Complexo Mantiqueira
O Complexo Mantiqueira foi denominado e descrito por Brandalise (1991) como uma
sequência de gnaisses ortoderivados de composição
granito
-
tonalítica, intercalados por anfibolito,
além de pequenos corpos de rochas granulíticas. No contexto geotectônico, o Complexo Mantiqueira
compõe uma extensa faixa de ortognaisses de composição TTG (tonalito-trondhjemito-granodiorito),
empurrados sobre a margem meridional do cráton do São Francisco (Silva
et al.
2002; Noce
et al.
2007). Segundo Noce
et al.
(2007b) ortognaisses bandados tiveram a cristalização magmática no
intervalo 2180-2041 Ma e suas associações rochosas correspondem a um ou mais arcos magmáticos
desenvolvidos sobre a margem do paleocontinente arqueano.
No Complexo Mantiqueira também estão presentes rochas metaultramáficas na região de
Lamim (Jordt-Evangelista & Silva 2005; Fonseca 2011).
2.2.5 Complexo Acaiaca
O Complexo Acaiaca foi primeiro descrito por Jordt-Evangelista (1984, 1985). Os litotipos
encontrados são plagiogranulitos (composição granodiorítica), gnaisses e granada-sillimanita xistos
(Jordt-
Evangelista & Müller 1986a, 1986b). O complexo estende
-
se por uma estreita faixa N
-
S,
constituída predominantemente de granulitos, por vezes retrometamorfizados na fácies anfibolito.
Medeiros Júnior (2009) descreve pegmatitos graníticos, granulitos félsicos, máficos
e de protólito
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.76, 108p.
13
intermediários (P~6.5 kbar) e pico
metamórfico em torno de 800°C. As datações realizadas por
Teixeira
et al.
(1987) forneceram uma idade Rb-Sr de 2,0 Ga para o evento metamórfico
de fácies
granulito. Recentemente idades metamórficas foram obtidas em monazitas de 2063 ± 10 a 2148 ± Ma
(Medeiros Júnior
et al.
2016; Medeiros Júnior
201z6). Na região de Barra Longa, dentro do Complexo
Acaiaca Medeiros Júnior (2009) e Medeiros Júnior & Jordt-Evangelista (2010) descrevem a presença
de rochas ultramáficas de fácies granulito.
2.2.6 Grupo Dom Silvério
O grupo Dom Silvério estende-se desde Ipatinga, a NNE, até Senador Firmino, a SSW, na
região leste de Minas Gerais (Jordt-Evangelista 1992; Dürkop
et al.
1997; Peres 2000). Para o grupo
Dom Silvério tem sido sugerida uma derivação a partir de uma fonte Transamazônica de 2,20 Ga,
conforme idade-modelo TDM em rocha total referida por Brueckner
et al.
(2000). Os registros líticos
metassedimentares dessa unidade foram interpretados por Peres (2000) como sedimentos marinhos
acumulados em plataforma distal ou águas relativamente profundas, enquanto Pedrosa Soares
et al.
(2001) consideram o Grupo Dom Silvério como uma assembleia de rochas de crosta oceânica.
Brandalise (1991) subdividiu o grupo Dom Silvério em três unidades da base para o topo, a primeira
unidade é composta por anfibolitos, xistos e níveis subordinados de rochas calciossilicáticas. A
segunda unidade é constituída por xistos, além de quartzitos, rochas calciossilicáticas, gonditos,
mármores, anfibolitos, formação ferrífera e gnaisses laminados e a terceira unidade formada por
moscovita quartzito e moscovita-quartzo xisto. De acordo com Peres (2000), há uma diferença
substancial entre os litotipos presentes a norte e a sul do grupo Dom Silvério. Na porção norte são
encontrados anfibolitos, rochas metaultramáficas, quartzitos, mármores, gonditos e formações
ferríferas. Na porção sul ocorre uma espessa pilha de mica xistos granatíferos, por vezes com cianita
e/ou estaurolita, e volumes subordinados de clorita xisto com intercalações de talco xisto (rochas
Autores: G. M. Fonseca a e H. Jordt-Evangelista a.
a Departamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Morro do Cruzeiro,
35400-000 Ouro Preto, MG, Brasil
Revista Escola de Minas (REM), Ouro Preto, 66(1), 67-75. 2013.
Keywords: ultramafic rock, Rio das Velhas greenstone belt, komatiitic peridotite, geochemistry, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais.
