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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA.

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Academic year: 2022

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1 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL: UMA REVISÃO

INTEGRATIVA.

Nursing assistance in mental health: an integrating review.

Solange Bassi Macedo Ventura1 Rosana Pinheiro Lunelli2 RESUMO: O presente artigo tem como objetivo identificar como é realizada a assistência de enfermagem prestada aos usuários diagnosticados com transtorno mental. Para isso, foi realizada uma revisão integrativa da literatura científica, através das bases de dados Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e Base de Dados Enfermagem (BDEnf). Foram analisados seis artigos, referente ao período de 2017 a 2019, utilizando os descritores em saúde: enfermagem, saúde mental e equipe de assistência ao paciente. Os resultados foram obtidos através de duas categorias: equipe multiprofissional e apoio matricial e indicaram a importância da enfermagem inserida nas duas categorias, onde ocorre o desenvolvimento de um trabalho integrado para orientação sobre a assistência adequada para cada usuário e o apoio matricial como processo de construção compartilhada de saberes para ampliar e qualificar as ações na assistência ao paciente com transtorno mental. Conclui-se que a assistência de enfermagem é realizada através de um trabalho integrado para a construção de um objetivo em comum que é o bem estar do usuário.

Palavras-chave: Enfermagem. Saúde mental. Equipe de assistência ao paciente.

ABSTRACT: This article aims to identify how nursing care provided to users with mental disorders should be performed. For this, an integrative review of the scientific literature was carried out through the Latin American Literature (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) and Nursing Database (BDEnf) databases. Were analyzed six articles, covering the period from 2017 to 2019, using the descriptors in health: nursing, mental health and patient care team. The results were obtained through two categories:

multiprofessional team and matrix support and indicated the importance of nursing inserted in the two categories, where the development of an integrated work for guidance on the appropriate assistance for each user and the matrix support as a construction process shared knowledge to broaden and qualify actions in the care of patients with mental disorders. It is concluded that nursing care is performed through an integrated work to build a common goal that is the well-being of the user.

Keywords: Nursing. Mental health. patient care team.

1 INTRODUÇÃO

A Reforma Psiquiátrica é um processo fundamental de transformação nos diferentes níveis assistenciais, buscando garantir o direito de cidadania das pessoas com transtorno mental. Seu objetivo foi de iniciar o processo de desinstitucionalização e

________________________

1Acadêmica de enfermagem pelo Centro Universitário FSG. sole_ventura@hotmail.com

2Professora orientadora do Centro Universitário da Serra Gaúcha - FSG. rosana.lunelli@fsg.edu.br

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2 desconstrução de um modelo hospitalar de assistência psiquiátrica tradicional, para a construção de outras estruturas de atenção à saúde mental, com o intuito do resgate da cidadania do doente mental (MAFTUM, 2017).

No Rio Grande do Sul, a Política Estadual de Saúde Mental tem como objetivo garantir o cuidado integral aos usuários nos territórios de vida, com base nos princípios do SUS. O trabalho é desenvolvido com a inserção da saúde mental em todas as políticas de atenção à saúde, fortalecendo a atenção básica e estruturando a atenção em rede, como um processo de trabalho capaz de interligar todos os níveis do sistema para garantir a qualidade do acesso e a continuidade do cuidado (RIO GRANDE DO SUL, 2019).

A Enfermagem psiquiátrica acompanhou os movimentos de transformação da psiquiatria, onde o paciente passa a ser visto como sujeito ativo, com direitos e capacidade de palavra, dissolvendo as relações de poder possibilitando um tratamento mais digno.

Assim sendo, o profissional de enfermagem garante sua especificidade, mas com a reorientação da sua prática dentro de uma equipe multidisciplinar com propostas de atividades terapêuticas compartilhadas voltadas para o cuidado do ser humano em sofrimento mental (MAFTUM et al., 2017). O enfermeiro na sua assistência, compreende, auxilia, identifica problemas e aproxima os pacientes da equipe colaborando no desenvolvimento de ações terapêuticas.

