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Biblioteca Digital do IPG: Relatório de Estágio Curricular – COOLABORA, CRL (Covilhã)

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Academic year: 2021

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO

Licenciatura em Animação Sociocultural

Adriana Alves Pereira

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Escola Superior de Educação Comunicação e Desporto

Instituto Politécnico da Guarda

Relatório de Estágio

Licenciatura de Animação

Sociocultural

Adriana Alves Pereira

novembro | 2017

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Instituto Politécnico da Guarda

Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto

Relatório de Estágio

Animação Sociocultural

COOLABORA, CRL

Adriana Alves Pereira

Guarda, novembro de 2017

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Ficha técnica

Estagiária: Adriana Alves Pereira Número de aluno: 5007958

Estabelecimento de Ensino: Instituto Politécnico da Guarda

Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto

Docente orientador: Dr.ª Rosário Santana

Instituição de estágio: COOLABORA, CRL

Morada: Rua dos combatentes da Grande Guerra 62, 6200-020 Covilhã PT E-mail: coolabora@gmail.com

Tlm: +351 967455775

Site web: http://www.coolabora.pt Tutor de estágio: Dr.ª Rosa Carreira

Início do estágio: 20 de março de 2017 Termo do estágio: 24 de agosto de 2017 Duração: 400 horas

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Agradecimentos

Um agradecimento especial ao Instituto Politécnico da Guarda, à Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto pela oportunidade e pela ajuda prestada quer por docentes como auxiliares durante o meu percurso académico; à Professora Dr.ª Rosário Santana pela sua orientação na elaboração do meu relatório de estágio.

Não faria sentido, nestas entrelinhas de agradecimentos não constar a Profª Elisabete Brito, foi uma das pessoas mais importantes, com quem sempre pude contar, fosse para estudar ou para brincar, é um ser humano incrível a quem estou eternamente grata, pelos valores que me passou e por me ter tornado uma pessoa melhor. Pois nunca me irei esquecer do momento em que nos cruzamos num dos corredores da escola e a professora me diz “A Adriana cresceu/mudou bastante, está muito diferente!”. Levo no coração.

Agradeço também à Coolabora e a todas as técnicas com que trabalhei, à Dr.ª Rosa Carreira, minha orientadora na Instituição, pela sua disponibilidade, motivação, apoio, ajuda e hospitalidade.

Também quero agradecer aos meus amigos e amigas mais próximos, à Vani, ao Gonçalo, à Raquel, à Marica, à Chéu, à Jéssica, ao Manecas, ao Rui, que foram notáveis na compreensão, no interesse e no acompanhamento durante todo o meu percurso académico, durante o estágio e posteriormente enquanto terminava o meu relatório, referindo que nem todos os momentos foram fáceis. Muito obrigada.

Particularmente, e quem me conhece sabe o quanto o admiro e o quanto o amo, quero agradecer ao meu pai, ao homem da minha vida, que apesar da sua distância no que diz respeito ao meu percurso académico, caso não fosse ele nada disto seria possível. Espero que esteja orgulhoso de mim como eu sempre estive dele, por tudo o que conquistou e por tudo o que me ensinou. É sem sombra de dúvidas a minha maior inspiração!

Para mim nenhuma frase faz mais sentido que aquela que eu tatuei no meu corpo este ano, o ano em que fiz Erasmus (das melhores experiências da minha vida, obrigada a cada pessoa que trouxe comigo dessa aventura), em que terminei a licenciatura, em que senti que cresci, em que senti que um dos meus objetivos se concretizou - “dream, fight

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Resumo

O presente relatório tem como objetivo transpor o estágio curricular do final do curso de ASC, realizado na Coolabora, CRL (cooperativa de intervenção social) sediada na Covilhã, que teve a duração de três meses.

O mesmo enquadra-se na componente de formação, Estágio curricular, integrado na licenciatura em Animação Sociocultural (ASC), do Instituto Politécnico da Guarda (IPG).

Fazendo referência às atividades desenvolvidas durante o mesmo, o relatório pretende retratar a ligação entre a parte teórica e a parte prática, uma vez que foi possível aplicar e implementar ao longo do estágio os conhecimentos que adquiri durante o percurso académico, enriquecendo, não só a nível profissional, como também pessoal.

O estágio foi realizado com crianças de várias faixas etárias desde os mais pequeninos de seis anos de idade até aos mais velhos de vinte e cinco. O meu estágio teve como principais objetivos melhorar o dia a dia das crianças/jovens, proporcionar-lhes maior diversidade de atividades, oferecer-lhes ajuda para uma melhor qualidade de vida, promover um melhor comportamento, criar ligações de empatia entre os elementos, assim como também valorizar a autoestima e promover, fundamentalmente, a participação ativa nas atividades propostas.

Palavras-chave: Animação Sociocultural, Intervenção Social, Animação Comunitária.

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Abstract

This report aims to transpose the curricular internship at the end of the ASC course, held at Coolabora, CRL (social intervention cooperative) based in Covilhã, which lasted three months.

The same is included in the training component, Curricular Internship, integrated in the degree in Sociocultural Animation (ASC), from the Polytechnic Institute of Guarda (IPG).

Referring to the activities developed during the course, the report intends to portray the connection between the theoretical part and the practical part, since it was possible to apply and implement during the internship the knowledge that I acquired during the academic course, enriching not only the professional level as well as personal.

The stage was conducted with children of various age groups from the youngest of six years old to the oldest of twenty-five. My main objective of my internship was to improve children's daily activities, to offer them a greater diversity of activities, to offer them help for a better quality of life, to promote better behavior, to create bonds of empathy between the elements as well as to value self-esteem and promote, fundamentally, active participation in the proposed activities.

Key words:Sociocultural Development, Social Intervention, Community Animation.

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Siglas e Abreviaturas

ANIMAR- Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local

APPANC- Associação Portuguesa para a Prevenção do Abuso e Negligência de Crianças ASC- Animação Sociocultural

ASTA- Associação de Teatro e Outras Artes

CESI- Center for Education, Counseling and Reseach (Croácia)

CIDFF- Centre D’Information sur les Droits des Femmes et des Familles de L’Aude (França)

CNIS- Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade CPCJC- Comissão de Proteção de Crianças e Jovens da Covilhã CRI- Centro de Respostas Integradas de Castelo Branco (IDT) EAVN- European Anti-Violence Network (Grécia)

IEBA- Centro de Iniciativas Empresariais e Sociais INE- Instituto Nacional de Estatística

GICC- Companhia de Teatro das Beiras GNR- Guarda Nacional Republicana

Modatex- Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confeção NERCAB- Associação Empresarial do Distrito de Castelo Branco

PPDM- Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres PSP- Polícia de Segurança Pública

RSO.PT- Rede Nacional de Responsabilidade Social CID- Centro de Inclusão Digital

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Índice Geral

Índice Geral ... vi-vii Índice de Figuras ... viii-x

Introdução ... 1

Capítulo I ... 3

Enquadramento Institucional - Coolabora ... 3

1.1 Enquadramento Geográfico ... 4 1.2 Coolabora, CRL ... 5 1.2.1 Missão ... 5 1.2.2 Visão... 5 1.2.3 Princípios e Valores ... 5 1.2.4 Parcerias/Apoios... 5 1.3 Áreas de Intervenção ... 8 1.3.1 Economia Social ... 8

1.3.2 Violência Doméstica e Igualdade de Género ... 8

1.3.3 Voluntariado ... 9

1.3.4 Inclusão Social ... 10

1.4. Projetos ... 11

1.4.1 Projeto Género Coletivo ... 11

1.4.2 Idearia ... 11

1.4.3 Projeto “Violência Zero 2” ... 14

1.4.4 Projeto Quero Ser Mais E6G ... 14

1.5. Serviços ... 15

1.5.1 Consultoria ... 15

1.5.2 Formação ... 15

1.5.3 Serviços e Organização de Eventos ... 16

1.6 Recursos Humanos do projeto ... 16

Capitulo II ... 17

Contextualização Teórica ... 17

2.1 Animação sociocultural em Portugal ... 18

2.2 Origem e evolução da animação sociocultural em Portugal ... 18

(10)

