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Vista do Intervenção pedagógica nas aulas de Química: utilização da experimentação para conectar teoria e prática

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Intervenção pedagógica nas aulas de Química: utilização da experimentação para conectar teoria e prática

Pedagogical intervention in Chemistry classes: using experimentation to connect theory and practice

Vanessa Biasi Eduardo Huber

Resumo: As intervenções pedagógicas são caracterizadas por ações que envolvem o planejamento e a implantação de interferências ou inovações com a finalidade de proporcionar avanços e melhorias nos processos de aprendizagem, onde os efeitos são avaliados posteriormente. Com foco no ensino de Química, foi realizada uma intervenção pedagógica com um grupo de 33 alunos do curso Técnico em Alimentos Integrado ao Ensino Médio do Instituto Federal Catarinense campus Concórdia/SC, com o objetivo de estimular o processo de ensino-aprendizagem de Química e despertar o interesse e a consciência laboratorial nos alunos, aliados à segurança. As atividades foram divididas em: aplicação de um questionário para caracterização do perfil dos alunos, apresentação de conteúdo teórico em sala de aula, aplicação de um questionário sobre atividades práticas e segurança laboratorial, realização de aula prática e, novamente, aplicação de questionário sobre atividades práticas e segurança laboratorial. Após a realização das aulas teóricas, os alunos, divididos em grupos, tiveram uma experiência de trabalho em laboratório de Química, associando o conhecimento previamente adquirido à prática. Realizada a atividade experimental, elaboraram um relatório escrito e a avaliação da intervenção se deu através do preenchimento do questionário sobre atividades práticas e segurança laboratorial pós-prática. Observou-se após a realização do projeto, além de uma melhoria no processo de ensino-aprendizagem, um desenvolvimento das habilidades técnicas laboratoriais e a conscientização dos alunos quanto à segurança e ao laboratório como ambiente profissional.

Palavras-chave: Intervenção pedagógica. Ensino de Química. Laboratório.

Abstract: Pedagogical interventions are characterized by actions that involve the planning and implementation of interferences or innovations with the purpose of providing advances and improvements in the learning processes, where the effects are later evaluated. Focusing on the teaching of Chemistry, a pedagogical intervention was carried out with a group of 33 students from the Technical Course in Food Integrated to High School at the Instituto Federal Catarinense campus Concórdia/SC, with the aim of stimulating the teaching-learning process of Chemistry and arouse interest and laboratory awareness in students, allied to safety. The activities were divided into:

application of a questionnaire to characterize the students' profile, presentation of theoretical content in the classroom, application of a questionnaire on practical activities and laboratory safety, practical class and, again, application of a questionnaire on activities laboratory practices and safety. After the theoretical classes, the students, divided into groups, had a work experience in a chemistry laboratory, associating the previously acquired knowledge with practice. After carrying out the experimental activity, they prepared a written report and the intervention was evaluated by completing the questionnaire on practical activities and post-practice laboratory safety. After the

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completion of the project, it was observed, in addition to an improvement in the teaching-learning process, a development of laboratory technical skills and students' awareness of safety and the laboratory as a professional environment.

Keywords: Pedagogical intervention. Chemistry teaching. Laboratory.

INTRODUÇÃO

A Educação Profissional no Brasil possui uma longa história, desde as primeiras escolas profissionalizantes criadas em 1909 pelo então presidente Nilo Peçanha. Estas escolas passaram por várias reestruturações, mudanças de nome e adequações tecnológicas frente às necessidades do mercado (GARCIA et al., 2018, p. 15).

No ano de 2008 houve a criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, tendo como objetivo a formação profissional, mas também, científica e tecnológica. Os Institutos Federais tiveram grande expansão desde seu surgimento, estando presentes atualmente em todo o país. Porém, assim como nos demais segmentos da Educação, apresentam problemas em relação à aprendizagem e às demandas atuais dos alunos, cada vez mais conectados com o mundo.

Nesse contexto, podem ser inseridas as intervenções pedagógicas. Elas são caracterizadas por mudanças ou inovações pedagógicas, com o objetivo de promover melhorias e avanços nos processos de aprendizagem, e que têm seus resultados avaliados posteriormente (DAMIANI et al., 2013, p. 57).

A Química, uma ciência experimental, possui um aliado no processo de ensino- aprendizagem que é o laboratório. O laboratório de Química proporciona ao aluno a visualização prática dos conteúdos trabalhados em sala de aula, tornando assim, os conceitos microscópicos e, muitas vezes, imaginários, em algo real e macroscópico.