A Política Nacional de Saúde Mental redireciona o modelo assistencial para o cuidado integral e singular. Silva, Tavares e Elias (2018) afirmam que é preciso construir novas práticas de cuidado que tenham uma sensibilidade sobre as pessoas que precisam de atenção psiquiátrica.

A motivação para a pesquisa surgiu diante da atuação profissional em um Serviço Residencial Terapêutico com usuários diagnosticados com transtorno mental, onde tem a oportunidade de acompanha-los em sua realidade nas rotinas diárias, buscando sua reintegração às diversas situações de sua vida cotidiana. Portanto, o objetivo da pesquisa foi identificar as produções científicas de enfermagem sobre a assistência de enfermagem aos usuários diagnosticados com transtorno mental.

2 OBJETIVO

Identificar as produções científicas de enfermagem sobre a assistência de enfermagem aos usuários diagnosticados com transtorno mental.

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3 3 PERCURSO METODOLÓGICO

Trata-se de uma pesquisa de revisão integrativa de literatura, através da análise crítica de artigos. Para o desenvolvimento da pesquisa, observou-se as seguintes etapas:

identificação do tema ou questionamento da revisão integrativa, amostragem ou busca na literatura, categorização dos estudos, interpretação dos resultados e apresentação da revisão integrativa.

A busca e a seleção dos artigos científicos foram nas bases de dados: Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e Base de Dados Enfermagem (BDEnf) no período de 2017 a 2019 e ocorreu no mês de abril de 2019. A pesquisa para identificação dos descritores deu-se no Descritor de Ciência da Saúde (DeCS/Bireme). Os descritores estabelecidos para a busca dos artigos: enfermagem, saúde mental e equipe de assistência ao paciente.

Os critérios de inclusão foram artigos que abordassem à temática “assistência de enfermagem em saúde mental”, publicações na língua portuguesa; textos completos, disponível online e com uma coorte temporal de 2017 a 2019, e os critérios de exclusão foram artigos de revisão de literatura, teses, dissertações, relato de caso e trabalhos de conclusão de curso. Após o uso dos descritores foram encontrados nove artigos, com os critérios de exclusão, restaram seis artigos para análise.

Utilizou-se quadro com a descrição da síntese dos artigos com os seguintes tópicos: autores, ano, objetivo, delineamento do estudo, resultados e conclusões. E para a interpretação dos resultados, optou-se em discutir os achados a partir dos temas que possam ir ao encontro dos objetivos da pesquisa.

4 RESULTADOS

Após a análise dos artigos foi elaborado um quadro contendo uma descrição da estratégia de busca. Nas três bases de dados foram encontrados 9 artigos.

Quadro 1: Estratégia de busca de artigos

Fonte: Acadêmica de Enfermagem (2019).

Base de dados

Descritores

LILACS Enfermagem AND saúde mental AND Equipe de assistência ao paciente 01 SCIELO Enfermagem AND saúde mental AND Equipe de assistência ao paciente 04 BDENF Enfermagem AND saúde mental AND Equipe de assistência ao paciente 04

Total 09

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4 Nas bases de dados foram encontrados 9 artigos e após a aplicação dos critérios de exclusão: 3 artigos indisponíveis (33%), restando 6 artigos (67%). Dos 06 artigos, procedeu-se uma análise quanto aos critérios de inclusão de acordo com o tema, resultados, discussões e principais conclusões do estudo.

Figura 1: Diagrama da amostra final

09 artigos

03 indisponíveis

Fonte: Acadêmica de Enfermagem (2019).

No Quadro 2 encontra-se a descrição dos 06 artigos com Autores, ano, objetivo, método, resultados e conclusões.

Quadro 2: Descrição de artigos

Autores/ano Objetivo Métodos Resultados

Carvalho et al./2017

Discutir a

desarticulação da RAPS a partir da concepção de profissionais de CAPSad.

