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A mineração em Adrianópolis: uma análise acerca dos indicadores econômicos e regionais

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Academic year: 2023

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ARIELY TRINDADE GOMES

A MINERAÇÃO EM ADRIANÓPOLIS: UMA ANÁLISE ACERCA DOS INDICADORES ECONÔMICOS E REGIONAIS

CURITIBA 2023

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A MINERAÇÃO EM ADRIANÓPOLIS: UMA ANÁLISE ACERCA DOS INDICADORES ECONÔMICOS E REGIONAIS

Monografia apresentada ao curso de Graduação Ciências Econômicas, Setor de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Prof. Dr. Vinicius de Almeida Vale

CURITIBA 2023

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vulnerabilidade social. Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo caracterizar o município a partir de uma avaliação de aspetos econômicos da região e do cálculo de medidas de especialização e localização para o período de 2009 e 2019. Essas medidas, alinhadas com os aspectos econômicos, permitem identificar a distribuição das atividades produtivas no município em relação à microrregião de Cerro Azul. Além disso, permite compreender a importância de empreendimentos minerais para a região visto a história do município e seu potencial extrativista. Em geral, verifica-se que, entre os anos de 2009 e 2019, os indicadores de Adrianópolis foram modificados por meio da inserção de atividades do setor secundário. É notável a mudança da matriz econômica do município. Baseada anteriormente nas atividades do setor primário, a economia passa a ser fortemente embasada pela indústria.

Palavras-chave: Adrianópolis. Vale do Ribeira. Mineração. Desenvolvimento Econômico. Medidas de Especialização e Localização.

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vulnerability. In this context, this work aims to characterize the municipality based on an assessment of the economic aspects of the region and the calculation of measures of specialization and location for the period 2009 and 2019. These measures, aligned with the economic aspects, allow identifying the distribution of productive activities in the municipality in relation to the Cerro Azul microregion. Besides that, it allows understanding the importance of mineral enterprises for the region, given the history of the municipality and its extractive potential. In general, it appears that, between 2009 and 2019, Adrianópolis indicators were modified through the insertion of the industry.

The change in the economic matrix of the municipality is notable. Previously based on activities in the primary sector, the economy is now strongly based on industry.

Keywords: Adrianópolis. Vale do Ribeira. Mining. Economic development. Measures of Specialization and Location.

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FIGURA 1 - Etapas da mineração ... 19 FIGURA 2 – PIB de Adrianópolis, 2009 a 2019 ... 28 FIGURA 3 - VAB de Adrianópolis, 2009 a 2019. ... 29 FIGURA 4 - Número de empregos gerados na indústria extrativista em Adrianópolis,

2009 a 2019 ... 30 FIGURA 5 - Quociente locacional de Adrianópolis, 2009 ... 34 FIGURA 6 - Quociente locacional de Adrianópolis, 2019 ... 34 FIGURA 7 - Coeficiente de Localização para a Microrregião de Cerro Azul, 2009 a

2019 ... 35 FIGURA 8 - Coeficiente de Redistribuição para a Microrregião de Cerro Azul, 2009 a 2019 ... 36 FIGURA 9 - Coeficiente de Especialização para a Microrregião de Cerro Azul, 2009

a 2019 ... 37 FIGURA 10 - Índice de Hirschman-Herfindahl da Microrregião de Cerro Azul, 2009 38 FIGURA 11 - Índice de Hirschman-Herfindahl da Microrregião de Cerro Azul, 2019 39

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TABELA 1 - Tipos de minérios e número de processos ativos em Adrianópolis, 2018 ... 23 TABELA 2 - Número de empregos formais por setor em Adrianópolis, 2019... 31 TABELA 3 - Quociente locacional para a Microrregião de Cerro Azul, 2009 a 2019 . 33 TABELA 4 - Coeficiente de Reestruturação para a Microrregião de Cerro Azul, 2009

a 2019 ... 38

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1. INTRODUÇÃO ... 16

2. MINERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ... 18

2.1 A MINERAÇÃO NO MUNICÍPIO DE ADRIANÓPOLIS ... 22

3. METODOLOGIA ... 25

4. CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DE ADRIANÓPOLIS ... 28

5. MEDIDAS DE LOCALIZAÇÃO E ESPECIALIZAÇÃO ... 32

5.1 QUOCIENTE LOCACIONAL ... 32

5.2 COEFICIENTE DE LOCALIZAÇÃO ... 35

5.3 COEFICIENTE DE REDISTRIBUIÇÃO ... 35

5.4 COEFICIENTE DE ESPECIALIZAÇÃO... 36

5.5 COEFICIENTE DE REESTRUTURAÇÃO ... 37

5.6 ÍNDICE DE HIRSCHMAN-HERFINDAHL ... 38

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 40

REFERÊNCIAS ... 41

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1. INTRODUÇÃO

O município de Adrianópolis se localiza no nordeste do Estado do Paraná, divisa com o Estado de São Paulo. Além de ser um território integrante da Região Metropolitana de Curitiba (RMC), o município também está inserido no Vale do Ribeira. A região, com cerca de 720 mil habitantes, sendo 23 municípios pertencentes ao Estado de São Paulo e 15 ao Estado do Paraná, recebe esse nome devido a sua localização na bacia hidrográfica do Ribeira do Iguape, se estendendo ao litoral sul de São Paulo e litoral norte do Paraná. Sua extensa área territorial é reconhecida pela expressiva vulnerabilidade social, com indicadores sociais abaixo da média paranaense.

