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M.€M.xxx.
BRASÕES
III
í
VOL.Hl
Foi este o primeiro Visconde de Portugal, e durante muitos anos, mais de século e meio, não houve outro viscondado no reino.
Por
este motivo é meus Regnos eram e foram chamadose fazendo grandesgastos de vossa fazendaporlevarcomodefeito levastes gramde numero defidalguos e outras jentes em meu serviço
E
assy vindo per vossa pessoa e comvossacasa ame servir em a guerra em que estou em estes ditosmeus Regnosde castella e de liam. Contra EI-Rey e Rainha decezillia e contraseus secacessobreasocessamdelles amye aRainha dona Joanaminha muitocara e muyamada esposa pertencente e Comfiando que sempre assyo fareese continuarees daquy em diante e milhorse milhor poderdeesE
porque outros servindocomovos fizestes e fazeesdecada dia esperemsersoblimados decorados e honrrados e acrecentados se esforcem pêra bem e lealmente servir pella presente vosfaço e criobisconde da vyllade vyllanova decerveiraE
quero e mandoe he minha mercê que daquy em diante sejaeeschamado e eupellapre- sente vos chamo dom lionel de lima bisconde de vylla nova de cerveira e que vos façam salva e as outras cerimonias que aos outrosbiscomdes dos meus Regnos se acustumamfazer a assvmesmo que sejachamado dom Joham de lima o voso filho mayor legitimo guardamayor dopríncipedomJoham meumuytocaro e muyamadoepreçado filhoaquém pertence a socessamde nossa casa o qual quero e me praz e mando que gose depois de vossos dias do dito titoUode bisconde assy pellos muytos boóse leaees serviços que delle tenho Recebido em a ditaminha comquista dafrica e em estes ditos meus Regnos de cas- tella Continuadamente me faz eporser criado comiguo desde sua mininice como por os méritose birtudes e lealdade de sua pessoa e que ajaeês e vossejam guardadas bem com- pridamente todallashomrras priminencias perRogativas e todas as outras cousas e cada huQa delias dequal quer natura e feito vigor callidade e mistério quepor Razam da dita dunidade e titoUonos devem seer guardadas e do que devees gozare se acustumaram e
custumam guardar atodos os outrosbiscomdes dos ditos meus Regnos, tíque possaees gozar e gozeêsdelias e de cadahuúadeliase poresta minhaCarta e com ella vos emvisto
em a ditadinidade e titollo e vosdou a possyssam ecasypossissam delle e quero emando que daquy em diamte vose vosso filho mayordom Johã de lima que soceder vossa casa sejaees e sejabiscondesdadita villadevillanovadecerveira e apossa havereherdar depois devos como em cima ditohe Qua eupoliapresente aguora e daquiem diamte vosRecebo em tituUò e dou odito titollo e nome de bisconde da ditavilladevylla novade cerveira a vos dito domlionel delima e depois de vos ao dito dom Joham de lima vossofilho que vossa casa herdarcomo dito he e por esta dita minhacarta e por seutrelado assinado per notairo pruvico mando ao dito primcepe
dom
Joham meufilho e aos Ifantes duques pre- lados Condes MarquesesRicos homesmestres das hordeespriores Comendadores e subco- mendadoresealcaidesdoscastellosecasasfortes echãaseaosdomeucomselhoeouvydoros da minhaaudiênciaea todollos comcelhosCorregedoresalcaidesmeirinhose alguazysRege- dores cavaleiros escudeirosofficiaees ehomeêsboõs de todas ascidadesbillas e lugaresdos meus Regnos e Sunoriosque agora sam ou seram daquy em diantee atodas e quaees quer pessoas meus vassallos súbditos e naturaees de qual quer estado e condiçam que sejam e seerpossam e qualquerouquaees querdelles que vosRecebam por meubiscomde comoditohe queeupolia presemte acatamdoe comsiramdo o susodito de meu próprio motoe certa ciência e poderyoReal absoluto de que em esta partequero usare uso como Rey e soberano Sunor nam Reconhecente superior
em
ello temporal desde aguora pêra estonces e destonces pêra aguora vos eye Receboenomeo efaço avosditodomlionelde limabis-comde daditavilladevillanova de cerveiraedepoys de vossos dias ao ditodomJohamde
84
Brasões*
muito
comum em
livros e documentos encontrar o Visconde de VilaNova
da Cerveira
nomeado
por antonomaria, ou excelência, «o Visconde».O
mesmo
sucedeucom
os barões de Alvito (criação no ano anterior de D. Afonso V, que igualmente inventou para cá os marqueses) e que, por terem sidotambém
os únicos durante ainda mais largo período, são quási sempre, nesses antigos tempos, designados por «o Barão».O
segundo viscondado que houveem
Portugal foiem
1649 o de Castelo Branco,morgado
e castelo aqui ao pé, nafreguesia de S.*^ Iria da Azoia(i).Foi ele criado por D. João IV, que por carta de 26 de Setembro e conferiu a D. Pedro de CasteloBranco depois 1°conde de
Pombeiro
(2).O
segundobarão foi o da Ilha Grande de Joanes, título
com
que D. AfonsoVI
agraciou, por carta de 17 de Setembro de 1666, a Luís de Sousa deMacedo
(3).Do
facto de Leonel de
Lima
ter sido feito visconde tira-se geralmente a con- clusão, de que êle eragrande fidalgo; pois eu não direi, que concluoexacta- mente o contrário,mas
abato muito nas presunções. Se êle fosse grandefidalgo tê-lo-ia D. Afonso
V
feito conde,como
fez a tantos outros.Por
isso
mesmo
que o não era, é que o escolheu para nele criar o título de vis-conde, marcando logo a inferioridade
em
que este ficava relativamente aode conde. Existiam unicamenteem
Portugal os títulos de duque e de conde, quando D. AfonsoV
subiu ao trono; e êle quis completar a série.Em
146 criou o primeiro marquês, o de Valença, na pessoa do conde deOurém,
primogénito, do duque de Bragança. Acentuou-se logo este título na gra- duação e categoria devida.
