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Modelagem matemática como estratégia de ensino no ensino médio: um olhar para as produções de um componente curricular do curso de matemática - licenciatura

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MODELAGEM MATEMÁTICA COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO NO

ENSINO MÉDIO: UM OLHAR PARA AS PRODUÇÕES DE UM

COMPONENTE CURRICULAR DO CURSO DE MATEMÁTICA -

LICENCIATURA

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Cleber Mateus Duarte Porciuncula2

Resumo: O presente artigo se constituiu a partir de uma pesquisa documental com abordagens qualitativas e

quantitativas, tem como objetivo problematizar e discutir a Modelagem Matemática enquanto estratégia de ensino para o Ensino Médio. A referida pesquisa considera como fonte de dados empíricos, produções elaboradas por acadêmicos do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no componente curricular Modelagem Matemática, nos anos de 2009 e 2010. Os dados coletados são confrontados e analisados a partir de discussões apresentadas pelos Documentos oficiais (BRASIL, 2002, 2006), (RIO GRANDE DO SUL, 2009) e de aportes teóricos de autores como, Ferruzi (2003), Kluber e Burak (2007), Borges e Nehring (2008), Borges (2010), entre outros. Nas referidas produções acadêmicas são considerados os conteúdos matemáticos abordados, os tipos de modelos matemáticos utilizados, as outras áreas do conhecimento envolvidas e as potencialidades de reflexões a partir da produção, a fim de perceber aspectos importantes da modelagem como estratégia de ensino. As conclusões deste artigo apontam que a Modelagem Matemática, como estratégia de ensino, pode contribuir com a etapa final da Educação Básica.

Palavras-chave: Ensino de Matemática, Metodologias/Estratégias de Ensino, Modelagem Matemática, Ensino Médio.

Introdução

Em nossa sociedade, o conhecimento de matemática é essencial nas mais diversas situações, desempenhando papeis importantes como o de apoio a outras áreas do saber, de instrumento para tratar de questões da vida cotidiana, e também, meio para desenvolver habilidades de pensamento.

Na etapa escolar de Ensino Médio, a matemática precisa ser vista como uma parcela de conhecimento essencial para a formação das pessoas, que contribui em processos importantes como: construção de visão de mundo, leitura e interpretação da realidade e desenvolvimento de capacidades necessárias na vida social e profissional (BRASIL, 2002). Com isso, percebe-se que esta etapa de ensino não pode mais ficar limitada a um ensino disciplinar de natureza enciclopédica, mas sim, buscar o desenvolvimento de certas habilidades e competências no conjunto das disciplinas.

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Este artigo foi elaborado para o Componente Curricular Prática de Ensino s/f Estágio Supervisionado V: Trabalho de Sistematização do Curso em Matemática – Licenciatura da UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, sob orientação da profª Isabel Koltermann Battisti .

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Acadêmico do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Campus Ijuí.

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2 Após a conclusão do Ensino Médio, é esperado que os alunos tenham condições de utilizar a Matemática na resolução de problemas do dia a dia e na modelagem de fenômenos ou situações diversas de outras áreas do conhecimento; que compreendam a Matemática como uma ciência com características próprias e como um conhecimento social e historicamente construído; e que percebam a importância dessa matemática no desenvolvimento científico e tecnológico (BRASIL, 2006).

Embora as finalidades do Ensino Médio estejam bem definidas em documentos oficiais, pesquisas apontam que existe um grande distanciamento entre o que é pretendido com esta etapa de ensino e o que de fato tem ocorrido nos últimos anos. Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC), em 2011, a taxa de reprovação no Ensino Médio foi de 13,1%, a maior já registrada desde 1999. Além disso, 9,6% dos estudantes abandonaram a escola nesta etapa. No primeiro ano a evasão foi de 11,8% e, no final do Ensino Médio, apenas 11% dos alunos tem uma avaliação considerada satisfatória na disciplina de matemática. Esses dados revelam que o referido nível de ensino não tem conseguido dar conta das demandas atuais da sociedade, por isso, há uma necessidade urgente de reestruturação do Ensino Médio, incluindo mudanças curriculares e metodológicas, inclusive na disciplina de matemática.

Em relação às metodologias de ensino da matemática, existem algumas correntes. Uma primeira corrente a ser destacada, identifica o ensino como a transmissão de conhecimento pelo professor, e a aprendizagem como mera recepção por parte do aluno. Se por um lado essa concepção de ensino pode atingir um grande número de alunos, ao mesmo tempo, por outro lado, os alunos precisam estar motivados na palavra do professor, o que é difícil de acontecer devido aos alunos estarem inseridos em uma sociedade repleta de outras motivações (BRASIL, 2006).