2.4 Animação sociocultural e conceitos afins ... 19

2.5 O papel do animador ... 19

2.6 O Futuro da Animação Sociocultural ... 21

2.7 Código Deontológico do Animador ... 23

2.8 Animação Comunitária ... 25

2.9 A Animação Sociocultural desenvolve programas, projetos e atividades orientadas à transformação ... 26

2.10 Objetivos gerais de uma intervenção sociocultural ... 27

2.11 A avaliação nas intervenções em Animação Sociocultural ... 27

2.12 CIG – Comissão para a Igualdade de Género ... 27

2.13 Violência Doméstica ... 34

2.13.1 O que é? ... 34

2.13.2 Tipos de violência ... 34

2.13.3 O ciclo da violência doméstica... 35

Capitulo III ... 37

Estágio Curricular ... 37

3.1 Caraterização do público-alvo ... 38

3.2 Objetivos Gerais ... 39

3.3 Objetivos Específicos ... 39

3.4 Atividades desenvolvidas – parte prática ... 40

3.4.1 Sede da Coolabora ... 40

3.4.2 Projeto Quero Ser Mai E6G ... 40

3.4.3 Feira das Trocas ... 56

3.4.4 Sessões Ubicool... 58

3.4.5 Dinamização do grupo de senhoras de Cantar Galo ... 59

3.4.6 Planeamento/participação no fórum jovem (intercâmbio, erasmus+) Chipre, Turquia, Noruega e Portugal ... 61

Reflexão Final ... 70

Bibliografia ... 72

Webgrafia ... 73

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Índice de Figuras

Figura 1- Freguesias do Concelho da Covilhã Figura 2- Localização da Coolabora, CRL Figura 3- Instalações da Coolabora (Sede)

Figura 4- Logótipo Ubicool

Figura 5- Instalações da Coolabora (Idearia) Figura 6- Logótipo Género Coletivo

Figura 7- Logótipo Idearia

Figura 8- Instalações Coolabora (Idearia) Figura 9- Logótipo Violência Zero Figura 10- Logótipo Quero Ser mais E6G

Figura 11- Grupo de jovens que frequentam o CID Figura 12- Ciclo da Violência Doméstica

Figura 13- Festa do Dia da Criança, no jardim público do Tortosendo. Figura 14- Festa do Dia da Criança, no jardim público do Tortosendo. Figura 15- Festa do Dia da Criança, no jardim público do Tortosendo. Figura 16- Festa do Dia da Criança, no jardim público do Tortosendo. Figura 17- Festa do Dia da Criança, no jardim público do Tortosendo. Figura 18- Festa do Dia da Criança, no jardim público do Tortosendo. Figura 19- Visita à fábrica “Jomafil” (reciclagem de têxteis)

Figura 20- Visita à fábrica “Jomafil” (reciclagem de têxteis) Figura 21- Visita à fábrica “Jomafil” (reciclagem de têxteis)

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Figura 23- Distribuição de laços numa campanha de sensibilização sobre a SIDA. Figura 24- Participação no Arraial da EB2/3 do Tortosendo.

Figura 25- Participação no Arraial da EB2/3 do Tortosendo. Figura 26- Participação no Arraial da EB2/3 do Tortosendo. Figura 27- Aulas de Karaté

Figura 28- Preparação “Festa Escolhas” Figura 29- Preparação “Festa Escolhas” Figura 30- Preparação “Festa Escolhas” Figura 31- Preparação “Festa Escolhas”

Figura 32- Auscultação dos morados do Bairro Social do Cabeço Figura 33- Auscultação dos morados do Bairro Social do Cabeço

Figura 34- Preparação/decoração da carrinha para o cortejo Nª Sr. Remédios, no

Tortosendo.

Figura 35- Preparação/decoração da carrinha para o cortejo Nª Sr. Remédios, no

Tortosendo.

Figura 36- Preparação/decoração da carrinha para o cortejo Nª Sr. Remédios, no

Tortosendo.

Figura 37- Preparação/decoração da carrinha para o cortejo Nª Sr. Remédios, no

Tortosendo.

Figura 38- Preparação/decoração da carrinha para o cortejo Nª Sr. Remédios, no

Tortosendo.

Figura 39- Preparação/decoração da carrinha para o cortejo Nª Sr. Remédios, no

Tortosendo.

Figura 40- Ida ao rio/despedida surpresa das estagiárias Adriana e Ariadna. Figura 41- Ida ao rio/despedida surpresa das estagiárias Adriana e Ariadna.

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Figura 43- Ida ao rio/despedida surpresa das estagiárias Adriana e Ariadna. Figura 44- Ida ao rio/despedida surpresa das estagiárias Adriana e Ariadna. Figura 45- Ida ao rio/despedida surpresa das estagiárias Adriana e Ariadna. Figura 46- Avaliação Feira das Trocas

Figura 47- Produtos para venda (Feira das Trocas) Figura 48- Produtos para venda (Feira das Trocas) Figura 49- Workshop de yoga (Feira das Trocas) Figura 50- Produtos para venda (Feira das Trocas) Figura 51- Sessão UBICOOL

Figura 52- Sessão UBICOOL

Figura 53- Execução de molduras (Senhoras de Cantar Galo) Figura 54- Dinamização (Senhoras de Cantar Galo)

Figura 55- Intercâmbio na Turquia. Figura 56- Intercâmbio na Turquia. Figura 57- Intercâmbio na Turquia. Figura 58- Intercâmbio na Turquia. Figura 59- Intercâmbio na Turquia. Figura 60- Intercâmbio na Turquia. Figura 61- Intercâmbio na Turquia. Figura 62- Intercâmbio na Turquia.

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1

Introdução

O presente relatório de estágio surge no âmbito do curso de Animação sociocultural, do Instituto Politécnico da Guarda no sentido de concluir a licenciatura na área supracitada.

Quando optei pela ASC tive consciência de que estava a iniciar um caminho que privilegia o relacionamento intergeracional e que aposta no melhor das pessoas, no desenvolvimento do Ser e do Estar.

De facto, ao longo dos três anos de percurso académico cresci e adquiri ferramentas teóricas e teórico-práticas essenciais para a prática da atividade de Animadora Sociocultural.

O estágio curricular é uma etapa onde as competências apreendidas sãocolocadas em prática, o que permite um primeiro contato com o ambiente real de trabalho, com o grupo, com os funcionários e com a instituição.

O presente relatório divide-se por três capítulos. No primeiro capítulo consta o enquadramento institucional onde abordo a localização geográfica da instituição, os seus valores, a sua missão, as suas áreas de intervenção, os seus servições e projetos; o segundo capítulo baseia-se na contextualização teórica onde refiro inúmeros aspetos, como por exemplo a ASC em Portugal, a sua origem e evolução, os âmbitos da ASC e vários conceitos, o papel do animador, o futuro da ASC, o código deontológico do animador, a Animação Comunitária, a Comissão para a Igualdade de Género, Violência Doméstica e também os recursos humanos; por fim o terceiro capítulo é referente ao estágio propriamente dito, a parte prática, onde exponho tudo o que realizei, aprendi e vivi. Este capítulo pretende expor toda a atividade desenvolvida na instituição escolhida (Coolabora) que se situa mais propriamente na zona histórica da Covilhã.

As atividades realizadas e desenvolvidas foram essencialmente no âmbito das expressões: expressão plástica, expressão físico-motora, o teatro, a animação multimédia, o encontro intergeracional.

Para uma melhor aplicação das expressões tendo em conta o grupo, foi feito um estudo, pesquisa bibliográfica e algum trabalho

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de campo de forma a corresponder eficazmente, às necessidades da população em questão.

