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A aceleração na sociedade contemporânea e sua relação com o sofrimento psíquico

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul DHE – Departamento de Humanidades e Educação

Curso de Psicologia

MARÍLIA FERNANDA AMARAL

ACELERAÇÃO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E SUA

RELAÇÃO COM O SOFRIMENTO PSÍQUICO

Trabalho de Conclusão de Curso

IJUÍ, RS 2019

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UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul DHE – Departamento de Humanidades e Educação

Curso de Psicologia

MARÍLIA FERNANDA AMARAL

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Luciane Gheller Veronese

A ACELERAÇÃO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E SUA

RELAÇÃO COM O SOFRIMENTO PSÍQUICO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Psicologia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Psicologia.

IJUÍ, RS 2019

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MARÍLIA FERNANDA AMARAL

A ACELERAÇÃO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E SUA RELAÇÃO COM O SOFRIMENTO PSÍQUICO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Humanidades e Educação – DHE, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Psicologia.

Data de aprovação: Ijuí, RS, ___ de _____________ de 2019.

_________________________________________ Prof. Me. Nilson Heidemann – Banca Examinadora

__________________________________________ Prof.ª Dr.ª Luciane Gheller Veronese - Orientadora

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AGRADECIMENTOS

Ao Departamento de Humanidades e Educação da UNIJUÍ, representando todo corpo docente e funcionários.

Aos professores do Curso de Psicologia da UNIJUÍ, em especial à professora Doutora Angela Maria Schneider Drügg e à professora Mestra Carolina Baldissera Gross, que foram minhas supervisoras de estágio com quem aprendi muito e tive conversas extracurriculares que guardarei para o resto da vida com muito carinho e com certeza contribuíram também nessa escrita.

À professora orientadora desse trabalho, Luciane Gheller Veronese, pelos apontamentos, pela transmissão de conhecimentos e também pela cobrança que permitiram os desencadeamentos necessários à sua conclusão.

Aos familiares e a todos que de uma forma ou outra contribuíram nessa trajetória acadêmica.

À minha mãe Dirce Amaral e ao meu pai Paulo Tadeu Amaral, pelos investimentos ao longo da minha vida.

Ao meu tio Fábio, pelos esclarecimentos históricos e contribuições que melhoraram minha escrita.

Ao meu parceiro Léo Zardin, pela compreensão, companheirismo e apoio nos momentos de angustia decorrentes da formação.

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A todos que me apoiaram até aqui.

Ao meu querido e saudoso vovô João, que sei, vibraria ao me ver concluindo a graduação.

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A ACELERAÇÃO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E SUA RELAÇÃO COM O SOFRIMENTO PSÍQUICO¹

Marília Fernanda Amaral² Luciane Gheller Veronese³

¹Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Psicologia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Psicologia.

²Acadêmica do Curso de Graduação em Psicologia da Unijuí. E-mail: marilia.feamaral@gmail.com.

³Orientadora, Professora Doutora do Departamento de Humanidades e Educação da Unijuí. E-mail: veronese@unijui.edu.br.

Resumo: O presente trabalho apresenta brevemente o contexto histórico do

surgimento da aceleração, do capitalismo e do consumismo, e as implicações que esses têm no laço social. A análise é realizada à luz da Psicanalise com interface nos campos histórico, filosófico e psicológico e está organizada em dois capítulos. O primeiro tratando mais especificamente sobre o capitalismo e o consumismo, sobre a forma como os sujeitos na contemporaneidade estão envolvidos no discurso social do capitalismo e apresentam o sintoma social do consumismo, nesse sentido o consumo também pode ser entendido como uma tentativa de tamponar as faltas. É discorrido nesse primeiro capitulo, também, sobre algumas consequências do consumo desenfreado. No segundo capítulo discorre-se sobre a relação dos sujeitos contemporâneos com o tempo, a qual é uma relação apressada; sendo a pressa o ideal da vida contemporânea busca-se apresentar de que forma ela aparece nas organizações que embora cada vez mais trabalhem com o flexitempo, dão aos funcionários uma falsa ideia de liberdade, quando a produtividade precisa ser alta, não sendo aceitável adoecer ou sofrer e necessário ser adaptável. Na sociedade contemporânea onde tudo é muito líquido o sujeito é a todo momento cobrado a responder as demandas sociais e se isso não acontece então pode surgir o sofrimento psíquico.

Palavras-chave: Aceleração; Capitalismo; Consumismo; Pressa; Sofrimento

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 7

2 O SURGIMENTO DO CAPITALISMO, O CONSUMISMO E SUAS IMPLICAÇÕES NO LAÇO SOCIAL ... 9

3 A PRESSA COMO UM IDEAL DE VIDA E O ADOECIMENTO PSÍQUICO ... 16

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 28

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta brevemente o contexto histórico do surgimento da aceleração, do capitalismo e do consumismo, e as implicações que esses tem no laço social. A análise é realizada à luz da Psicanalise com interface nos campos histórico, filosófico e psicológico e está organizada em dois capítulos.