Porém, atualmente, muitos experimentos compartilhados na internet, até mesmo por professores, acabam distorcendo a real função de um laboratório de Química. Geralmente, o protagonismo é dado à reação dos estudantes frente à uma explosão ou mudança de cor de uma solução. Assim, a novidade dissipada em tempos de internet é a ridicularização dos indivíduos, promovida pelo responsável pelo experimento ou por aquele que o compartilha em outras redes (ZUIN e ZUIN, 2017, p. 8). Tudo isso aliado à falta de embasamento técnico na área de Química, explanação sobre os riscos envolvidos no experimento e ao não uso de equipamentos de proteção.

Outro aspecto relacionado ao laboratório de ensino, que muitas vezes é colocado em segundo plano, é a segurança laboratorial dos estudantes e pesquisadores. Estes ambientes devem

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contemplar o espaço físico adequado ao número de alunos, a disponibilidade de equipamentos de segurança, tanto individuais quanto coletivos, e a inexperiência e agitação dos adolescentes.

Nesse contexto, o objetivo desta pesquisa foi estimular o processo de ensino-aprendizagem de Química e despertar o interesse e a consciência laboratorial nos alunos, aliados à segurança.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS

No âmbito da Educação Profissional voltada ao desenvolvimento de competências, deve-se levar em consideração a diversidade dos processos de ensino-aprendizagem, dos interesses e necessidades de cada indivíduo (BARBOSA; GONTIJO; SANTOS, 2017, p. 1). Nesse contexto, a aprendizagem significativa desafia os atuais sistemas de ensino, trazendo a necessidade de ações didáticas, como por exemplo, as intervenções pedagógicas.

De acordo com as Diretrizes Curriculares para a Educação Profissional de nível técnico (BRASIL, 1999) há uma necessidade permanente de formação continuada dos docentes, assim como o currículo deve apostar em novas maneiras de fazer o aluno “aprender a aprender”

(BARBOSA; GONTIJO; SANTOS, 2017, p. 1).

As metodologias ativas vêm ganhando destaque nesse contexto, como um recurso que pode ser aplicado, a partir de várias estratégias, como:

[...] métodos de ensino orientados por projetos; prática profissional em laboratórios e oficinas; realização de pesquisas como instrumentos de aprendizagem; utilização das tecnologias de informação; realização de visitas técnicas; promoção de eventos; realização de estudos de casos; promoção de trabalho em equipe. (BARBOSA; GONTIJO; SANTOS, 2017, p. 2).

Aliadas às competências e habilidades dos docentes no processo de ensino-aprendizagem, as metodologias ativas valorizam a formação crítica e reflexiva dos estudantes, quando estes se tornam corresponsáveis pela construção de seus conhecimentos (RIBEIRO et al., 2016, p. 2).

Nesse contexto, a intervenção do professor é fundamental. Ele tem a habilidade de instigar a curiosidade nos alunos e implementar a ação educativa; por isso, precisa realizar as atividades de forma que os motive em seu processo de aprendizagem. A sistematização de práticas pedagógicas necessita ser refletida e planejada para que possa colaborar positivamente na disseminação dos saberes pedagógicos (RODRIGUES; SILVA; MEDEIROS, 2016, p. 2).

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2.2 ENSINO DE QUÍMICA

O ensino de Química para os alunos de Ensino Médio, além de possibilitar a compreensão dos fenômenos e processos químicos em si, deve proporcionar a construção do conhecimento científico. Uma das maneiras é através do planejamento de atividades orientadas, como por exemplo, as atividades experimentais (WEBER et al., 2012, p. 544).

A introdução destas atividades no ensino de Química promove um maior significado às aulas e desperta forte interesse nos alunos, principalmente por seu caráter lúdico. Dessa forma, se forem bem planejadas e realizadas, podem vir a constituir uma ferramenta na formação de cidadãos, facilitando o desenvolvimento da compreensão, análise e senso crítico (MALDANER e SANTOS, 2010).

As tarefas devem ser executadas com a consciência dos riscos que podem oferecer, e os alunos tornam-se participantes ativos no processo, sendo corresponsáveis pela manutenção da saúde e segurança individual e coletiva. Além disso, há uma maior preocupação com a questão ambiental.