É por tudo isto que esta experiência foi também estimulante e enriquecedora em todas as vertentes e atividades. Mesmo nos momentos e situações difíceis o ânimo nunca esmoreceu, e fizemos das dificuldades oportunidades, e

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Capítulo I

Enquadramento Institucional - Coolabora

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1.1 Enquadramento Geográfico

A Covilhã é uma cidade portuguesa pertencente ao Distrito de Castelo Branco, à Região Centro, à sub-região da Cova da Beira e à antiga província da Beira Baixa. É porta da Serra da Estrela e tem 36 356 habitantes no seu perímetro urbano formado por cinco freguesias: Covilhã e Canhoso, Teixoso e Sarzedo, Cantar-Galo e Vila do Carvalho, Boidobra e Tortosendo.

É sede de um município com 555,60 km² de área e 51 797 habitantes (2011), subdividido em 21 freguesias. O município é limitado a norte pelos municípios de Seia e Manteigas, a nordeste pela Guarda, a leste por Belmonte, a sul pelo Fundão e a oeste por Pampilhosa da Serra e Arganil.

A cidade da Covilhã está situada na vertente sudeste da Serra da Estrela e é um dos centros urbanos de maior relevo da região juntamente com Coimbra, Aveiro, Viseu, Figueira da Foz, Guarda, Castelo Branco, etc. O seu núcleo urbano estende-se entre os 450 e os 800 m de altitude.

O ponto mais alto de Portugal Continental, a Torre (1 993 m), pertence às freguesias de Unhais da Serra (Covilhã), São Pedro (Manteigas), Loriga (Seia) e Alvoco da Serra (Seia), estando incluída em três municípios: Covilhã, Manteigas e Seia, mas dista cerca de 20 km do núcleo urbano da Covilhã.

Figura 1: Freguesias do Concelho da Covilhã Fonte:

http://memoriasdacovilha.blogs.sapo.pt/municipio -da-covilha-16490

Figura 2: Localização da Coolabora, CRL Fonte: https://www.google.pt

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1.2 Coolabora, CRL

1.2.1 Missão

A CooLabora é uma cooperativa de intervenção social criada em 2008. Tem por missão contribuir para o desenvolvimento das pessoas, das organizações e do território, através de estratégias inovadoras de promoção da igualdade de oportunidades, da participação cívica, da educação e formação e da inclusão social.

1.2.2 Visão

Esta cooperativa tem uma visão muito relacionada com meio social e a sua melhoria, procurando ser uma organização sustentável, com uma capacidade reconhecida de promover a inovação social, com intervenções marcadas pela qualidade e pelos princípios éticos.

1.2.3 Princípios e Valores

A CooLabora orienta a sua atuação segundo princípios éticos e socialmente responsáveis, nomeadamente:

 Na promoção da coesão social;

 Na defesa da igualdade de oportunidades;

 Na democracia e participação;

 Na aprendizagem colaborativa.

1.2.4 Parcerias/Apoios Universidades

 Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa;

 Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra;

 Instituto de Educação da Universidade do Minho;

 Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional do Porto;

 Universidade da Beira Interior.

Estabelecimentos de ensino

 Agrupamento de Escolas da Sertã;

Figura 3: Instalações da Coolabora Fonte: https://www.google.pt

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6  Agrupamento de Escolas do Tortosendo;

 Associação de Pais da Escola Secundária Quinta das Palmeiras;

 Escola Profissional Agrícola Quinta da Lageosa;

 Escola Secundária Campos Melo;

 Escola Secundária Frei Heitor Pinto;

 Escola Secundária Quinta das Palmeiras;

 Escola Secundária c/ 3º Ciclo do Fundão;

 Infantário Bolinha de Neve.

Autarquias

 Junta de Freguesia do Tortosendo;

 Município da Covilhã;

 Município da Sertã.

Serviços Públicos

 Centro de Saúde da Covilhã, UCSP2 do ACeS Cova da Beira;

 Centro Hopitalar Cova da Beira;

 CRI – Centro de Respostas Integradas de Castelo Branco (IDT);

 Direcção Geral de Reinserção Social - Serviços Locais;

 Guarda Nacional Republicana;

 Polícia de Segurança Pública.

Empresas

 CH Consulting;

 IEBA – Centro de Iniciativas Empresariais e Sociais;

 Modatex – Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confecção;

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Redes

 ANIMAR - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local;

 APPANC - Associação Portuguesa para a Prevenção do Abuso e Negligência de Crianças;

 PPDM – Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres;

 Rede Social da Covilhã;

 RSO.PT – Rede Nacional de Responsabilidade Social.

Outras organizações

 40 Instituições Particulares de Solidariedade Social;

 ASTA – Associação de Teatro e Outras Artes;

 GICC – Companhia de Teatro das Beiras;

 CNIS – Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade;

 Comissão de Proteção de Crianças e Jovens da Covilhã;

 Grupo de Voluntariado da Unidade de Alcoologia do Centro Hospitalar da Cova da Beira;

 Museu dos Lanifícios.

Parcerias transnacionais

 Akropolis (República Checa);

 Arakli Public Education Centre (Turquia);

 CESI - Center for Education, Counseling and Reseach (Croácia);

 CIDFF – Centre D’Information sur les Droits des Femmes et des Familles de L’Aude (França);

 EAVN - European Anti-Violence Network (Grécia);

 Estonian Women's Associations Roundtable Foundation (Estónia);

 Klub Personalistu Moravskoslezského Kraje, o.s. (República Checa);

 Libera Università dell' Autobiografia (Itália);

 Provincia di Roma - Istituzione Solidea (Itália);

 RoSa Documentation Centre (Bélgica);

 Strategie 21 (Alemanha);

 Universitá Degli Studi Del Molise (Itália);

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Apoios

 Microsoft Portugal no âmbito do Programa de Doação de Software.

1.3 Áreas de Intervenção

1.3.1 Economia Social

A Coolabora desenvolve diversas iniciativas promotoras do empreendedorismo, como:

 Formação para criação de micro-empresas;

 Dinamização de redes de empreendedores;

 Projetos de promoção do empreendedorismo jovem;

 Dinamização de GEPE – Grupos de Entreajuda na Procura de Emprego.

Promove ainda o consumo responsável e solidário:

 Plataformas colaborativas de consumo;

 Feiras de trocas com moeda social.

1.3.2 Violência Doméstica e Igualdade de Género

A Coolabora desenvolve uma intervenção integrada para a prevenção e combate à violência doméstica:

 Funcionamento do Gabinete de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica;

 Dinamização de Grupos de Ajuda Mútua;

 Acompanhamento de agressores;

 Realização de atividades pedagógicas sobre o tema em contexto escolar;

 Organização de iniciativas de sensibilização. Promove também a igualdade de género através de:

 Ações de formação;

 Sessões de sensibilização, debates e campanhas;

 Conceção e desenvolvimento de Planos para a Igualdade;

 Produção de materiais pedagógicos.

Esta organização tem também em funcionamento o Gabinete de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica onde prestam os seguintes serviços:

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9  Apoio psicológico;

 Encaminhamento Social;

 Informação Jurídica;

É importante referir que os serviços do Gabinete de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica da Coolabora são gratuitos e confidenciais.

O seu horário de funcionamento na Covilhã é de Segunda a Sexta-feira das 9h30 às 12h30 e das 14h00 às 18h00 (Rua dos Combatentes da Grande Guerra, 62, R/CH (junto ao Jardim Público da Covilhã 6200-020 Covilhã); em Belmonte é Terças-feiras das 14h30 às 17h30 no edifício da Santa Casa da Misericórdia (Podendo solicitar atendimento em horário pós-laboral).