O primeiro tratando mais especificamente sobre a forma como os sujeitos na contemporaneidade estão envolvidos no discurso social do capitalismo e apresentam o sintoma social do consumismo, com o consumo podendo ser entendido como uma tentativa de tamponar as faltas através da aquisição de objetos propagandeados na mídia como uma forma de acesso rápido à felicidade.

Tanto consumo não fica sem consequências, durante o trabalho algumas destas também serão apresentadas, tais como o “esmagamento” do sujeito na ansiedade de consumir na Black Friday, a grande produção de lixo na sociedade contemporânea e também a hipermedicalização da sociedade, que comprou a ideia de que precisa ser feliz a todo custo, mesmo que isso signifique tomar uma quantidade imensa de medicamentos, seja para dormir ou para acordar.

Tudo gira de acordo com o tempo. Tempo é um conceito com implicações políticas, culturais e existenciais. Nas primeiras formações sociais o tempo era medido pelo movimento das coisas, essas medidas podiam ser a Lua que, ao circular em todas as suas fases, completa-se um mês; o Sol circulando em torno da Terra – era assim que eles pensavam (ainda não havia sido formulada a teoria do heliocentrismo) – corresponde a duração de um dia. As pessoas se orientavam através de fenômenos externos e concretos, como o movimento da Lua, do Sol, o tempo que existe entre plantar e colher.

Com o surgimento do tempo de relógio aos poucos fomos abolindo a referência de tempo por fenômenos externos. Tudo tinha seu tempo, agora com o relógio, ele é quem o dita. Vivemos numa sociedade de intensificação dos ritmos naturais, precisa-se produzir mais em menos tempo e conprecisa-sequentemente vender mais, consumir mais e acumular mais.

Pensando a partir dessa contextualização histórica busca-se compreender de que forma o discurso capitalista vai interferir na vida dos sujeitos, nas suas relações com o trabalho, com o tempo e com o desejo e como isso tudo pode estar ligado ao sofrimento psíquico.

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No segundo capitulo, discorre-se sobre a relação dos sujeitos contemporâneos com o tempo, a qual é uma relação de pressa e, sendo a pressa o ideal da vida contemporânea, busca-se apresentar de que forma ela aparece nas organizações, as quais, embora cada vez mais trabalhem com a ideia de flexitempo, dão aos funcionários uma falsa ideia de liberdade na organização de seus horários de trabalho. Porém a alta produtividade é muito cobrada, as metas precisam ser alcançadas e para alcançá-las muitas vezes precisa-se levar trabalho para casa, fazer hora-extra não paga e ocupar o seu “tempo livre” com trabalho. Na lógica da alta produtividade não se pode adoecer ou sofrer, não há tempo para isso.

Na sociedade contemporânea, tudo é muito liquido e se modifica com rapidez, tanto nas relações de trabalho bem como nas relações pessoais e para acompanhar essas modificações, principalmente no mundo do trabalho, cada vez mais é preciso ter a adaptabilidade como característica. O sujeito é a todo momento cobrado a responder às demandas e quando há uma diferença entre a demanda econômica e de produtividade e as possibilidades subjetivas do trabalhador em responder a essa demanda acaba surgindo sofrimento.

No contexto contemporâneo as desigualdades estão intimamente relacionadas com a noção de propriedade particular criada pelo homem e o sentimento de insegurança com relação aos demais seres humanos, assim, o mais importante é ter, e esse sentimento norteia as relações sociais entre indivíduos.

Desse modo, a facilidade da vida em grupo originou um novo problema: a ociosidade e a busca por algo que dê sentido à vida, além do trabalho. Assim, o lazer se instituiu, porém, com o passar do tempo, o que era considerado luxo passou a ser visto como algo necessário à vida e novos conflitos surgiram, fazendo o homem sentir-se infeliz pela privação dessentir-ses luxos, do que feliz em possuí-los.

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2 O SURGIMENTO DO CAPITALISMO, O CONSUMISMO E SUAS IMPLICAÇÕES NO LAÇO SOCIAL

Com a primeira revolução industrial que se iniciou no século XVIII na Inglaterra, descobre-se que a partir da queima de carvão se produz o vapor para mover máquinas, substituindo assim aos poucos a força humana e animal e consequentemente aumentando a produção e reduzindo custos desta. Na segunda revolução industrial, a capacidade e a forma de produção foram se modificando, surgindo as indústrias, realizando todas as etapas de produção num mesmo local. Neste cenário, o fordismo1 é um marco histórico com a criação das linhas de produção,

com jornadas de trabalho demasiadamente longas e repetitivas.