Estudo de abordagem qualitativa, tendo integralidade como categoria de análise.

Para efetividade da integralidade é necessário redes de diálogo e planejamento de fluxos com ações resolutivas e complementares.

Jafelice e Marcolan/2018

Analisar como os profissionais

compreendiam a

multi,inter e

transprofissionalidade e como essas práticas aconteciam nos CAPS de São Paulo/SP.

Estudo qualitativo, exploratório, descritivo e uso de análise de conteúdo.

Dificuldade em conceituar modalidades de integração disciplinar, pouca problematização na realidade dos trabalhadores e questionamentos de práticas específicas de cada área.

Brolese et al./2017

Avaliar e compreender o processo de resiliência da equipe de saúde no

Estudo quantitativo, com delineamento transversal e uma pesquisa

Resiliência mais potente quando o profissional pauta a sua prática no tripé da formação em saúde mental: terapia/ análise

06 artigos amostra final

0 Lilacs 4 Scielo 2 BDEnf

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cuidado a pessoas com transtornos mentais em

um hospital

psiquiátrico.

qualitativa com base na perspectiva construtivista da Teoria Fundamentada dos Dados (TFD).

pessoal, supervisão clínica de casos atendidos e estudo teórico da abordagem clínica escolhida.

Mazzaia e Souza/2017

Investigar a adesão a tratamentos para Transtorno Afetivo Bipolar e as influências do gerenciamento de caso para esta adesão.

Pesquisa qualitativa e descritiva em serviço ambulatorial de saúde mental, realizada através de técnica de análise de conteúdo temática das falas de usuários e profissionais que dissertaram sobre adesão a tratamentos e fatores influentes.

Os efeitos colaterais, a disponibilidade dos serviços e os compromissos dos usuários foram citados como fatores que dificultam a adesão ao tratamento, sendo o último também compreendido como um fator de motivação na análise de conteúdo realizada.

A confiança nos profissionais, o relacionamento estabelecido com estes, a presença e ajuda de familiares, foram citados como fatores facilitadores para a adesão ao tratamento. A estratégia de atendimento através do gerenciamento de caso não foi citada, pela amostra, como influente para o processo de adesão ao tratamento.

Marques et al./

2018.

Compreender como as equipes

multiprofissionais de uma Unidade de Atenção Primária à saúde de um município da Zona da Mata Mineira percebem as suas contribuições na assistência aos indivíduos que sofrem psiquicamente quais

concepções as

alicerçam.

Estudo qualitativo, descritivo e exploratório, com seis profissionais, em que os dados foram produzidos por meio de entrevistas

semiestruturadas e analisados seguindo-se o referencial de Peplau e de rede de apoio.

Constataram a presença de traços de discriminação e as potentes normas sociais as quais os indivíduos com transtornos mentais estão permanentemente submetidos, demonstrando a necessidade de reflexão e reordenação das ações profissionais nesse contexto assistencial.

Necessidade de um processo de ressocialização dos usuários do serviço com transtornos mentais.

Maia et al.

/ 2017.

Relatar os resultados da proposta da aplicação de psicoterapia de grupo de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS III) e hospital psiquiátrico.

Estudo descritivo, tipo relato de experiência, de caráter exploratório e descritivo.

Assistência do enfermeiro e a utilização de grupos terapêuticos, percebe-se que a reunião é o momento em que os pacientes se sentem à vontade para se expressar e até discutir temas abordados

Fonte: Acadêmica de Enfermagem (2019).

5 DISCUSSÃO

Após análise dos artigos, chegou-se as seguintes categorias: Assistência de enfermagem e a equipe multiprofissional na saúde mental e b) Apoio Matricial ou Matriciamento em saúde mental com a equipe multiprofissional.

a) Assistência de enfermagem e a equipe multiprofissional na saúde mental Uma das diretrizes da atenção psicossocial é a garantia do acesso e da qualidade dos serviços, ofertando cuidado integral e assistência multiprofissional (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). Na equipe multiprofissional, o trabalho de cada profissional com seu núcleo

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6 específico de saber e prática, contribui para uma assistência global ao usuário, sendo caracterizado por uma junção de saberes com algum nível de troca entre os membros.