No caso de Adrianópolis, dado sua fragilidade social, é comum o deslocamento populacional para cidades maiores, como Curitiba, em busca de oportunidades de formação educacional e de empregos. Porém, Adrianópolis possui um diferencial frente às demais localidades do Vale do Ribeira, uma vez que conta com a presença de empresas de grande porte do setor secundário, como os empreendimentos focalizados na extração e beneficiamento de minerais não- metálicos.

Nesse sentido, inserido em uma localidade de reconhecida vulnerabilidade social, Adrianópolis torna-se um espaço de análise para investigação acerca dos indicadores econômicos. Para tanto, este trabalho tem como objetivo caracterizar o município a partir de uma avaliação de aspetos econômicos da região e do cálculo de medidas de especialização e localização para o período de 2009 e 2019, como quociente locacional (QL), coeficiente de localização (CL), coeficiente de redistribuição (CR), coeficiente de especialização (CE), coeficiente de reestruturação (CT) e Índice Hirschman-Herfindahl (HH).

Essas medidas, alinhadas com os aspectos econômicos, permitem identificar a distribuição das atividades produtivas no município em relação à microrregião de Cerro Azul. Além disso, permite compreender a importância de empreendimentos minerais para a região.

Para atingir esses objetivos, além desta Introdução, o trabalho está organizado em mais cinco capítulos. O segundo capítulo apresenta uma discussão sobre a mineração e desenvolvimento econômico, bem como caracteriza a mineração no município de Adrianópolis. O terceiro detalha a metodologia. O quarto apresenta

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alguns indicadores socioeconômicos de Adrianópolis. O quinto capítulo descreve os resultados. Por fim, o último capítulo traz algumas considerações finais.

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2. MINERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

A mineração constitui uma das atividades produtivas mais antigas desenvolvidas pela humanidade. Dessa maneira, a atividade contribuiu para o desenvolvimento de diversos países, movimentando certas economias tanto no aspecto macro quanto no aspecto micro. Entretanto, diante de sua magnitude e características de exploração, a mineração também está no centro de debates envolvendo o Desenvolvimento Sustentável. A trajetória de desastres e distúrbios ambientais provocados por atividades mineradoras no Brasil culminaram, por exemplo, em discussões sobre os efeitos negativos e de grande alcance que a atividade pode exercer sobre as comunidades locais.

Historicamente, o Brasil possui uma forte relação de importância e dependência do setor da mineração. Considerando a conjuntura mais recente, segundo dados do International Council on Mining and Metals (ICMM), o Brasil se configura como um dos maiores produtores mundiais de minério, especialmente na extração do ferro, cobre, ouro, nióbio, bauxita e manganês. Em termos de participação, a mineração correspondeu, em 2016, a 3,9% do PIB e 11,6% das exportações totais do país. A importância do setor e o potencial extrativista do Brasil indicam que a mineração manterá parcela significativa na matriz econômica do país.

Entretanto, conforme apresentado anteriormente, discussões apontam para a necessidade de se incorporar aspectos relacionados à sustentabilidade e à responsabilidade social (BNDES, 2018).

Como um dos maiores produtores mundiais de ferro, o Brasil enfrenta problemas relacionados à destinação e ao manuseio dos rejeitos da extração e beneficiamento. Essas questões ganharam ainda mais destaque após os impactos ambientais e sociais atrelados aos rompimentos/transbordamentos de barragens em Mariana (MG), Brumadinho (MG) e Barcarena (PA). Conforme acompanhamento realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), estima-se que atualmente o Brasil possui 622 conflitos (sociais, ambientais e políticos) relacionados às hidrelétricas e às barragens.

Para compreender de maneira mais detalhada as etapas e técnicas de extração, é preciso entender as fases inerentes à atividade. Segundo BNDES (2018), a primeira corresponde a fase de prospecção, quando ocorre o delineamento da área a ser futuramente explorada. Essa fase tem como objetivo a execução de estudos

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preliminares relacionados ao meio ambiente, geologia da área diretamente afetada e o reconhecimento do material geológico. A fase da pesquisa mineral corresponde, por sua vez, ao mapeamento geológico, além da quantificação e caracterização da jazida mineral.

O avanço de lavra caracteriza a fase de pleno funcionamento, representando, a abertura da mina, extração e beneficiamento do minério. Em geral, a lavra consiste na fase mais longa e com maior impacto ambiental dada a intensa geração de efluentes, resíduos sólidos, líquidos e gasosos. O processo de lavra pode ser apresentado conforme FIGURA 1.

FIGURA 1 - Etapas da mineração

Fonte: BNDES (2018).

Conforme BNDES (2018), o decapeamento consiste na fase de abertura da mina. Nessa fase, tem-se o processo de remoção do material superficial para atingir a rocha. Todo material retirado é considerado estéril e, geralmente, é utilizado na etapa de desmobilização da mina ou na recomposição do solo e preenchimento de cavas.

A fase de perfuração equivale a perfuração da lavra por meio de máquinas hidráulicas. Consiste na fase mais cautelosa e com grande potencial de impacto dada sua relação com as demais fases. Após as perfurações realizadas na área de lavra, há o desmonte. Nessa fase, as áreas são preenchidas com materiais explosivos para se obter fragmentos menores da rocha. O material fragmentado (run of mine), por sua vez, é transportando por caminhões ou esteiras às unidades de beneficiamento para processamento.