A revolução industrial continuou acontecendo nos séculos seguintes, causando alterações na forma de produção, mas também modificando o social, pois a aceleração apareceu nesse contexto de produção. Essa relação é demonstrada no filme Tempos Modernos de Charles Chaplin, que retrata a velocidade da máquina e a necessidade de acompanhamento pelo trabalhador, o qual acaba anulado, tornando-se apenas mais uma “engrenagem” da máquina.

Eric Hobsbawm (2015) ao escrever sobre a revolução industrial, diz:

Significa que a certa altura da década de 1780, e pela primeira vez na história da humanidade, foram retirados os grilhões do poder produtivo das sociedades humanas, que daí em diante se tornaram capazes da multiplicação rápida, constante, e até o presente ilimitada, de homens, mercadorias e serviços (HOBSBAWM, 2015, p.80).

Com os grilhões retirados do poder produtivo, agora se podia produzir em grande quantidade e de forma rápida, com isso os lucros aumentaram e a acumulação de capital começou a ocorrer.

Juntamente com a revolução industrial o capitalismo evolui para a fase conhecida como capitalismo industrial, quando as indústrias produzem bens de consumo mais rápido que os artesãos. Para Hobsbawm (2015) os investidores de classe média em sua maioria ainda eram dos que economizavam, muito embora em meados de 1840 sentissem-se confiantes tanto para investir como para gastar. “Suas

1 A Ford Motor Company tornou-se símbolo da era industrial da produção padronizada e do consumo de massa- chegando a ponto de inspirar o conceito “fordismo”, termo favorito dos economistas políticos na década de 1980. CASTELLS, 1999, p.225.

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esposas se transformaram em “madames” instruídas pelos manuais de etiquetas que se multiplicavam neste período, suas capelas começaram a ser reconstruídas em estilos grandiosos e caros” (HOBSBAWM, 2015, p.120).

Lacan (apud GOLDENBERG, 1997) pensou o discurso capitalista, para teoricamente dar conta do mestre contemporâneo e do laço que esse estabelece com seu empregado, pois o algoritmo anteriormente elaborado inspirado na dialética hegeliana do senhor e do escravo, o Discurso Do Mestre, já não cabia para pensar essa relação. O Discurso do Mestre de Lacan, dava conta de uma outra época, onde o poder a esse atribuído vinha de uma tradição e mesmo tendo acesso ao produto do trabalho dos servos, o mestre ainda não tinha aprendido a acumulá-los, não conhecia a mais-valia e a acumulação do capital, conhecimento e prática advindas do capitalismo (TEIXEIRA, 1997, p.74)

Ainda de acordo com Marcus do Rio Teixeira (1997) com o Discurso Capitalista pelo menos duas diferenças importantes surgem:

Primeiramente estamos diante de um mestre que não mais necessita da força simbólica da tradição para impor o seu domínio; ele se impõe como mestre apenas pela sua vontade de lucrar e pela sua capacidade de acumular. Ou seja, ele exerce o seu domínio enquanto sujeito, [...] esse novo mestre aprendeu a gozar do objeto que outro produz para ele, o que, como veremos, não é sem consequências (TEIXEIRA, 1997, p.75).

Podemos pensar então que o mestre, do Discurso do Mestre, ocupava essa posição como um poder herdado, pelo valor da tradição; já no Discurso Capitalista essa posição de mestre é ocupada por aqueles que tem o desejo de lucrar e acumular lucros.

O capitalismo é então um discurso, o qual vai ser gerador do sintoma social consumismo; “Lacan se serviu de Marx para refletir sobre três problemas da Psicanálise. O discurso (as relações sociais geradas pelo sistema de produção capitalista), o sintoma (o fetichismo das mercadorias) e o gozo (a mais-valia).” (GOLDENBERG, 1997, p.13)

A sociedade contemporânea organizada através do discurso capitalista nos tornou apressados e competitivos, vivemos correndo contra o relógio, que com seu ‘tic-tac” dita o ritmo de nossas vidas. Na sociedade contemporânea a felicidade é comprável ou pelo menos é essa a ideia que o discurso social do capitalismo transmite. Nesse sentido, compramos objetos que têm a eles atribuídos um valor não

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somente monetário, mas também de reconhecimento social. A busca por esse reconhecimento e pela felicidade não cessam com uma ou duas aquisições, essa busca é contínua e desse modo gerou-se o sintoma social do consumismo, “A busca da felicidade tornou-se uma obsessão contemporânea. A felicidade é concebida como um bem pessoal, completamente descolada do contexto em que se vive, e que pode ser obtida individualmente” (CORSO, 2000, não paginado).