1.3.3 Voluntariado

Visto que o voluntariado é uma ação crucial nos tempos de hoje, a Coolabora promove o voluntariado através da dinamização de iniciativas locais e da partilha de conhecimento nesta área, desenvolvendo:

 Conceção de programas de voluntariado;

 Dinamização de grupos de voluntários;

 Promoção de formação;

 Animação com voluntariado de seminários, workshops e outros eventos sobre igualdade de género e não-violência.

UBICOOL - VOLUNTARIADO UNIVERSITÁRIO

Esta iniciativa resulta do âmbito do Ano Europeu do Voluntariado e da Cidadania Ativa e vem estimular os jovens universitários a realizar atividades de promoção de uma cultura de paz e de não-violência em contextos escolares. A intervenção centra-se na dinamização de jogos pedagógicos nos recreios das escolas (intervalos), tendo em vista a prevenção de problemas como o bullying ou a violência no namoro, e fortalecer a

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10

capacidade dos alunos e alunas de resolução não-violenta de conflitos.

Figura 4: Logotipo Ubicool Fonte: http://www.coolabora.pt

PROGRAMA DE MENTORES PARA MIGRANTES

O Programa de Mentores para Migrantes é uma iniciativa promovida pelo Alto Comissariado para as Migrações e desenvolvida, por todo o país, por um conjunto de parceiros locais a que a CooLabora e a Câmara Municipal da Covilhã aderiram.

Este programa tem como objetivo, através do voluntariado, promover sobretudo experiências de troca,

entreajuda e apoio entre voluntários/as (cidadãos/ãs portugueses/as) e migrantes (emigrantes e imigrantes) e/ou refugiados.

1.3.4 Inclusão Social

Nesta organização implementam-se também projetos de intervenção social de forma a contribuir para uma sociedade mais solidária e coesa.

Promove-se, principalmente, a inclusão social de crianças e jovens oriundos de contextos sócio-económicos vulneráveis através de:

 Promoção do empreendedorismo juvenil;

 Educação não-formal;

 Dinamização de um Centro de Inclusão Digital;

 Organização de workshops de formação parental;

 Dinamização de parcerias locais;

 Orientação vocacional de jovens.

Figura 5: Instalações da Coolabora Fonte: http://www.coolabora.pt

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1.4. Projetos

1.4.1 PROJETO GÉNERO COLETIVO

A promoção da igualdade de género enquanto dimensão presente em todos os domínios societais é o ponto focal do Género Cooletivo, um projeto cuja abordagem assenta no desenvolvimento comunitário e se articula com várias coletividades de cultura e recreio da Covilhã.

O Género Cooletivo dinamiza quatro Círculos de Mulheres com debates, oficinas criativas e espaços de formação; criou uma plataforma de formação tendo em vista a participação das mulheres na liderança de processos políticos; promoverá em quatro coletividades oficinas de teatro comunitário

sobre as discriminações de género e a violência contra as mulheres e; dinamizará ainda redes colaborativas, enquanto oportunidades de intervenção das mulheres na melhoria da qualidade de vida a nível local.

A parceria formal do Género Cooletivo envolve o Teatro das Beiras, especialmente responsável pelas oficinas de teatro participativo e a Confederação Portuguesa das Coletividades cuja intervenção se centra na disseminação dos resultados do projeto junto da rede de coletividades que representa.

1.4.2 IDEARIA

Este projeto apoia a empregabilidade e inclusão de jovens em situação de desemprego ou de vulnerabilidade social, com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos.

Pretende-se criar um dispositivo de suporte capaz de facilitar o acesso ao emprego e ao mercado de trabalho através do

desenvolvimento de competências, transversais ou especificamente ligadas à criação de negócios; da formação em empreendedorismo; e da participação em atividades

Figura 6: Logotipo Género Coletivo Fonte: http://www.coolabora.pt

Figura 7: Logotipo Idearia Fonte: http://www.coolabora.pt

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experimentais que conjugam arte, inovação e empreendedorismo social.

Breve descrição:

O projeto desenvolve-se num itinerário com 3 laboratórios que se articulam: Criativo, Empreendedor e de Experimentação. Cada itinerário completo tem a duração de 7 meses, prevendo-se a realização de 2 itinerários durante o projeto.

Componente 1: Laboratório Criativo.

O laboratório criativo com oficinas artísticas (teatro, vídeo/cinema, expressão plástica) orientadas para o desenvolvimento de competências transversais que estimulem também a construção de um sentido crítico e cívico transformador. É constituído por 3 oficinas autónomas mas complementares de teatro, vídeo/cinema e expressão plástica que decorrerão durante 2 meses cada, em sessões semanais (24 horas por oficina).

Em cada itinerário terá lugar um Festival de Co-criação de Ideias que servirá de base à Bolsa de Ideias de Empreendedorismo Social, que é também o ponto de partida para a criação da Bolsa de ideias do projeto. Estima-se envolver pelo menos 90 jovens e produzir um forte impacto nas suas competências transversais, empregabilidade e capacidades empreendedoras.

Componente 2: Laboratório Empreendedor.

O laboratório empreendedor com um itinerário formativo que englobe todo o ciclo do projeto (da conceção da ideia à elaboração do projeto/plano de negócios e respetiva testagem) tendo em vista a capacitação dos/as jovens para a criação do próprio emprego e o desenvolvimento de novas áreas de negócio em organizações existentes. Organiza-se em 3 blocos com a duração total

de 64 horas.

Resultados: estima-se envolver 30 jovens, construir 15 ideias de negócios, 15 propostas de valor e 8 planos

de negócio (de mercado ou de negócios sociais).

Componente 3: Laboratório de Experimentação.

Figura 8: Instalações Coolabora Fonte: http://www.coolabora.pt

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Foca-se na criação de oportunidades e de ambientes propícios, no suporte ao desenvolvimento de competências empreendedoras e na testagem de projetos através da disponibilização de oportunidades de experimentação de ideias inovadoras.

Espaço IDEARIA

Pretende ser o espaço do projeto e também de encontro dos jovens. Terá aproximadamente 150 m2 em “open space”. É lá que decorrerão os Dias Abertos IDEARIA.

Estágios e Mentoring

Os jovens participantes no Laboratório Criativo e no Laboratório Empreendedor terão acesso a um programa de mentoring, com a duração total de 450 horas e de estágios em ONG com a duração de 2 meses.

Decorrerá uma sessão pública, na qual os participantes apresentarão o seu conceito de negócio, perante um júri composto por Empresários e Business Angels.

A Câmara Municipal da Covilhã disponibiliza, através da Associação Parkurbis Incubação, o acesso a um conjunto de recursos físicos para consolidação dos diversos projetos.

Serão ainda realizados 16 estágios em ONG, com a duração de 2 meses cada (uma vez por semana), para desenvolvimento de competências organizacionais.

Mercado de Trocas

O Mercado de Trocas é um instrumento de valorização do trabalho, do saber, da cooperação e da criatividade local, onde se estimula a solidariedade.

Serão realizadas duas iniciativas, ambas no centro da cidade, onde se conta com

25 participantes em cada.

Produtos

- Manual do Empreendedorismo Social destinado a jovens; - Guia de Boas Práticas para o Emprego Jovem, especialmente para decisores;

Redes

- Fórum de Jovens IDEARIA;

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14

- Rede Territorial para o Emprego;

- Rede articulada de partilha de conhecimentos, de saberes e experiências entre Parceiros complementares;

Promovido: por CooLabora, crl;

Parceiros: Câmara Municipal da Covilhã, Teatro das Beiras e Universidade da Beira

Interior.

1.4.3 PROJECTO "VIOLÊNCIA ZERO 2"

O projeto Violência Zero_2 vem assegurar a continuidade das iniciativas de prevenção e combate à violência de género. Tem quatro vertentes complementares: apoiar as vítimas, reeducar

os agressores, incrementar o nível de consciencialização da comunidade e promover a especialização de competências dos/as profissionais das organizações públicas e privadas

da região, com intervenção nesta temática.