O mesmo
sucedeucom
os de visconde e barão.lima vosso filho mayore he minha merce e mandoque nenhuúesnem alguúesnam sejam ousados dehir nempassarcomtraoquenestacartahe contheudo nem contracousa alguúa
nem parte dello em algiãa maneira nem por alguúa Razam sob pena da minha merce e deperdimento das pessoas e bees os quaes por apresente o comtrario fazendoconfisco e aprico pêra minhacamará
E
fiscoe mandoas ditasminhas Justiçasque cada equando que por vos ditodomlionelde limae depoisde vossosdias pello ditodomJoham de lima vosso filho mayor legitimoporemRequeridos que exuquetem o sobre o dito emas taees pessoas que o comtrairo fizerem sobre o qual mando aomeu chancelerenotairos e aos outrosofi- ciaees que estam a mesa dos meus sellos quevosdem e liurem epassem esellem mynhacarta de privillegioRodada esta minhacarta e as outras minhas cartas esobre cartas que lhes pedirdese misterouverdes em a ditaRazam dadaemanobre elealGydade de touro aquatro dias domes demayo anno de myliiijc Lxxbj».
(i) Visconde de Castelo Branco junto a Sacavém, carta de 25de Setembro de 1649 {Chancelariade D. João /V,liv. 20.°,fl. aSy); carta de assentamento de 18 de Fevereirode i65o {Ibidem, liv. 21.°,fl.224). Conde de Pombeiro, carta de6deAbril de 1662{Chance- laria de D. Afonso V/, liv. 26.', fl. i63 v.); carta de assentamento de 4 de Maio de 1668 {Ibidem,liv. 22.°,fl.292).
(2) Sousa, Historiagenealógica,vol. VII, pág. 222.
(3) Ibide^,pág. 41a.
Foi este inaugurado
em
1475com
a baronia de Alvito, escolhendo el Rei para êle ao dr. João Fernandes da Silveira,que ninguém, julgo,se lembrará de alcunhar de fidalgo; teve princípio o outro título no ano seguintecom
o viscondado de VilaNova
da Cerveira investidoem
Leonel de Lima. Eraeste certamente de esfera superior ao barão; quando digo esfera superior refiro-me à nobreza, porque
em
ilustração e serviços era muito inferior.Não
era contudo de esfera igual às deLopo
de Almeida, Rui deMelo
eLopo
de Albuquerque, que naquelemesmo
ano de 1476 foram feitos respec- tivamente condes de Abrantes, Olivença e Penamacor. Seja isto ditoem
abonoda verdade,
como
a entendo, enão porque eu tenhaem
mente deprimir,nem
lisonjear, ninguém.Voltemos aos viscondes, a
quem
algumas vezes se dá o títulode viscondes de Ponte deLima em
virtude de serem alcaides mores desta vila.D. Leonel de Lima, o i.° visconde de Vila
Nova
da Cerveira, morreucom
noventa e dois anos a i3 de Abril de 1495, segundo dízem os cronistas franciscanos(i), e nomesmo mês
do ano seguinte foi confirmada a casa a seu filho(2).A
viscondessa D. Felipa daCunha
havia morrido a 7 de Se- tembro de 1486, eambos
os viscondes foram sepultados na capela de Nossa Senhora da Piedade do convento de Santo António de Ponte de Lima, fun- dação sua(3).Tiveram
os viscondes muitos filhos; dez lhesnomeiam
os nobilários, sendo seis varões. Destes apenasformaram
linhas distintas dois, que espe- cializarei, e que foram D. João de Lima, o 2.° visconde, continuador da casa, eFernão de Lima, alcaidemor
de Guimarães,tronco da casade Castro Daire. Dos outros procederam muitos daqueles Limas, intrépidos soldados e valentes capitães, que tanto sangue verteram na índia pela pátria, e que tãonomeados
são pelos historiadores das nossas conquistas;mas
todos se extinguiram às terceiras ou quartas gerações e deles porvaronia nãosubsiste descendência.Das
senhoras mencionarei a D. Inês de Souto Maior que foi casadacom Lopo Gomes
de Abreu, senhor de Regalados, e deles provieram todos aqueles inúmeros Abreus deLima
da província do Minho, aos quais perten-ceram
as casas de Regalados,Paço
Vedro, e outras.João de Lima, o filho maior de Leonel de Lima, que depois foi i.° vis-
(i) FreiPedro deJesusMaria José, ChronicadaConceição^ vol. II,pág. 28^
(2) Cartas de 26e27 deAbrilde confirmação de sucessão de bensaseu filhoD. João de Lima,noliv. 3.» de AlemDouro^fl. 181, e no liv. 30.°da Chancelaria deD. Manuel^ fl.49.