Dessa forma, ocorre o desenvolvimento de um trabalho integrado com um objetivo em comum que é o bem estar do usuário, assim sendo, ocorre a troca de saberes e a conexão entre a equipe para orientação sobre a assistência adequada para cada usuário, inclusive a assistência da enfermagem (ANJOS FILHO E SOUZA, 2017).

De acordo com Mazzaia e Souza (2017), a equipe multiprofissional na saúde mental é composta por psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, e enfermeiros especializados em saúde mental. Estes tem capacidade para realizar várias ações tanto assistenciais como gerenciais, visualizar o usuário de forma integral, por serem criteriosos nas avaliações, apresentar capacidade para tomada de decisões, liderança e comunicação.

Através da equipe multiprofissional em saúde mental, destaca a ocorrência de troca e integração, bem como, a compreensão de ampliação do olhar e da clínica, observando afinidade com a noção de integralidade do cuidado (JAFELICE E MARCOLAN, 2018).

Assim sendo, a equipe pode realizar consultas individuais, terapias de grupo, oficinas terapêuticas, visitas domiciliares, assistência à família, plantão de dúvidas, atividades comunitárias para inserção familiar e social do usuário (MAZZAIA E SOUZA, 2017). É importante estabelecer redes de troca não apenas com o usuário, mas também com a família, assim sendo, o enfermeiro cria vínculo, facilitando a assistência terapêutica.

Para Schwartz (2017), o enfermeiro é considerado um agente terapêutico, por participar nas relações interpessoais, promover o cuidado holístico e estabelecer interação em grupo. Porém, a complexidade da assistência em saúde mental requer legislações que garantam, além dos direitos da pessoa com transtorno mental, o exercício profissional, visando o atendimento integral do paciente, seus fatores sociais e a reinserção sociocultural desses indivíduos.

A assistência em saúde mental é complexa, visto que cada pessoa apresenta uma demanda singular de cuidados a partir dos sinais e sintomas apresentados. Desta forma, Brolese et al. (2017), destaca que a equipe multiprofissional contribui para organização e resposta dessa complexidade, que é multideterminada. Ao ser internada, a pessoa pode estar desorganizada, não consegue cuidar de si e os efeitos dos medicamentos, em um primeiro momento, exigem maior acompanhamento da equipe.

Maia et al. (2017), analisam que as doenças mentais ainda representam um desafio, principalmente pela dificuldade de identificar o tratamento mais adequado para

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7 cada situação, dessa forma, almejando o melhoramento da prestação dos serviços multiprofissionais, em especial da enfermagem que visa o bem-estar e ao cuidado integral a esses pacientes. O enfermeiro deve estar atento, pois o paciente com transtorno mental dificilmente expressa suas necessidades e o que está sentindo, podendo passar despercebido algum sinal ou sintoma manifestado.

Assim sendo, compete ao enfermeiro identificar os indivíduos em sofrimento psíquico e ofertar um tratamento correspondente à necessidade de cada um (FARIAS, PACHECO E SCHMITT, 2018). A Resolução do COFEN 599/2018 aprovou uma norma técnica para atuação da equipe de Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria, o enfermeiro deverá, preferencialmente, ter pós-graduação em Saúde Mental, Enfermagem Psiquiátrica ou Atenção Psicossocial, de acordo com a legislação educacional brasileira.

Essa resolução traz orientações para uma assistência de Enfermagem segura e humanizada, proporcionando segurança jurídica à categoria.

