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Livro, leitura, biblioteca ... uma história sem fim Book, reading, library... an endless history p. 166170 :: Brapci ::

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Academic year: 2018

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LIVRO, LEITURA, BIBLIOTECA... UMA HISTÓRIA SEM FIM Graça Maria Fragoso

Rogério Duarte

Resumo: Reflexões sobre a história da leitura, o crescimento dos acervos e a penetração da leitura nas comunidades da aldeia global que provêm, sem dúvida, da biblioteca. A interferência dos acontecimentos de qualquer parte do mundo é vista como sistêmica, em contínuo processo evolutivo do ser humano. Há importância no ato de ler, centrado em analisar e buscar compreender as mudanças do sujeito no tempo e espaço, ser histórico-cultural-político e social. A leitura objetiva interpretar o que foi registrado. Questiona sobre como se posiciona o leitor na sociedade tão sobrecarregada de informações e altamente informatizada. Palavras-chaves: Leitor. Leitura. Bibliotecas. Livro.

O verdadeiro ato da descoberta não consiste em descobrir novas terras, mas em vê-las com novo olhar . Marcel Proust

1 LIVRO DE ARGILA – A HISTÓRIA

A necessidade sempre foi a mãe das invenções e do progresso. Porque precisava comunicar-se, o homem pensante (ou homo sapiens ) sempre encontrou um meio de fazê-lo – e não só com os homens de seu tempo, mas com a humanidade futura. De que outro modo explicar, então, as figuras em cavernas por mãos pré – históricas? Atavicamente ligada à comunicação, uma outra necessidade nasceu com o ser humano: a de preservar suas experiências, armazenar suas memórias, guardá-las de um modo mais perene que a simples transmissão oral para as gerações posteriores.

A primeira necessidade nasceu com a linguagem escrita e seu suporte, aperfeiçoando-se ambos à medida que se desenvolveram também os processos tecnológicos do homem, homo faber.

Começando pela expressão pictográfica – os desenhos pré-históricos – a escrita evoluiu para a ideográfica, em que se utilizavam símbolos (seres materiais com os quais se relacionava o homem) para representar idéias abstratas. Depois, evidenciou-se a escrita fonográfica, de que são exemplos os signos criados pelos fenícios: caracteres representando os sons com que se designavam objetos e idéias.

A combinação dessas três formas (a representativa, a simbólica e a fonética) acabou resultando no hieróglifo. Essa palavra imediatamente nos remete ao Antigo Egito, com suas inscrições enigmáticas, ainda hoje fascinando estudiosos e peritos.

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O papiro, planta que crescia em abundância às margens do rio Nilo, desenvolvido pelos egípcios, seria outro suporte da escrita. Graças à sua flexibilidade, podia ser enrolado e guardado em estojos especiais.

Foi em Pérgamo, cerca de 165 anos a.C., que começou a florescer o livro in folio, ou seja, escrito em folhas de pergaminho, ao invés de rolos. Sendo mais resistente e flexível que o papiro, o pergaminho - feito da pele de cabra ou de carneiro – podia ser cortado, dobrado e costurado.

Convém lembrar que, a esta altura, o sistema alfabético da escrita, cuja invenção se atribui aos fenícios, já havia se desenvolvido e se difundido por toda parte. O alfabeto, com um signo para cada elemento sonoro da linguagem, simplificara ao máximo a representação gráfica. Tudo estava pronto, pois, para o próximo e importante passo : a chegada do papel, abrindo amplas possibilidades, por exemplo, para as ilustrações dos textos.

Inventado pelos chineses, a partir de matérias- primas como o bambu, a cana, talos de trigo e fibras de algodão, o papel só passou a ser utilizado no Ocidente no final do século VIII.

1.1 A Bíblia - uma revolução

Se escrever à mão já era, em si, um processo excessivamente moroso, reproduzi-lo em número razoável de cópias constituía trabalho para uma vida. A população do mundo aumentava e a proporção dos alfabetizados e leitores também, gerando a necessidade de encontrar um meio para agilizar o processo de gravar a escrita.