Uma outra corrente, ainda pouco explorada em nossos sistemas de ensino, tem o aluno como responsável por sua aprendizagem, pois o vê como ator principal deste processo. De acordo com essa corrente, a aprendizagem ocorre quando o aluno é submetido a situações de resolução de problemas, onde ele confronta suas concepções e constrói os conceitos pretendidos pelo professor. Neste contexto, o professor tem o papel de gerar as situações que possibilitem confrontos de concepções, fazendo com que o aluno tenha o papel de construtor de seu conhecimento matemático (BRASIL, 2006).

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3 Nos últimos anos, estudos na área de Educação Matemática têm apontado a idéia de Modelagem Matemática como um caminho para se trabalhar a matemática. Um aspecto importante a ser destacado sobre a Modelagem Matemática, percebida como estratégia de ensino, está no fato dela mobilizar no aluno várias competências, que possibilitam a ele produzir conhecimentos matemáticos. Segundo as Orientações Curriculares para o Ensino Médio, essas competências podem ser assim pontuadas:

Selecionar variáveis que serão relevantes para o modelo a construir; problematizar, ou seja, formular o problema teórico na linguagem do campo matemático envolvido; formular hipóteses explicativas do fenômeno em causa; recorrer ao conhecimento matemático acumulado para a resolução do problema formulado, o que, muitas vezes, requer um trabalho de simplificação quando o modelo originalmente pensado é matematicamente muito complexo; validar, isto é, confrontar as conclusões teóricas com os dados empíricos existentes; e eventualmente ainda, quando surge a necessidade, modificar o modelo para que esse melhor corresponda à situação real, aqui se revelando o aspecto dinâmico da construção do conhecimento (BRASIL, 2006, p. 85).

A Modelagem Matemática enquanto estratégia de ensino vem sendo discutida por muitos pesquisadores, tais como Barbosa (2001), Biembegut e Hein (2011), Borges e Nehring (2008), Ferruzzi (2003), Borges (2010), entre outros.

Segundo Barbosa (2001 apud MARTINS, 2009), a modelagem no ensino oportuniza aos alunos indagarem situações através da matemática, sem a utilização de procedimentos fixados previamente, possibilitando diversos encaminhamentos. Os conceitos matemáticos explorados vão depender do encaminhamento que vai sendo descoberto à medida que a atividade vai sendo desenvolvida pelos alunos. No entanto, algumas situações podem estar mais propícias a alguns conceitos matemáticos, mas, devido a natureza aberta das atividades de modelagem, não é possível garantir a ocorrência de um modelo matemático propriamente dito, na abordagem dos alunos, já que podem ser desenvolvidos encaminhamentos que não passem necessariamente pela construção de um modelo. Para Biembengut e Hein (2011), em um trabalho de modelagem existe conexão entre o que se aprendeu e o que se executou, e por isso os alunos e os professores tornam-se mais entusiastas com a possibilidade de transformar a escola, para que ela execute seu papel de preparação de indivíduos para atuação nos ambientes que os cercam. Em Borges e Nehring (2008), a modelagem é considerada um excelente recurso para a contextualização de conteúdos de matemática, e ao mesmo tempo contribui com elementos que auxiliam na ocorrência de uma aprendizagem significativa, já que possibilita a associação dos conteúdos aos significados externos à Matemática.

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4 Considerando os aspectos mencionados sobre Modelagem Matemática, muitos questionamentos podem ser levantados, mas o que por ora nos instiga é: De que forma a Modelagem, entendida como estratégia de ensino, pode contribuir com o ensino de matemática no Ensino Médio e com o Ensino Médio como um todo? Com base neste questionamento, no presente artigo são analisadas produções elaboradas por acadêmicos do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no componente curricular Modelagem Matemática, nos anos de 2009 e 2010, que envolvem o Ensino Médio, a fim de problematizar a Modelagem como estratégia de ensino.

O artigo está organizado da seguinte forma: no primeiro momento são apresentados os aspectos metodológicos deste trabalho, em um segundo momento, é de forma breve, apresentado o estado da arte sobre a Modelagem Matemática, vista como método de pesquisa e estratégia de ensino, logo em seguida são apresentados os resultados da pesquisa e sua análise, e por fim, as conclusões da pesquisa que embasam o presente artigo.

Aspectos metodológicos

O presente artigo utiliza a pesquisa documental como proposta metodológica de investigação. Segundo Oliveira (2007, apud SÁ-SILVA; ALMEIDA; GUINDANI, 2009), uma pesquisa documental é caracterizada pela busca de informações em documentos sem tratamento científico, como relatórios, reportagens de jornais, revistas, cartas, filmes, gravações, fotografias, entre outras matérias de divulgação. A pesquisa documental é semelhante a uma pesquisa bibliográfica, porém, a primeira é baseada em documentos que ainda não receberam um tratamento analítico, ou seja, são dados originais, enquanto que a segunda, é baseada em contribuições de diferentes autores sobre um mesmo tema, que já são de domínio científico.

Durante a pesquisa foram analisadas produções elaboradas por acadêmicos do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no componente curricular Modelagem Matemática, nos anos de 2009 e 2010, que envolvem o Ensino Médio.