Na contemporaneidade a felicidade é idealizada e pode ser adquirida através de bens de consumo pouco duráveis (para que logo sejam substituídos), em qualificação profissional (pois quanto mais diplomas, maior será o reconhecimento social, o status e também a promessa de um bom emprego), em número de seguidores e likes nas redes sociais, e em outras formas de ter e aparecer; pensando por esse viés, lembramos Bauman (2009), ao tratar sobre a vida líquida:

A vida liquida é uma vida de consumo. Ela projeta o mundo e todos os seus fragmentos animados e inanimados como objetos de consumo, ou seja, objetos que perderam a utilidade (e portanto o viço, a atração, o poder de sedução e o valor) enquanto são usados (BAUMAN, 2009, p. 16).

A sociedade atualmente está organizada no capitalismo financeiro.

No dorso desse processo, observa-se que a dinâmica da economia se dá a partir do mercado de capitais, com o Estado deixando de ser nacional e com a produção liberando mão-de- obra, em função da introdução de tecnologias cada vez mais avançadas. Caracterizado pela movimentação acelerada e alucinante dos capitais especulativos, o capitalismo de hoje é cada vez mais instável, e busca concentrar a realização de seus valores instantaneamente. Para que se tenha uma ideia: a realização da produção e a circulação das mercadorias podem levar um tempo longo (sirva de exemplo aquela do automóvel) no entanto, a realização de títulos pode se dar de forma imediata. E é esta instantaneidade de comanda processo de produção capitalista (SOUZA, 2000, p. 241).

Na sociedade contemporânea tudo se modifica rapidamente, nesse sentido também as tecnologias evoluem em grande velocidade, sendo assim, mesmo que se compre o smartphone mais moderno, em poucos meses ele já estará ultrapassado, pois quando este foi lançado no mercado o que irá substituí-lo já está sendo projetado.

O fato é que para nós, sujeitos modernos, o luxo não é supérfluo, mas necessário. O luxo é o pai e a mãe da modernidade. Pois os bens de luxo são a própria matéria simbólica de nossos tempos, ou seja, exatamente o que decide a organização social. A modernidade é isso: substituir o ser pelo ter (e pelo aparecer que acaba sendo permitido pelas posses). (CALLIGARIS, 1999).

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No sentido do que Calligaris (1999) escreve podemos pensar o quanto não basta ter posses se estas não forem demonstradas e até mesmo ostentadas socialmente, é esse luxo que o psicanalista fala que determina a organização social.

Como uma ordem, o tenha faz consumir, consumo esse que muitas vezes se dá sem uma reflexão sobre a necessidade de aquisição de determinado produto; a sociedade contemporânea cheia de datas comemorativas, na sua maioria criadas com a finalidade de aumentar as vendas e que muitas vezes só ganham significado através dos presentes. O consumo também é incentivado em grandes promoções, como a

Black Friday, ou sexta-feira negra como também é conhecida.

Teixeira (1997) destaca que outra característica do Discurso do Capitalista que precisamos atentar é o contato sem mediação que ele favorece entre o sujeito e o objeto. “Lacan já comentava o quanto somos dependentes dos Gadgets desses objetos que invadem cada vez mais a nossa vida cotidiana proliferando-se sem controle” (TEIXEIRA,1997, p. 80).

Que o consumidor tome o objeto de consumo por um sucedâneo do objeto do desejo, aquele que para Lacan é um objeto fundamentalmente perdido, (...). Estamos falando de um substituto, não, é claro, do objeto que uma vez perdido não pode jamais ser recuperado. É o sujeito que toma um pelo outro, devido à miragem propiciada pelo contato direto nesse discurso. Essa relação direta com objeto de desejo, metaforseado um objeto tangível, passível de ser adquirido por um determinado preço, converter numa espécie de tampa capaz de obturar a falta (TEIXEIRA,1997, p.80).

A relação que o sujeito contemporâneo busca encontrar através da aquisição de bens de consumo, é a esperança de encontrar um objeto que preencha essa falta primordial. Compra-se objetos na busca pelo Objeto primordial que fora perdido, a busca pelo gozo primeiro, do seio materno que lhe foi privado.

Para Bauman (2001) o hábito de comprar pode ser entendido como um ritual de exorcismo, que livra os sujeitos de seu medos e inseguranças. “Querem estar, pelo menos uma vez, seguros, confiantes; e a admirável virtude dos objetos que encontram quando vão às compras é que eles trazem consigo (ou parecem por algum tempo) a promessa de segurança” (BAUMAN, 2001, p. 96), por determinado tempo os objetos adquiridos tamponam a falta e dão a falsa sensação de segurança.