(3) Frei Fernando daSoledade,Historia Seraphica,vol. III,pág. 604.
conde, era muito galanteador, e daí lhe vieram várias aventuras,
com
as quais contudo não parece ter êle padecido muito, ainda queuma
foi alta-mente escandalosa.
Como
as encontro apontadas no Nobiliário de seu sobrinho neto D. António de Lima, creio que teriam acontecido e por isso a elasme
referirei, tratando de as acomodarcom
os documentos existentes.Começou
João deLima
requestandouma
donzela da casa da infanta D. Joana, a de Aveiro; Catarina de Ataíde era o seu nome, e seus pais Gonçalo de Ataíde que perdeu a casa por seguir as partes do infante D. Pedro, e Isabel de Brito.Não
repelido pela donzela, provieram todavia embaraços não sei de que banda, e o casamento fez-se «a furto))(i).Não
deixa deser vulgar seguirem-se às grandes paixões satisfeitaso tédio e o aborrecimento, e assim sucedeucom
o volúvel João deLima, que dentroem
breve cortejava a D. Catarina de Melo,dama
da rainha D. Leonor, dizo citado Nobiliário,
mas
haviade tê-lo sido emquantoprincesa. Era D. Ca- tarina filha do segundo casamento de Vasco Martins de Melo, alcaidemor
de Évora, e tinha a alcunha da Rainha de Pedra.
Tão
duroporém
não foio seu coração que não cedesse aos galanteios do apaixonado fidalgo, que
com
elatambém
casou ocultamente, consumando o matrimóniomesmo
no paço, onde D. Catarina ainda andou já trazendoem
si o fruto dos seus amores.Então, vendo a sua honra perdida, exigiu a
dama
a publicação domatri- mónio, a cuja validação se opôs a outra Catarina, que levou o negócio paraRoma.
Aí foi declaradobom
o primeiro casamento, e nulo o segundo, ficando a pobre D. Catarina deMelocom uma
filha às costas esem
marido;sem
marido temporariamente, pois que posteriormente casou, não direicom quem
porque pode todo este caso ser cancan de cour.Para João de
Lima
a única pena foi, ao que parece, obrigarem-no a jun- tar-se à primeira mulher, recebendo-acomo
sua legítima esposa; ^e talvez,quem
sabe? não fosse pequeno castigo.Toda
esta história,que davaum bom
título paraum
capítulo de romance:«Um
D. João entre duas Catarinas»; todaesta história havia de tersucedido antes de 9 de Setembro de 1472(2),em
que el Rei aprovouem Coimbra
o contrato de casamento de João de Lima, fidalgo da sua casa e do seu con- selho,com
D. Catarina de Ataíde, donzela da casa da infanta sua filha(3).(i) Vide Chronica de D.AfonsoV, deRui de Pina, cap. 168,pág. 533.
(2) Pelo contrário, parece-me mais provável que sucedesse depois disso.
O
contrato de casamentofoiefectivamente aprovadoporD.AfonsoV em
9 de Setembro de1472; mas a i3 deJunho de 1482 confirmou D.João IIo morgado de Gaião a «Catherina de Ataide donzella da casa da infanta minha irmã» {Chancelaria de D. João 11, liv. 6.°, fl. 79), ora, sendoeladonzela, não era casada.(3) Chancelaria deD. AfonsoV,liv. 29.»,fl. i63.
Não
chegou D. Catarina a ser viscondessa, pois que dois anos antes dotitulo ser concedido ao marido, já este estava segunda vez casado(1);
mas
foi senhora do
morgado
deGaiam em
Santarém, que havia sido de seu pai e de seu irmão Pedro de Ataíde, oArmador,
ou o Corsário,como
lhechama
D. António de Lima, e que nela renunciou o vínculo por carta de 18 deAbril de 1468,confirmada por el Rei a i5 deDezembro
domesmo
ano(2),Por este casamento entrouna casa dos
Limas
aquele antigomorgado, capela, ou hospital, que forafundado junto à portadaAtamarma
porum
D. Gaiam, alcaide de Santarém, dequem
se encontram vestígiosem
documentos dos anos de 1162 a 1176(3).Não
era contudo D. Catarina de Ataíde descen- dente do instituidor,mas
houve omorgado como
neta deNuno
Gonçalves de Ataíde, aquem
D. João I o doara por carta de 22 de Agosto da era de1459 (i42i)(4).
Em
1476,em
seguida à concessão dotítulo de visconde a seu pai,passou João deLima
a chamar-se D. João de Lima.Era
já do conselho de de D. Afonso V, e o continuou a ser de D. João II, que onomeou
seu guardamor
por carta de 16 de Abril de 1482 (5).Em
1494 já era pela se-gunda vez casado, sendo agora sua mulher D. Isabel de Melo(6), filha de
Mariim
Afonso de Melo, 7." senhor de Melo,Em
1496 sucedeu na casa de seu pai, vindo a ser o 2.° visconde de VilaNova
da Cerveira, de que teve cartaem
27 de Abril daquele ano(7), 2.° alcaidemor
de Ponte deLima
por carta de confirmação da véspera(8), senhor de VilaNova
da Cerveira(9), e das terras de Fraião, Coura, S. Martinho, S. Estêvão, Jaraz e Vai de Vez, e da casa de Gielacom
as jurisdições, da terra de Burral de Lima, das(i) Carta de padrãode 6 de Julho de 1494 adiante citada.