Para analisar as produções acadêmicas, as mesmas foram verificadas página por página, com uma leitura cuidadosa, acompanhada de registros e anotações, a fim de identificar algumas informações. Tendo estas informações organizadas, as mesmas foram

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5 tabuladas e analisadas quantitativamente e qualitativamente, com base em discussões apresentadas em documentos oficiais (BRASIL 2002 e 2006, RIO GRANDE DO SUL, 2009) e produções de autores como Ferruzzi (2003), Kluber e Burak (2007), Borges e Nehring (2008), Borges (2010), entre outros.

Foram analisadas 34 produções acadêmicas, cujos dados foram registrados e organizados em uma planilha no aplicativo Microsoft Excel considerando sete campos/itens:

título e ano da produção, temática e problema, tipo de modelo, conteúdos matemáticos envolvidos, outras áreas do conhecimento envolvidas, as possibilidades a partir do trabalho e referências bibliográficas. Após a realização do registro de todas as produções, foram

atribuídos filtros aos sete campos da planilha, a fim de possibilitar a filtragem dos registros e assim, classificá-los e quantificá-los, já que cada campo apresentava diferentes itens. Por exemplo, o campo tipo de modelo utilizado apresentava os seguintes itens: análise técnica, matemática financeira, etc.; o campo conteúdos matemáticos envolvidos apresentava os seguintes itens: função linear, função quadrática, etc.; o campo outras áreas de conhecimento apresentava os seguintes itens: Física, Geografia, etc.; e o campo potencialidades a partir do

trabalho apresentava os seguintes itens: interdisciplinaridade, reflexões econômicas, etc. A

partir desta classificação e quantificação, foi possível obter as incidências, em percentual, de vários itens, considerando todos os registros realizados. Por exemplo, de todos os trabalhos analisados e em relação ao campo conteúdos matemáticos envolvidos, houve uma incidência de 41,18% para a função linear, 32,35% para juros simples, 23,53% para matrizes, e assim por diante.

A partir dos dados empíricos produzidos e do referencial teórico considerado, surgiram as seguintes unidades de análise: conteúdos matemáticos, modelos matemáticos, outras áreas do conhecimento e contextualização e reflexões a partir da Modelagem Matemática.

Modelagem Matemática: concepções

A Modelagem Matemática (MM) pode ser aplicada de duas formas distintas, sendo utilizada como uma ferramenta para resolver problemas, ou então, utilizada como uma metodologia no processo de ensino e aprendizagem de matemática (FLEMMING; LUZ; MELLO, 2005). Na primeira forma a modelagem consiste em um método de pesquisa que começa a partir de um problema real relacionado a um conjunto de hipóteses, que origina um modelo matemático que possibilita soluções para o problema em questão.

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6 Na Figura 1 são apresentadas as etapas de um processo de MM, como um método de pesquisa, e logo a seguir as mesmas são descritas (FERRUZZI, 2003):

Figura 1: Etapas de um processo de MM como método de pesquisa.

FONTE: Ferruzzi, 2003, p. 38.

Definição de um problema: etapa onde é identificado o problema a ser estudado, a partir de

uma situação real.

Simplificação e formulação de hipóteses: etapa de verificação e seleção de variáveis de

modo a preservar as características do problema.

Dedução do modelo matemático: etapa em que a linguagem do problema é substituída por

uma linguagem matemática coerente. Este modelo pode ser representado por equações, fórmulas, tabelas, entre outros.

Resolução do problema matemático: etapa de busca de uma solução para o problema

formulado, a partir de recursos da matemática.

Validação: etapa de aceitação do modelo encontrado. Os dados reais são comparados com os

dados gerados pelo modelo. No caso do modelo não representar os dados de forma adequada, deve-se voltar à etapa de simplificação e formulação de hipóteses.

Aplicação do modelo: estando o modelo validado, o mesmo é utilizado para compreender,

explicar, analisar, prever ou decidir sobre o fenômeno em estudo.

A outra forma de aplicação da MM, bastante defendida por pesquisadores das áreas de educação, é como uma estratégia no processo de ensino e aprendizagem da matemática. A modelagem voltada para a educação teve origem na década de 60 nos Estados Unidos, na

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7 tentativa de proporcionar aos alunos experiências semelhantes àquelas vividas por cientistas. Em 1983 houve um movimento internacional nos Estados Unidos sobre a MM através do 1st

International Conference on the Teaching of mathematical Modelling and Aplications

(ICTM-1), evento que ainda ocorre periodicamente (FERRUZZI, 2003).

No Brasil, as primeiras divulgações sobre MM no Ensino Fundamental e Médio, se deram nas primeiras dissertações de mestrado do curso de pós-graduação em Educação Matemática da UNESP de Rio Claro em 1987. A partir desses trabalhos, muitos outros vêm sendo realizados em diferentes níveis de ensino, considerando a aplicação da modelagem como estratégia de ensino.