Para Brolese et al. (2017), o trabalho multiprofissional ancorado na interação entre os profissionais deve ser horizontal e inter-relacionado, de modo que a equipe esteja integrada, ampliando saberes sem que nenhum profissional tenha maior ou menor importância na prestação dos cuidados necessários e de qualidade ao usuário. Salienta também a importância do trabalho em equipe na superação e solução de dificuldades no trabalho, especialmente as boas relações entre enfermeiros e médicos, é um fator que favorece o ambiente de prática profissional da enfermagem e contribui para uma maior satisfação com o trabalho.

b) Apoio Matricial ou Matriciamento em saúde mental com a equipe multiprofissional

A Portaria nº 4.279/10 institui o apoio matricial como instrumento do processo de trabalho, visando à integralidade dos saberes entre a equipe multiprofissional, com objetivo de compartilhamento de situações encontradas no território para a realização de intervenções conjuntas. O apoio matricial é um processo de construção compartilhada onde as equipes criam uma proposta de intervenção pedagógica e terapêutica, assim sendo, é um suporte técnico especializado que é ofertado a uma equipe interdisciplinar em saúde com o objetivo de ampliar seu campo de atuação e qualificar suas ações (Ministério da Saúde, 2010).

Carvalho et al. (2017), afirmam que a atenção psicossocial se alicerça como política pública, desmascarando saberes e fazeres emancipatórios e substitutivo ao da psiquiatria

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8 organicista e médico-centrada, ainda prevalecentes nas práticas atuais. As experiências positivas consideram que as questões de saúde mental não são restritas a área da psiquiatria, mas perpassa por aspectos sociais, políticos e históricos, na relação com a família, comunidade e sociedade, resultando na integralidade da atenção. No entanto, os mesmos autores afirmam que, a prática do cuidado em saúde mental não é exercida em rede, ficando centralizada no CAPS, por falta de articulação, comunicação, inexistência de fluxograma organizativo dos serviços integrantes e pela necessidade de apoio matricial para o trabalho de saúde mental na Atenção Primária.

Na estrutura organizacional da rede de atenção à saúde mental, percebe-se que os profissionais conhecem os serviços que fazem parte da rede, suas formas de acesso e seu funcionamento. A atenção primária em saúde é a porta de entrada dos usuários e é reconhecida a sua importância na atenção em saúde mental, sendo este o local de acolhimento e tratamento inicial e dos casos leves, com a reorientação dos serviços de saúde mental tornou-se necessária a reorganização das ações de cuidado ao usuário a partir da oferta de modalidades de tratamento que visam a integralidade na perspectiva da atenção psicossocial (SCHRAN et al., 2019).

No contexto das unidades básicas de saúde, o cuidado é a ação central da enfermagem cujos profissionais constituem peças-chave dessas unidades. O foco principal é contribuir para que os usuários sejam capazes de desenvolver o cuidado de si, se estruturar e se conhecer. O exercício da enfermagem é de auxiliar na busca desse autocuidado. Considerando que o enfermeiro tem o cuidado como essência e prioridade e que ele deve se estender, de forma igualitária, a todas as pessoas (QUEIROZ SUBRINHO et al.,2018).

Para Amaral et al. (2017), o apoio matricial é uma estratégia potente na qualificação da atenção em saúde mental, com consequências na assistência direta aos usuários, ocorrendo transformações organizacionais na unidade de saúde e mudanças na forma como as equipes se relacionam com o restante da rede de saúde. Essas mudanças têm ocorrido através do diálogo com profissionais e serviços especializados estabelecendo uma relação de produção criativa, na qual as habilidades técnicas e relacionais dos envolvidos produzem uma nova síntese, mais adequada à realidade da atenção básica, seus usuários e equipes de saúde.

O matriciamento é um suporte para uma abordagem mais integrada nos cuidados com a saúde mental e uma integralização dos serviços em rede da atenção básica, promovendo uma assistência de saúde com múltiplos olhares. Jafelice e Marcolan (2018)

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9 ressaltam que o apoio matricial potencializa o trabalho em rede de serviços, a fim de garantir que as mudançasdeixem de ser vinculadas a espaços, podendo alcançar mudanças nas mentalidades.