Por fim, o descomissionamento de mina, ou a desativação, configura a etapa responsável por fechar a atividade de lavra, encerrando todas as atividades, efetuando a recuperação ambiental e a liberação da área então explorada. Essa fase também envolve o acompanhamento dos impactos relacionados ao fechamento de uma mina, tais como, impactos socioeconômicos e ambientais (BNDES, 2018).

Decapeamento Perfuração Desmonte

Remoção e transporte (run

of mine)

Beneficiamento

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Para todas as etapas, há a submissão e aprovação de um Estudo de Impacto Ambiental e de um Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), desenvolvido, geralmente, por empresas de consultoria contratadas pelos empreendimentos minerários para realizar o levantamento, identificação e ação de mitigação de impactos negativos. O tempo de ação das etapas da mineração depende do tipo de material extraído.

Feito essa breve apresentação das etapas da mineração, fica evidente a complexidade envolvendo a atividade. Além disso, fica claro também a relação da atividade com várias atividades econômicas. Nesse sentido, há na literatura trabalhos que relacionam os efeitos da atividade e o desenvolvimento econômico.

Segundo Enríquez (2007), é possível destrinchar, inicialmente, três correspondentes leituras e contribuições. A primeira consiste na interpretação de que economias de base mineradoras possuem indicadores sociais e econômicos inferiores quando comparado a economias não-mineradoras. Nesse caso, a autora destaca a tese da “maldição dos recursos naturais” na qual se entende que a presença abundante de insumos naturais boicota o desenvolvimento local.

De acordo com Enriquez (2007), os indicadores de economias mineradoras apresentam má distribuição de renda, pouca diversificação de atividades e ganhos de exportação concentrados apenas nos produtos primários. Não obstante, a mineração é capaz de gerar um mercado monopsônico onde um único empreendimento de grande porte capta a maior parte da força de trabalho. Outros fatores que reforçam a teoria dos recursos naturais como maldição consiste na grande volatilidade de receita gerada pelo setor, atrelada, em grande parte, às flutuações do mercado internacional.

Por outro lado, a segunda leitura entende a mineração como um impulso ao desenvolvimento econômico. A relação entre crescimento econômico e redução da pobreza está apoiada nos modelos de Harrod-Domar e Solow, onde uma elevação no investimento incorre no crescimento econômico local e, portanto, na superação da pobreza por meio do aumento da renda per capita. As escolhas de apoio financeiro aos empreendimentos minerais se apoiam, segundo Enríquez (2007), em:

1. História de países tidos como desenvolvidos – Suécia, Finlândia e Inglaterra – que possuem um forte setor mineral, sendo, portanto, o principal canal do desenvolvimento econômicos destes países;

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2. Geração de empregos – a mineração é um forte setor gerador de empregos diretos e indiretos, impactando outros setores da economia;

3. Geração de renda – a renda captada por meio dos encadeamentos fiscais se configura como grande aliado na redução da pobreza;

4. Crescimento econômico como resultado da geração de emprego e renda;

5. Transferência de tecnologia - a implantação de tecnologias no campo da mineração pode ser absorvida por outros setores econômicos;

6. Infraestrutura - a infraestrutura necessária para comportar e atender a ativação de um grande empreendimento minerário expande a infraestrutura local;

7. Expansão industrial – a implantação de indústrias próximas ao empreendimento minerador, para atender ou complementar as atividades locais.

A terceira e última leitura entende, por sua vez, que a mineração pode ser uma atividade aliada a sustentabilidade por meio do reinvestimento da renda desse setor em outros ramos da economia, de modo a substituir a riqueza exaurível utilizada na mineração em outras bases econômicas, na preservação e atenção às comunidades locais e políticas estruturadas que controlem potenciais efeitos negativos da mineração (ENRÍQUEZ, 2007).

De maneira geral, a presença da mineração está atrelada profundamente a conformação histórica, social e econômica de cada país (localidades), sujeitos a conjuntura recente e seus fatores de influência econômica, tais como a própria presença de recursos naturais, a atração de capital para implementação e viabilidade de execução da atividade mineradora, os enredos governamentais e processuais no âmbito político e ambiental, além de incentivos fiscais por parte dos poderes governamentais. A presença dos recursos minerais está permeada de debates referentes a sua parcela de contribuição na economia e no bem-estar social.

Conforme leituras apresentadas, a mineração pode representar um catalisador ou um entrave ao desenvolvimento. A apresentação de três leituras distintas, permite visualizar a abrangência deste debate, além de embasar os próximos capítulos para identificação desta atividade em Adrianópolis.

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2.1 A MINERAÇÃO NO MUNICÍPIO DE ADRIANÓPOLIS

O município de estudo está inserido no nordeste do Estado do Paraná e pertence à região metropolitana de Curitiba. Adrianópolis possui uma extensão territorial de 1.349,311 km² e situa-se no Vale do Ribeira. Adrianópolis foi fundada em 15 de novembro de 1961 e foi anexada como parte da Região Metropolitana de Curitiba mediante a Lei Estadual Nº 11.096 de 16 de maio de 1995 (Estado do Paraná, 1995).

De acordo com Komarcheski (2019), o Vale do Ribeira, desde o século XIX, comportou uma grande exploração aurífera. Em 1832 constam registros da descoberta das primeiras jazidas de minério de chumbo na região, especificamente no município de Iporanga (SP). Em 1919, a primeira jazida do minério de chumbo foi explorada para fins comerciais, sendo o produto posteriormente exportado para a Espanha e, desde então, a atividade se enraizou na localidade, de modo que até o ano de 1954 toda a produção do minério de chumbo a nível nacional provinha do Vale do Ribeira.

