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Relatório do estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO SUL - UNIJUI

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Ricardo Kogler Schneider

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Ijuí, RS 2018

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Ricardo Kogler Schneider

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado, apresentado ao Curso de Medicina Veterinária, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Médico Veterinário.

Orientadora: Prof.ª Med. Vet. MSc. Luciane Ribeiro Viana Martins Supervisor: Med. Vet. Caciano de Brito

Ijuí, RS 2018

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Ricardo Kogler Schneider

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado, apresentado ao Curso de Medicina Veterinária, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Médico Veterinário.

Aprovado em 10 de Dezembro de 2018:

______________________________________ Luciane Ribeiro Viana Martins, MSc. (UNIJUÍ)

(Orientadora)

______________________________________ Denize da Rosa Fraga, Dra. (UNIJUÍ)

(Banca)

Ijuí, RS 2018

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha família, principalmente meus pais, meus irmãos e minha namorada e também aos meus amigos, que sempre me apoiaram.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar à Deus, pela minha existência e minha saúde; Agradeço aos meus pais Alécio e Maritê pelo amor, incentivo e apoio durante todos esses anos de caminhada, onde nunca mediram esforços para me auxiliar sendo para mim um grande exemplo de força, de coragem e perseverança;

Agradeço aos meus irmãos Juliane, Rafael e Luísa pelo companheirismo, o amor compartilhado e a compreensão aos meus momentos de ausência, agradeço a minha namorada Luiza, que sempre esteve do meu lado, auxiliando e motivando nos momentos difíceis dando força para eu alcançar o meu objetivo;

Agradeço também ao meu supervisor de estágio médico veterinário Caciano de Brito pelos ensinamentos passados, pelo companheirismo, além de paciência, no período de realização do estágio colaborando assim diretamente na minha formação;

A minha orientadora professora Luciane Ribeiro Viana Martins agradeço o incentivo e auxilio na elaboração deste trabalho e os conhecimentos passados durante minha formação acadêmica; E aos demais professores por todo conhecimento transmitido à mim durante minha trajetória na graduação;

Um agradecimento em especial aos meus colegas e amigos que estiveram comigo durante a graduação, pelo companheirismo, pelos mates e pelo apoio, fosse nos estudos, nas aulas ou nas confraternizações;

E por fim os demais amigos e familiares que de alguma forma contribuíram para minha formação e me ajudaram a concluir esta etapa e me tornar Médico Veterinário.

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“Você bloqueia seu sonho quando você permite que seu medo fique maior do que sua fé.”

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RESUMO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

AUTOR: Ricardo Kogler Schneider

ORIENTADORA: Prof.ª Med. Vet. MSc. Luciane Ribeiro Viana Martins

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na área de Clínica, Clínica Cirúrgica, Manejo e Reprodução de Grandes Animais, direcionado a Bovinocultura de Leite. O estágio foi realizado no município de Ijuí, Rio Grande do Sul, no período de 26 de Julho a 24 de Setembro de 2018, totalizando 150 horas de atividades, sob supervisão do Médico veterinário Caciano de Brito e orientação da professora Mestre em Medicina Veterinária Luciane Ribeiro Viana Martins. O estágio proporcionou aquisição de novos conhecimentos na parte da clínica, cirurgia, reprodução, e manejo. Durante o estágio foram acompanhadas diversas atividades que estão descritas em tabelas, neste trabalho. Neste relatório serão descritos e discutidos dois relatos clínicos acompanhados, um deles um caso de hipocalcemia pós-parto em fêmea da raça Jersey e no outro relato serão abordados quatro casos clínicos de tristeza parasitária bovina que ocorreram em fêmeas produtoras de leite. O estágio proporcionou um bom aprendizado prático, contribuindo com a formação acadêmica e profissional, estabelecendo um crescimento pessoal e profissional nesta área da Medicina Veterinária.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resumo das atividades acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área de Clínica, Clínica Cirúrgica, Manejo e Reprodução. No município de Ijuí, RS, no período de 26 de julho a 24 de setembro de 2018...12 Tabela 2 - Atendimentos clínicos em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área de Clínica, Clínica Cirúrgica, Manejo e Reprodução. No município de Ijuí, RS, no período de 26 de julho a 24 de setembro de 2018...12 Tabela 3 - Atendimentos cirúrgicos em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área de Clínica, Clínica Cirúrgica, Manejo e Reprodução. No município de Ijuí, RS, no período de 26 de julho a 24 de setembro de 2018...13 Tabela 4 - Atividades relacionadas à reprodução em fêmeas bovinas acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área de Clínica, Clínica Cirúrgica, Manejo e Reprodução. No município de Ijuí, RS, no período de 26 de julho a 24 de setembro de 2018...13 Tabela 5 – Atendimentos de manejo sanitário em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área de Clínica, Clínica Cirúrgica, Manejo e Reprodução. No município de Ijuí, RS, no período de 26 de julho a 24 de setembro de 2018...13

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LISTA DE ABREVIATURAS

% Porcentagem ® Marca Registrada BPM Batimentos por minuto Dl Decilitro

ECC Escore de Condição Corporal

ELISA Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay (Ensaio de imunoabsorção enzimática)

ECSMV Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária FC Frequência Cardíaca FR Frequência Respiratória G Gramas IM Intramuscular Kg Quilogramas Mg Miligramas mL Mililitros

MPM Movimentos por minuto RS Rio Grande do Sul

TPB Tristeza Parasitária Bovina VE Via Endovenosa

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 11

2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ... 12

3 RELATO DE CASO ... 14

3.1 HIPOCALCEMIA PÓS-PARTO EM FÊMEA DA RAÇA JERSEY ... 14

3.1.1 Introdução ... 14 3.1.2 Metodologia ... 16 3.1.3 Resultados e Discussão ... 17 3.1.4 Conclusão ... 21 3.1.5 Referências Bibliográficas ... 22 4 RELATO DE CASO ... 25

4.1 SUSPEITA DE TRISTEZA PARASITÁRIA BOVINA EM QUATRO FÊMEAS PRODUTORAS DE LEITE ... 25 4.1.1 Introdução ... 25 4.1.2 Metodologia ... 27 4.1.3 Resultados e Discussão ... 29 4.1.4 Conclusão ... 33 4.1.5 Referências Bibliográficas ... 33 5 CONCLUSÃO ... 36 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 37

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1 INTRODUÇÃO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária (ECSMV) foi realizado na no setor de bovinocultura de leite, na área de Clínica, Clínica Cirúrgica, Manejo e Reprodução de Grandes Animais, da empresa Agrovel Agroveterinária LTDA, localizada na cidade de Ijuí, Rio Grande do Sul, no período de 26 de Julho a 24 de setembro de 2018, totalizando 150 horas de atividades. A supervisão de campo foi realizada pelo Médico Veterinário Caciano de Brito e a orientação da professora Mestre em Medicina Veterinária Luciane Ribeiro Viana Martins.