Farias, Pacheco e Schmitt (2018), afirmam que é fundamental a inserção do enfermeiro no matriciamento, uma vez que ele pode contribuir para o enfrentamento do problema e para a resolubilidade do cuidado. Por outro lado, eles salientam que os enfermeiros conhecem o Apoio Matricial na Rede de Atenção Psicossocial, porém possuem diferentes olhares remetendo aos diferentes desafios à inclusão da saúde mental na unidade básica de saúde e mostrando a complexidade do processo. O apoio matricial pode ser uma ferramenta facilitadora do cuidado e acessibilidade desses usuários aos serviços prestados nas unidades básicas de saúde, mas encontrou enfermeiros desconhecedores de aspectos da legislação em saúde, que pode acarretar em dificuldades para a realização do cuidado de forma ampla e efetiva.

O conhecimento adquirido durante o período de formação não é o suficiente para a atuação da enfermagem no mercado de trabalho. É preciso que o profissional se mantenha constantemente atualizado, sendo a educação permanente uma necessidade indispensável para oferecer uma assistência de qualidade.

Percebe algumas limitações no presente estudo como poucas pesquisas nas bases de dados na área da saúde mental e com a assistência de enfermagem. Percebe-se a necessidade de novas pesquisas em saúde mental, sendo que os usuários diagnosticados com transtorno metal vem crescendo, surgindo a necessidade de assistência de saúde de qualidade nas redes de atendimento a estes usuários.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A revisão de literatura sobre a temática assistência de enfermagem em saúde mental, mostrou os resultados da assistência de enfermagem com a equipe multiprofissional na saúde mental e o apoio matricial. Compreende-se através das análises dos artigos a importância da enfermagem e sua atuação junto das equipes de assistência aos usuários com transtornos mentais.

O enfermeiro tem como função garantir o acolhimento, o tratamento e a inclusão social, através da assistência e intervenções em conjunto com a equipe multiprofissional e com o apoio matricial. O cuidado da enfermagem é uma construção diária, baseado na integralidade, no vínculo e na atitude de fazer a diferença na vida das pessoas. O enfermeiro pode ser o elo principal dessa mudança, estando a disposição para

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10 compreender e auxiliar os usuários com transtornos mentais que estão em sofrimento, ansiosos e inseguros necessitando de cuidados. O enfermeiro pode fortalecer a atenção básica, sendo protagonista na realização da mudança necessária para um atendimento de qualidade.

O presente estudo apresenta-se algumas limitações: poucas pesquisas nas bases de dados na área da saúde mental e com a assistência de enfermagem. Percebe-se a necessidade de novas pesquisas em saúde mental, sendo que os usuários diagnosticados com transtorno metal vem crescendo, surgindo a necessidade de assistência de saúde de qualidade nas redes de atendimento a estes usuários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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AMARAL, Carlos Eduardo Menezes et al. Apoio matricial em Saúde Mental na atenção básica: efeitos na compreensão e manejo por parte de agentes comunitários de saúde.

Interface: Comunicação Saúde e Educação, Botucatu, v. 22, n. 66, p. 801-812, Set.

2018.

BROLESE, Débora Felippe et al. Resiliência da equipe de saúde no cuidado a pessoas com transtornos mentais em um hospital psiquiátrico. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 51, e03230, 2017.

CARVALHO, Maria de Fátima Alves Aguiar et al. Desarticulação da rede psicossocial comprometendo a integralidade do cuidado. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 51, e 03295, 2017.

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FARIAS, Carolina Huller, PACHECO, Eduarda Serafim, SCHMITT, Helen Bruggemann Bunn. Conhecimento dos enfermeiros acerca do apoio matricial na rede de atenção psicossocial.J Health Sci Inst. v. 36, n. 2. p. 115 – 119, 2018.

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11 MAIA, Aíka Barros Barbosa et al. Aplicação de psicoterapia de grupo em um Caps III e hospital psiquiátrico: relato de experiência. Rev. enferm. UFPE on line. v. 11, n. 3, p.

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