Dessa forma, de acordo com Weber et al. (2012, p. 545) o conhecimento adquirido deve gerar atitudes frente ao consumo de produtos químicos, ao descarte de substâncias ao final dos experimentos, além dos cuidados com a saúde e o bem-estar, o que permitirá uma maior integração à sociedade de maneira mais consciente.

Ainda de acordo com Weber et al. (2012, p. 545), nas escolas brasileiras observam-se três diferentes cenários:

[...] (i) aulas em laboratório, em que os alunos executam roteiros elaborados pelo professor, com questionamentos acerca dos fenômenos envolvidos; (ii) aulas em que o professor demonstra experimentos para toda a classe, ilustrando os conceitos em estudo, realizadas normalmente na própria sala de aula; e (iii) ausência total de atividades experimentais, com atividades em sala de aula limitadas à exposição dos conteúdos e resolução de exercícios.

De acordo com Lôbo (2012, p. 430), há a necessidade de uma maior articulação entre aquilo que se planeja no currículo e aquilo que realmente é concretizado, pois os docentes têm grande influência no processo de implantação do conteúdo em sala de aula. É fundamental que sejam problematizadas as questões relativas às crenças e concepções epistemológicas e a influência destas sobre as práticas pedagógicas, a fim de superar práticas não refletidas e próprias do senso comum.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL, 1999), as aulas práticas laboratoriais tornam-se potencialmente importantes, aliadas ao ensino interdisciplinar

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e contextualizado. Entretanto, o documento ressalta que aulas práticas de ensino devem ser diferentes da experimentação realizada por cientistas:

[...] a experimentação por si só, sem um aparato teórico feito pelo professor, não pode solucionar problemas de ensino-aprendizagem em Química. Cabe ao professor o papel de desfazer a visão do laboratório enquanto espaço mágico ou de descoberta da verdade, e de construir, no aluno, a compreensão de que uma teoria é sempre criação e construção humana, e, por isso, dinâmica e provisória. (RAMOS e PETRUCCI-ROSA, 2014, p. 366).

2.3 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA 2.3.1 JUSTIFICATIVA

A metodologia aplicada neste trabalho foi realizada com uma turma de 1º ano do Curso Técnico em Alimentos Integrado ao Ensino Médio do Instituto Federal Catarinense, campus Concórdia. Ao total, 35 alunos fizeram parte da pesquisa.

Dentre as várias possibilidades de atuação do Técnico em Alimentos está a análise laboratorial. De acordo com a Resolução Normativa n.º 36 de 25/04/1974 (BRASIL, 1974), o profissional é considerado como técnico da área Química e possui 11 atribuições ou atividades designadas ao seu âmbito de competência.

A atribuição de número sete da referida Resolução está relacionada à área laboratorial, com aplicação direta de conhecimentos da disciplina de Química tais como: análise química e físico- química, químico-biológica, bromatológica, toxicológica e legal, padronização e controle de qualidade. Assim, é de extrema importância que os alunos do curso Técnico em Alimentos adquiram conhecimentos da área Química em sala de aula, e sejam capazes de aplicá-los na prática, em um ambiente laboratorial seguro.

De maneira geral, os alunos ingressantes no curso não têm conhecimento sobre esta possibilidade de atuação, e nem da importância da disciplina de Química e da Segurança Laboratorial para a realização do mesmo. Portanto, foi escolhida uma turma de 1º ano do curso Técnico em Alimentos para o desenvolvimento desta intervenção pedagógica.

Para a realização da pesquisa foi elaborado um planejamento de atividades, conforme a seguir: (1) Aplicação de um questionário para caracterização do perfil dos alunos; (2) Apresentação de conteúdo teórico em sala de aula; (3) Aplicação de um questionário sobre atividades práticas e segurança laboratorial; (4) Realização de aula prática e, novamente, (5) Aplicação de questionário sobre atividades práticas e segurança laboratorial.

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2.3.2 PERFIL DISCENTE

Inicialmente os alunos foram convidados a participar do estudo, respondendo a um questionário relacionado ao perfil da turma, elaborado com a finalidade de realizar um mapeamento sociocultural da mesma. Dos 35 alunos matriculados, 33 participaram da pesquisa. Os dois alunos que não participaram estavam ausentes no dia em que as atividades iniciaram.

Com a primeira etapa do questionário foi possível observar que 81,8% eram do sexo feminino, o que é característico dos alunos do curso Técnico em Alimentos, e vem sendo verificado desde a sua abertura, em 1998. Outro aspecto observado foi que 63,6% do corpo discente é natural de Concórdia/SC. Os demais alunos vêm de outras cidades da região Oeste Catarinense, e também dos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Aproximadamente 76% deles residem com os pais, 15% em alojamento estudantil oferecido pela própria instituição, e o restante com outros familiares.