A Agrovel Agroveterinária LTDA é uma empresa que atua na cidade há 22 anos. Além da loja de produtos veterinários conta com ampla linha de produtos para o homem do campo. Possuí 10 funcionários e atua com atendimentos veterinários realizados por 4 Médicos Veterinários que não possuem vínculo empregatício com a empresa mas que prestam serviço por meio da mesma.

A escolha da bovinocultura como setor para o estágio deu-se pelo fato de que na região a bovinocultura de leite é muito difundida e assim apresenta alto número de casos clínicos e cirúrgicos a serem analisados além de boas oportunidades relacionadas à reprodução de bovinos.

O principal objetivo do estágio foi à relação entre o conhecimento teórico adquirido e a aplicação na prática, além da troca experiências, profissionais e pessoais, através da evolução dos casos atendidos. Assim oportunizou-se o conhecimento das rotinas e condutas do profissional da área que contribuíram para o desenvolvimento ético e profissional.

O presente relatório tem por objetivo apresentar as vivências do Estágio realizado além de descrever dois casos clínicos seguidos durante a realização do mesmo através da apresentação dos casos, o acompanhamento, o tratamento e a relação com a teoria estudada. Um dos casos a ser apresentado é o de hipocalcemia pós-parto em fêmea da raça Jersey e o outro um quadro de suspeita de tristeza parasitária bovina (TPB) em quatro fêmeas produtoras de leite.

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2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As principais atividades desenvolvidas durante o ECSMV na área Clínica, Clínica Cirúrgica, Manejo e Reprodução estão apresentadas na Tabela 1. As descrições das atividades realizadas estão especificadas nas Tabelas de 2 a 5.

Tabela 1 - Resumo das atividades acompanhadas durante o ECSMV, na área de Clínica, Clínica Cirúrgica, Manejo e Reprodução. No município de Ijuí, Rio Grande do Sul (RS), no período de 26 de Julho a 24 de setembro de 2018.

Resumo das atividades Total %

Atividades relacionadas à reprodução 376 72,03

Manejo Sanitário 97 18,58

Atendimentos cirúrgicos 30 5,75

Atendimentos clínicos 19 3,64

Total 522 100,00

Tabela 2 - Atendimentos clínicos em bovinos acompanhados durante o ECSMV, na área de Clínica, Clínica Cirúrgica, Manejo e Reprodução. No município de Ijuí, RS, no período de 26 de Julho a 24 de setembro de 2018.

Procedimentos Total %

Hipocalcemia 4 21,05

Suspeita de Tristeza Parasitária Bovina 4 21,05

Retenção de placenta 3 15,79

Cetose 3 15,79

Mastite 2 10,53

Auxílio à parto distócico 1 5,26

Prolapso de útero 1 5,26

Timpanismo gasoso 1 5,26

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Tabela 3 - Atendimentos cirúrgicos em bovinos acompanhados durante o ECSMV, na área de Clínica, Clínica Cirúrgica, Manejo e Reprodução. No município de Ijuí, RS, no período de 26 de Julho a 24 de setembro de 2018.

Procedimentos Total %

Amochamento térmico 15 50,00

Orquiectomia 12 40,00

Cesariana 1 3,33

Exerése de 3° pálpebra 1 3,33

Sutura de teto lacerado 1 3,33

Total 30 100,00

Tabela 4 - Atividades relacionadas à reprodução em fêmeas bovinas acompanhados durante o ECSMV, na área de Clínica, Clínica Cirúrgica, Manejo e Reprodução. No município de Ijuí, RS, no período de 26 de Julho a 24 de setembro de 2018.

Procedimentos Total %

Diagnóstico de gestação por ultrassonografia 363 96,54

Endometrite Grau II 6 1,60

Metrite 5 1,33

Endometrite Grau I 2 0,53

Total 376 100,00

Tabela 5 – Atendimentos de manejo sanitário em bovinos acompanhados durante o ECSMV, na área de Clínica, Clínica Cirúrgica, Manejo e Reprodução. No município de Ijuí, RS, no período de 26 de Julho a 24 de setembro de 2018.

Procedimentos Total %

Vacinação para brucelose (B19®) 97 100,00

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3 RELATO DE CASO

3.1 HIPOCALCEMIA PÓS-PARTO EM FÊMEA DA RAÇA JERSEY

Ricardo Kogler Schneider; Luciane Ribeiro Viana Martins; Caciano de Britto

3.1.1 Introdução

Atualmente, a atividade leiteira vem passando por transformações importantes no que diz respeito à intensificação da produção e à maximização do ganho por área disponível (KOCH, 2013). O aumento da produtividade e a redução dos seus custos passam a ser medidas fundamentais a serem adotadas pelo produtor, tendo em vista que a margem de lucro, à qual a cadeia do leite é submetida, estreita-se cada vez mais. Na busca pela otimização dos meios produtivos disponíveis, o animal é constantemente desafiado, sendo submetido a situações de extremas exigências nutricionais, sanitárias, produtivas e reprodutivas (SILVEIRA, 2009).

O período seco de uma vaca ocorre sessenta dias antes do parto e o período de transição são as três primeiras semanas que antecedem o parto e três semanas após o parto, este momento é caracterizado por várias mudanças metabólicas e endócrinas que modificam a distribuição de nutrientes no organismo. No instante em que ocorrem alterações nos mecanismos de regulação homeostáticos as chances da ocorrência de doenças metabólicas aumentam (CORBELLINI, 1998).

Durante a fase de transição a vaca passa por diversas alterações que a preparam para o parto e para produção de leite. Tais alterações contribuem para a ocorrência de enfermidades metabólicas que podem implicar na diminuição da produção de leite, prejudicar o desempenho reprodutivo e aumentar a taxa de descarte no rebanho (BARBOSA, 2011). Dentre essas doenças, podemos citar a hipocalcemia, caracterizada pela concentração sanguínea de cálcio abaixo do ideal (OLIVEIRA et al, 2013).