Os primeiros tipos móveis inventados com esse fim eram de argila. No século XV, o alemão Johann Gutenberg apresenta a tipografia, com caracteres em metal, em substituição aos de madeira existentes. Em que pesem dúvidas e controvérsias quanto à primazia da invenção da imprensa, o fato é que seu nome estará sempre associado a uma autêntica revolução no processo de comunicação entre os homens.

A célebre “Bíblia de 42 linhas”, em tipos góticos, primeiro livro impresso por Gutenberg, é o marco histórico dessa revolução que significou a possibilidade de produzir livros em escala.

1.2 Lendo - ao longo dos tempos

É notável a preocupação do homem em guardar para si ou para os descendentes as informações e o conhecimento que obtém. Nossa história, pontuada por registros de dados, na certa sofreu perdas significativas ao longo dos séculos, embora a intenção de preservar para as gerações futuras os conhecimentos produzidos num determinado momento histórico muitas vezes tenha existido.

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primeiras bibliotecas seriam as cavernas, com sua arte pictográfica gravada na pedra, plena de recursos legíveis.

Certamente nossos primitivos antepassados não imaginavam que essas imagens estariam presentes ao longo dos séculos e que este conhecimento impresso nas paredes de uma caverna permaneceria muitas vezes indecifrável. Mas aí está registrada a história da humanidade .

As formas de expressão e de representação que utilizamos têm como objetivo sistematizar nossa leitura. Entretanto,o conceito de leitura ultrapassa em muito a simples transformação de símbolos (palavras) em idéias. A interpretação de um mesmo texto é diversificada e nesta leitura interferem significativamente a bagagem de conhecimento, as experiências, a sensibilidade de cada leitor.

A leitura que fazemos no dia-a-dia dos fatos expostos tem por objetivo a interpretação de acontecimentos ou imagens, ainda que não seja formalizada. Podemos afirmar que lemos durante todo o tempo os sons, os odores, as imagens, os comportamentos, as transformações cotidianas. Essa leitura é intrínseca em nossa percepção.

O processo de alfabetização de crianças e adultos é um exemplo das diferenças entre leituras. Para a criança, a leitura é a descoberta das letras, do decifrar de símbolos e códigos. Para o adulto, o aprender a ler as palavras é a oportunidade de ordenar e estabelecer uma lógica na organização do mundo, ampliar as possibilidades de interpretação.

Ler, portanto, é analisar e buscar compreender as mudanças. Objetiva interpretar o que foi registrado. Entretanto, como se posiciona o leitor, hoje, em uma sociedade tão sobrecarregada de informações e informatizada?

2 TRANSFORMAR INFORMAÇÃO EM CONHECIMENTO - UMA NECESSIDADE

Um bom exemplo do processo de leitura e das diferentes escalas de interpretação dos fatos é a análise que podemos fazer das transformações políticas, econômicas, sociais e culturais da humanidade nas últimas décadas .

O ponto de partida é a verificação de que a leitura dos fatos e das transformações se processa através de informações que nos chegam. Estas viajam de maneira veloz. Assim, coloca-se tão em moda o termo globalização. A interferência dos acontecimentos de qualquer parte do mundo contacta todo o globo.

O que seria possível afirmar é que o tamanho do mundo se alterou ao longo dos tempos. Sua visão ampliou-se com o acesso a novos meios de comunicação. Posteriormente, a dimensão e as distâncias foram reduzidas, com a crescente velocidade das informações.

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pessoas em qualquer parte do mundo em segundos. No entanto, nossa história sempre foi marcada por uma incessante busca de conquistas. Ainda que o objeto a ser conquistado possa ter variado ao longo dos séculos – posto que há algum tempo a conquista ideológica e de mercados tem superado a busca por territórios – os grupos sociais sempre tentaram se firmar através de suas conquistas. E que arma mais valiosa existe senão o domínio da informação?