(2) Chancelaria deD.AfonsoV, liv.28.°,fl. i25.
—
Confirmadoomorgadoa D. Cataritia porD. João II em i3 deJunho de 1482{Chancelaria de D. JoãoII,liv.6.%fl. 79).(3) Aires Sá, Gonçalo Velho, pág.438.
(4) Supra, pág. 2o5.
(5) Sousa, Historiagenealógica,vol. XI, pág. 220.
(6) Carta de6de Julho de 1494depadrãodeumatençadequarenta milreais aD.João de Lima,do meu conselho eguardamore a D. IsabeldeMelo sua mulher. Foiconfirmada por D. Manuel aos mesmos, sendo eles já viscondes por carta de 28 de Abril de 1496.
(Chancelariade D. Manuel,liv. 27.",fl. 86v.).
(7) Ibidem,liv. 3o.°,fl.49.
(8) Alem Douro, liv. 3.»,fl. 181. Nesta carta,apesar de ser anterior à do título, já é D. João nomeadovisconde.
(9) Consta tersidoo visconde senhor daquela vila, da carta, entre outras, de confir-
mação dajurisdiçãodassuasmais terras,dada por D.Manuel em 20de Setembro de i5oi a D.João deLima, viscondee senhor deVilaNova daCerveira,do nosso conselho e alcaide
mor de Ponte de Lima. Estáesta carta a fl. 32 do liv.4.»da Chancelaria, e porelase vS que osviscondes tiveram o senhorio davila,como aliás eradefácilintuição.
defesas de Ponte de Lima, etc.(i).
Em
i5o8, no princípio do ano, já era o visconde falecido(2), sobrevivendo-lhe a viscondessa bastante tempo porissoque dela ainda encontro memórias no ano de i533,
em
que, por carta de 24 de Março, foi trespassada à viscondessa D. Isabel deMelo uma
tença de quarenta mil reais que havia suafilha D. Beatris, donzela que fora da rainha D. Leonor(3). Esta D. Beatris, o único filho que o visconde houve do seu segundo casamento, despresou omundo
e meteu-se freira no mosteiro daMadre
de Deus.Do
primeiro casamentoporém
tivera o visconde, além do sucessor da casa, deum
que morreu moço, e doutro que foi frade, a D. Diogo de Lima, capitão na índia, que teve geração na qual se extinguiu a varonia, tendoum
dos seus netos instituído, na segunda metade do xvi sé- culo, omorgado
de Niza no termo de Grândola, que veio a parar a Estêvão Brandão de Lima, quemorreu sem
filhos esem
testamento. Por estemo-
tivo se meteu sua noiva D. Mariana Josefa da
Cunha
de posse do vínculo, que lhe foi tirado por sentença de 13 de Outubro de 1678, salvas asherdades da Casa Branca e do Ervedalcom
que o marido a dotara, e que lhe foram mantidas por sentença de 18 de Janeiro de 1680, atendendo à grande dife-rença da idade que havia entre os cônjuges quando casaram, pois que êje era velho de sessenta anos, e ela rapariga de vinte e cinco(4).
D. Francisco de Lima, o filho mais velho de D. João, sucedeu a seu pai e foi 3.° visconde de Vila
Nova
de Cerveira por carta de 7 de Abril de i5o8(í>), e senhor da mais casa que lhe foi confirmada por carta de 10 deMaio
domesmo
ano(6). Faleceu o visconde a 24 deDezembro
de i55o(7).Foi êle casado
com
D. Isabel de Noronha, filha dos 2.*" condes de Abrantes, ecom
ela já estava recebidoem
17 de Julho de i5o2(8). Deste(i) Cartasde confirmação de 2 e4 deMaio de 1496, e7de igual mês de 1497, ^i^* 3'°
de AlemDouro,fl. 181, i83 e 184, e Chancelaria de D. JoãoIII, liv. 14.0, íi.33.
(2) Cartade 7 deAbril do título ao filho.
(3) Chancelaria deD. JoãoIII,liv. 19.»,fl.68v.
(4) Pegas,Deexclusione... maioratus,vol.I, pág, 9 e 10.
(5) ChancelariadeD. JoãoIH, liv. 14.",fl,3ov., onde se encontratranscritanadecon- firmação de 14 de Fevereiro de i528. DeclaraD. Manuel na cartade mercê dotítulo,que este vagaraporque o viscondeD. João «se ora finou».
(6) Ibidem,fl. 33,incluídana de confirmaçãodada por esteRei aomesmoviscondeem
18 de Fevereiro de i528.
(7) Assimo declara a cartade9 de Julho de i566 de confirmaçãode tença aseufilho
ovisconde D. João {Doações deD. Sebastião eD. Henrique, liv. 17.°,fl.451).