A hipocalcemia pós-parto também conhecida como: paresia puerperal, febre vitular ou febre do leite, possui uma etiologia complexa, porém se caracteriza como uma falha da homeostase do cálcio, associado ao estresse gerado no parto, alta demanda de cálcio no final da gestação e início da lactação (OGILVIE, 2000). Hunt e

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Blackwelder (2006) afirmam que o cálcio influencia diretamente na contração das células musculares.

O cálcio é um macro mineral e desempenha várias funções no organismo. Aproximadamente 99% do cálcio presente no organismo está armazenado nos ossos, enquanto que 1% está no espaço intracelular e vascular (SANTOS, 2006). A homeostase do cálcio é controlada pelo paratormônio, calcitonina e pela vitamina D3. Nos últimos dois meses que antecedem o parto, o cálcio é direcionado para a formação óssea do feto, para a formação de colostro e também há perdas intestinais e urinárias (CORBELLINI, 1998).

A hipocalcemia pode acometer vacas de qualquer idade e raça, porém geralmente as mais atingidas são as multíparas com mais de cinco anos de idade. Uma maior susceptibilidade da doença é observada em animais da raça Jersey por produzirem grande quantidade de sólidos no leite, predominantemente pela gordura em que o cálcio se liga, elevada concentração de cálcio no colostro e pelo motivo que esta raça, quando comparada com Holandesa, possui nas células intestinas menos receptores para vitamina D3, dificultando a absorção de cálcio no pré-parto (SANTOS, 2006; KAHN, 2008; JACQUES, 2011). No entanto, nas fêmeas da raça Holandesa são observados casos mais frequentes por se tratarem de animais de alta produção (JACQUES, 2011).

Esta enfermidade geralmente acontece no início da lactação devido à alta transferência de cálcio para o leite (KAHN, 2008). Os hormônios denominados de Paratormônio e 1,25-Dihidroxivitamina D, responsáveis pela absorção de cálcio, tanto nos ossos quanto nos intestinos, nesta fase, estão em atividade reduzida, já que nesse período que antecede o parto, por não haver grande produção de leite, a exigência de cálcio pelo animal é menor (SANTOS; SANTOS, 2017).

Cunningham e Klein (2008) abordam que o elemento cálcio é necessário para as contrações musculares, o mesmo ajuda na estabilização da membrana dos nervos periféricos, e em casos de deficiência deste componente poderá ocorrer tetania moderada, que geralmente observa-se em vacas com hipocalcemia.

Riet-Correa (2007) salienta que os sinais clínicos podem ser observados em três fases, onde na primeira fase, a vaca permanece em pé, mas apresenta sinais de excitação e hipersensibilidade, tremores musculares, movimentos da cabeça, ataxia, mugidos e dispneia. Na segunda fase o animal fica em decúbito esternal, observa-se depressão, anorexia e a temperatura corporal pode estar diminuída, a

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vaca mantém a cabeça voltada para o lado, encostada no flanco, na terceira fase os animais perdem a consciência e evoluem para o coma.

Fêmeas acometidas pela patologia hipocalcemia podem desencadear outras doenças, dentre elas a síndrome da vaca caída, que serve também de diagnóstico diferencial para a hipocalcemia (SANTOS, 2006). Segundo Azevêdo (2013), a síndrome da vaca caída caracteriza-se pelo animal permanecer em decúbito por um prolongado tempo ocasionando um processo de mionecrose isquêmica e processos degenerativos de nervos superficiais como o tibial e o fibular. Um dos principais cuidados que deve ser tomado para evitar as complicações associadas ao decúbito é manter o animal em uma cama adequada, mudar o decúbito várias vezes ao dia e quando possível tentar mantê-lo em pé pelo maior tempo possível.

O diagnóstico e tratamento são baseados na anamnese e sinais clínicos. A hipocalcemia deve ser considerada uma emergência e requer terapia intravenosa imediata com soluções a base de cálcio (HUNT E BLACKWELDER, 2006)

Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de hipocalcemia pós-parto em uma vaca da raça Jersey, atendida durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária (ECSMV)

3.1.2 Metodologia

Durante a realização do ECSMV foi atendida uma fêmea bovina em uma propriedade no interior do município de Ijuí, Rio Grande do Sul. A fêmea era multípara, da raça jersey, com 6 anos de idade e aproximadamente 450 Kg de peso vivo, com suspeita de hipocalcemia pós-parto.

Durante a anamnese, o proprietário relatou que o animal havia parido de forma eutócica, no período da noite, e ao amanhecer na hora da ordenha a mesma não conseguia levantar-se. A fêmea encontrava-se em um piquete separado dos demais animais no momento do atendimento, porém a mesma não recebeu uma dieta especifica pré-parto, sendo que sua alimentação era ração (produzida pelo proprietário) e pastagem de aveia e azevém. Ainda foi relatado que esta seria a primeira lactação em que a patologia acometeu esta fêmea.

Durante o atendimento, o animal apresentava-se em decúbito esternal ainda no piquete das vacas secas onde havia parido. A fêmea apresentava escorre de condição corporal (ECC) 3,75 (em uma escala de 1 a 5, em que 1 é caracterizado

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como magro e 5 como obeso). Durante o exame clínico verificou-se na auscultação, a frequência cardíaca de 68 batimentos por minuto (bpm) e a frequência respiratória de 22 movimentos respiratórios por minuto (mpm). O animal apresentava tremores musculares. A temperatura retal aferida foi de 36.9°C, não foi realizado exame complementar para a dosagem de cálcio. Com base no exame clínico, aliado à anamnese e os sinais clínicos apresentados pelo animal, foi diagnosticado hipocalcemia pós-parto.

O tratamento instituído no atendimento foi de Gluconato de Cálcio 20,00 g (Turbo Calcio®), no volume de 500 ml, equivalente a 10g de cálcio, Glicose Anidra 50g (Glicoton® B12), no volume de 500ml, Fosfato Sódico de Dexametazona (Cortiflan®), na dose de 9mg/kg, no volume de 20 ml. O tratamento foi todo realizado via endovenosa.

Após alguns minutos, incentivou-se o animal a levantar, obtendo-se sucesso. Recomendou-se ao proprietário manter a rotina diária do animal, inclusive realizar a ordenha, mantendo-o em observação para avaliação de possível retorno dos sintomas. Foi recomendada a utilização de uma dieta adequada aos animais em período pré-parto, com o intuito de evitar novas ocorrências da patologia. Em contato com o proprietário alguns dias após o tratamento, foi relatado que não houve recidiva do quadro clínico.