Adrianópolis também teve um período de grande relevância no setor de mineração e de metalurgia com a extração do chumbo, zinco e prata, especialmente na segunda metade do século XX, período de operação da Usina Plumbum Mineração e Metalurgia. Pertencente ao grupo Trevo, a usina operou entre os anos de 1945 e 1995, com atuação no beneficiamento e refinamento de minérios de chumbo produzidos nas minas da região. (KOMARCHESKI, 2019).

Para Komarcheski (2019), o fim a operação da Plumbum em Adrianópolis não esteve apenas interligado ao esgotamento dos recursos naturais, mas também aos passivos ambientais causados ao município. Segundo Paoliello (2002), estima-se que mesmo após dez anos do fim da operação da Plumbum, os passivos ambientais decorrentes do lançamento de resíduos de chumbo ainda estão presentes na região.

Adrianópolis é opulenta no que tange a diversidade de minerais, atraindo grandes investimentos. Segundo dados elaborados e divulgados pela Agência Nacional de Mineração (ANM, 2018), Adrianópolis possuía, em 2018, 119 processos minerários ativos, incluindo atividades operantes e requerimentos de pesquisa exploratória. Somados, os 119 processos de mineração representavam uma área total

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de 70 mil hectares. A Tabela 1 ilustra o número de processos para cada minério no município em 2018.

TABELA 1 - Tipos de minérios e número de processos ativos em Adrianópolis, 2018 Tipos de minérios/Nº de processos

Calcário 38 Areia 7 Argila 2

Calcário

calcítico 23 Ouro 5 Cascalho 2

Chumbo 23 Fluorita 4 Caulim 1

Zinco 21 Filito 4 Fosfato 1

Cobre 15 Prata 4 Granito 1

Dolomito 9 Quartzito 3 Mármore 1

Fonte: Komarcheski (2019)

Apesar dos mais de cem processos relacionados aos 18 tipos de minérios, o levantamento realizado pela ANM (2018) monstra que apenas três substâncias estavam sendo plenamente exploradas desde 2009, quais sejam, calcário, calcário calcítico e areia.

Ainda, de acordo com a ANM, Adrianópolis ficou, em 2017, em 4° lugar no ranking de arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) no Estado do Paraná, atrás apenas de Campo Largo, Figueira e Rio Branco do Sul. A expressividade quantitativa dos processos minerários ativos relacionados ao calcário e ao calcário calcítico estão diretamente atrelados à produção de cimento no município, com a presença da fábrica Supremo Secil Cimentos, antiga Companhia Margem Mineração (GAZETA DO POVO, 2011).

A atração de investimentos para uma área de reconhecida vulnerabilidade social e econômica se configura como uma das ferramentas para a superação deste cenário. Conforme apresenta Komarcheski (2019), por intermédio do governo estadual ocorreram incentivos fiscais para a construção da fábrica de cimentos em Adrianópolis, especialmente com o programa Paraná Competitivo.

Outras três empresas também ligadas a extração mineral, Tupi, Golden Mix e Companhia Vale do Ribeira, obtiveram incentivos para a instalação de suas operações no município, mas até o presente momento não houve manifestações que indicassem o início das atividades. No plano municipal, a instalação da fábrica de cimentos da

(16)

Supremo Secil foi fortemente impulsionada e apoiada pelo então prefeito de Adrianópolis, incumbindo em seu discurso o futuro promissor do município com a chegada do empreendimento.

Nesse contexto, é possível afirmar que a trajetória de Adrianópolis está interligada com a mineração. A atividade possui um papel relevante para a economia do município e do estado. Os próximos capítulos pretendem mostrar a importância da atividade por meio de um panorama econômico do município.

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3. METODOLOGIA

A metodologia do presente trabalho consistiu, inicialmente, na caracterização do objeto de pesquisa por meio de fontes de informações secundárias e análise de estudos já realizados, tais como: informações demográficas, econômicas, históricas e sociais. Nesses casos, foi priorizado bibliografias relacionadas com a região de Adrianópolis e microrregião de Cerro Azul e disponibilizadas por órgãos oficiais.

Ainda, houve a coleta e análise de dados, tais como indicadores sociais e econômicos de diversas fontes (IPEA, IPARDES, IBGE e RAIS), com recorte temporal entre 2009 e 2019. Não obstante, a elaboração do presente estudo utilizou informações secundárias para avaliar as dinâmicas setoriais e regionais. Para tal, diferentes indicadores de especialização e localização foram calculados, como quociente locacional (QL), coeficiente de localização (CL), coeficiente de redistribuição (CR), coeficiente de especialização (CE), coeficiente de reestruturação (CT) e Índice Hirschman-Herfindahl (HH).

O quociente locacional (QL) foi calculado com a finalidade de comparar o percentual da mão-de-obra de uma região, de acordo com o percentual no total da região, por meio da equação abaixo:

𝑄𝐿

𝑖𝑗

= −

𝐸𝑖𝑗∕𝐸𝑖.

𝐸.𝑗⁄ ..𝐸

(1)

em que: Eij = emprego do setor “i” da região “j”; Ei = emprego total no setor “i”; E.j=

emprego de todos os setores da região j; e E.. = Soma dos empregos totais.