Ainda segundo Teixeira (1997), ao fazer referência a Chemama (1993) “o sujeito não acredita que o objeto de consumo venha realmente tapar a sua castração:

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ele deixa-se ludibriar participando desse engodo de maneira análoga ao fetichista” (CHEMAMA, 1993, apud TEIXEIRA,1997, p. 80).

O incentivo ao consumo está por todos os lados, datas comemorativas presenteáveis e grandes promoções como a Black Friday, que é conhecida por baixa de preços nas lojas. Nessas lojas principalmente no exterior, muitas aglomerações de pessoas acontecem, e na disputa pra ver quem entra primeiro pra garantir os melhores produtos ofertados muitas pessoas saem feridas, inclusive mortes já aconteceram, pessoas que na fúria de consumir esmagam seus semelhantes, sujeitos “esmagados” pelo consumo.

Fotografia 1 - Compradores da Black Friday em São Paulo

Fonte: Paulo Whitaker / Reuters (2017).

Na ansiedade de comprar as pessoas se aglomeram, disputam fisicamente pelos produtos desejados e nessa disputa vale de tudo. Há inclusive registro de mortes nesses períodos, óbitos diretamente relacionados a tal evento promocional, que além de ter quantidades determinadas de produtos ofertados, “ofertas válidas em quanto durarem os estoques”, também tem tempo determinado para acabar. Como nesse caso geralmente a promoção é somente na sexta-feira, então há também uma pressa em consumir, uma corrida contra o relógio; pensando que muitas vezes o sujeito só é reconhecido socialmente através do consumo, de suas posses, posição social ou de uma carreira bem sucedida, vemos que o consumo não esmaga os sujeitos apenas nas grandes aglomerações, muito antes disso ele já tem o sujeito como seu submisso.

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O sucesso desse dia de compras contra o cronômetro mostra que não sabemos resistir ao que nos parece uma boa oferta: ao prazer de comprar une-se a satisfação de fazê-lo a um preço bom (ou nisso acreditamos). “O ser humano é um saco de desejos que, por sua própria natureza, pedem para ser satisfeitos – explica ao Verne o psicólogo Miguel Silveira –. Nisso consiste grande parte da felicidade”, que em nossa sociedade se apresenta frequentemente como “o desejo de possuir, adquirir ou comprar”. (HANCOCK,2015).

Posterior ao evento promocional anteriormente citado, muito brevemente se vê o lixo que ele gera - e essa é outra característica da sociedade contemporânea: produz-se muito lixo, como na fotografia 2:

Fotografia 2 - “Os restos daquilo por aí... Uma imagem pra refletir sobre consumo desenfreado, onde o TENHA é visto como imperativo (!)”

Fonte: Ana Costa (2018).

A definição de Imperativo como consta no dicionário da língua portuguesa “1. Que ordena ou exprime ordem. (...) 3. Imposição, ditame” (FERREIRA, 2008, p. 463), o tenha soa realmente como uma ordem, uma ordem que vem do social, do sintoma social do consumo.

A relação social que se estabelece com o capital, com o consumo e também a relação apressada que se mantém com o tempo não é sem consequências. A felicidade é idealizada e nessa lógica da pressa precisa ser alcançada rapidamente, sendo que se houver algo que esteja atrapalhando essa felicidade, isso precisa ser

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resolvido rapidamente, com o uso de produtos químicos por exemplo, sejam esses as drogas ou medicamentos, mais uma vez como um tamponamento da falta.

O resultado de tudo isso é a construção de uma sociedade que paradoxalmente está enamorada do mundo dos bens, onde as mercadorias são cada vez mais outras, e que, ao mesmo tempo, desqualifica o trabalho, dispensa mão-de-obra e transforma o futuro não em presente, mas em agora, em instante. Num caminho, o discurso capitalista faz do consumo uma promessa infalível de felicidade(...) mas noutro caminho, o instante, assume o único ponto de consistência, pois se torna metáfora social da realização instantânea do capital financeiro. E isto não é sem consequências; a valorização instantânea clama por soluções instantâneas. Daí a busca do êxtase através das drogas, daí a tentativa de achar um remédio, um produto químico, para as questões existenciais. Pode-se encontrar aqui na busca da instantaneidade também um dos pontos de resistência social à análise, considerando a longa duração do tratamento analítico (SOUZA, 2000, p. 242).

A idealização por resultados rápidos faz com que os sujeitos busquem cada vez mais outras saídas, as mais rápidas. Na sociedade individualizada, o reconhecimento está no ter e no aparecer, com ser deixando de ter valor, desse modo é mais fácil mascarar as faltas e os problemas com soluções rápidas e que não os façam refletir sobre suas vidas, onde não precisem olhar para si mesmos para buscar as respostas, e sim que essa resposta venha de fora, tampone suas questões por determinado tempo, a pressa da contemporaneidade muitas vezes não deixa o sujeitos ver que as soluções para suas questões estão neles mesmos e que podem ser encontradas com a ajuda do profissional adequado.