3.1.3 Resultados e Discussão

Para Santos (2006), Kahn (2008) e Jacques (2011) a hipocalcemia é uma patologia metabólico-nutricional que é causada pela dificuldade do organismo em manter os níveis de cálcio adequadamente no pré-parto, ou seja, no período em que o organismo do animal sofre algumas transformações, geralmente esta doença tem uma maior ocorrência em animais de alta produção. A maior casuística da patologia é verificada em vacas da raça Holandesa, porém, bovinos da raça Jersey são mais susceptíveis, por produzirem grande quantidade de sólidos no leite, predominantemente pela gordura em que o cálcio se liga, elevada concentração de cálcio no colostro e pelo motivo que esta raça, quando comparada com Holandesa, possui nas células intestinas menos receptores para vitamina D3, dificultando a absorção de cálcio no pré-parto. A patologia também é vista em vacas adultas com mais de 3 lactações, pois com o passar dos anos as trocas de cálcio nos ossos e a

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absorção desse elemento no intestino ficam diminuídas, concordando com o caso acompanhado, onde o animal atendido era da raça Jersey, de alta produção e com idade de 6 anos.

A hipocalcemia faz a estimulação do mecanismo homeostático do cálcio, com o intuito de melhorar a capacidade de absorção intestinal deste componente aumentando assim, a absorção óssea. É necessário em torno de 24 horas de estimulação por níveis 1,25-Dihidroxivitamina D para promover o transporte intestinal de cálcio. A elevação na taxa de reabsorção óssea demanda 48 horas de estímulo pelo Paratormônio (PTH). Se as adaptações para o requerimento elevado de cálcio se estendam, isso pode levar a hipocalcemia clínica (HUNT e BLACKWELDER, 2006). Visto que com o aumento da idade da vaca o número de receptores intestinais para 1,25-Dihidroxivitamina D diminui, as fêmeas mais velhas tornam-se menos capazes para responder ao hormônio, levando a um período de tempo maior para adaptação dos mecanismos intestinais para a absorção do cálcio (RODRIGUES, 2004).

Santos e Santos (2018) afirmam que o balanço catiônico-aniônico de dietas vem cada vez mais sendo utilizado na bovinocultura de leite com o intuito de prevenir distúrbios metabólicos e consequentemente aumentar a produção de leite. Sendo assim, dietas aniônicas no pré-parto para as vacas são importantes, tanto produtivamente reduzindo problemas metabólicos, como economicamente elevando a eficiência produtiva e reprodutiva. No caso atendido a vaca não recebeu nenhum tipo de dieta pré-parto, ficando assim mais predisposta a hipocalcemia.

Hipomagnesemia pode estar associada em casos de hipocalcemia puerperal (JACQUES, 2011). Ocorre mais frequentemente em vacas que pastam forragens bastante novas e está relacionada aos baixos níveis de magnésio no sangue, pode ser ocasionada pela alta suplementação de potássio que inibe a absorção de Mg no rúmen, alta concentração de amônia ruminal desfavorece a absorção de Mg, quando há um déficit energético e menos proteína microbiana e ácidos graxos voláteis são formados (CANEPPELE, 2014). Neste sentido, visando uma reposição de magnésio nestes casos, as maiorias das formulações terapêuticas para o tratamento da hipocalcemia possuem este elemento em sua composição, como é o caso do produto aplicado.

O período crítico em termos de equilíbrio de cálcio se dá no início da lactação, pois as exigências de cálcio na lactação ultrapassam as exigências da gestação de

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2-5 vezes (LUCCI, 1997), no início da lactação, logo após o parto ocorre uma súbita transferência de cálcio para o leite (colostro) (HUNT e BLACKWELDER, 2006). Neste momento o mecanismo de homeostase do cálcio é incapaz de atender a demanda ocorrendo assim a hipocalcemia (SMITH, 1993). Concordando com o caso relatado, onde a vaca era da raça Jersey, com colostro com alta quantidade de sólidos e se encontrava no período pós-parto.

Para Radostitis et al. (2010) a realização de ordenhas completas nas primeiras 48h pós-parto, pode ser um dos fatores responsáveis do desencadeamento da doença. Pois quando é, retirando pouco leite, o restante mantém uma pressão no úbere, reduzindo, então a produção de leite (KAHN, 2008). Ogilvie (2000) aborda que se devem realizar ordenhas parciais por 1 - 2 ordenhas após o tratamento de hipocalcemia para evitar recidivas, pois fazendo este manejo é possível diminuir a perda de cálcio pelo leite, reduzindo as chances de recidivas. No caso acompanhado a fêmea apenas tinha dado de mamar ao bezerro, e foi recomendado ao produtor não esgotar a mesma nas próximas 2 ou 3 ordenhas.

Segundo Rodrigues (2004), a hipocalcemia ou paresia puerperal é classificada em três estágios clínicos distintos. No primeiro estágio o animal permanece em estação, apresentando discretos sinais de anorexia, tremores, tetania, excitabilidade e hipersensibilidade, temperatura retal geralmente encontra-se dentro dos padrões fisiológicos ou ligeiramente acima do normal, estes sinais clínicos podem passar despercebidos, devido sua rápida evolução para o segundo estágio da enfermidade, em que o animal é incapaz de permanecer em estação, manifestando decúbito esternal com a cabeça voltada para o flanco, depressão, taquicardia, paralisia dos músculos lisos e estase gastrointestinal. No terceiro estágio percebe-se decúbito lateral, flacidez completa, taquicardia acentuada, perda de consciência e morte em poucas horas. Durante o atendimento o animal apresentava os sinais clínicos característicos do segundo estágio como descrito pelo autor acima citado.

Para Carvalho et al. (2010) a condição corporal (ECC) ideal ao parto para as fêmeas é de 3,25 e 3,5, pois além de evitar alguns distúrbios, faz com que aumente a produção de leite no início da lactação, com um rápido retorno ao cio e elevada fertilidade. Durante o exame clínico pode-se observar que a vaca possuía um ECC de 3,75, um pouco acima do recomendado, segundo Ramos (2015), a fêmea está mais predisposta a algumas patologias, como retenção de placenta, deslocamento

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de abomaso, mastite, baixa taxa de concepção, baixa produção de leite e cetose. Não foi relatada nenhuma das alterações citadas pelo autor na fêmea atendida.

Para Terra (2006) a frequência cardíaca (FC) de vacas leiteiras é em média 60 batimentos por minuto (BPM), tendo uma variação de 40-80 BPM, a frequência respiratória (FR) em média 24 movimentos por minuto (MPM), variando de 12-36 MPM, a temperatura corporal é de 38-39ºC. Comparando com o caso relatado o animal apresentava-se levemente hipotérmica, porém os demais parâmetros fisiológicos estão aceitáveis. Segundo Santos (2006), a temperatura retal esta reduzida em virtude da falta de tônus muscular, há atonia ruminal e estase intestinal.