Para o coeficiente de localização (CL), por sua vez, considera o recorte setorial na análise, nesse caso, determina a distribuição percentual da mão-de-obra em um dado setor considerando o total da distribuição, conforme segue:

𝐶𝐿

𝑖

=

𝛴𝑗(|(𝐸𝑖𝑗⁄ .)−𝛴𝐸𝑖 𝑖(𝐸𝑖𝑗𝐸𝑖.)|)

2

(2)

Em que: Eij = emprego do setor “i” da região “j”; Ei = emprego total no setor “i.

O coeficiente de localização (CL) relaciona a distribuição percentual de uma variável num dado setor entre as regiões com a distribuição percentual da variável total entre

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as regiões (HADDAD, 1989). Em resumo, se o CL estiver próximo a zero, considera- se que o setor está distribuído da mesma forma que o conjunto de todos os setores.

Um CL próximo de uma unidade, indica concentração espacial mais intensa que o conjunto dos setores analisados. O CL indica se os empregos formais estão distribuídos de forma homogênea na região analisada ou se apresentam um padrão de concentração.

O coeficiente de redistribuição (CR), avalia as alterações no grau de concentração espacial de um setor entre dois períodos, variando entre zero e uma unidade.

𝐶𝑅

𝑖

=

𝛴𝑗(|(𝐸𝑖𝑗

𝑡∕𝐸𝑖.𝑡)−(𝐸𝑖𝑗𝑡∕𝐸𝑖.𝑡)|)

2

(3) Em que: Eij = emprego do setor “i” da região “j”; Ei = emprego total no setor “i”.

Referente ao coeficiente de especialização (CE), compara a estrutura produtiva da região j com a estrutura produtiva nacional. o Varia entre 0 (especialização baixa) e 1 (especialização alta).

𝐶𝐸

𝑗

=

𝛴𝑖(𝐸𝑖𝑗∕𝐸𝑗)−𝛴𝑗(𝐸𝑖𝑗∕𝐸𝑗)

2

(4)

em que: Eij = emprego do setor “i” da região “j”; Ei = emprego total no setor “i”. O coeficiente de especialização (CE), por sua vez, permite comparar a estrutura produtiva dos municípios, em relação à composição produtiva da microrregião de Cerro Azul. Valores iguais ou próximos de 1 indicam que a estrutura da região de análise possui características distintas em relação a composição total da região de comparação, enquanto valores próximos de zero apontam que houve pouca alteração na estrutura produtiva que pudesse diferenciar da região.

O coeficiente de reestruturação (CT), busca identificar o grau de mudanças de especialização da área de estudo em relação a dois períodos, considerando a estrutura de emprego.

𝐶𝑇

𝑗

=

𝛴𝑖(|(𝐸𝑖𝑗

𝑡∕𝐸.𝑗𝑡)−(𝐸𝑖𝑗𝑡∕𝐸.𝑗𝑡)|)

2

(5)

(19)

Em que: Eij = emprego do setor “i” da região “j”; Ei = emprego total no setor “i”;

E.j= emprego de todos os setores da região j. O coeficiente de redistribuição (CR) avalia as alterações no grau de concentração espacial de um setor entre dois períodos, variando entre zero e a unidade. Próximo de zero, ou zero, compreende-se que não houve mudanças significativas no padrão espacial de localização dos setores analisados; um CR próximo da unidade indica que ocorreram profundas mudanças no padrão espacial de localização.

Por fim, o Índice Hirschman-Herfindahl (IHH) é calculado a partir da agregação para o conjunto das unidades territoriais consideradas, segundo o quadrado do contributo de cada unidade territorial.

𝐻𝐻 = ∑ (𝐸𝑖𝑗

𝐸𝑖)2

𝐽 𝑗=1

(6)

em que: Eij = emprego do setor “i” da região “j”; Ei = emprego total no setor “i”; E.j=

emprego de todos os setores da região j. O índice objetiva a análise de concentração espacial do setor, sendo 1 (um) a concentração máxima possível e, abaixo deste valor, a depender do total de unidades territoriais, o setor corresponde a uma baixa concentração, distribuído igualmente entre as unidades territoriais.

Vale ressaltar que todos os cálculos dos indicadores foram feitos com dados de emprego da RAIS de 2009 a 2019, para a Microrregião de Cerro Azul, composta pelos municípios de Adrianópolis, Cerro Azul e Doutor Ulysses seguindo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE 2.0 Divisão, totalizando 90 atividades.

(20)

4. CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DE ADRIANÓPOLIS

A contextualização dos aspectos econômicos de Adrianópolis considera dados das atividades econômicas de destaque, a composição das economias setoriais, além da trajetória do Produto Interno Bruto Municipal e dos empregos formais para os setores primário, secundário e terciário.

A FIGURA 2 apresenta o PIB de Adrianópolis entre 2009 e 2019 a preços reais. Para tal, considerou-se 2019 como ano base, período que antecede a pandemia do COVID-19. Optou-se por não englobar na análise os anos atípicos de 2020 e 2021.

Portanto, foram utilizados os valores do PIB a preços reais considerando os anos de 2009 a 2019, atualizados por meio do deflator implícito do PIB disponibilizado pelo IPEADATA. Conforme FIGURA 2, é possível observar que o indicador do município apresentou um expressivo crescimento no período, especialmente, entre os anos de 2014 e 2017.

FIGURA 2 – PIB de Adrianópolis, 2009 a 2019

Fonte: IBGE(2010).

O maior valor do indicador foi identificado no ano de 2017, R$ 277.319.075,27, seguido de uma pequena queda em 2018. Considerando toda a série histórica, a média de crescimento do indicador foi de 10,55% ao ano.