Um dos precursores no Brasil, em relação a estudos sobre a aplicação da MM no ensino regular, é chamado de Dionísio Burak. Uma de suas pesquisas, em 1992, contribuiu com o início de uma caminhada na busca de alicerces para a aplicação da MM no ensino, e ao mesmo tempo, para que o currículo de matemática e a formação do professor fossem repensados.

Na perspectiva de Burak (1998, 2004 apud KLUBER; BURAK, 2007), para o desenvolvimento de uma atividade com MM, são sugeridas cinco etapas: escolha do tema, pesquisa exploratória, levantamento dos problemas, resolução dos problemas e o desenvolvimento do conteúdo matemático no contexto do tema e, análise crítica das soluções.

Escolha do tema: o tema deve considerar atividades da realidade como, agrícolas, industriais,

de esportes, entre outras, e deve ser escolhido preferencialmente pelos alunos.

Pesquisa exploratória: após a escolha do tema, os alunos e o professor devem buscar dados e

informações referentes ao tema que se deseja investigar/pesquisar.

Levantamento dos problemas: com os dados coletados na fase anterior, os alunos são

incentivados a levantar questões pertinentes ao tema. Esta etapa é muito importante, pois desenvolve no aluno a capacidade de tomada de decisões, de formulação de hipóteses, e de questionamentos sobre as possibilidades de resolução de um problema.

Resolução dos problemas e o desenvolvimento do conteúdo matemático no contexto do tema: etapa onde se busca as respostas para os problemas levantados, com o auxílio do

conteúdo matemático, que deve ser posteriormente sistematizado. Nesta etapa podem surgir modelos matemáticos, mas não necessariamente, pois nesta concepção de modelagem objetiva-se explicar de forma matemática situações do cotidiano das pessoas, na busca de

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8 ajudá-las a fazer predições e tomar decisões (BURAK, 1987 e 1992 apud KLUBER; BURAK, 2007).

Análise crítica das soluções: etapa de críticas em relação à matemática, viabilidade e

adequabilidade das soluções encontradas. Esta etapa proporciona reflexões sobre os resultados obtidos no processo de modelagem e como eles produzem melhorias de decisões e ações.

Considerando ainda a MM como estratégia de ensino, afirma Ferruzzi (2003, p. 51):

Um dos objetivos do ensino da Matemática é preparar os jovens para atuarem de forma conhecedora e confiante em situações problemáticas do mundo real. A Modelagem Matemática é uma forma privilegiada de resolução de problemas advindos de fora do contexto da Matemática. Por outro lado, a matematização inerente à inúmeras atividades da vida dos cidadãos é amplamente reconhecida. Deste modo, justifica-se plenamente a preocupação em desenvolver nos alunos a capacidade de usarem a Matemática para uma compreensão mais eficaz das situações problemáticas que emergem do mundo que os rodeia.

Neste sentido, podem ser destacados alguns argumentos que justificam a utilização da modelagem matemática como estratégia de ensino (FERRUZZI, 2003):

Desenvolvimento de aspectos sociais: as atividades realizadas em sala de aula com a MM

são geralmente desenvolvidas com pequenos grupos de alunos. Nestas atividades, podem ser desenvolvidos aspectos importantes nos componentes do grupo, como por exemplo, senso de responsabilidade, senso de cooperação, capacidade de negociação, entre outros.

Reconhecimento do papel da matemática na sociedade: a matemática tem sido utilizada

como uma ferramenta para apresentar soluções para problemas sociais, sendo que em muitas situações, é encarada como a última palavra em função de dados estatísticos e resultados matemáticos (BORBA; SKOVSMOSE, 1997 apud FERRUZZI, 2003).

Para Blum (1991 apud FERRUZZI, 2003), a modelagem pode desenvolver certas competências e atitudes nos alunos, tornando-os criativos e hábeis em situações de resolução de problemas.

Aquisição de conceitos matemáticos e suas aplicações: apesar das melhorias feitas nas salas

de aula, é ainda encontrada uma forma de introdução de conceitos, na disciplina de matemática, a partir de definições, regras, e resolução de exemplos e exercícios baseados em situações fictícias, apresentando muitas vezes uma matemática sem sentido para o aluno (FERRUZZI, 2003).

Para Ponte (1991 apud FERRUZZI, 2003), apresentar novos conceitos considerando o mundo real, pode constituir uma situação concreta para o desenvolvimento de conceitos, e

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9 também uma função motivadora para o aluno. Nestes trabalhos com a MM, os alunos acabam geralmente se envolvendo muito com o problema real estudado, desenvolvendo neles um papel de pesquisador. Com este tipo de atividade, os alunos podem perceber sentido no que fazem, entendendo assim, a importância da matemática.