O Projeto Violência Zero 2 é apoiado pela CIG – Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, através do eixo 7 do POPH.

1.4.4 PROJETO QUERO SER MAIS E6G

Este projeto é financiado no âmbito da 6ª Geração do Programa Escolhas e vem dar continuidade à intervenção para a inclusão social de crianças e jovens que vem sendo desenvolvida na freguesia do Tortosendo desde 2010.

Decorrerá até dezembro de 2018 e tem como objetivo geral contribuir para reforçar as competências pessoais e sociais das crianças e jovens do Tortosendo oriundas de famílias

socio-economicamente vulneráveis e para melhorar os contextos desfavorecidos onde vivem, de forma a proporcionar mais oportunidades para o seu futuro e para a sua realização como pessoas e cidadãos.

Figura 9: Logotipo Violência Zero Fonte: http://www.coolabora.pt

Figura 10: Logotipo Quero Ser mais E6G Fonte: http://www.coolabora.pt

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15

A CooLabora assume no projeto o papel de entidade gestora do projeto e o Agrupamento de Escolas Frei Heitor Pinto as funções de entidade promotora. São ainda parceiros: AEBB, ACES Cova da Beira - UCSP do Tortosendo, Câmara Municipal da Covilhã, Centro de Convívio e Apoio à Terceira Idade, CPCJ da Covilhã, Junta de Freguesia de Tortosendo e Modatex.

1.5. Serviços

1.5.1 Consultoria

A Coolabora dispõe de um serviço de Consultoria baseado em metodologias inovadoras.

Estudos e projetos:

 Elaboração de estudos e projetos de intervenção social;

 Preparação de candidaturas a programas de financiamento;

 Apoio à gestão de projetos;

 Acompanhamento e avaliação.

Desenvolvimento organizacional:

 Montagem e desenvolvimento de redes e parcerias;

 Produção de manuais de acolhimento e de procedimentos;

 Consultoria em processos de certificação da qualidade;

 Desenvolvimento da Responsabilidade Social de organizações.

1.5.2 Formação

A CooLabora é uma entidade formadora acreditada pela DGERT - Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho.

Estão abertas as inscrições na Ação de Formação "Planeamento e Sustentabilidade no Terceiro Sector"

Plano de Formação:

 Relacionamento interpessoal;

Figura 11: Grupo de jovens que frequentam o CID (Centro de Inclusão Digital)

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16  Motivação e liderança;

 Dinâmica de grupo e trabalho de equipa;

 Igualdade de género;

 Planeamento e áreas funcionais da organização;

 Aplicações informáticas de gestão do pessoal;

 Administração das organizações;

 Gestão da qualidade - evolução e normas do sistema.

Plano de formação para IPSSs e técnicos/as de intervenção social:

 Planeamento estratégico e elaboração de candidaturas;

 Relacionamento interpessoal e gestão de conflitos;

 Animação em lares e centros de dia;

 Participação dos/as encarregados/as de educação e da comunidade.

1.5.3 Serviços e Organização de Eventos

A CooLabora dispõe de serviços de organização de eventos e atividades, nomeadamente:

 Organização de seminários, congressos, workshops, etc.;

 Dinamização de atividades de animação em instituições de apoio à 3ª idade.

1.6 Recursos Humanos do projeto (CID)

 Tânia Araújo: Coordenadora

 Antónia Silvestre: Técnica

 Patrícia Arrais: Formadora TIC

 Diogo Proença: Dinamizador comunitário

 Adriana Pereira: Estagiária (Animação Sociocultural)

 Ariadna Sierra: Estagiária (Serviço Social)

 Fabiana Massano: Estagiária (Psicologia)

 Inês Dias: Estagiária (Psicologia)1

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17

Capítulo II

Contextualização Teórica

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18

2.1 Animação sociocultural em Portugal

A UNESCO define a animação sociocultural como um conjunto de práticas/condutas sociais que visam estimular e incitar a iniciativa e a participação das populações no processo do seu próprio desenvolvimento e na dinâmica global da vida sociopolítica em que estão integradas.

Entende-se por animação qualquer ação com dimensão social, cultural e educativa que tenha por objetivo dinamizar programas junto das populações, noção que, em Portugal, encontra algumas ramificações no início do século XX. As Escolas Móveis, por exemplo, cuja intervenção se articulava já a processos educativos não formais, consistiam numa modalidade educativa itinerante que procedia a uma ação alfabetizadora.

A existência de inúmeros prenúncios de animação encontra-se, ainda, em muitas ações dos âmbitos cultural, social e educativo, durante a permanência da primeira república portuguesa, nomeadamente através das universidades livres e universidades populares que visavam promover, essencialmente, uma ação educativa.

Destacam-se também a ação meritória do movimento associativo, as sociedades de cultura e recreio, o cooperativismo, o sindicalismo, o catolicismo social e o laicismo educativo.

2.2 Origem e evolução da animação sociocultural em Portugal

Não é possível identificar, de uma forma precisa, a origem da animação em Portugal, ou atribuir uma cronologia ao que hoje designamos de animação. Sabe-se, que sempre houve diferentes tempos na vida das pessoas. Um tempo para o trabalho e um tempo para o lazer.

Devido ao facto de Portugal ter estado sob o domínio de um regime totalitário entre 1926 e 1974, o Estado Novo, a animação sociocultural entendida como uma participação comprometida com o processo de transformação da sociedade só emergiu após o 25 de Abril de 1974. Atualmente, encontramo-nos numa fase de globalização, o que conduz a animação a intervir num quadro que integra e eleva o ser humano a participar nos desafios que se lhe deparam, tornando-o protagonista e promotor da sua própria autonomia.

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19

2.3 Âmbitos de animação sociocultural

A perspetiva tridimensional respeitante às estratégias de intervenção da animação sociocultural são as seguintes:

 Dimensão etária: infantil, juvenil, adultos e idosos;

 Espaço de intervenção: animação urbana, animação rural;

 Pluralidades de âmbitos ligados a setores de áreas temáticas: educação, saúde, desporto, cultura, lazer, ação social, património, turismo e ambiente.

A animação sociocultural, através dos diferentes âmbitos e com a realização de programas que respondam a diagnósticos previamente elaborados e participados, constitui um método para levar as pessoas a autodesenvolverem-se e, consequentemente, reforçarem os laços grupais e comunitários.

2.4 Animação sociocultural e conceitos afins

A animação sociocultural relaciona-se a áreas nucleares e complementares que se afiguram cruciais para a sua intervenção, como é o exemplo da educação, entendida numa conceção que ultrapassa o espaço da escola e se estende à vida.

Na educação formal, a estratégia da animação sociocultural é operar como um meio para motivar, complementar, articular saberes e potenciar aprendizagens envolventes. A educação não formal corresponde à esfera de atuação da animação sociocultural, entendida como um conjunto de práticas que se realizam fora do espaço escolar, portanto, associada à ideia de uma educação em sentido permanente e pertencente com o ciclo da vida da pessoa. A educação informal considera a família e a comunidade como agentes educativos.

2.5 O papel do animador

A cada dia que passa aumenta o volume de contradições e desafios que se colocam aos animadores, contradições que resultam dos inúmeros paradoxos atuais, nomeadamente, elevadas manchas de pobreza num quadro de aparente desenvolvimento económico, muita comunicação mecânica e pouca comunicação humana, muita cultura cibernética e pouca cultura literária.

A função do animador é útil nas chamadas sociedades desenvolvidas, no sentido de responderem ao alto absentismo existente, pois o bem-estar económico não tem

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20

implicação direta com uma evolução educativa, social e cultural. Assim, a intervenção dos animadores socioculturais é relevante na humanização das relações. Atualmente, há homens e mulheres que vivem, mas que não convivem; homens que se “atropelam”, mas que não se olham; homens e mulheres que morrem perante olhares indiferentes.