(8) Data dacartade confirmação aD. Isabel, mulherde D. Francisco de Lima,fidalgo de nossacasa, de
um
alvará da Excelente Senhora, dado em Santarém a20de Março de 1492 a favordeD. Isabel, da sobrevivência de umatença de cem mil reaisque tinha sua avó acondessa D.Brites(Chancelaria de D. Manuel,liv. 20.°,fl.29v.).casamento, o primeiro do visconde que do segundo não teve filhos, nasceu, entre outros, D. João de Lima, que continuou a casa.
Foi D. João de
Lima
4." visconde deVilaNova
da Cerveira, de quenão
tirou carta de confirmação,
como
deixou de o fazer para o restante da casa(i),mas
consta que teve o título da carta de confirmação da tença,ou
assentamento, de cinquenta mil reais que os viscondes tinhamcom
o titulo, carta que foi dada a D. Joãoem
9 de Julho de i566, declarando-se que a tença a começaria a vencer do primeiro de Janeiro do ano seguinteem
diante(2); donde se deverá concluir que o título lhe seria dado por então.
Casou D. João de
Lima em
i525com
D. Inês de Noronha, filha de Joãa Rodrigues de Sá(3), senhor de Sever, alcaidemor
do Porto, o poeta tanta veznomeado
no Cancioneiro de Resende, e irmã de Francisco de Sá de Meneses, conde de Matosinhos. Faleceu o visconde D. João nas proximi- dades de Agosto de 1573, deixando por seu sucessor a seu filho primogé- nito(4).Chamou-se este D. Francisco de Lima, e já
em
1546 era casado com.D. Brites da Alcáçova, filha do secretário Pedro da Alcáçova Carneiro(5).
Foi D. Francisco o 5.°visconde de Vila
Nova
da Cerveira de que teve carta,em
seguida ao falecimento do pai, dadaem
11 de Agosto de i573(6).Era
o visconde já falecidoem
4 de Abril de iSyS, quebrando-se nele a varonia dosLimas
da casa dos viscondes, pois que deixou por sua herdeira auma
filha.
Foi ela D. Inês de Lima, que já estava casada
com
Luís de Brito, quando, na data apontada, lhe foi averbadoum
juro de cento e cinquenta mil reaisque herdara por morte de seu pai(7).
Chegoulhe
D. Inês a suceder na casa,porém nem
ela,nem
seu marido, tiveram o título de viscondes,coma
(i) Infere-se do que estáexpresso nofim deuma carta que estáregistada a fl. 276 do
liv. 3." de Confirmaçõesgerais.
(2) DoaçõesdeD. Sebastião e D.Henrique, liv. 17.°,fl.45i.
(3) Consta da cartade 21 de Agosto daquele ano em que ovisconde D. Francisco foi autorizado a obrigarqualquerdas suas terras parasegurançadas sete mileseiscentasdobras que ele prometera dar a D.Inêsque ora casacom D.João, etc. {ChancelariadeD. JoãoUly.
liv. i3.°,fl. 83).
(4) DoaçõesdeD. Sebastião eD. Henrique, liv. 36.0,fl. 29.
(5) Por
um
alvará de 16de Julho de 1546fezD. João III, em atenção aos serviços d&PedrodaAlcáçovaCarneiro,doseu conselhoeseu secretário,mercê aD.Francisco,casando ele com D.Brites, do título de visconde e doscinqíienta mil reais de assentamento para depois da morte de
D
João de Lima seu pai {Ibidem).(6) Ibidem.
{7) Verba posta à margem dacarta de padrão do referidojuro, a qual seencontra a
fl.452 doliv. 17." deDoações deD. Sebastião e D. Henrique.
voL.