Para o tratamento da hipocalcemia puerperal recomenda-se infusão intravenosa de Gluconato de Cálcio, na dosagem de 1g de cálcio para cada 45Kg (HUNT e BLACKWELDER, 2006), Riet-Correa (2007) salienta que o cálcio é cardiotóxico, sendo que a sua administração deve ser realizada em um período de 10-20 minutos e acompanhada de auscultação cardíaca. A dosagem de cálcio venoso e a velocidade administrada pelo veterinário no animal foram corretas segundo a literatura, sendo aplicado 10 g de gluconato de cálcio e o recomendado é de 5-12 g via endovenosa.

A Dexametasona é considera um corticosteróide de ação longa (36–48h) (PAPICH, 2012), entre seus vários efeitos reduz a permeabilidade capilar, reduzindo edemas, além de reduzir a secreção de prolactina, outrossim, a Dexametasona aumenta a reabsorção óssea, aumentando seus níveis séricos de cálcio (JERICÓ; ANDRADE, 2008). Deve-se ter cuidado com a administração endovenosa deste medicamento, associado ao cálcio, pois o mesmo pode causar fibrilação ventricular e parada cardíaca. Este medicamento foi utilizado na fêmea atendida, visando obter seu efeito antiinflamatório, em consequência do decúbito prolongado em que o animal se encontrava, além dos outros efeitos citados.

Hunt e Blackwelder (2006) explicam que devido á necessidade urgente em tratar a hipocalcemia, o diagnóstico e o tratamento baseia-se nos sinais clínicos, porem deve-se obter amostras de sangue antes do tratamento para que possa confirmar o diagnóstico, mediante avaliação das concentrações séricas de cálcio. Os valores de referência variam entre laboratórios, porém deve-se considerar hipocalcêmicas as vacas com concentração sérica de cálcio inferior a 7,5mg/dl. O autor ainda cita que, animais com calcemia de 5,5 a 7,5mg/dl, podem evidenciar os sinais do primeiro estágio da hipocalcemia, o segundo estágio pode ser observado

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com concentrações de 3,5 a 6,5mg de cálcio/dl e no terceiro estágio a concentração de cálcio pode ser tão baixa quanto 2mg/dl. No caso relatado não foi coletado amostra de sangue para analise laboratorial, apenas obteve-se o diagnóstico terapêutico devido a melhora clinica do animal.

A prevenção poderá ser realizada pelo fornecimento de dietas com baixo teor de cálcio no período seco, estimulando assim a absorção intestinal e a reabsorção óssea antes da alta demanda pelo cálcio no começo da lactação (KAHN, 2008). Segundo Rodrigues (2004) deve-se ter um bom manejo nutricional durante a fase pré-parto, iniciando cerca de 30 a 40 dias antes do parto, com dietas balanceadas e nutritivas que irão reduzir de forma significativa o aparecimento da doença, o tecido ósseo tem uma melhor resposta na liberação do cálcio quando utilizada dietas aniônicas. Ogilvie (2000); Hunt e Blackwelder (2006) abordam que o fornecimento de cálcio via oral para vacas no período do parto é indicado, pois reduz as chances de hipocalcemia, onde que, a ingestão de 50g de cálcio fornece em torno de 4g de cálcio no sangue. Além do uso de vitamina D3 e seus metabólitos durante a semana antecedente ao parto, também mostra resultados satisfatórios de prevenção desta patologia.

Segundo Hunt e Blackwelder (2006) quando os casos de paresia puerperal em fase inicial são tratados imediatamente, o prognóstico em relação à sobrevivência e retorno a produção de leite é boa. Já em casos de decúbito prolongado antes do tratamento, aumentam as possibilidades de ocorrência de traumatismo da glândula mamária, mastite e lesão musculoesquelética, sendo este prognóstico ruim.

3.1.4 Conclusão

Desta forma conclui-se que a hipocalcemia pós-parto é uma doença metabólica que afeta a atividade leiteira, diminuindo a produção de leite e trazendo prejuízos financeiros ao produtor. O tratamento mostrou-se eficiente, acarretando assim a sobrevivência do animal, destacando-se que é de suma importância o diagnóstico precoce da patologia. Deve-se salientar também a importância do correto manejo pré-parto e/ou nutricional para prevenir a mesma.

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3.1.5 Referências Bibliográficas

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4 RELATO DE CASO

4.1 SUSPEITA DE TRISTEZA PARASITÁRIA BOVINA EM QUATRO FÊMEAS PRODUTORAS DE LEITE

Ricardo Kogler Schneider; Luciane Ribeiro Viana Martins; Caciano de Britto

4.1.1 Introdução

As doenças parasitárias representam uma preocupação na prática veterinária em animais de produção, sendo que os protozoários Babesia bovis e Babesia

bigemina, assim como a riquétsia Anaplasma marginale são agentes etiológicos da

Tristeza Parasitária Bovina (TPB), doença de grande impacto econômico para a bovinocultura (SANTOS, 2013). Segundo Marinho (2018), as principais perdas se devem pela redução na produção de leite e carne, infertilidade temporária de machos e fêmeas, abortos, gastos com tratamento, gastos com medidas preventivas e mortalidade. A TPB é um complexo de doenças causado por duas enfermidades, a Anaplasmose e a Babesiose, responsável por grandes perdas econômicas na bovinocultura, devido à custos com tratamentos, diminuição da produção de leite e redução do ganho de peso, abortos, bem como, o aumento da mortalidade dos animais acometidos (TRINDADE et al, 2011).

A Anaplasmose é causada por um microrganismo gram-negativo, intraeritrocitário obrigatório, imóvel da ordem Rickettsiles, da família

Anaplasmataceae, do gênero Anaplasma. Sendo que a espécie que acomete os

bovinos e a Anaplasma marginale (FARIAS, 2007). O outro agente é um protozoário, intraeritrocitário do gênero Babesia, sendo duas espécies de maior relevância por acometerem os bovinos, a Babesia bigemina e a Babesia bovis (KAHN, 2008).

Segundo Sandoval et al. (2014) a Babesiose é transmitida exclusivamente pelo carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus enquanto que o Anaplasma

marginale pode ser transmitido também, por moscas hematófagas (mosca dos

estábulos e mosca-dos-chifres). Outra forma de transmissão se dá pelo uso de fômites contaminados como agulhas, instrumentos cirúrgicos e de castração.