Animar constituirá agora e sempre um ato de comunicação, de interação e promoção da vivência a partir da convivência, da ação com reflexão, o que comporta formas inovadoras nos planos social, cultural, educativo e político.

A animação como método ativo e vivo tem como princípio fundamental animar as aprendizagens através de fóruns de discussão, tornar os espaços vivos, transformando os livros armazenados em prateleiras, em histórias vivas com muitas vidas cheias de expressividade, transformando museus, sem vida, em espaços de cultura viva. Uma formação para a animação requer um currículo centrado em conteúdos, técnicas e recursos para a ação da animação.

Relativamente a Animação Sociocultural e conceitos afins importa aqui referir e analisar as relações da Animação Sociocultural com as áreas que a complementam, com as quais tem uma afinidade conceptual ou ainda com as áreas nas quais a Animação Sociocultural ocupa uma função central. Estas relações constituem um fator vital, na hora de intervir, e compreendem a trilogia educacional formada a partir da educação formal, educação não formal e educação informal.

Na educação formal, a estratégia da Animação Sociocultural é operar como um meio para motivar, complementar, articular saberes e potenciar aprendizagens envolventes.

A educação não formal corresponde à esfera de atuação da Animação Sociocultural, entendida como um conjunto de práticas que se realizam fora do espaço escolar, portanto, associada à ideia de uma educação em sentido permanente e atinente com o ciclo da vida da pessoa.

A educação informal considera a família e a comunidade como agentes educativos. Há também que ter igualmente presente a estreita ligação fundada numa relação de filiação entre a Animação Sociocultural e a Educação Popular. De referir, dada a importância para a história da Animação Sociocultural em Portugal, um conjunto de ações promovidas em diferentes âmbitos, em que, através dos métodos ativos da Animação, foi possível promover a educação comunitária, educação para a saúde, educação intercultural e educação para o ócio e tempo livre.

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21

Além destas, contemplamos ainda áreas ligadas ao código genético da Animação Sociocultural sem as quais não é possível falar em programas de Animação, como sejam, a democracia, a participação e o voluntariado. A Animação Sociocultural liga-se a áreas nucleares e complementares que se afiguram essenciais para a sua intervenção, como é o exemplo da educação, entendida numa conceção que ultrapassa o espaço escola e se estende à vida, ao seu pulsar e onde a articulação da educação com programas de Animação procura um mundo de homens livres, solidários, conscientes, participantes e comprometidos com o seu/nosso mundo, voluntários de causas nobres e lutadores de ideias e por ideais assentes nas convicções de uma democracia que cumpra e realize os desideratos sociais, económicos, culturais, políticos e educativos.

Homens educados e formados de uma forma dialógica com as pessoas e o mundo, numa valorização permanente da vida vivida em comunhão. Uma educação que projete, pela via da Animação, homens portadores da boa esperança, seres que possam e devam assumir a sua voz, a sua opinião, a sua vontade e que vivam no respeito pelas suas diferenças e semelhanças, sem temerem olhar para o lado, homens que sejam cidadãos com cidadania e que se exprimam sem temerem os poderes instituídos. Ser livre é assumir a liberdade de poder dizer o que se pensa de forma responsável.

Uma Animação que, através dos postulados das diferentes áreas afins da Animação, leve o homem a partilhar saberes, vivências, a interagir e estabelecer relações interpessoais profícuas, lutando contra a incomunicabilidade, o medo e a mordaça.

2.6 O Futuro da Animação Sociocultural

Na atualidade a Animação Sociocultural, em Portugal, e em diferentes contextos do mundo, encontra-se num estádio de evolução cuja complexidade importa refletir mediante um discurso que revele a validade e a imprescindibilidade sociais da sua atuação. Este dever imperioso inscreve-se numa cidadania ativa que urge desenvolver face aos muitos problemas existentes na sociedade portuguesa e que nunca é demais recordar:

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22

• Debilidade dos movimentos sociais, nomeadamente: associações, sindicatos, organizações populares de base, que num passado recente, respondiam às insuficiências do poder;

• Democracia calendarizada, ritualizada e desligada do sentido da vida quotidiana e cada vez mais ligada a um sistema partidocrático fraturante e leitor de uma realidade parcial;

• Delegação representativa em vez de participação assumida pela via do compromisso social;

• Gestão cultural do produto em vez da cultura do processo;

• Visão multicultural e intercultural desligada de uma valorização educativa cada vez mais associada a fenómenos de exclusão;

• Desigualdades sociais geradoras de injustiças gritantes, onde há pensionistas a auferirem mais de 18.000 euros e outros a viverem com uns míseros 150 euros;

• Ausência de uma cultura da vivência e da convivência, predominando uma “cultura” virtual alienante, desfasada da vida e assente no virtual, onde as pessoas vivem a partir da vida dos outros;

• Comunicação mecânica, onde se fala a partir do telemóvel, da Internet, impedindo a pessoa do diálogo humano;

• Consumismo irracional, revelador de um símbolo assente no primado do ter em relação ao ser;

•Dependência de fármacos, nomeadamente antidepressivos, geradores de dependências psicossomáticas, devido à ausência de programas de Animação Sociocultural fomentadores de convívio e promotores de uma vida com sentido;

• Desintegração do meio rural e grande concentração humana na faixa litoral do território, provocando desequilíbrios ambientais, culturais, sociais;

• Desagregação do sector primário e debilidade do sector produtivo secundário, originando uma concentração de recursos humanos na área dos serviços, causadora de desajustes no tecido social;

• Apologia do passatempo e do “mata tempo” no centro comercial, segundo os ritmos da “cultura do Shopping”, onde se vai para ver e comprar o que se precisa, mas

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também o que se não necessita e, onde se assiste a um movimento de pessoas sem laços humanos e à exclusão social entre os que veem e os que compram.

Ao refletirmos sobre o futuro da Animação Sociocultural, em Portugal, estranha e preocupadamente temos a noção do paralelismo entre o que existe na atualidade e o que esteve na origem da Animação Sociocultural e, então, lembramo-nos das marcas trazidas pela história e que são, entre outras: o problema do êxodo rural e os respetivos problemas de integração, os problemas associados à comunicação interpessoal e a necessidade de promover programas que valorizem a inter-relação humana, o problema do défice de participação e a necessidade de promover programas de Animação Sociocultural, tendo em vista o fomento de uma participação comprometida com o desenvolvimento e a autonomia das pessoas. Não somos defensores das teorias transmissoras da ideia de que a história se repete, contudo, somos crentes do princípio que, embora a história seja irrepetível, existem problemas no seio das comunidades que só podem ser superados pela ação solidária de laços comunitários.

Entendemos que o futuro da Animação Sociocultural exige responder aos inúmeros desafios da desertificação rural, grande densidade urbana, focos de marginalidade, grupos com necessidades educativas especiais, animação do tempo livre e do tempo de ócio de crianças, jovens, adultos, terceira idade; uma animação que responda, ainda, à articulação dos espaços educativos formais, não formais e informais.

Uma Animação Sociocultural que leve o ser humano a libertar-se e a descobrir o seu próprio caminho e sem ninguém lhe dizer vem por aqui.

2.7 Código Deontológico do Animador

Segundo Carlos Alexandre Costa na APDASC o Código Deontológico do animador sociocultural in As fronteiras da animação sociocultural os princípios básicos são:

1-“Confiança na pessoa” - O animador sociocultural tem confiança na pessoa,

acreditando que qualquer indivíduo pode ser o protagonista no seu próprio processo de desenvolvimento e no do grupo. Esta confiança na pessoa parte do princípio de que todos são capazes de dar contributos relevantes para o grupo. Este princípio contribui para que seja formado um auto conceito positivo, favorecendo o próprio desenvolvimento da pessoa.