Desenvolvimento do conhecimento reflexivo: segundo Skovsmose (2001 apud FERRUZZI

2003), em um processo de MM ocorrem transições de linguagens. Ao ser considerada uma situação real, ocorre uma transição de linguagem quando esta situação é transformada em dados. Ocorre novamente uma transição de linguagem quando estes dados são transformados em um modelo matemático. Estas duas transições configuram oportunidades para desenvolver no aluno o conhecimento reflexivo, diante de uma atividade de MM.

Processos cognitivos desenvolvidos pelos alunos: Conforme Franchi (1993 apud

FERRUZZI, 2003), em uma atividade de MM o conhecimento construído a partir de modelos matemáticos, consiste em um saber contextualizado e com significado para o aluno. Nesse processo de construção, o aluno é o agente, já que ele é o responsável pela observação, pela coleta de dados, pela busca de soluções e tomada de decisões. Dessa forma, sendo o aluno o agente nesse processo de construção de conceito, este conceito pode ser facilmente resgatado, já que o aluno utilizou a sua estrutura cognitiva nesta construção.

Após uma breve descrição de um paralelo entre a MM como método de pesquisa e também, como estratégia de ensino, são apresentadas as análises deste artigo.

Modelagem Matemática: um olhar para as produções dos licenciandos

As análises deste artigo estão baseadas em dados de produções desenvolvidas por acadêmicos, no componente curricular chamado Modelagem Matemática, nos anos de 2009 e 2010, do um curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. A finalidade deste componente, de acordo com a ementa, é a prática e a análise da MM no ensino em relação à melhoria da aprendizagem dos conhecimentos matemáticos e suas aplicações. Diante da finalidade exposta na ementa, o plano de ensino do referido componente apresenta alguns objetivos: desenvolver a habilidade de modelar problemas usando linguagem matemática, desenvolver a capacidade de buscar informações nas diversas fontes (bibliográficas, especialistas, instituições, trabalhadores, etc.), enunciar problemas e resolvê-los usando a modelagem; viabilizar o relacionamento profissional entre os colegas, desenvolver a expressão oral e a escrita através da elaboração e

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10 apresentação de trabalhos, e por fim, relacionar os conceitos de Matemática com conceitos e assuntos de outras áreas do conhecimento.

A análise indica que a maioria das produções consideradas na pesquisa é marcada pelas fases de modelagem na perspectiva proposta por Burak (1998, 2004 apud KLUBER; BURAK, 2007), ou seja, possuem uma temática, uma pesquisa exploratória, a definição e a resolução de um ou mais problemas, e a análise crítica das soluções. Nas análises das produções, que são descritas a seguir, estão sendo consideradas as seguintes unidades de análise: conteúdos matemáticos, modelos matemáticos, outras áreas do conhecimento e contextualização e reflexões a partir da MM.

Conteúdos Matemáticos

Em relação aos conteúdos matemáticos indicados nos trabalhos analisados, podem ser citados, por exemplo: função linear, função quadrática, função exponencial, proporcionalidade, porcentagem, regra de três simples, juros simples, juros compostos, matrizes, geometrias, entre outros. Dentre todos os conteúdos sugeridos em cada trabalho, houve uma maior indicação da função linear, com uma incidência de 41,18%, conforme apresentado na Tabela 1.

Tabela 1: Incidência de conteúdos matemáticos em ordem decrescente.

Conteúdos matemáticos Incidência (%)

Função linear 41,18 Juros simples 32,35 Porcentagem 32,35 Matrizes 23,53 Regra de três simples 23,53 Tabelas 20,59 Geometria plana 17,65 Função exponencial 17,65 Gráficos 17,65 Geometria dos sólidos 14,71 Função quadrática 14,71 Função cúbica 5,88 Juros compostos 5,88 Sistemas lineares 5,88 Média aritmética 2,94 Estatística 2,94 Equação da reta 2,94 Plano cartesiano 2,94 Trigonometria 2,94 Distância entre dois pontos 2,94 Proporcionalidade 2,94 Fonte: Dados empíricos produzidos na pesquisa.

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11 Diante desses dados, pode ser confirmada a observação de Borges (2003 apud BORGES; NEHRING, 2008) e Barbosa (1999 e 2001 apud BORGES; NEHRING, 2008) quando afirmam que alguns conteúdos matemáticos são mais trabalhados do que outros em situações de MM, ou seja, a modelagem como um recurso didático encontra obstáculos para ensinar certos conteúdos e repete outros, muitas vezes utilizando o tempo escolar de forma indevida. Conforme Borges e Nehring (2008) isto origina uma barreira em relação a utilização da modelagem na escola, já que esta possui um currículo pré-definido. Neste currículo é considerada uma totalidade de conhecimentos matemáticos em relação aos conteúdos mínimos para cada nível de escolaridade, definidos por órgãos que gerenciam a educação, objetivando não prejudicar a formação do aluno. Também devido ao fato da modelagem ficar limitada a conteúdos matemáticos, presentes nos modelos matemáticos, ela pode ser prejudicial para a formação de alunos, principalmente para aqueles que vão continuar na área de ciências exatas. Diante dessas considerações, uma possível alternativa em relação a esta limitação da modelagem, é o seu uso juntamente com seqüências didáticas3.