Para Azevedo et al.(2008) os surtos que ocorrem de TPB se relacionam principalmente a falta de manejo dos rebanhos, pela entrada de animais livres de

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carrapatos em áreas infestadas, pela utilização incorreta dos carrapaticidas ou pelas condições climáticas que não deixam o carrapato se desenvolver em determinadas épocas do ano.

De acordo com Farias (2007), os sinais clínicos observados na Anaplasmose e na Babesiose são apatia, orelhas caídas, debilidade, febre, anorexia, emagrecimento, pelos arrepiados, taquicardia, taquipneia, redução ou suspensão da lactação, anemia, mais frequente na Babesiose e icterícia, mais intensa e frequente na Anaplasmose. Outra alteração visualizada na Babesiose é a hemoglobinúria, porém é mais intensa quando for a Babesia bigemina a causadora da patologia. A temperatura é frequentemente maior que 41°C. Sinais nervosos de incoordenação motora, andar cambaleante, movimentos de pedalagem e agressividade são característicos da Babesiose por Babesia bovis.

Palmer e Lincoln (2006) destacam que a doença é mais branda em bezerros de 6 a 9 meses de idade, pois estes animais contém uma imunidade natural adquirida à Babesiose e a Anaplasmose, isso se explica, pois a imunidade dos bezerros é reforçada por anticorpos presentes no colostro que são transferidos aos bezerros que nasceram de fêmeas previamente infectadas.

O diagnóstico ocorre através da sintomatologia clínica apresentada e hemograma associado a esfregaços sanguíneos com pesquisa de hemoparasitas (BECK et al., 2014). O tratamento para Anaplasmose se baseia na utilização de antibióticos como a Tetraciclina, Oxitetraciclina e Enrofloxacina. Já o tratamento para Babesiose consiste na aplicação de medicamentos à base de Aceturato de Diminazeno, Dipropionato de Imidocarb. Na TPB as enfermidades estão associadas, e dessa forma é rotineiro a associação de Aceturato de Diminazeno e Oxitetraxiclina, principalmente quando o diagnóstico é feito apenas pelos sinais clínicos (FARIAS, 2007; ALBERTON et al. (2015)). Quando necessário também são indicados tratamentos suplementares, como transfusões sanguíneas, que tem por objetivo evitar a morte do animal e diminuir o tempo de recuperação (SMITH, 2006).

Devido à importância desta enfermidade, o presente estudo tem como objetivo relatar casos de suspeita de TPB em quatro fêmeas produtoras de leite, que foram acompanhadas durante o ECSMV.

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4.1.2 Metodologia

Durante a realização do estágio curricular supervisionado, foram atendidos quatro animais que apresentaram sintomas clínicos semelhantes e tornaram-se objeto de pesquisa. Estas fêmeas serão denominadas de vaca A, vaca B, vaca C e vaca D.

A primeira a ser atendida foi uma fêmea da raça Jersey, 7 anos de idade, pesando aproximadamente 400 kg, a segunda, fêmea da raça Holandesa, 4 anos de idade, pesando 500 kg, a terceira, fêmea da raça Holandesa, 7 anos de idade, com peso de aproximadamente 550 kg, e a quarta uma fêmea da raça Holandesa, 6 anos de idade, com peso de aproximadamente 600 kg, todas eram multíparas em lactação e com ECC de 2,75, 3,5, 3,25, 3,5 respectivamente, em uma escala de 1 a 5, onde 1 é muito magra e 5 obeso.

Durante a anamnese com os proprietários foi relatado que as fêmeas pela parte da manhã, no momento da ordenha, estavam isoladas das demais vacas da propriedade, e que durante a ordenha apresentaram produção abaixo dos demais dias, e após este período receberam sua dieta habitual (ração e silagem de milho), com o relato de relutância à ingestão dos alimentos para todos os animais acompanhados.

O proprietário da vaca A, desconfiou que a mesma estava acometida com a patologia denominada TPB, realizando assim a aplicação de fármacos, com o intuito de recuperação da mesma. Os fármacos aplicados foram Oxitetraciclina (Terramicina LA®), na dose de 5mg/kg, no volume de 10 ml, via intramuscular (IM) e Diaceturato de Diminazene (Ganaseg plus) na dose de 1,75mg/kg, no volume de 10ml, via intramuscular (IM). A partir do momento da aplicação o proprietário deixou a vaca em observação, relatando que no dia seguinte houve uma pequena melhora, sendo que a mesma se alimentou corretamente, porém dois dias após voltou a se isolar do rebanho, não foi para a ordenha no período da manhã e não estava se alimentado e ingerindo água. Nesse momento o proprietário então entrou em contato com o Médico Veterinário. Os demais proprietários optaram por chamar o médico veterinário imediatamente logo após a visualização dos sintomas.

Realizou-se o exame clínico geral com os animais em estação, sendo aferida a frequência cardíaca, que esta variou entre 88 a 112 BPM, frequência respiratória variando de 28 a 40 MPM e temperatura retal variou de 40°C a 41,5°C. Os animais

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apresentavam-se apáticos, anoréxicos e a vaca A também apresentava incoordenação motora. No exame clínico das mucosas, ocular e vaginal, estas se apresentavam secas e ictéricas, foi identificada nas vacas A, C e D, a presença de carrapatos na região de inserção do úbere e na inserção da cauda, em todas pode-se obpode-servar a prepode-sença de moscas do chifre.

Após a realização da avaliação clínica dos animais o médico veterinário optou em tratar as fêmeas para TPB pelo fato dos sinais serem compatíveis com esta patologia, sendo então instituído tratamento terapêutico.

Após o diagnóstico da vaca A instituiu-se o tratamento a base de Oxitetraciclina (Terramicina LA®), na dose de 25mg/kg, no volume de 50ml, via intramuscular (IM), distribuídos em vários pontos de aplicação, Glicose Anidra 50g (Glicoton® B12), no volume de 500ml, via endovenosa (VE), também foi empregado Dipirona Sódica (D500®) na dose de 25mg por Kg, no volume de 20mL por (VE), Mercepton administrado no volume de 50ml (VE) e Solução Fisiológica de Ringer com Lactato de Sódio, no volume de 1000ml (VE).