Os estudantes possuem idade entre 14 e 16 anos e a maioria, cerca de 70%, tem 15 anos.

Outro aspecto observado foi que 88,2% deles cursaram o Ensino Fundamental em escola pública.

Nenhum dos alunos reprovou durante este período, assim como também, nenhum deles estava trabalhando paralelamente ao Ensino Médio. Estes são dados que refletem a realidade da maioria dos estudantes da região Oeste de Santa Catarina, pois a situação socioeconômica da família permite que os pais incentivem e oportunizem aos seus filhos a vivência escolar. Quanto à escolaridade dos pais, observou-se que 60,6% deles (incluindo pai e mãe) cursaram o Ensino Médio completo. Outros dados relevantes são que aproximadamente 27% das mães possuem curso superior e cerca de 21% são pós-graduadas.

Quando questionados a respeito das disciplinas que mais despertaram seu interesse no Ensino Fundamental, 39,5% dos estudantes afirmaram ser a disciplina de Ciências (englobando Química, Biologia e Física também) a que mais chamou a atenção, seguidos por História (18,4%), Matemática (15,8%) e demais disciplinas reunidas (25,0%). Um aluno afirmou que não sabia responder esta pergunta. Isso mostra que a maioria deles demonstrou tendência para a área na qual o curso Técnico em Alimentos está contextualizado.

2.3.3 APRESENTAÇÃO DE CONTEÚDO TEÓRICO

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Na segunda etapa da pesquisa, foram ministradas seis aulas teóricas de 45 minutos pela professora responsável pela intervenção pedagógica. Nas duas primeiras aulas foi realizada uma capacitação em segurança de laboratório. Os alunos receberam orientações quanto à maneira de se vestir e se comportar dentro de um laboratório. Foram repassadas as normas de segurança para trabalhos de rotina e também, para situações de emergência. Os principais equipamentos de proteção individual (EPI’s) e equipamentos de proteção coletiva (EPC’s) foram apresentados aos alunos, assim como sua forma de utilização. Os estudantes demonstraram bastante interesse pelo assunto, por se tratar de algo novo para eles, assim como reconheceram a importância em seguir todas as instruções, para evitar acidentes ou outras situações indesejáveis dentro de um laboratório de química.

As aulas seguintes tiveram como tema as principais vidrarias, equipamentos e técnicas laboratoriais. Foi utilizado como recurso visual o uso de equipamento projetor multimídia para apresentação de imagens das vidrarias e equipamentos. Além disso, o uso de textos explicativos, exemplos de trabalhos em laboratório e quadro branco complementaram as aulas, auxiliando na compreensão dos conteúdos por parte dos alunos. Também foram repassadas sugestões de livros textos disponíveis na biblioteca da instituição. Ao final das aulas, os alunos estavam com muita expectativa para colocar em prática aquilo que haviam aprendido.

2.3.4 APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIO SOBRE ATIVIDADES PRÁTICAS E SEGURANÇA LABORATORIAL

Após as aulas teóricas, os estudantes foram convidados a responder um questionário relacionado a experimentos laboratoriais e/ou atividades práticas realizadas em laboratório e segurança laboratorial. O questionário foi dividido em duas partes.

A primeira iniciava com uma pergunta relacionada à existência de laboratório de Química nas escolas onde cursaram o Ensino Fundamental. Cerca de 65% da turma respondeu que não havia e 56% disse não ter tido nenhuma aula prática de química durante o período. Apenas 23,5% dos alunos afirmaram ter realizado aulas práticas em laboratórios de Química, porém, os descreveram como locais pequenos, com poucos instrumentos/equipamentos, alguns tubos de ensaio, e que geralmente, dividiam o espaço com materiais de Biologia (esqueletos, microscópios, animais em formol, etc.). Também foram descritos como espaços bagunçados, com “coisas legais”, porém, pouco utilizados. Outro aspecto observado foi que dos alunos que tiveram aulas práticas, 87,5%

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disseram que a aula era dada para a turma inteira em um mesmo momento, ou seja, cerca de 30 a 35 alunos utilizavam o mesmo local para a realização de experimentos. Geralmente, a capacidade máxima de um laboratório de ensino é de até 20 pessoas, a fim de que se possa garantir a segurança e o aproveitamento de todos.