m
12erradamente dizem alguns autores. Foi êle renovado
em
Lourenço de Brito -de Lima, «neto do derradeiro visconde D. Francisco deLima»,
por alvará de lembrança de i3 deDezembro
de 1579, que logo citarei, sendo então já suamãe
falecida,mas
seu pai ainda vivo. Chamou-se este Luís de Brito,ou
Luís de Brito Nogueira,como em
algum documento é nomeado, e foisenhor dos antigos morgados de S. Lourenço de Lisboa, e S. Estêvão de Beja, vínculos
em
que o filho lhe sucedeu por sua morte entre os anos dei583 e iSgi,
Lourenço de Brito de
Lima
alcançou,como
já disse,em
i3 deDezembro
de 1679,em
atenção aos serviços dosviscondes, e aos de seu paiem
Africa onde ficou cativonabatalha deAlcácerquibir, e a ser êle,Lourenço, o único descendente de seu avô materno o 5.° visconde D. Francisco deLima;
alcançou, repito,
um
alvará de lembrança do cardial rei para suceder notítulo e casa de Vila
Nova
da Cerveira. Confirmou Felipe II ao visconde as mercês, que de juro e herdade tinha o avô, por carta de 7 de Janeiro de i583,com
a condição dele casarcom
mulher que ao Rei agrade. Nestes documentos é semprechamado
Lourenço de Brito de Lima,porém
poruma
apostila de 4 de Setembro de 1591, sendo o visconde já casado,
mandou
el Rei que êle, e os que dele descendessem, se
chamassem
primeiro deLima
que de Brito, e o visconde de oraem
diante se nomeie D. Lourenço deLima
e Brito. Depois por carta de i3 de Setembro de 1591 confirmou-lhe Felipe II o título e a casa, pelo visconde se achar casadocom
D. Luísa de Távora, filha do falecido Luís da Alcáçova Carneiro, filho mais velho do conde da Idanha, do conselho de estado, vedor da fazenda, e bisavô do re- ferido D. Lourenço de Lima. Finalmente a 11 deDezembro
domesmo
ano teve carta de padrão dos cinquenta mil"reais de tença, que
eram
orde- nados ao título(i). Muito tempo depois, por carta de i5 deDezembro
de 1623, quando seu filho maisvelho já eraconde dos Arcos, deu Felipe IV ao visconde de VilaNova
da Cerveira, as honras de conde no seu própriotítulo(2). Ainda sobreviveu D. Lourenço muitos anos a esta última mercê, pois que no de 1646, sendo do conselho de estado de D. João IV, renunciou
o
título de viscondeem
seu filho D. Diogo,como
logo direi.Dos 6.°' viscondes de Vila
Nova
da Cerveira, D. Lourenço deLima
de Brito e D. Luísa de Távora, nasceram, além de outros, os seguintes quatro filhos:i.*^
—
D. Luís de Lima, i.° conde da vila dos Arcos de Vai de Vez, «que(i) Consta tudodoliv. 12.0dasDoações de Felipe /,fl. 192v., e do liv. iS.»,fl. 384v.^
« 395V.
(2) Doações de FelipeIII, liv. i8.%fl. 182.
é do visconde seu pai», por carta de 9 de Janeiro de 1620,
em
sua vida somente(i), ampliada logo depois a concessão a mais duas vidas por alvará de 8 de Fevereiro seguinte(2). 'Ambas
estas mercês, além de outras, lhe foram feitas por ele estar casadocom
D. Vitória de Gardaillac e Bourbon,dama
da princesa D. Isabel de Bourbon.Os
pais da condessa dos Arcosjá lá para trás ficaramnomeados.
Morreu
o conde dos Arcos, que foi gentil--homem
da câmara de Felipe IV, antes de 14 de Setembro de i63o(3), dei-xando entre outros a D. Lourenço de Lima, que foi 2.° conde dos Arcos por carta de 14 de Setembro de i63o(4), e morreu solteiro
em
dia de S. Joãa de 1Ó47, segundo o seu epitáfio na igreja de S. Lourenço de Lisboa(5); e a D. Madalena de Bourbon que casoucom
D.Tomás
de Noronha, que foi 3.** conde dos Arcosem
verificação da última vida por carta de 10 de Junho de 1662(6), dando-se-lhe mais duas vidas no títuloporcarta de 2 deOutubro
de 1668(7). Deste casamento provieram os Noronhas condes dos Arcos que hoje seacham
extintos na varonia, que se conserva contudo no conde de VilaNova
da Cerveira e noutros.2.°
—
D. João deLima
que ficou servindoem
Castela, onde casaraem
1639
com
D. Francisca Luísa de Souto Maior, 4.^condessa de Crescente; elá,
com
onome
de D. João Fcrnandez de Sotomayor y Lima, foi feito mar- quês de Tenórioem
i3 de Julho de 1644(8).Foram
pais de D. FernandoYanez
deLima
y Sotomaior, i.° duque de Sotomayor, 2.° marquês de Tenório, que morreusem
filhosem
1706, passando a casa auma
sua irmã.3."
—
D. Leonel deLima
que dizem casaraem
Flandrescom
Francisca de Gallo, filha de Francisco de Gallo, conde de Dion-le-Mont, dequem
teve a Carolina de Lima, mulher de seu tio António de Gallo Salamanca, emãe
de João de Gallo Salamanca, conde de Dion-le-Mont, que veio a Portugal
com
a patente de coronelacompanhando
ao pretendente D. Carlos, e cá morreuem
Santarém a i de Julho de 1704(9).(i) Doaçõesde Felipe II, liv.42.",fl.2i3.
(2) Ibidem,fl. 212 v.
(3) Consta da carta do título aofilho.
—
D.António Caetano de Sousa a pág, 118 davol.XIIda Historiagenealógica põe-lheamortea24 deJunhode1647,emendandodepois,na pág.XLIIdasegundapartedomesmovolume, para 1637;deambasasvezesporémseengana^
(4) Doaçõesde Felipe III,liv. 22.°, fl. 334v.
(5) Moreira, Colecção deinscrições,fl.238.
(6) Doações de D. Afonso F/, liv. 27.°,fl. 352.
(7) Ibidem, liv. 20.°,fl. 329.
(8) Dr. Salazar de Mendoza, Origen de las dignidades seglares de Castilla
y
Leon,^pág. 481 mihi.
(g) Sousa, Historia genealógica, vol. XII, pág. 120^ onde lhechama conde de Droule^
lemont.