CAPÍTULO 3
ROCHAS ULTRAMÁFICAS PLUTÔNICAS DO GREENSTONE BELT
RIO DAS VELHAS NA PORÇÃO CENTRAL DO QUADRILÁTERO
FERRÍFERO, MINAS GERAIS, BRASIL
3.1 – ABSTRACT
In Amarantina, district of Ouro Preto, State of Minas Gerais, Brazil, ultramafic rock exposures
are found along two areas of about 500 m
2each. The rocks crop out in the Bação complex, which is
the gneissic basement of the Rio das Velhas greenstone belt in the central portion of the Quadrilátero
Ferrífero (QF). The interest in a petrogenetic study of the ultramafic rocks is the partial preservation of
igneous minerals, which are not observed in most of the completely metamorphosed ultramafic rocks
in the QF. Among them, the steatites and the serpentinites are the best studied because of their
economic importance. The ultramafic rocks from Amarantina are classified as metaperidotites due to
the equigranular texture characteristic of plutonic origin. The rocks are made up of large grains of
olivine, pyroxene, and spinel preserved from de original magmatic rock, which are distributed in a fine
grained mass with talc, serpentine, chlorite, amphibole, and opaque minerals. Scarce arite (NiSbAs)
and breithauptite (NiSb) were generated after pentlandite during hydrothermal metamorphism.
Comparison of the chemical composition with a metakomatiite with spinifex texture from de QF as
well as with known komatiitic rocks from other parts of the world reveals that the metaperidotites are
chemically similar to non Al-depleted komatiites. Therefore it is probable that the studied ultramafic
rocks correspond to the plutonic portion of the komatiitic magmatism of the Nova Lima group, at the
3.2
–
RESUMO
Em Amarantina, distrito de Ouro Preto, encontram-se rochas ultramáficas expostas em duas
áreas com cerca de 500 m
2cada. As rochas afloram no Complexo do Bação, que é o embasamento
gnáissico do greenstone belt Rio das Velhas, na porção central do Quadrilátero Ferrífero (QF). O
interesse no estudo petrogenético destes corpos deve-se à preservação parcial de minerais ígneos,
ausentes na maior parte das rochas ultramáficas totalmente metamorfizadas do QF. Dentre essas, se
destacam os esteatitos e os serpentinitos devido a sua importância econômica. As rochas ultramáficas
de Amarantina possuem textura equigranular, que é característica de origem plutônica, isto é, trata-se
de metaperidotitos. Possuem grãos maiores de olivina, piroxênio e espinélio da rocha ígnea original
distribuídos em matriz metamórfica fina com talco, serpentinas, cloritas, anfibólios e minerais opacos.
Escassas arita (NiSbAs) e breithauptita (NiSb) foram formadas a partir de pentlandita durante o
metamorfismo associado a hidrotermalismo. A comparação da composição química com a de um
metakomatiito com textura spinifex do QF bem como com rochas komatitiiticas de outras partes do
mundo mostra que os metaperidotitos são quimicamente semelhantes aos komatiitos não-desfalcados
em alumínio. Portanto, é provável que as rochas ultramáficas estudadas correspondam à porção
plutônica do magmatismo komatitiitico do Grupo Nova Lima, que é a unidade basal do greenstone
belt Rio das Velhas.
Palavras-chave:
rocha ultramáfica, greenstone belt Rio das Velhas, peridotito komatiitico,
geoquímica, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais.
3.3
–
INTRODUÇÃO
O Quadrilátero Ferrífero (QF) tem sido desde o século XIX objeto de pesquisas e estudos
geológicos devido aos bens minerais nele presentes, entre os quais se destacam as mineralizações de
ferro e ouro. Quanto a bens minerais não-metálicos, são explotadas, entre outras, rochas
metaultramáficas do tipo esteatito/serpentinito, de grande importância econômica. Entre as ocorrências
de rochas de natureza ultramáfica encontram-se, muito raramente, corpos que preservam algum
mineral ou textura ígnea da rocha original, que são de grande relevância para estudos petrogenéticos,
pois podem representar o protólito dos esteatitos e serpentinitos. Nas circunvizinhanças do QF rochas
Contribuições às Ciências da Terra Série D, vol.76, 108p.
17
presente estudo visa à caracterização de dois corpos ultramáficos com minerais ígneos parcialmente
preservados, localizado em Amarantina, distrito de Ouro Preto.
As rochas metaultramáficas da região do Quadrilátero Ferrífero pertencem ao Supergrupo Rio
das Velhas, que constitui um
greenstone belt
arqueano (Dorr 1969; Ladeira 1980; Ladeira & Roeser
1983; Roeser
et al.
1980). O Supergrupo Rio das Velhas é constituído pelo Grupo Nova Lima,
inferior, e o Grupo Maquiné, superior.
O Grupo Nova Lima é composto, na sua porção basal, principalmente por esteatitos e
serpentinitos derivados de protólitos ígneos ultramáficos (Ladeira & Roeser 1983) por meio de
processos metamórficos associados a transformações metassomáticas. A preservação de texturas
spinifex, embora muito rara (Ladeira 1980; Noce
et al.
1990; Pinheiro & Nilson 1997; Andreatta e
Silva 2008), atesta que pelo menos uma parte das rochas ultramáficas primárias era de natureza
vulcânica, originada de komatiitos.