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3 A PRESSA COMO UM IDEAL DE VIDA E O ADOECIMENTO PSÍQUICO

Inicia-se esse capitulo com a contribuição da arte, pensando sobre o quanto nos tornamos uma sociedade apressada, que vive correndo e que não pode perder tempo. Isso lembra que o tempo é que dita o ritmo de nossas vidas, como um “compositor de destinos” e mereceu uma música intitulada “Oração ao tempo” de Caetano Veloso (1979):

És um senhor tão bonito / Quanto a cara do meu filho / Tempo, Tempo, Tempo, Tempo / Vou te fazer um pedido / Tempo, Tempo, Tempo, Tempo Compositor de destinos / Tambor de todos os ritmos / Tempo, Tempo, Tempo, Tempo / Entro num acordo contigo / Tempo, Tempo, Tempo, Tempo / Por seres tão inventivo / E pareceres contínuo / Tempo, Tempo, Tempo, Tempo / És um dos deuses mais lindos / Tempo, Tempo, Tempo, Tempo / Que sejas ainda mais vivo / No som do meu estribilho / Tempo, Tempo, Tempo, Tempo / Ouve bem o que te digo / Tempo, Tempo, Tempo, Tempo / Peço-te o prazer legítimo / E o movimento preciso / Tempo, Tempo, Tempo, Tempo / Quando o tempo for propício / Tempo, Tempo, Tempo, Tempo / De modo que o meu espírito / Ganhe um brilho definido / Tempo, Tempo, Tempo, Tempo / E eu espalhe benefícios / Tempo, Tempo, Tempo, Tempo / O que usaremos pra isso / Fica guardado em sigilo / Tempo, Tempo, Tempo, Tempo / Apenas contigo e comigo / Tempo, Tempo, Tempo, Tempo / E quando eu tiver saído / Para fora do teu círculo / Tempo, Tempo, Tempo, Tempo / Não serei nem terás sido / Tempo, Tempo, Tempo, Tempo / Ainda assim acredito / Ser possível reunirmo-nos / Tempo, Tempo, Tempo, Tempo / Num outro nível de vínculo / Tempo, Tempo, Tempo, Tempo / Portanto peço-te aquilo / E te ofereço elogios / Tempo, Tempo, Tempo, Tempo / Nas rimas do meu estilo (VELOSO, 1979).

Pensar a relação apressada que se estabelece com tempo nos dias atuais, através da música de Caetano é uma forma de se utilizar da arte, a arte essa que fala do social sem teorias, mas que consegue fazer uma leitura daquilo que muitas vezes é emergente e que precisa ser dito.

Poeticamente e com uma sonoridade agradável a “Oração ao tempo” vem dizer o quanto o tempo está investido de um poder, sendo dito até “um dos deuses mais lindos” e propondo um acordo com ele, numa súplica onde o sujeito da música propõe sair fora do círculo do tempo e estabelecer com ele um outro tipo de vínculo, um vínculo menos apressado.

A marca da nossa época é a velocidade. A indústria revolucionou a maneira de fazer objetos e a forma de encarar o tempo. A ordem é: mais produção em menos tempo. O trem, o automóvel e o avião encurtaram o mundo e a internet o fez ainda mais próximo. Isso tudo é bem-vindo, mas é bom lembrar que esse é o modo de funcionar da máquina, não o nosso (CORSO, 2013, não paginado).

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O tempo já foi medido de muitas formas, as sociedades foram encontrando novas formas de marcar a passagem do tempo e aperfeiçoando essa técnica. É o que vai escrever Brito (2016) ao fazer referência a Thompson (1991). “Outro exemplo observável foram os diferentes modos de marcação de tempo nas igrejas de vilarejos: primeiro com toques de sinos, depois com relógios de um só ponteiro e a partir do século XVII, com relógios que marcavam horas e minutos” (THOMPSON, 1991, apud BRITO, 2016).

Analisando a popular frase “tempo é dinheiro”, pode-se perceber o quanto o tempo nos dias atuais tem um valor a ele atribuído e o tempo livre é peça rara. As agendas cheias, os dias corridos, os prazos de entrega, os pontos batidos, tudo regido pelo tempo em uma lógica acelerada. “Tempo de espera, tempo para pensar, não é atributo que numa pessoa decidida possa ser tolerado. É necessário fazer rápido, consumir rápido e ir atrás de outra coisa pois não há tempo para tudo.” (CORSO, 2000, não paginado).

Até a pouco tempo, um tempo não muito distante, mesmo durante a semana, recordar-se que as famílias tinham tempo para passeios. Hoje as pessoas se visitam muito menos, pela escassez de tempo e também pelo individualismo.