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A Animação Sociocultural parte da base de que todos podem iniciar um processo de mudança que os torne conscientes da realidade em que vivem e do futuro que querem para si.

O animador sociocultural, ao promover e mobilizar recursos humanos mediante um processo participativo, estimula as potencialidades implícitas nos indivíduos, permitindo descobrir os grupos e comunidades, ou seja, aflorar e fazer renascer as possibilidades que cada pessoa tem em estado potencial.

2- “Confiança no grupo” - O animador sociocultural tem confiança no grupo,acreditando na riqueza do grupo, na relação do diálogo que enriquece e potencia a pessoa. É no grupo que os indivíduos são estimulados a participar nas tomadas de decisões do próprio grupo. O traço que melhor caracteriza a Animação Sociocultural é a participação na tomada de decisões, precedida da informação e criação de grupos de opinião.

A Animação Sociocultural, ao promover e mobilizar recursos humanos mediante processos participativos, canaliza as potencialidades dos indivíduos para grupos e comunidades.

3- “Confiança na ação social e política”

A Animação Sociocultural está presente em associações de todo o tipo, nas quais os cidadãos podem encontrar-se para realizar iniciativas, defender os seus direitos, expressar as suas opiniões e confrontar ideias. Estas associações atuam como forças configuradoras e dinamizadoras da vida social, partindo do pressuposto de que nenhuma pessoa pode alcançar a plenitude humana enquanto não seja capaz de trabalhar na transformação da sociedade em que vive.

Assim, e tendo em conta os princípios mencionados, a Animação Sociocultural

integra três processos conjuntos:

4 - “Desenvolvimento”: Uma vez que pretende criar os meios e as condições

necessárias para que qualquer pessoa ou grupo social possa resolver os seus problemas. Provoca a busca e interrogação constantes, bem como a tomada de consciência da sua própria situação.

Relacionamento do ser humano consegue mesmo, com as obras e seus criadores: A

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5 –“Criatividade”: A Animação Sociocultural pretende fomentar a criatividade e o

desenvolvimento de iniciativas, tanto individuais como coletivas.

Os princípios mencionados, confiança na pessoa, no grupo e na ação social e política, são eixos essenciais em torno dos quais se move a Animação Sociocultural. A pessoa e a sua capacidade de iniciativa constituem o motor fundamental que contribui para o enriquecimento dos diferentes grupos sociais. O protagonismo que a sociedade civil vai adquirindo é propício a novas modalidades de mudança e transformação.

A Animação Sociocultural é o conjunto de práticas desenvolvidas a partir do conhecimento de uma determinada realidade, que visa estimular os indivíduos, para a sua participação com vista a tornarem-se agentes do seu próprio processo de desenvolvimento e das comunidades em que se inserem. A Animação Sociocultural é um instrumento decisivo para um desenvolvimento multidisciplinar integrado dos indivíduos e dos grupos.”

2.8 Animação Comunitária

Encaramos a Animação Comunitária como uma forma de ação sociopedagógica que visa a transformação social, o desenvolvimento através da participação, surge-nos como uma tecnologia social que tem a sua formação nas diferentes Ciências Sociais.

Podemos definir Animação Comunitária como um processo sociopedagógico que permite criar as condições para alcançar a transformação social e desenvolvimento, através da participação dos cidadãos na sua comunidade e também como uma educação não formal centrada nos interesses e necessidades das comunidades.

A Animação Comunitária trabalha no sentido de transformar o tempo desocupado das pessoas em tempo útil de socialização. Neste contexto, é fundamental falar do

conceito de Comunidade. Define-se Comunidade como:

uma forma de vida antiga que se desenvolveu a partir da agregação de famílias num mesmo espaço, caracterizando-se por uma coesão social baseada em laços de sangue, de amizade, de costume e de fé.

Outra definição de Comunidade é aquela que é dada por Ezequiel Ander-Egg, o qual afirma que:

A Comunidade é um agrupamento organizado de pessoas que se percebem como a unidade social, cujos membros participam de algum traço, elemento, interesse, objetivo

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26

ou função comum, com consciência de pertença, situados numa certa área geográfica na qual a pluralidade de pessoas interage mais intensamente entre si do que em outros contextos.

Assim, a Animação Comunitária visa promover um sistema de auto-desenvolvimento que a curto prazo permite aos beneficiários melhorar as suas condições de vida.

Pode-se também dizer que a Animação Comunitária respeita os participantes das ações, os seus ritmos, os seus conhecimentos, visto que cada ser humano apenas se realiza em liberdade, sem pressa e sem modelos impostos.

Em suma, a Animação Comunitária consiste em auxiliar a comunidade na procura da solução para os seus problemas, assegurando que os seus projetos têm continuidade junto da comunidade.

2.9 A Animação Sociocultural desenvolve programas, projetos e

atividades orientadas à transformação

A animação combina três processos sociais básicos:

 Educação integral (educação continua, gerada a partir de experiências e relações

comunicativas entre os indivíduos);

 Participação do cidadão (participação direta do indivíduo em grupos sociais,

redes, comunidades onde vivem. A participação permite a cada indivíduo aceder à gestão, organização e decisão).

 Criação cultural (é uma expressão coletiva de respostas práticas para o indivíduo

se adaptar e inovar nas relações da vida coletiva. Desenvolvendo o espírito participativo e comunicativo a fim de melhorar a qualidade de vida do indivíduo. A ASC desenvolve programas, projetos e atividades focando-se em 3 âmbitos: O âmbito socioeducativo que abrange todas as práticas relacionadas com a educação e as atividades extracurriculares. Uma animação entendida como ação educativa não formal de pessoas: crianças, jovens adultos, de modo a que eles amadureçam a partir de um projeto educativo integral. A educação integral consiste numa aprendizagem experiencial, participativa ativa e comunicação interpessoal e grupal.

O âmbito sociocultural e cultural que coloca a sua ênfase no desenvolvimento de programas sociais e culturais de intervenção.

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O âmbito do bem-estar social e do desenvolvimento comunitário que envolve a prática da participação solidária social, de promoção dos mais desfavorecidos, bem como um meio de prevenir as desigualdades socias.

2.10 Objetivos gerais de uma intervenção sociocultural

A intervenção de um projeto só será válida se seguir os seguintes passos compatíveis com o objetivo de ASC. Neste sentido a intervenção sociocultural pretende atingir três grandes objetivos:

 Melhorar a qualidade de vida de uma comunidade ou coletivo, através do

desenvolvimento do lazer, comunicação e a expressão pessoal ou coletiva.

 Promover a participação e a organização da comunidade a fim de fortalecer o

tecido social “cimentando” uma sociedade democrática.

 Aumentar e otimizar os recursos existentes no ambiente com vista ao

desenvolvimento da sua população.

2.11 A avaliação nas intervenções em Animação Sociocultural

A parte mais complexa de um projeto é de facto a sua avaliação, pelo critério da efetividade. Esse critério definido pela capacidade que os resultados do projeto têm de produzir mudanças significativas e duradouras no público beneficiário, através da avaliação podemos perceber se o(s) problema(s), necessidade(s) po público-alvo foram realmente resolvidas.

É importante analisar como as coisas eram antes do projetos ser executado e depois de ser executado, quais foram as alterações ou não.

No fundo a avaliação é a atribuição de um valor que mede o grau de eficácia, eficiência e efetividade do projeto. Assim compreendida, compara dados de desempenho, identifica processos e resultados.

A avaliação deve ser vista como um procedimento que permite aprimorar as ações e sobretudo manter uma relação de transparência como o público-alvo e sociedade em geral no que se refere aos seus processos e resultados.

2.12 Comissão para a Igualdade de Género

Após a I Conferência sobre as Mulheres, em 1975, verificou-se uma tomada de consciência, a nível internacional, da necessidade de mecanismos institucionais para o

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progresso da situação das mulheres e começou a esboçar-se uma primeira definição do papel e funções que devem desempenhar. Em alguns casos, porém, a sua existência era anterior. Foi o caso de Portugal.