R$ 0 R$ 50 R$ 100 R$ 150 R$ 200 R$ 250 R$ 300

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Millions

PIB

(21)

Com intuito de examinar a composição econômica da região, a FIGURA 3 apresenta os dados referentes ao Valor Adicionado Bruto (VAB) entre os anos de 2009 e 2019, conforme participação percentual. A análise do VAB permite identificar a participação dos setores primário, secundário e terciário na composição do PIB.

FIGURA 3 - VAB de Adrianópolis, 2009 a 2019.

Fonte: IBGE(2010)

Em retrospecto, o VAB de Adrianópolis era formado em grande parte pelo setor da agropecuária, com 47,52% no ano de 2009, seguido pela administração, defesa e educação, com 28,15%, setor de serviços, com 21,03%, e indústria, com 3,29%.

Em 2015, após o início da operação do atual empreendimento de grande porte ativo no município, Supremo Secil Cimentos – focalizado na extração e beneficiamento do minério de calcário, além da produção de cimento –, o VAB passou a ser composto em grande parte pela indústria, com 56,54%, em 2018. Vale também ressaltar que o processo de redução do VAB da Agropecuária está ligado, em parte, com o processo de expansão da RMC e com a operação do empreendimento que garantiu a dinamização e empregabilidade em Adrianópolis.

Para a análise do setor secundário, dados da RAIS, tais como número de estabelecimentos e número de empregos, foram considerados.A FIGURA 4 identifica a trajetória de empregos da extração de minerais não-metálicos – no caso o calcário

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Agropecuária Indústria Serviços Administração

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e argila. Além disso, a FIGURA 4 apresenta os dados da fabricação de produtos de minerais não-metálicos, como o cimento.

FIGURA 4 - Número de empregos gerados na indústria extrativista em Adrianópolis, 2009 a 2019

Fonte: RAIS (MTE, 2023)

A abertura de uma mina exige um corpo massivo de mão-de-obra, entretanto, após a completa formação da estrutura logística, não se faz necessário uma quantidade expressiva de trabalhadores alocados nesta operação.

A partir do ano de 2012, nota-se um aumento significativo do número de empregos formais em Adrianópolis, atingindo seu pico em 2015. Isso está relacionado, conforme já mencionado anteriormente, com a operação dos empreendimentos da Supremo Secil na região. O grupo Supremo adquiriu a antiga empresa estabelecida na região, a Margem Companhia de Mineração, no ano de 2007 e, em 2008, iniciou as atividades de lavra e beneficiamento. Por fim, tem-se o início da implantação da fábrica de cimentos por parte da Supremo Secil, além da abertura da mina de extração em 2015.

Para o setor terciário, considerou-se os dados de empregos formais registrados pelo RAIS. A TABELA 2 resume o total de empregos formais de cada setor no ano de 2019, de acordo com as informações retiradas da base de dados da RAIS. Entretanto, devido a sua amplitude e heterogeneidade, vale ressaltar que o setor terciário – ligado às atividades de prestação de serviços - tende a apresentar alto grau de informalidade.

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Extração de minerais não-metálicos 12 28 26 64 138 199 258 254 62 50 51 Fabricação de produtos de minerais

não-metálicos 9 9 11 18 22 18 15 14 186 194 194

0 50 100 150 200 250 300

(23)

TABELA 2 - Número de empregos formais por setor em Adrianópolis, 2019

Primário Secundário Terciário

192 255 494

Fonte: RAIS (MTE, 2023)

Apesar da composição do PIB de Adrianópolis possuir grande dependência do setor industrial, o setor com maior número de empregos formais corresponde ao setor terciário, seguido pelo setor secundário e primário. Esse cenário pode estar relacionado ao dinamismo e abrangência do setor de serviços e comércio. Além disso, dado o incremento na economia por parte da indústria e para atender a demanda desta nova configuração, o setor terciário possivelmente se expandiu.

(24)

5. MEDIDAS DE LOCALIZAÇÃO E ESPECIALIZAÇÃO

Para a compreensão da estrutura produtiva local com maior grau de detalhamento, foram utilizadas análises de medidas de localização e espacialização.

A justificativa da utilização das medidas de localização se dá pela necessidade de uma análise que possibilite compreender as dinâmicas regionais, juntamente com seus respectivos contextos históricos, sociais e econômicos.

5.1 QUOCIENTE LOCACIONAL

O quociente locacional (QL) é utilizado para comparar a participação percentual de uma região em um determinado setor com o total de emprego na economia de referência, neste caso, a microrregião de Cerro Azul. Para QLs maiores que um, tem- se que a região é relativamente mais importante no setor, considerando o total analisado, que no geral de setores da economia. Em suma, o QL apresenta o setor e a região em que uma atividade é mais preponderante e, portanto, mais relevante no contexto da economia de referência.

O município de Cerro Azul apresentou a maior quantidade de QLs > 1, o que pode ser explicado pela presença de atividades mais diversificadas na região. As principais atividades de destaque de Cerro Azul no ano de 2019 foram Fabricação de produtos alimentícios, Fabricação de produtos de metal, Fabricação de produtos de madeira e atividades relacionadas à educação. Doutor Ulysses, por sua vez, apresentou QLs > 1 em apenas quatro categorias: Atividades relacionadas a construção de edifícios, Correios, Administração pública e Atividades de organizações associativas.