Por que o prazer da lentidão desapareceu? (...) Um provérbio tcheco define a doce ociosidade deles com uma metáfora: eles estão contemplando as janelas de Deus. Aquele que contempla as janelas de Deus não se aborrece; é feliz. Em nosso mundo, a ociosidade transformou-se em desocupação, o que é uma coisa inteiramente diferente; o desocupado fica frustrado, se aborrece, está constantemente à procura do movimento que lhe falta (KUNDERA, 2011, p. 8).

Atualmente não se tem mais o tempo para “contemplar as janelas de Deus”. O valor que antes era dado à ociosidade, hoje é dado à ocupação, aquele que contemplava as janelas divinas não se aborrecia, diferente do que fica desocupado e por isso se frustra e se aborrece, pois se não responde a produção que social lhe exige e se sente culpado e sofre.

A relação que atualmente se estabelece com o tempo, que é baseada na velocidade nos torna mais propensos a sofrimentos psíquicos, como escreve Maria Rita Kehl (2009), sobre a relação entre as depressões e a experiência do tempo.

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O acidente da estrada me fez refletir a respeito da relação entre as depressões e a experiência do tempo, que na contemporaneidade praticamente se resume à experiência da velocidade. Vivem em outra temporalidade os remanescentes dos antigos melancólicos, equivalentes aos depressivos de hoje. Sofrem de um sentimento do tempo estagnado, desajustados do tempo sôfrego do mundo capitalista (KEHL, 2009, p.17).

Aqueles que não conseguem se adequar à lógica do tempo acelerado e do consumo acabam por ser olhados com estranheza pelos demais. A depressão é uma expressão do sintoma social que pode ser compreendido por essa lógica, ela perturba a “nau dos bem adaptados”. Como podem esses sujeitos não responderem desse lugar de pressa em produzir e em consumir?

Analisar as depressões como uma das expressões do sintoma social contemporâneo significa supor que os depressivos constituam, em seu silêncio e em seu recolhimento, um grupo tão incômodo e ruidoso quanto foram as histéricas no século XIX. A depressão é a expressão de mal-estar que faz água e ameaça afundar a nau dos bem-adaptados ao século da velocidade, da euforia prêt-à-porter, da saúde, do exibicionismo e, como já se tornou chavão, do consumo generalizado (KEHL, 2009, p.22).

A mesma autora vai discorrer ainda sobre como o depressivo vê sua solidão agravada. “Por isso mesmo, os depressivos, além de se sentirem na contramão de seu tempo, veem sua solidão agravar-se em função do desprestígio social de sua tristeza” (KEHL, 2009, p.22).

Há uma banalização e uma crescente popularização dos discursos sobre depressão, bem como uma inusitada inflação de diagnósticos no âmbito médico de modo geral. Essa banalização está associada a discursos que apresentam a depressão como algo “natural” do Ser Humano, atribuindo a distúrbios orgânicos e em última instância desvinculando de um contexto histórico comum e também da historicidade de cada um (SAFATLE; SILVA JUNIOR; DUNKER, 2018, p.54).

E esse mesmo discurso o informa de que a ciência já se encontra suficientemente avançada para oferecer uma solução concreta para tais problemas, através de medicamentos capazes de corrigir tais deficiências. Nesse momento o sujeito está preparado para começar a exercer, através do seu sofrimento, seu papel “cívico” no mundo do capitalismo, aquele de consumidor (SAFATLE et al, 2018, p.54).

Os propagandistas cada vez mais apostam em ofertar os produtos relacionando estes a obtenção da tão sonhada felicidade, desde as propagandas de margarina que geralmente mostram uma família feliz e saudável em torno de uma mesa com o café

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da manhã. Assim vão ofertando a mais vasta lista de produtos, sempre os relacionando ao corpo “perfeito”, ao prazer fácil de ser conseguido, e tantas outras formas de “felicidade”. Seguindo a ideia de felicidade ao alcance de todos, a indústria farmacêutica também investiu na propaganda, e hoje há medicamento para quase tudo.

Com um marketing cada vez maior, a felicidade também é vendida em “cápsulas”, ou seja, em medicamentos que prometem regular a serotonina, o hormônio do prazer, para que as pessoas não se tornem sujeitos deprimidos, “[...] o marketing medicamentoso não hesita em apresentar a alegria como um estado afetivo à mão, passível de ser obtido pela medicação a qualquer momento e por toda a vida” (SAFATLE et al, 2018, p. 56).

A relação apressada que estabelecemos com o tempo está ligada ao capitalismo e ao consumismo. Falar de um sem relacionar ao outro é uma tarefa quase impossível, pois são assuntos interligados e as implicações destes aparecem também no mundo do trabalho.