Em relação à utilização de EPI’s durante o desenvolvimento das aulas práticas, cerca de 58% afirmaram não fazer uso de nenhum tipo destes equipamentos. Metade dos alunos disse também não saber a localização dos EPC’s nestes espaços de aprendizagem, e apesar disso, aproximadamente 88% deles afirmaram já ter manuseado algum produto químico e, 90% destes disseram que conheciam os riscos oferecidos antes de seu manuseio.

A segunda parte do questionário era composta por questões dissertativas, onde cada aluno participante emitiu a sua própria opinião. Esta parte foi aplicada em duas etapas: antes e após a realização das aulas práticas.

Na primeira pergunta, foi solicitado aos estudantes que dessem sua opinião pessoal sobre a realização de experimentos laboratoriais de Química e/ou aulas práticas de Química. 51,5% deles responderam que é uma forma de relacionar com a teoria e proporciona uma melhoria no aprendizado. Aproximadamente 27% dos alunos disseram que acham interessante, importante e necessária, a realização de aulas práticas e cerca de 9% afirmou que essas atividades exigem segurança. Em torno de 6% dos alunos não souberam responder, e os demais deram outras respostas como, “é legal”, “sempre quis fazer”, “boa opção”.

Na sequência, perguntou-se aos estudantes participantes se são necessários cuidados a serem tomados ao realizar uma aula prática. Aproximadamente 94% das respostas foram “sim”, e 6% não soube responder. Dando continuidade à questão, os alunos que haviam atribuído como resposta

“sim”, foram solicitados a citar alguns destes cuidados. A grande maioria, em torno de 76%, respondera que se deve fazer uso de EPI’s e EPC’s. Os demais responderam que são necessários

“cautela e cuidado durante o manuseio de vidrarias e produtos químicos”.

E como último questionamento, foi indagado aos alunos se eles teriam interesse em trabalhar em um laboratório (já que essa é uma atribuição do Técnico em Alimentos). Cerca de 70%

dos participantes respondeu “sim” com bastante entusiasmo, complementando as respostas com afirmações do tipo: “é algo que desperta muito meu interesse”; “sinto-me maravilhada com a ideia”;

“sempre tive muita curiosidade”. Aproximadamente 18% disseram “não”, por razões como: “exige

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muito cuidado e atenção”; “já escolhi minha profissão”; “gosto de ter aulas práticas, mas não gostaria de trabalhar”.

2.3.5 REALIZAÇÃO DE AULA PRÁTICA

Respondidos os questionários, os alunos dividiram-se em seis grupos, contendo 4 ou 5 pessoas em cada um. Após mais algumas orientações prévias e fazendo uso de vestimenta adequada (jaleco de algodão e óculos de proteção) os mesmos foram conduzidos ao Laboratório de Química Analítica do Instituto Federal Catarinense, campus Concórdia.

Os objetivos principais da aula prática foram: reconhecer algumas vidrarias e equipamentos em laboratório de Química e realizar o acerto de menisco em técnica de pipetagem e diluição em balões volumétricos.

Para uma melhor dinâmica da aula, esta foi dividida em três partes:

- Prática A: na qual os alunos eram orientados a reconhecer e identificar as vidrarias que se encontravam disponíveis em uma bancada, de acordo com a Figura 1.

Figura 1 – Vidrarias de laboratório

Fonte: Os autores

- Prática B: da mesma forma de que na Prática A, eram orientados a reconhecer e identificar alguns equipamentos que se encontravam disponíveis no laboratório. Alguns exemplos estão sendo apresentados na Figura 2.

Figura 2 – Exemplos de equipamentos: balança analítica, capela de exaustão e destilador

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Fonte: Os autores

- Prática C: para a realização desta atividade, os alunos deveriam, com o auxílio de pipetas graduadas e volumétricas, transferir alíquotas de 1, 5, 10, 20 e 50 mL de uma solução de vermelho de metila 1% (substância indicadora, sem riscos à saúde) para balões volumétricos de 100 mL.

Após esse processo, completar o volume com água destilada e realizar o correto acerto do menisco.

Nesta atividade, eram relembrados e orientados a utilizar pera ou pipetador e nunca pipetar com a boca. A Figura 3 apresenta o resultado desta atividade de um grupo selecionado aleatório.