Por fim, Adrianópolis apresentou 14 QLs > 1, com destaque para Produção florestal, Fabricação de produtos de minerais não-metálicos, Manutenção, reparação e instalação de máquinas, além de atividades relacionadas a saúde. Novamente, é possível identificar as características econômicas da localidade por meio da análise do quociente locacional, de forma a reforçar a contextualização econômica exposta anteriormente.

No caso de Adrianópolis, os valores caracterizam as atividades de Fabricação de produtos de minerais não-metálicos, Manutenção, reparação e instalação de máquinas, além de atividades relacionadas a saúde como básicas, isto é, denotando

(25)

a importância do complexo industrial (mina e fábrica de cimento) não apenas na geração de emprego e renda local.

TABELA 3 - Quociente locacional para a Microrregião de Cerro Azul, 2009 a 2019

Ano Adrianópolis Cerro Azul Doutor Ulysses

2009 13 19 9

2010 6 13 10

2011 9 12 7

2012 10 14 7

2013 12 12 7

2014 19 15 9

2015 13 17 7

2016 12 19 9

2017 15 14 10

2018 13 17 9

2019 14 17 4

Fonte: RAIS (MTE, 2023)

A FIGURA 5 apresenta os QL>1 de Adrianópolis para o ano de 2009. É possível visualizar que as principais atividades correspondiam a extração de minerais metálicos, fabricação de alimentos e atividade de eletricidade e gás possuíam um QL relevante.

Para fins de comparação, a FIGURA 6 apresenta os 14 quocientes locacionais acima da unidade identificados em Adrianópolis para o ano de 2019. Há presença dos ramos de fabricação de produtos não-metálicos e manutenção, reparação e instalação de máquinas, correspondendo aos maiores QLs, juntamente com atividades de serviços pessoais, atividades de atenção à saúde humana e aluguéis não-imobiliários.

Em relação a 2019, é possível identificar que algumas atividades de construção, manutenção e reparação de máquinas, e serviços para construção se tornaram mais relevantes. A fabricação de produtos de minerais não-metálicos que, em 2009, correspondia a 0,62, atingiu, em 2019, um QL de 2,70.

(26)

FIGURA 5 - Quociente locacional de Adrianópolis, 2009

Fonte: RAIS (MTE, 2023).

FIGURA 6 - Quociente locacional de Adrianópolis, 2019

Fonte: RAIS (MTE, 2023).

0 1 2 3 4 5

Extração de minerais metálicos

Extração de minerais não- metálicos

Fabricação de produtos alimentícios

Fabricação de produtos de minerais não-metálicos

Eletricidades e gás Comércio varejista

Transporte terrestre Correio

Alojamento Alimentação

Educação

0 0.5 1 1.5 2 2.5 3

Produção Florestal

Extração de minerais não- metálicos

Fabricação de produtos de minerais não-metálicos

Manutenção, reparação de máquinas

Construção de edifícios Serviços para construção Comércio por atacado

Correio Alojamento

Alimentação Aluguéis não-imobiliários

(27)

5.2 COEFICIENTE DE LOCALIZAÇÃO

A FIGURA 7 demonstra, no contexto da microrregião de Cerro Azul, as principais atividades que apresentaram um padrão de concentração entre 2009 e 2019. Os principais ramos a apresentarem um CL relevantes foram Fabricação de produtos de minerais não metálicos, de 0,23, em 2009, para 0,59, em 2019. Atividades relacionadas com Manutenção e reparação de máquinas e equipamentos, apresentaram CL de 0,65 em 2019. A atividade de construção teve queda do CL entre 2009 e 2019, passando de 0,83 para 0,61. Essa mudança indica que os referidos setores mantiveram uma concentração mais relevante que o conjunto de todos os setores da economia.

FIGURA 7 - Coeficiente de Localização para a Microrregião de Cerro Azul, 2009 a 2019

Fonte: RAIS (MTE, 2023)

5.3 COEFICIENTE DE REDISTRIBUIÇÃO

O coeficiente de redistribuição (CR) avalia as alterações no grau de concentração espacial de um setor entre dois períodos, variando entre zero e a unidade. Próximo de zero, ou zero, compreende-se que não houve mudanças significativas no padrão espacial de localização dos setores analisados; um CR próximo da unidade indica que ocorreram profundas mudanças no padrão espacial de localização.

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9

Fabricação de produtos de minerais não-

metálicos

Manutenção, reparação e instalação de

máquinas e equipamentos

Serviços especializados para construção

Aluguéis não- imobiliários e gestão de ativos

Atividades de atenção a saúde

humana

Outras atividades de serviço

pessoais

2009 2019

(28)

A FIGURA 8 apresenta os setores que mais se destacaram no Coeficiente de Redistribuição. Serviços especializados para construção e atividades de serviços pessoais apresentaram forte redistribuição do seu padrão de distribuição e, para o ano de 2019, estão fortemente concentradas.

FIGURA 8 - Coeficiente de Redistribuição para a Microrregião de Cerro Azul, 2009 a 2019

Fonte: RAIS (MTE, 2023)

O ramo de fabricação de produtos de minerais não metálicos representou um CR de 0,81, indicando também que ocorreram mudanças no grau de concentração espacial entre 2009 e 2019, reflexo, possivelmente, do aumento de demanda na região.

5.4 COEFICIENTE DE ESPECIALIZAÇÃO

O coeficiente de especialização (CE), por sua vez, permite comparar a estrutura produtiva dos municípios, em relação à composição produtiva da microrregião de Cerro Azul.