As situações didáticas podem complementar a construção de conceitos, das sínteses e das sistematizações para o aprendizado escolar, que a modelagem não consegue contemplar de forma total. Dessa forma, o professor tem um grande desafio que é o de criar situações didáticas que propiciem ao aluno apropriar-se de certos conceitos matemáticos, que não é uma preocupação central da modelagem, sendo esta uma busca de significação externa para os conteúdos de matemática. Sendo assim, havendo uma complementaridade adequadamente planejada, entre a modelagem e situações didáticas, pode-se definir um processo de ensino eficiente no ensinar da matemática, e ao mesmo tempo abrangente, por abordar aspectos da realidade (BORGES; NEHRING, 2008).

A modelagem matemática ensina a matemática quando produz resultados que possibilitam a construção de conceitos. Porém, se a modelagem não possuir momentos bem definidos de sistematização, ela vai gerar um ensino parcial de conteúdos. Enfim, se for considerado como resultado da aplicação da modelagem, somente o modelar e o conhecer a realidade, está sendo descumprido o objetivo de se ensinar a matemática (BORGES; NEHRING, 2008).

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Ações de ensino compostas por situações didáticas, que refletem a intencionalidade por parte do professor em fazer com que os alunos se apropriem de certos conhecimentos de matemática (BORGES, NEHRING, 2008).

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Modelos Matemáticos

Verificando os trabalhos, foi possível perceber que diversos assuntos foram explorados. Devido a esta diversidade, surgiu um número considerável de modelos matemáticos. Modelos estes que podem ser classificados conforme sugerido por Borges (2010): modelos de natureza científico-tecnológica que representam aquecimento ou resfriamentos de corpos, pressão em câmaras de pneus, luminosidade em um ambiente, entre outros; modelos de matemática financeira que representam financiamentos, consórcios, entre outros; modelos de análise técnica de atividades como, medida de impurezas e secagem de produtos agrícolas, otimização na produção de queijo; e também, modelos de análise de

viabilidade econômica, utilizados para produzir e vender certo produto, como por exemplo,

galinhas, cucas, morangos, entre outros.

Dentre estes tipos de modelos, os modelos de análise de viabilidade econômica foram os mais trabalhados e tiveram uma incidência de 41,18%, conforme apresentado na Tabela 2.

Tabela 2: Incidência de modelos matemáticos em ordem decrescente.

Modelos Incidência (%)

Viabilidade econômica 41,18 Análise técnica 26,47 Científico-tecnológica 23,53 Matemática financeira 8,82 Fonte: Dados empíricos produzidos na pesquisa.

Segundo Borges (2010), modelos de análise de viabilidade econômica são de fácil compreensão e propiciam resultados importantes do ponto de vista prático, já que existe uma grande importância no fato do cidadão saber a margem de lucro de determinados produtos. Além disso, estes modelos podem ser melhorados a partir de ciclos de proposição-validação-proposição, até que representem a situação real com a precisão desejada. Como nem sempre há tempo e disposição para muitos destes ciclos na escola, é importante que o professor e os alunos combinem os objetivos da modelagem e definam os limites para melhoria dos modelos.

A análise de problemas de produção consiste em uma aula de Economia e cidadania, pois a partir do momento que os alunos têm um contato com processos de fabricação, comercialização, preços e impostos, eles entram em contato com problemas da realidade, e normalmente expandem suas visões sobre os objetos de pesquisa. O estudo de objetos característicos do local da escola, propicia um envolvimento maior dos alunos e os coloca em uma condição de pesquisadores do objeto, desenvolvendo neles um senso crítico em relação

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13 aos processos envolvidos no estudo do objeto, que possibilita em muitos casos situações de inovações (BORGES, 2010).

Uma outra questão importante a ser destacada sobre a utilização de modelos matemáticos, é que representar de forma sistemática situações da realidade em uma linguagem algébrica, proporciona ao aluno um entendimento das estruturas matemáticas como recursos importantes e eficientes para análise e tomada de decisões sobre a realidade (BORGES, 2010).

Outras áreas do conhecimento e contextualização

Nos trabalhos analisados, foi possível verificar que muitas outras áreas do conhecimento foram envolvidas, como por exemplo, Economia, Física, Geografia, Nutrição, entre outras. No entanto, a área que mais se destacou entre os trabalhos foi a de Economia, com uma incidência de 70,59%. Este dado faz sentido, uma vez que dentre os tipos de modelos matemáticos abordados nos trabalhos, se destacou o de análise de viabilidade econômica. As incidências das mais diversas áreas de conhecimento estão apresentadas na Tabela 3.

Tabela 3: Incidência das áreas do conhecimento em ordem decrescente.