O tratamento utilizado na vaca B foi a administração por via intramuscular profunda de Oxitetraciclina (Terramicina® LA) na dose 20mg/kg, no volume total de 50ml, Diaceturato de Diminazene (Ganaseg®) na dose de 4,3mg/kg no volume de 30ml, um Antitóxico (Mercepton®) no volume total de 40ml, este que foi recomendado repetir por mais 2 dias no mesmo volume uma vez ao dia e Diclofenaco Sódico (Diclofenaco® 50) na dose de 2 mg/kg, no volume de 20ml, recomendado repetir por 3 dias consecutivos no mesmo volume uma vez ao dia, a dose foi subdividida e aplicada em diferentes pontos.

O tratamento instituído nas vacas C e D, foi a base de Enrofloxacina (Iflox®), na dose de 6,7mg/kg, no volume de 36ml e 40ml, via (IM) e Diminazeno (Aviva®), na dose de 4,5mg/kg, volume de 30ml (IM) e 4,1mg/kg, volume de 30ml (IM), respectivamente.

Transcorridos três semanas após o atendimento entrou-se em contato com os produtores, onde relataram que as fêmeas haviam apresentado melhora do caso clínico, voltando a se alimentarem e aumentando a produção de leite. A vaca A, em contato com o proprietário, o mesmo relatou, que a fêmea estava apresentando melhora do caso clínico, porém de forma mais lenta, com pequeno aumento da produção de leite e voltando a se alimentar corretamente.

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Não foram realizados exames complementares em nenhum dos casos para confirmação e diferenciação da doença, o diagnóstico se baseou apenas nos sinais clínicos.

4.1.3 Resultados e Discussão

Esta patologia denominada de TPB pode atingir animais de qualquer idade, mas quando atinge animais jovens acaba por retardar o crescimento dos mesmos, quando afeta animais adultos, a mesma leva a grandes prejuízos devido ao descarte destes animais, pelo comprometimento na vida reprodutiva, como esterilidade temporária e abortos, além disso, ocorre uma queda brusca na produção de leite, e muitas vezes os animais podem vir a óbito. O autor também aborda que os bovinos de origem européia têm uma maior suscetibilidade aos carrapatos e aos agentes causadores da tristeza parasitária bovina (AZEVEDO et al., 2008). Os casos acompanhados eram vacas multíparas, que estavam entre 4 e 7 anos, sendo uma da raça Jersey e três da raça Holandesa.

A TPB é causada pela multiplicação de Babesia spp. e Anaplasma marginale nos eritrócitos (BECK et al., 2014). O principal vetor biológico é o carrapato

Rhipicephalus (Boophilus) microplus (TRINDADE et al., 2011). A Anaplasmose pode

ainda ser transmitida por insetos hematófagos, como os do gênero Tabanus (mutucas), Stomoxys (mosca-dos-estábulos), de forma iatrogênica e de maneira transplacentária (KESSLER, 2001). Nos casos acompanhados, as fêmeas apresentavam alguns carrapatos e moscas, então estes podem ter sido também os agentes transmissores da doença.

Para Palmer e Lincoln (2006) os sinais clínicos de Anaplasmose são bastante variáveis, sendo que no estágio inicial os animais adultos demonstram a temperatura variando entre 39,5 a 41ºC, mucosas pálidas, as fezes em tom castanho escuro coberto por muco, pode também ocorrer aborto se a doença atingir animais com prenhez avançada, entre outros sinais. Zaugg (2006) aponta que a Babesiose manifesta-se por febre (40-42ºC), icterícia, depressão, anorexia, anemia, taquipnéia, taquicardia, hemoglobinúria, aborto, morte, entre outros. Nos casos acompanhados as fêmeas demonstravam sinais de aparência apática, queda na ingestão de alimentos, temperatura elevada, e mucosas ictéricas ou pálidas, sendo condizentes

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30

com os sinais gerais da TPB, e devido a não realização de exames complementares, o tratamento instituído foi para combater Anaplasmose e Babesiose.

De acordo com Farias (2001) o diagnóstico da TPB pode ser dado através de sinais clínicos, dados epidemiológicos e também lesões encontradas na necropsia, contudo o diagnóstico confirmatório só é dado através de exames laboratoriais, visualizando a presença do agente nas hemácias. Dentre os métodos de diagnóstico laboratoriais incluem esfregaço sanguíneo, corados pelo método de Giemsa, imunoensaios com fixação de complemento, ELISA (Ensaio de imunoabsorção enzimática), pesquisa de anticorpos por fluorescência indireta, entre outras técnicas (KAHN, 2008). Nos casos acompanhados não foram realizados exames complementares para o diagnóstico da doença, apenas foi obtido o diagnóstico terapêutico, visto que os animais apresentaram melhora dos sinais clínicos após o tratamento.

Para o tratamento da TPB, que é causada pela associação da Babesia e

Anaplasma, deve-se usar dois tipos de medicamentos, pois o Anaplasma é sensível

às Oxitetraciclinas e a Babesia é sensível à medicamentos como Diamidina e Imidocarb (AZEVEDO et al., 2008). Segundo Alberton et al. (2015) o antibiótico Enrofloxacina também é muito eficaz em casos de tratamento de Anaplasma

marginale, apresentando uma rápida resposta quando compara-se com o uso de

Oxitetraciclina.

O tratamento instituído nas vacas A e B atendidas foi a aplicação por via intramuscular profunda de Oxitetraciclina (Terramicina LA®), sendo esta a opção mais aceita segundo Ferreira et al. (2010) que afirmam que os antibióticos a base de oxitetraciclina possuem alta eficácia no tratamento da Anaplasmose clínica, e quando aplicados precocemente aumentam os índices de recuperação. Para Papich (2012) as formulações de longa ação devem ser administradas na dose de 20 mg/kg em dose única por via intramuscular. A via de administração e a dose foi correta na vaca B, porém na vaca A, essa dose foi acima do recomendado. Nos dois casos pode-se observar a melhora clínica dos animais, porém na vaca A ocorreu de forma mais lenta, visto que o caso da doença estava em estágio mais avançado quando comparado com a vaca B.

Na vaca A foi utilizado Dipirona Sódica (D500®), e na vaca B Diclofenaco Sódico (Diclofenaco 50®), segundo White (1981) e Terra (1999), esses

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medicamentos tem uma ação potente analgésica, não narcótico, não esteróide, com atividades antiinflamatórias e antipiréticas, recomendados para todos os casos de dor, febre e/ou inflamação. Esses medicamentos foram utilizados de acordo com a disponibilidade que havia nas propriedades. De acordo com os casos relatados o uso e a dose foram corretos, tendo em vista que os animais apresentavam um quadro febril.