O município de Doutor Ulysses representou a maior mudança em sua estrutura produtiva entre 2009 e 2019, conforme apresentado abaixo. No ano de 2009, o município possuía um CE de 0,22, chegando a 0,37 em 2019. Cerro Azul também apresentou mudanças, mas em níveis menos representativos. Nesse caso, a

(29)

localidade possuía um CE de 0,08, isto é, uma baixa especialização e, em 2019, atingiu 0,13.

FIGURA 9 - Coeficiente de Especialização para a Microrregião de Cerro Azul, 2009 a 2019

Fonte: RAIS (MTE, 2023)

Por fim, Adrianópolis, apontou para um caminho contrário das demais regiões.

Em 2009, seu CE era 0,23 e chegou a 0,22 em 2019. Dentre as três localidades representadas, Cerro Azul e Adrianópolis possuem um baixo coeficiente de especialização.

5.5 COEFICIENTE DE REESTRUTURAÇÃO

O coeficiente de reestruturação (CR) busca identificar o grau de mudanças de especialização da área de estudo em relação a dois períodos, considerando a estrutura de emprego.

Conforme mencionado anteriormente, Cerro Azul mantém um CR próximo de zero e, portanto, com poucas alterações setoriais. Seguido do município de Doutor Ulysses com um CR de 0,27. O município que apresentou CR representativo foi Adrianópolis. Isso significa que a distribuição percentual de emprego na região sofreu alterações significativas ao longo dos anos.

0.00 0.10 0.20 0.30 0.40

Adrianópolis Cerro Azul Doutor Ulysses

CE 2019 CE 2009

(30)

TABELA 4 - Coeficiente de Reestruturação para a Microrregião de Cerro Azul, 2009 a 2019

Adrianópolis Cerro Azul Doutor Ulysses

0,410163149 0,197984839 0,277456106

Fonte: RAIS (MTE, 2023)

5.6 ÍNDICE DE HIRSCHMAN-HERFINDAHL

O Índice Hirschman-Herfindahl (HH) objetiva a análise de concentração espacial do setor, sendo 1 (um) a concentração máxima possível e, abaixo deste valor, a depender do total de unidades territoriais, o setor corresponde a uma baixa concentração, distribuído igualmente entre as unidades territoriais. A FIGURA 10 identifica o índice de HH para a microrregião de Cerro Azul, no ano de 2009.

FIGURA 10 - Índice de Hirschman-Herfindahl da Microrregião de Cerro Azul, 2009

Fonte: RAIS (MTE, 2023)

Em 2009, extração de minerais não metálicos, pesca e fabricação de móveis possuíam um HH relevante, demonstrando um alto grau de concentração espacial.

Para o ano de 2019, FIGURA 11, o índice HH indicou máxima concentração das atividades relacionadas a educação, fabricação de produtos alimentícios, manutenção e reparação de máquinas e fabricação de produtos de metal.

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1

Agricultura Produção Florestal Pesca Extração de minerais metálicos Extração de minerais não-metálicos Fabricação de produtos de madeira Fabricação de móveis Alojamento Alimentação Atividades de serviços financeiros Educação Atividades de atenção a saúde humana Atividades de organizações associativas

(31)

FIGURA 11 - Índice de Hirschman-Herfindahl da Microrregião de Cerro Azul, 2019

Fonte: RAIS (MTE, 2023)

Dessa maneira, conforme disposto nos tópicos acima, Adrianópolis apresentou ao longo da série histórica alterações em sua estrutura produtiva e de alocação de mão-de-obra. As alterações setoriais ocorreram, possivelmente, devido à operação da fábrica de cimentos e operação da mina de calcário, contribuindo para uma nova configuração econômica.

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1

Agricultura, pecuária e serviços relacionados Extração de minerais não-metálicos Fabricação de produtos alimentícios Fabricação de produtos de madeira Fabricação de produtos de minerais não-metálicos

Fabricação de produtos de metal Manutenção, reparação e instalação de máquinas

Serviços especializados para construção Transporte Terrestre Alojamento Alimentação Educação

Índice de Hirschman-Herfindahl (2019)

(32)

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mediante o exposto, verifica-se que, entre os anos de 2009 e 2019, os indicadores de Adrianópolis foram modificados por meio da inserção de atividades do setor secundário. Quando se observa os dados relativos ao desemprenho econômico, nota-se crescimento do PIB impulsionado pela presença do setor secundário. É notável a mudança da matriz econômica do município. Baseada anteriormente nas atividades do setor primário, a economia passa a ser, a partir de 2014, fortemente embasada pela indústria. Essa alteração esteve, possivelmente, associada a presença da mina e da fábrica de cimentos.

Vale destacar também que essas atividades contribuíram para geração de emprego em um município pequeno com níveis de pobreza relevantes. Conforme já mencionado anteriormente, a criação de postos de trabalho voltados ao setor secundário possibilita a geração de emprego de outros setores, dado o aumento da demanda local associada à renda gerada.

A defasagem de dados do Censo Demográfico impede uma análise mais atualizada das condições de Adrianópolis. A divulgação de dados mais recentes podem ajudar a compreender o nível de impacto que a operação industrial representou na última década no campo social e econômico. Entretanto, com os resultados do presente estudo, é possível afirmar que Adrianópolis é um dos principais pilares do setor extrativista.

Nesse sentido, estudos futuros podem explorar a estrutura produtiva da região e seus efeitos em termos de outras dimensões econômicas e socioeconômicas. Além disso, dadas as características das atividades extrativas, avaliações relacionadas aos impactos ambientais também são necessárias.

(33)

REFERÊNCIAS

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