O Complexo do Bação, no qual estão inseridas as rochas metaultramáficas de Amarantina, é
constituído predominantemente por gnaisses de composição tonalítica e granodiorítica (Gomes 1986 e
1987). Este compõe o embasamento das rochas supracrustais do
greenstone belt
Rio das Velhas, que o
rodeiam. Subordinadamente ocorrem xistos de derivação pelítica e anfibolitos.
O objetivo desse trabalho é a caracterização mineralógica, textural, geoquímica e a
interpretação petrogenética dos litotipos presentes nos corpos metaultramáficos de Amarantina. A
importância do estudo destes corpos se deve a sua localização geográfica, pois estão inseridos dentro
do Complexo do Bação na região central do QF, o que os distingue das ocorrências acima citadas que
se localizam fora do QF e que, portanto, podem não pertencer ao Grupo Nova Lima.
3.4
–
MATERIAIS E MÉTODOS
Realizaram-se trabalhos de campo para coleta de amostras, que foram descritas macro e
microscopicamente. As lâminas delgadas foram descritas sob microscópio de polarização por luz
incidente e luz transmitida. Para obter as análises de química mineral utilizou-se o microscópio
eletrônico de varredura (MEV) de marca JEOL, modelo JSM com EDS (espectrometria por dispersão
de energia) Thermo Electron acoplado no Laboratório de Microanálise (MICROLAB) do
DEGEO-UFOP que operou sob condições analíticas de 20 kV, com largura de feixe 10
µ
m e 2000 contagens.
Também foram realizadas análises por microssonda eletrônica em equipamento da marca JEOL,
modelo JCXA-8900RL no Laboratório de Microanálises do consórcio Física-Química-Geologia da
UFMG e CDTN-CNEN. O aparelho operou com uma tensão de 15 kVe corrente de feixe de 20 nA.
(FRX), de marca Philips PW2404, modelo MagiX com amostrador automático PW2504 e tubo de Rh
a 2,4 kW, no Laboratório de Preparação de Amostras para Geoquímica e Geocronologia (LOPAG) do
DEGEO-UFOP e em Espectrofotômetro de Emissão Atômica com Fonte Plasma (ICP-OES), de marca
Spectro e modelo Ciros CCD, no Laboratório de Geoquímica Ambiental (LGqA) do DEGEO-UFOP.
O tratamento dos dados geoquímicos foi feito no
software
Minpet versão 2.02 (Richard 1995).
3.5
–
CORPO METAULTRAMÁFICO DE AMARANTINA
As rochas metaultramáficas de Amarantina foram encontradas em duas áreas distintas, uma à
nordeste e a outra à sudoeste da rodovia BR-356 (Fig. 3.1), distanciadas aproximadamente 2,5 km.
Elas ocorrem em afloramentos e blocos soltos com tamanho de metros a decâmetros (Fig. 3.2). São
rochas maciças, de granulometria fina a média e que podem apresentar dobras (Fig. 3.2 D).
3.5.1 Aspectos petrográficos e Química Mineral
No corpo metaultramáfico de Amarantina foram amostrados três litotipos, a saber, espinélio
metaperidotito, metaperidotito e tremolita-clorita-serpentina granofels, sendo que este último
representa o produto do total metamorfismo dos anteriores. As amostras estudadas foram coletadas
nos pontos AM-1 a AM-4 mostrados na Fig. 3.1. Além dos litotipos citados são encontrados também
Contribuições às Ciências da Terra Série D, vol.76, 108p.
19
Figura 3.1- Mapa geológico do Quadrilátero Ferrífero (modificado de Alkmim & Marshak 1998) e mapa de localização dos afloramentos das rochas metaultramáficas.
Não se encontraram afloramentos que permitissem verificar as relações de contato com os
gnaisses do Complexo do Bação. A área superficial do corpo a leste de Amarantina (Fig. 3.1) é de pelo
menos 500 m
2, conforme indica a distribuição dos afloramentos
in situ
e dos blocos dispersos pelo
terreno. O outro corpo tem dimensões semelhantes.
Brasil
Grupo Itacolomi Granitóides Pós-Minas Supergrupo Minas Supergrupo Rio das Velhas Embasamento
Belo Horizonte
Domo do Bação
0 10 20 km
44°00’W 44°30’W
20°00’S AM-4AM-3
AM-1 AM-2
10 km 5
0
N
43°50’W 43°40’W
43°40’S
AM-4
AM-3
AM-1 AM-2
Convenções Cartográficas
Rio Maracujá Corrego do Riacho
BR-356
43°43’W 43°42’W
20°19’S
BR-356
Localização amostras
Corpo metaultramáfico
Rodovia Federal
Estradas sem pavimentação
Drenagens
Área Urbana Amarantina
500 m 250
Figura 3.2- Imagens de rochas metaultramáficas da região de Amarantina. A) Afloramento do metaperidotito (AM-4). B) Bloco do espinélio metaperidotido (AM-3). C) Amostra de mão do metaperidotito (AM-1). D) Amostra de mão do metaperidotito (AM-4) dobrado