Áreas do conhecimento Incidência (%)

Economia 70,59 Nutrição 23,53 Física 20,59 Agronomia 20,59 Ecologia 8,82 Engenharia elétrica 5,88 Engenharia da produção 2,94 Estatística 2,94 Geografia 2,94 Medicina 2,94 Biologia 2,94 Meteorologia 2,94 Fonte: Dados empíricos produzidos na pesquisa.

Conforme apresentado na Tabela 3, as mais diversas áreas de conhecimento foram abordadas nos trabalhos analisados. A integração com outras áreas do conhecimento é muitas vezes chamada de interdisciplinaridade, sendo antes de tudo, uma postura dialógica em relação a outras esferas de conhecimento (KLUBER; BURAK, 2007).

Em relação aos 34 trabalhos analisados, foram identificados 23 trabalhos (67,65%) com potencialidade para trabalhar-se com a interdisciplinaridade. A seguir são citados alguns

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14 exemplos das disciplinas que podem ser envolvidas de forma interdisciplinar, e o que estas disciplinas podem abordar, considerando os trabalhos analisados: Ciências, abordando questões ambientais, nutricionais, entre outras; Física, abordando grandezas físicas e fenômenos físicos; Química, abordando elementos químicos; Geografia, abordando fenômenos de migração, entre outros.

A possibilidade de trabalhar a interdisciplinaridade, verificada nos trabalhos de modelagem analisados, vem de encontro às orientações curriculares para o ensino médio, que manifestam que o currículo deste nível de ensino deve buscar a integração dos conhecimentos. Esta integração pode ocorrer a partir de trabalhos interdisciplinares que necessitam de atitudes de cooperação e compartilhamento de tarefas por parte dos professores. Embora estas atitudes ainda sejam pouco comuns nos trabalhos escolares e ainda configurem um desafio para os professores, ao serem trabalhadas, vão possibilitar o desenvolvimento de aptidões de contextualização e integração de saberes (BRASIL, 2006).

Segundo Brasil (2006), contextualização é uma possibilidade de ação do professor,

que objetiva estabelecer uma relação direta entre conteúdo e realidade. Além da contextualização ser utilizada para tornar um assunto mais atraente ou mais fácil de ser assimilado, deve também permitir ao aluno que compreenda a importância daquele conhecimento para a sua vida, o capacite a analisar sua realidade presente ou futura, caracterizando uma fonte inesgotável de aprendizado. Enfim, a contextualização permite ao aluno que desenvolva uma capacidade de observação e de compreensão de sua realidade, enxergando possibilidades de mudanças.

Nos trabalhos analisados verificou-se um maior envolvimento da área de conhecimento de Economia, já que os modelos matemáticos mais utilizados foram os de análise de viabilidade econômica. Isso indica que foram analisadas várias atividades econômicas e muitas destas, se supõe atividades do cotidiano dos acadêmicos, marcando dessa forma uma forte questão de contextualização. Conforme Brasil (2006), quando a realidade dos alunos, seus conhecimentos e experiências são considerados, o ensino de matemática fará sentido para o aluno. Dessa forma, percebe-se uma contribuição importante da modelagem, já que ela possibilita situações de contextualização, conforme é sugerido em processos de ensino, pelas orientações curriculares para o ensino médio.

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Reflexões a partir da modelagem matemática

Nos tópicos anteriores foram destacadas algumas contribuições da utilização da MM, enquanto estratégia de ensino, dentro do campo de Educação Matemática. Um outro aspecto importante a ser considerado com trabalhos de modelagem, é que estes podem contribuir para originar alguns tipos de reflexões4. Nos trabalhos analisados, foram identificadas algumas possibilidades de reflexões que podem ser conduzidas pelo professor, a partir da exploração dos assuntos ou temas abordados nos trabalhos. Na Tabela 4 estão apresentadas estas reflexões. Inclusive, outras disciplinas podem auxiliar nestas reflexões (interdisciplinaridade).

Tabela 4: Incidência de temáticas desencadeadoras de reflexões em ordem decrescente.

Temáticas Incidência (%) Econômica 79,41% Ambiental 26,47% Nutricional 23,53% Social 2,94% Saúde 2,94%

Fonte: Dados empíricos produzidos na pesquisa.

As temáticas apresentadas na Tabela 4 podem desencadear interessantes reflexões e contribuir, de alguma forma, na constituição de um aluno mais consciente de seu papel, de seus direitos, seus deveres e de suas obrigações no mundo em que ele está inserido. Isso está de acordo com algumas finalidades do Ensino Médio que são a preparação para o trabalho, preparação para o exercício da cidadania, formação ética, entre outras (BRASIL, 2006).

Um indivíduo que não pensa ou que não tem noções sobre a Economia, tão destacada e comentada nos mais diversos meios de comunicação; que não reflete sobre questões ambientais, como por exemplo, a destruição da natureza; que não se preocupa com sua alimentação; que não se relaciona; que negligencia sua saúde; é provável que jamais se constitua em um cidadão pleno.