4.°
—
D. Diogo deLima
que foi doutorem
teologia, e, abandonando a carreira, foi,em
resultado da morte e ausência de seus irmãos, feito 7.° vis-conde de Vila
Nova
da Cerveira, titulo que seu pai nele renunciou, e de que teve cartaem
26 de Setembro de 1646, recebendo por outra dessemesmo
dia as honras de conde no seu título(i). Sucedeuem
toda a mais casa de seu pai, à qual reuniu a de Mafra pelo seu casamentocom
a con- dessa viúva deArmamar,
D. Joana de Meneses(2), representante dos condes de Penela,como
fica dito na pág. 3bg do vol. I.Foram
pais do 8.°, 9.° e io.° viscondes deVilaNova
da Cerveira, e avós deD.Tomás
deLima
eVasconcelos, ii.°visconde, cuja única filha, D. Maria Xavier deLima
e Hohenlohe, casoucom
Tombas da Silva Teles, que veio aser o 12.** visconde por carta de 6 de Outubro de 1721 (3).
Foram
pais doi.° marquês de Ponte de
Lima
de juro e herdade, feitoem
17 deDezembro
de 1790(4),mas
que só tirou cartaem
14 de Abril de 1795(6).*Como
a casa de Ponte deLima
passasse pelo casamento da 12.* viscondessa a ter a varonia de Silva, já a elame
referi a páginasme
seguintes, para onde re-meto o leitor.
Este ramo, o dos viscondes, foi o principal dos Limas. Nele contudo veio a varonia originária a ser substituída pela dos Britos, e ultimamente dos Silvas, tendo-se por fim extinguido a casa, que hoje é representada pela senhora marquesa de Castelo Melhor.
IV
SENHORES DE CASTRO DAIRE
O
outroramo
notável, que a linhagem dosLimas
produziuem
Portugal,foi o dos alcaides mores de Guimarães, senhores de Castro Daire por casa- mento. Apartou-se êle do tronco na pessoa de Fernand'Anes de Lima, que
(1) Doações deD. João IV,liv. 17.°,fl. 288.
(2) D. Joana de Meneses, senhora da casadeMafra eviscondessa deVilaNova da Cer- veira, morreu a 25 de Dezembro de 1654,efoisepultadano convento de SantoAntóniode Pontede Lima (Frei Pedro de Jesus Maria José,Chronica da Conceição, II, pág. 3i,§ 5i).
(3) Ofícios emercês deD. João V, liv. 56.**,fl. 263.
(4) Supplementoá Gavetade Lisboa de 24 deDezembrode 1790.
(5) Chancelaria deD. MariaI,liv. 47.",fl. 276 v., sendo na carta apenasnomeado vis-
condede Vila Nova daCerveira D.Tomás deLima, sem a ladainha de nomesque lhe cos-
tumampôr.
ALMADAS(0
(i) [OA. não chegoua tratardobrasão dos Almadas.
—
Nota darevisão].XXV
AZEVEDOS
Brasões daSalade Sintra, Vol. III.
estrelas de oito raios de prata, bordadura cosida de vermelho e carregada de oito aspas de oiro. Timbre: a águia.
Assim
se encontram estas armas, apenas variando nonúmero
dos raios das estrelas, no Livro do armeiro mor, a fl. 61, no Livro da Torre do Tombo, a fl. 12 v., na fl. 28 do Thesouroda
nobre:{a de Francisco Coelho, que carrega a águia dotimbrecom uma
das estrelas do escudo, no Thesouroda
nobreza de Frei Manuel de Santo António a pág. Sy da cópia da Biblio- teca Nacional, etc.Corriam
em
Portugal tempos calamitosos.Uma
guerra fratricidadevas- tava o território português, entretanto que na Andaluzia,com
brilhantes feitos e rápidas conquistas, ia Fernando III dilatando os domínios da coroa de Castela à custa dos sarracenos.Já várias cidades e povoações importantes lhe tinham caído nas mãos, quando,
em
20 de Agosto de 1247, fechou o rei de Castela o cerco de Se- vilha por terra e pelo rio.Muitoscavaleiros portugueses engrossavam as fileiras do exército sitiante.