Portanto, julgamos ser necessário analisar criteriosamente: qual o valor das informações veiculadas, a quem interessa a mera divulgação de fatos e o que fazer com o excesso destas, processadas com tanta intensidade? Isso impedirá, na certa, que nos transformemos em uma sociedade meramente factual - sem senso crítico, analítico e seletivo .

3 SABER = EDUCAR

Assistimos ao avanço da tecnologia, impulsionado pelo desenvolvimento da indústria da informática. Apesar do acesso à informação ser hoje mais amplo, o seu uso continua responsável pelo sectarismo social.

Se voltássemos um século no tempo, seria difícil imaginarmos o avanço tecnológico que alcançaríamos e a incoerência com a manutenção da pobreza e das desigualdades. Os quadros de miséria e a escassez de terras em países da África, Ásia e América Latina são inadmissíveis. Terras, tecnologia e recursos a serem investidos não faltam. O que percebemos é uma absurda concentração desses elementos sob o domínio e a serviço de poucos.

Ler a realidade em que vivemos é manter a esperança de que possamos utilizar nossos conhecimentos, buscando transformar as relações de convivência. É necessário democratizar o acesso às informações, ampliar o debate, procurar um novo caminho para o desenvolvimento sustentável e menos desigual.

Nesse ponto, o papel da biblioteca é obviamente importante. As possibilidades de envolvimento com a leitura a ser realizada nesse ambiente é infinita. Esse espaço concentra os conhecimentos registrados numa série de suportes leitores impressos no papel ou vistos na tela de um computador. Também abriga pessoas que buscam integração, usufruindo de suas possibilidades. As palavras, então, são conhecidas, pesquisadas e intercambiadas e as mudanças residem na força e na capacidade de conscientização exercida por elas.

O crescimento dos acervos e a penetração da leitura nas comunidades da aldeia global provêm, sem dúvida, da biblioteca. Hoje, mais do que nunca, se reconhece que essa instituição exerce um papel vital na educação e na formação das pessoas. Daí, a necessidade de conhecê-la melhor. Para que isto aconteça, é absolutamente necessário que suas portas estejam abertas para todos os possíveis leitores .

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BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

BARTHES, Roland . Aula. Trad. Leyla Perrone –Moisés .São Paulo : Cultrix,1980. ECO, Umberto. Seis passeios pelos bosquesda ficção.Trad. Hildegard Feist .São Paulo : Companhia da Letras, 1994

CHARTIER, Roger.O poder das bibliotecas .Ensaios .Rio de Janeiro :UFRJ,2001 . MANGUEL, Alberto. Uma historia da leitura . São Paulo : Companhia das Letras,1997.

NEVES, Iara Conceição B. et. al . Ler e escrever compromisso de todas as áreas. Porto Alegre : Editora Universidade,2000.

OLSON, David R . O mundo no papel : implicações conceituais e cognitivas da leitura e da escrita .São Paulo: Ática, 1997.

PAULINO, Graça et .al . Tipos de textos modos de leitura. Belo Horizonte : Formato, 2001.

SMITH, Frank. Leitura Simplificada .Porto Alegre : Artemed,1999. __________________

BOOK, READING, LIBRARY... AN ENDLESS HISTORY

Abstract Reflections about the history of reading, the collections growing and the reading penetration in the global village communities comes among the library. The reading act importance, centered in understanding the analyzing and searching the individual changes in and at time and space, to be historical, social, cultural and political human being. The reading process objective to interpret what is registered. Give some questions about the reader position at the overloaded information society and also computerized.

Keywords: Reader; Reading; Libraries; Book __________________

Graça Maria Fragoso

Bibliotecária e Consultora para Bibliotecas nas Escolas de Ensino Fundamental e Médio

Diretora da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, Belo Horizonte, MG E-mail: fragoso.bh@terra.com.br

Rogério Duarte

Professor de Geografia do Colégio Santa Dorotéia e autor de livro didático. Belo Horizonte, MG

Referências

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