Considerações finais

Este artigo abordou algumas contribuições da MM entendida como estratégia de ensino, no Ensino Médio. Estas contribuições estão baseadas na análise de produções acadêmicas que contém atividades de MM, considerando os seguintes tópicos: conteúdos matemáticos, modelos matemáticos, outras áreas do conhecimento e contextualização, e

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Atos de pensar sobre algo de forma abrangente e questionadora que levam um indivíduo a buscar diferentes perspectivas para analisar um mesmo fato.

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16 reflexões. A análise das produções permitiu evidenciar algumas questões importantes em relação à aplicação da MM enquanto estratégia de ensino.

Em relação aos conteúdos matemáticos, ficou evidenciada uma repetição de conteúdos matemáticos, indicando que atividades com a MM podem ocasionar uma utilização indevida do tempo escolar disponível. No entanto, segundo Borges e Nehring (2008), uma alternativa para sanar esta deficiência é a utilização da modelagem associada às sequências didáticas ou como parte delas, que admitidas na direção dos problemas modelados, formam uma rede de sequências que originam um ensino integrado, já que vários conteúdos são estudados no mesmo assunto da modelagem. Sendo assim, pode-se dizer que a MM contribui com o ensino de matemática, mesmo sabendo que a sua maior potencialidade seja a aplicação da matemática.

As produções acadêmicas analisadas mostraram que as mais diversas áreas do conhecimento foram envolvidas, o que estabelece grandes oportunidades de trabalhos com a interdisciplinaridade que é tão sugerida por documentos oficiais que orientam o Ensino Médio.

Para a realização das produções acadêmicas, é suposto que os acadêmicos tiveram a oportunidade de escolher os temas ou assuntos a serem pesquisados, ou seja, foram escolhidos aqueles de maior interesse do acadêmico. Esta opção possibilitada pela MM pode se revelar um aspecto muito importante, pois os alunos podem escolher temas que poderão levá-los a vivenciar situações que já sejam de seu conhecimento ou que sejam do seu cotidiano, ou ainda, situações que exijam alguma experiência que o aluno já possui. Com isso serão possibilitadas contextualizações de situações-problema, sendo o aluno considerado como um ser que pensa e possui liberdade de expressão, conforme é sugerido em Rio Grande do Sul (2009). Sendo assim, destaca-se mais uma contribuição da MM, a qual, segundo Borges e Nehring (2008), é um recurso importante na contextualização de conteúdos e ao mesmo tempo, na ocorrência de uma aprendizagem significativa já que relaciona conteúdos matemáticos aos significados externos à matemática.

Os modelos mais utilizados nas produções analisadas, foram aqueles de análise de viabilidade econômica de uma atividade. Segundo Borges (2010), estes modelos são de fácil compreensão, mas possuem grande potencial para a exploração de conceitos de matemática do Ensino Médio. Além disso, análises que determinam os resultados para uma determinada atividade, podem despertar ou não um interesse no aluno, em dedicar-se a esta atividade

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17 econômica, fazendo com que ele perceba a eficiência da modelagem na tomada de decisões, e ao mesmo tempo reconheça o papel importante da matemática na sociedade.

As reflexões que podem ser possibilitadas a partir de trabalhos com a modelagem, também constituem uma boa ferramenta para desenvolver um pensamento crítico nos alunos.

Embora não tenha sido abordado neste artigo, um fato importante que tem merecido atenção atualmente, dentro do campo da educação, é que o estado do Rio grande do Sul implementou a partir do início deste ano, o chamado Ensino Médio Politécnico. Esta mudança na etapa final da Educação Básica traz uma nova proposta político-pedagógica que tem o objetivo de fazer com que o ensino das áreas do conhecimento dialogue com o mundo do trabalho, interaja com suas tecnologias, etc., construindo uma nova identidade para o Ensino Médio, já que este até então tem apresentando sérios problemas, como altas taxas de abandono, de defasagem entre idade e série, reprovação, etc. Nesta nova proposta, deverão ser incorporados projetos de pesquisa na prática pedagógica, a fim de dar conta das demandas ou realidades a serem transformadas. Neste sentido, segundo Brasil (2006), o trabalho com projetos de pesquisa é uma alternativa que pode ser trabalhada considerando a MM como estratégia de ensino, portanto, percebe-se mais uma situação em que a MM pode vir a contribuir com o ensino de matemática no referido nível de ensino.

Referências

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BORGES, Pedro Augusto Pereira; NEHRING, Cátia Maria. Modelagem Matemática e Seqüências Didáticas: uma relação de complementaridade. Revista Bolema, Rio Claro (SP), Ano 21, n. 30, p. 131-147, 2008.

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Pós-18 Graduação em Engenharia de Produção. Universidade Federal de Santa Catarina, SC, Brasil, 2003.

FLEMMING, Diva Marília; LUZ Elisa Flemming; MELLO, Ana Cláudia Collaço de. Tendências em educação matemática. 2º ed. Palhoça: UnisulVirtual, 2005. 87 p.

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