Figura 3 – Série de diluições de vermelho de metila em balões volumétricos

Fonte: Os autores

Ao final da aula prática, os alunos receberam orientações a respeito do correto descarte dos resíduos e elaboração de um relatório, para que pudessem descrever a metodologia de trabalho e as

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2.3.6 APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIO SOBRE ATIVIDADES PRÁTICAS E SEGURANÇA LABORATORIAL PÓS PRÁTICA

Após a finalização da aula prática, como mencionado no item 2.3.4, foi aplicada novamente a segunda parte do questionário referente às atividades práticas e segurança laboratorial, a qual era composta por questões dissertativas. Nesse momento, foi possível avaliar se a atividade prática havia sido significativa, tanto em termos de aprendizagem, como para mostrar a realidade do trabalho em laboratório aos alunos.

Quando questionados novamente sobre a opinião a respeito da realização de experimentos laboratoriais e/ou aulas práticas, cerca de 64% dos estudantes ressaltaram que houve melhora no aprendizado, sendo possível aplicar os conhecimentos adquiridos em aulas teóricas. Também afirmaram que ficou muito mais fácil aprender desta maneira. 24% deles disseram que acharam interessante, importante e necessária a realização de aulas práticas, e os demais, responderam com as afirmações: “foi uma experiência legal”; “passou a ser uma de minhas aulas preferidas”; “o primeiro contato com o laboratório foi muito bom”.

Quanto à opinião sobre a necessidade ou não de se tomarem cuidados ao realizar uma aula prática, 100% da turma respondeu “sim”. Esse resultado mostra que esse tópico ficou realmente esclarecido para eles. Quando solicitados para citarem alguns desses cuidados, todos os alunos ampliaram suas respostas quando comparadas ao questionário aplicado anteriormente à aula prática.

Além do uso de EPI’s e EPC’s, foram descritas várias normas de segurança, algumas bem específicas, como: “não utilizar éter etílico fora da capela de exaustão”; “manter a organização e a limpeza do local”; “ter consciência de como manusear vidrarias e produtos químicos”. Assim, foi possível observar que a segurança laboratorial foi considerada importante para o grupo ao realizar a aula prática.

E, por fim, quando questionados quanto ao interesse em trabalhar em um laboratório, aproximadamente 67% deles responderam “sim”, que teriam interesse em trabalhar, complementando suas respostas com algumas frases, como: “depois da aula prática fiquei realmente impressionada”; “gostei da dinâmica da prática”; “não sabia como funcionava e gostei bastante”;

“fiquei muito interessada, pensando até em cursar depois Engenharia Química”, entre outras.

Cerca de 27% dos alunos disseram que não gostariam de trabalhar em laboratório, e destes 55,6 % disseram que gostaram da aula prática, mas já têm outras escolhas profissionais definidas.

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Em torno de 6% dos estudantes, disseram que ainda não sabem se gostariam de trabalhar em laboratório.

Finalizadas as atividades, os dados foram agrupados e compilados para análise e interpretação. Ressalta-se que todos os alunos demonstraram grande interesse em participar da pesquisa, assim como sinalizaram que aguardavam com muita expectativa pela próxima aula prática.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A intervenção pedagógica realizada em uma turma de 1º ano do curso Técnico em Alimentos integrado ao Ensino Médio, após as etapas de caracterização do perfil dos alunos, apresentação de conteúdo teórico em sala de aula, organização dos dados referentes ao questionário de atividades práticas e segurança laboratorial, realização de aula prática em si, e, compilação dos dados referentes a segunda parte do questionário sobre atividades práticas e segurança laboratorial, cumpriu com a proposta inicial.

A experiência trouxe grande aprendizado aos alunos tanto em relação à associação com o conteúdo previamente repassado em sala de aula, quanto à possibilidade de atuação profissional dos estudantes do curso Técnico em Alimentos.

A atividade prática e todo o processo de aprendizagem, associando a teoria e a prática, proporcionaram aos alunos um grande envolvimento com o assunto e com a disciplina de Química.

Ao final, o espaço laboratorial passou a ser visto como um local de experimentação que oferece riscos e deve estar associado, em um processo contínuo, com a segurança.

Além disso, os alunos tiveram a oportunidade de treinar suas habilidades laboratoriais com técnicas minuciosas como a pipetagem e o acerto de menisco, atividades importantes para trabalhos que envolvem medições de volume. Também foi possível desenvolver a liderança e o trabalho em equipe, com a organização do tempo de aula e da bancada de trabalho. Os alunos demonstraram iniciativa e proatividade tanto na execução da atividade quanto na elaboração do relatório.

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