Remonta a 1970 a criação de um Grupo de trabalho para a Participação da Mulher na Vida Económica e Social, o qual foi seguido em 1973 pela criação da Comissão para a Política Social relativa à Mulher. Tinha um carácter consultivo e o seu principal trabalho consistiu no levantamento das discriminações legais contra as mulheres e elaboração das primeiras propostas de alteração no direito da família e legislação de trabalho.

Após a Revolução de 1974 a Comissão permaneceu, até que em Janeiro 1975 foi substituída pela Comissão da Condição Feminina, uma iniciativa de Maria de Lourdes Pintassilgo, que presidira aos grupos anteriores e era então Ministra dos Assuntos Sociais. Foi neste âmbito que a Comissão foi estabelecida em regime de instalação O ano seguinte – 1975 – foi uma data marcante, a nível internacional, na evolução das questões relativas à condição feminina e à igualdade. Foi proclamado Ano Internacional da Mulher das Nações Unidas, realizou-se a I Conferência Mundial sobre as Mulheres na Cidade do México, aí se instituiu a Década das Nações Unidas para as Mulheres (1976-1985) e se aprovou o respetivo Plano de Ação Mundial.

As mesmas orientações foram retomadas em 1980 na II Conferência Mundial, que se realizou em Copenhaga e, de novo em 1985 na III Conferência, que teve lugar em Nairobi. O documento de Nairobi – Estratégias para o Progresso das Mulheres até ao

ano 2000 – fala da criação de mecanismos para a igualdade com a finalidade de avaliar a

situação das mulheres e contribuir para a formulação de políticas contra a discriminação, um mandato que é ainda vago e difuso.

Mandato que será muito mais claro e incisivo 10 anos mais tarde, em 1995 quando se faz a avaliação da década. Há um claro reforço da sua importância na Plataforma de Acção de Pequim, o texto adotado na IV Conferência Mundial sobre as Mulheres.

O mesmo acontece, posteriormente, em 2000, por altura da Sessão Especial da Assembleia Geral, habitualmente conhecida por Pequim+5, em que se atualizam e reforçam as orientações programáticas nesta matéria. Aí se considera que a existência de mecanismos nacionais é um aspeto prioritário das políticas para a igualdade, um

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instrumento sine qua non para se avançar no caminho da igualdade. Por isso esta é uma das chamadas “áreas críticas” ou prioritárias da Plataforma.

Verifica-se, por outro lado, neste percurso uma mudança significativa de perspetiva no que se refere à igualdade e aos mecanismos necessários para a alcançar. De uma perspetiva de “eliminação da discriminação” passa-se para uma outra que é a de “avançar no caminho da igualdade”.

A situação nacional acompanha algumas destas diretrizes internacionais. Após a época da Revolução de Abril, regista-se, em primeiro lugar, uma coincidência feliz entre o nacional e internacional. Vive-se entre nós uma época de agitação e perturbação, de rutura com o passado, mas também de novas perspetivas, de idealismos e até utopias, o que abriu a possibilidade de se avançar mais depressa nesta, como em outras áreas. Para isso contribuiu de modo decisivo a nova Constituição de 1976, que estabelece a igualdade para homens e mulheres numa multiplicidade de domínios e possibilita a criação de um quadro jurídico novo no que às mulheres e à igualdade se refere.

A Comissão da Condição Feminina, em regime de instalação desde 1975, é institucionalizada em Novembro de 1977, o diploma orgânico da Comissão, que estabelece os seus objetivos, bem como as suas atribuições e competências.

O grande objetivo é formulado em termos próprios do momento que se vivia, isto é, apoiar todas as formas de consciencialização das mulheres portuguesas e a eliminação das discriminações contra elas praticadas, em ordem à sua inserção no processo de transformação da sociedade portuguesa, de acordo com os princípios consignados na Constituição.

Naturalmente que este grande objetivo se desdobrava em 3 outros ainda teóricos, mas um pouco mais específicos:

1. Contribuir para a transformação da maneira de ser e de pensar dos homens e das mulheres, de modo a que toda a pessoa humana – homem ou mulher – goze de plena dignidade;

2. Alcançar a co-responsabilidade efetiva das mulheres e dos homens em todos os níveis da vida social portuguesa;

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3. Trabalhar para que toda a sociedade encare a maternidade como função social e assuma as responsabilidades que daí decorrem;

O diploma continha aspetos que hoje podem considerar-se francamente pioneiros e inovadores. Em particular a criação de um Conselho Consultivo com duas vertentes: a Secção Interministerial e a Secção de Organizações Não Governamentais, a qual parece traduzir a perceção da importância de dois conceitos que, mais tarde, viriam a ser formulados em termos de:

– mainstreaming – integração da dimensão de género em todas as políticas – necessidade de articular com sectores responsáveis pela elaboração de políticas setoriais

– partnership – parceria com sociedade civil, designadamente com organizações não governamentais

Há uma mudança de enfoque, de uma mera questão de justiça social – a desigualdade é uma injustiça – para uma questão de democracia e direitos humanos. Evolução que segue a linha entretanto defendida no âmbito do Conselho da Europa, em que em 1989 surge um conceito novo – o conceito de democracia paritária – que também faz o seu caminho entre nós.

É um conceito que assenta no reconhecimento da dualidade da humanidade, que é composta de homens e de mulheres, iguais em direitos e em dignidade, para além das diferenças que lhes são próprias.

Um conceito que reconhece e valoriza a diferença, combatendo a discriminação e a desigualdade que são noções totalmente opostas à primeira. Um conceito que exige a plena e igual participação de homens e de mulheres a todos os níveis da vida social e política, incluindo os níveis de decisão e de poder. Esta visão tem ecos significativos entre nós.

Entretanto, está-se no princípio dos anos 90 e depois de um longo processo de negociação é aprovado o novo diploma orgânico da Comissão, mais consentâneo com uma nova filosofia e com melhores possibilidades de intervenção, em meios, estrutura, competências, etc. É o Decreto-Lei 161/91, de 9 de Maio, que cria a Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres.

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Passa-se da formulação condição feminina – isto é, algo específico, que só às mulheres diz respeito, portanto algo separado, marginal e até com um tom um tanto fatalista – para as noções de Igualdade e Direitos das Mulheres. Igualdade, enquanto direito fundamental para mulheres e homens e objetivo a atingir; e por outro lado, a vertente dos direitos das mulheres, ainda particularmente relevante no nosso país, porque na situação de facto subsistia a discriminação e a menoridade em muitos aspetos.

A construção da igualdade de género torna-se, assim, uma questão de sociedade, de caráter global e multissectorial, uma questão eminentemente política, essencial ao progresso e ao desenvolvimento, sempre na linha de uma legitimação política cada vez maior destas questões a nível internacional.

De facto, os anos 90 são uma década de reflexão sobre grandes problemas do mundo. Recordo as grandes Conferências mundiais promovidas pelas Nações Unidas:

 1992 Ambiente e desenvolvimento (Rio)  1993 Direitos Humanos (Viena)

 1994 População e desenvolvimento (Cairo)

 1995 Desenvolvimento Social (Copenhaga) e também Pequim – IV Conferência Mundial sobre as Mulheres

 1996 Habitat

Em todas há a noção expressa, nas respetivas Declarações e Programas de Ação, de que a questão da situação das mulheres e da igualdade de género está no centro de muitos dos problemas do mundo contemporâneo e de que as soluções a encontrar para esses problemas passam necessariamente pela consideração desta dimensão – a dimensão de género. De novo, porque a Humanidade não é neutra, é constituída por homens e mulheres, as políticas que se adotam têm efeitos diferentes sobre uns e outras.

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Gender mainstreaming – (referido anteriormente)

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