D. Paio Peres Correia o famoso mestre de Ucles; D.
Martim
Fernandes, o valoroso mestre de Avis; D. Rodrigo Froiaz, o destemido senhor de Tras- tamara; D. Pedro Mendes, o esforçado senhor deAzevedo; D. FernãoPires de Guimarães; D.Reimão
Viegas de Sequeira, e vários outros pelejaram naquelememorável
e prolongado sítio.Um
dia, durante o cerco, convidou o prior do Hospital a jantar na sua tenda a D. RodrigoFroiaz e a D.PedroMendes
de Azevedo, quepousavam com
as suas gentes além do Guadalquivir, sobre o arrabalde de Triana, nosítio
em
que capitaneava o nosso D. Paio Correia.O
prior descuidado de qualquer correria dos sarracenos, tinhamandado
parte dos seus
homens
de armas a tomar a erva necessária para as caval- gaduras, e só pensava, então,em
festejar os seus convivas. Mas,como
ébem
certo que os trabalhos acodem, quandomenos
se esperam, foi a alegriado convite transtornada pelo aparecimento de quarenta cavaleiros mouros, que vieram à próxima veiga apresar asvacas do prior, que aí
andavam
pas- tando.Ao
ver tal levantaram-se os três cavaleiros, e exclamou o mestre dos hospitaleiros:— Que
é isto? pois assimhavemos
de perder as nossas vacas?—
Mandai-nos dar armas e cavalos, amim
e a D. PedroMendes —
lhe respondeu Rodrigo Froiaz—
evamos
após eles: cá não é aguisado, se as vacaspodemos
haver, de as perdermos.— Mandai
pelas vossas companhas—
disse o prior—
e assim iremos apercebidos, cá não sabemos se são mais mouros que os que parecem.— Nós
os nossos têmo-los além da vila—
lhe retorquiu Rodrigo Froiaz—
e, se por eles atendêssemos, perder-se-iam as vacas:màs
andai adiantee sigamo-los.Entretanto lhes iam afivelando os escudeiros as armaduras. Depois, cavalgando e
empunhando
as lanças correm os três fidalgos, seguidos pelos poucos freires do Hospital que por ali estavam; e,em
breve, depois de dis- persos os sarracenos, recobram as vacas quási todas.Vendo
isto observou o prudente prior:—
Tornemos, pois perdemos pouco do nosso, cá poderá isto ser cilada.A
que o temerário D. Rodrigo Froiaz logo respondeu:—
Aqui nãocumpre
siso, pois osmouros
levamosem
encalço, e eles nos levam no rosto às vossas.Continuaram pois perseguindo os sarracenos, e, dentro
em
pouco, vi-ram-se realizados os receios do prior do Hospital, pois que foram cair
em uma
cilada de duzentos e sessenta cavaleiros agarenos, que encobertos os esperavam mais adiante.Então se feriu rija peleja, aguentando os cristãos
com
supremo esforçoo ataque dos muito mais numerosos infiéis.^
Aos
hospitaleiros bradava Rodrigo Froiaz, animando-oscom
o exemploe
com
a voz:—
Senhores, e amigos, para isto é que foi estabelecida a vossaordem
de cavalaria, para exalçamento da cristandade e abaixamento da lei deMa-
famede. Sofrêde, e acometei-os, e não percais as bondades, que sempre houve nos hospitalários,nem
as vossas vacas que vos levam; cá, se per- derdes,uma
que seja, ireiscom
vergonha ao arraial ante el Rei D. Fer- nando.E, emquanto proferia estas palavras, não cessava de batalhar ferindo à direita e à esquerda, e de cada golpe,derribava
um
inimigo.No
arraial da parte de Triana avistavam os sitiantes a peleja, e corriam pressurosos, o infante D. Afonso, o naestre de Ucles, e o senhor-de Biscaia,com
as suas gentes a acudir aos hospitaleiros. Tinham, pore'm, de atravessar o Guadalquivir, e o vau apenas permitia a passagem aum
de fundo, pelo que, quandopuderam
chegar aocampo
da lide, já ela tinha findadocom
o desbarate dos mouros.Destes encontraram mortos sessenta e quatro, e dos freires treze.
E
acharam
mqnalmente
ferido a D.PedroMendes
de Azevedo, «que fezmuy
grandes feitos aquel dia per sas mãos, ca elle era de
muy gram
coraçom e aventuvradoem
todos mesteresem
que entraua» (i).D. Pedro
Mendes
deAzevedo era filho de D.Mundo
Bofino, ricohomem
importante da corte da rainha D. Teresa, conforme ao Nobilario do
Conde
D. Pedt^o, que, neste ponto,como em
vários outros, erra.Com
efeito a D.Mundo
Bofino encontra-se confirmandouma
escritura da era de 11.55, ano de Cristo 1117(2) e é portanto impossível que, cento e trinta anos depois, ainda seu filho pudesse dar tão rijas cutiladasem
infiéis.E
curiosa a referida cartaem
que D.Mundo
Bofino confirma. Foi feita elaem
terra SancteMarie
iibi vocant Feira nomês
deNovembro
da dita era, e, por ela, a infanta D. Teresa rainha de Portugal fez mercê a Gonçalo Eriz de lhe coutar a sua quinta de Osseloa (Ossela?).Na
carta declara a rainha, que lhe fazia estagraça porGonçalo Eriz haverdado açor aD.Mundo
Bofino,
um
rocim ao escudeiro Artaldo, eum
gavião a Godinho Viegas, e por êle ir fundar juntamentecom
a rainha,uma
albergaria à beira da es- trada que «currit de Portugal in directo de Petra de Aguila».De
D. PedroMendes
dizem que procedeu a antiga família dos Azevedos, que derivaram o seu apelidoduma
quinta deste nome, situada na freguesia de S. Vicente de Pereira de Jusã.Nas
inquirições de 1290, as primeiras que D. Denis ordenou, foram os inquiridores ao julgado da feira, e, na freguesia de Pereira de Jusa, apenas encontraramuma
quinta honrada, que então pertencia auma
D. Joana(3).(i) NobiliáriodoConde D.Pedro^tít.21, §4.°,pág. 282e 283,dondeextraítodaestahis- tória,e copieio diálogo quási ipisverbis.
(2) Documento n."
XXXVl
do apêndice ao tomo i.° dasDissertações chronologicas de JoãoPedro Ribeiro.(3) «Domingos perez dePereyra Juradoepreguntadosse enestafreeguesia (S.Vicente
voL.Hl a5