Pode ser realizada uma medicação de suporte, aplicando hepatoprotetores, soro glicosado e anti-histaminicos (FARIAS, 2007). Concordando com o tratamento realizado nas vacas A e B, onde foi aplicado soro glicosado, eMercepton®, que para Alves-Branco et al.(1994) sempre é indicada a utilização de um estimulante das funções hepáticas associado ao tratamento especifico nos casos mais graves de TPB.

O tratamento realizado nas vacas C e D foi a base de Enrofloxacina, em um estudo realizado por Alberton et al., (2015), este avaliou os efeitos do Dipropionato de Imidocarb, cloridato de Oxitetraciclina e da Enrofloxacina, em animais naturalmente infectados por Anaplasma marginale, diagnosticados pela técnica de PCR (reação em cadeia da polimerase). Os três antimicrobianos foram eficazes no tratamento da Anaplasmose, no entanto a Enrofloxacina demonstrou um efeito mais rápido, mostrando-se mais eficaz que o Dipropionado de Imidocarb e o Cloridrato de Oxitetraciclina, porém esta deve ser aplicada por no mínimo três a cinco dias para que se demonstre eficaz. Segundo Papich (2012), a Enrofloxacina é um bactericida de amplo espectro de atividade e pode ser aplicado em doses de 7,5 – 12,5mg/kg em dose única. Nos casos das vacas C e D, foi utilizado Enrofloxacina, em dose única, pouco abaixo da recomendada pelo autor.

Nas vacas C e D foi também utilizado o fármaco Diminazeno (Aviva®), segundo Souza (2016), o Aviva® é uma solução injetável de longa ação, indicado para o tratamento de Babesiose, seu princípio ativo o Diminazeno é um quimioterápico que exerce sua ação interferindo no DNA do protozoário, ao nível nuclear, causando uma paralisia do protozoário permitindo que o sistema imune do animal atue na fagocitose e eliminação dos mesmos. O tratamento à base de Enrofloxacina e Diminazeno foi eficaz nas duas fêmeas, tendo em vista que em uma semana as mesmas já estavam se alimentando normalmente e a produção de leite estava aumentando segundo o proprietário.

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Farias (2001) comenta que em áreas epidêmicas, conhecidas também como de estabilidade enzoótica, a maior parte do rebanho é susceptível, onde frequentemente tem surtos, com altos casos de morbidade e mortalidade. Praticamente todo o estado do Rio Grande do Sul (RS) possui esta característica. A ocorrência de surtos geralmente se dá após a redução temporária da infestação por carrapato, relacionados com as condições climáticas desfavoráveis ou por outros meios como aplicação intensiva de carrapaticidas, rotação de pastagens, entre outros. Já nas áreas livres, como o extremo sul do RS, todos os animais são susceptíveis, e a doença apenas ocorre quando tem a entrada acidental de carrapatos em períodos que favorecem o aparecimento dos mesmos, ou quando os animais são transferidos desta região para áreas endêmicas.

Esta doença pode ser controlada através do controle e erradicação dos carrapatos e outros vetores, banhos acaricidas, vacinação antes do período de surtos, além do medicamento Imidocard, sendo este um preventivo e curativo para a Babesiose (RADOSTITIS et al., 2010).

Azevedo et al. (2008) afirmam que para combater certos parasitas deve-se levar em consideração a biologia do parasita, levando em conta o comportamento dos bovinos, e a época certa de fazer o combate, dessa forma, evitando resistência do produto, reduzindo a poluição ambiental e danos à saúde humana.

Por ser uma doença que tem sinais clínicos parecidos com outras, deve-se fazer diagnóstico diferencial para outras enfermidades como, por exemplo doenças infecciosas como a leptospirose, clostridioses, toxoplasmose e raiva. Doenças parasitárias como a verminose e a tripanossomose. As intoxicações por plantas como O fedegoso, Samambaias, Brachiraria radicais e Senecio spp, e desequilíbrios alimentares como a intoxicação por cobre e a deficiência de fósforo (FARIAS, 2007; KARAM et al. 2011).

Segundo Manica (2013) se não tratada corretamente a TPB promove grande queda no ganho de peso dos animais, diminui a produção de leite, provoca abortos, e aumenta os gastos com carrapaticidas e medicamentos para o tratamento, além de estes animais acometidos, correrem grande risco de virem a óbito. No caso acompanhado os animais tiveram melhora clínica com rápida recuperação para os animais B, C e D, e uma recuperação mais lenta e com acentuada perda de peso no animal A.

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4.1.4 Conclusão

A TPB é uma doença de grande importância que causa grandes prejuízos econômicos aos produtores de leite. É uma doença grave, que pode ocasionar a morte do animal. Podemos salientar que o diagnóstico precoce da mesma é de total importância, pois evita o agravamento da doença, e a melhora do quadro clínico ocorrem mais rapidamente.

O tratamento utilizado para a doença nestes casos foi eficaz, pelo fato de que após a administração dos fármacos os animais tiveram uma boa melhora clínica, nas vacas B, C e D, onde o diagnóstico foi precoce os animais obtiveram uma melhora mais rapidamente comparada com a vaca A, onde o diagnóstico foi mais tardio, podendo assim caracterizar o diagnóstico obtido como terapêutico.

4.1.5 Referências Bibliográficas

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5 CONCLUSÃO

Durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi possível ver além do conhecimento teórico aprendido durante o curso, pois as vivências trouxeram importantes análises éticas e de comportamento profissional através das atividades desenvolvidas junto com ao supervisor.

As situações vivenciadas durante a realização do ECSMV mostram que muitas vezes a literatura apenas não é suficiente para o aprendizado. Com o acompanhamento é possível perceber a importância das decisões tomadas e também o impacto das mesmas nos animais e nos proprietários. Desenvolvendo a capacidade de relação interpessoal que tem papel muito importante para o bom desempenho profissional.

Através do ECSMV foi possível analisar as diversas realidades da bovinocultura de leite na região, desde genética, manejo, sanidade e nutrição, todas as áreas apresentam bons resultados e também práticas indevidas ou desnecessárias. Essas adversidades transformam o ECSMV em peça chave para uma formação de qualidade.

Os casos acompanhados na realização deste estágio e apresentados neste relatório demonstram a importância de um trabalho profissional responsável, com embasamento teórico apropriado e aplicação dos conteúdos de forma correta, o que traz ganhos para os animais, para o proprietário e para o profissional. Pois além dos fatores humanos e animais, o entendimento sobre os produtores e suas condições e limitações impactam na realização do trabalho do profissional.

Assim, o ECSMV, é fundamental para a formação, pois é possível entender o contexto geral de cada situação e buscar no conhecimento teórico as soluções para essas situações.

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