Com o passar dos anos as relações de trabalho foram se modificando, abandonando a lógica familiar e tornando-se um mecanismo de produção em alta escala, onde os sujeitos muitas das vezes são apenas mais uma engrenagem do setor de produção, deixaram de ser sólidas e duradouras e se tornaram liquidas e com menor durabilidade. Na atualidade o trabalho pode ser caracterizado como uma atividade abstrata e ligada a subjetividade “trabalho imaterial”, com o foco não mais nas tarefas e sim na subjetividade do trabalhador (COELHO, 201-?).

“Entre o homem e a organização do trabalho, existe, às vezes, um espaço de liberdade que autoriza uma negociação, ou seja, uma invenção do operador sobre a própria organização do trabalho, para adaptá-la as suas necessidades e ao seu desejo” (DEJOURS, 1993 apud COELHO, 201-?); Coelho (201-?) acrescenta ainda que quando essa negociação chega ao seu limite e a relação homem-organização do trabalho fica bloqueada, começa o sofrimento e a luta contra o sofrimento.

Na lógica da boa adaptação social está o fato de se ter um trabalho, pois através dele se consegue reconhecimento e dinheiro para consumir. O mundo do trabalho já foi mais sólido, hoje funciona numa lógica muito mais liquida, o que está de acordo com a organização social contemporânea que também está no estado de liquidez.

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Além do mais, o produto do trabalho, em si, seja ele coisas ou idéias, é a certeza de que o tempo não passou em vão: houve construção para comprovar-se a vida. Ainda que o indivíduo falhe como filho ou como pai, irmão, amigo, marido ou cidadão, algo ele construiu, e como consolo a organização prega a todos que não se podem ser perfeito em tudo, afinal o sucesso profissional tem um preço, o fracasso festivo ou omissão social, ou, ainda, ostracismo cívico, ou a saúde física, da Juventude e da alegria de viver. Tudo tem um preço, e é possível, garante a organização, que o preço do sucesso, a fantasia de ser eterno pelo produto de seu trabalho seja alto, mas compensador: vale a pena! (SCHIRATO, 2004, p. 66).

Essa ideia de que o reconhecimento social pode ser alcançado através do produto do seu trabalho e através deste produto tornar-se eterno, é o que as organizações prometem. Mesmo que esse sucesso profissional custe muito caro, no sentido de afastar-se de outras relações sociais, mesmo que isso custe a alegria de viver, a organização promete valer a pena, promete ser provedora do reconhecimento almejado, porém na liquidez da contemporaneidade a organização promete a realização profissional, mas com exigências de adaptabilidade e produtividade, e quando o sujeito não responde a essa exigência ou não está disposto a pagar o preço pela realização profissional, muito rapidamente ele pode ser demitido.

A sociedade contemporânea é pautada pelas modificações e adaptabilidade a novas situações (mudança de horários, de setor, transferências), assim as relações de trabalho bem como as relações familiares e amorosas se modificam, nesse sentido Tonelli (2001, p. 243) afirma que “a partir dos anos 80, nem emprego, nem casamento são feitos para durar, numa sociedade em que tudo se caracteriza pela fugacidade e pela incerteza”.

Casamentos e empregos duravam muitos anos, não era raro um indivíduo manter o primeiro emprego até a aposentadoria, o que nos dias de hoje é quase inimaginável. Nessa liquidez as exigências de adaptabilidade são tantas que ao menor sinal de não produtividade o empregado pode ser demitido, pois há outras pessoas esperando uma oportunidade. Assim como as relações amorosas: ainda se vê alguns casais comemorando suas bodas de ouro, mas também existem notícias cada vez mais comuns de divórcios que ocorrem poucos meses depois de uma pomposa festa de casamento, pois como vai dizer Bauman (2004), as relações amorosas não escapam da lógica capitalista, nessas também se visa um lucro.

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Um relacionamento, como lhe dirá o especialista, é um investimento como todos os outros: você entrou com tempo, dinheiro, esforços que poderia empregar para outros fins, mas não empregou, esperando estar fazendo a coisa certa e esperando também que aquilo que perdeu ou deixou de desfrutar acabaria, de alguma forma, sendo-lhe devolvido — com lucro (BAUMAN, 2004, p.23).

Tanto o trabalho como as relações amorosas são investimentos que os indivíduos fazem, esperando ter um retorno lucrativo. Na lógica contemporânea de trabalho busca-se cada vez mais trabalhadores flexíveis, pois “em termos ideais, o comportamento humano flexível deve ter a mesma força tênsil: ser adaptável a circunstâncias variáveis, mas não quebrado por elas” (SENNETT, 2015). Adaptando-se as exigências de tempo, as empresas também estão em busca de trabalhadores proativos que saibam identificar um problema antes que ele aconteça e evitá-lo, sem deixar que a empresa tenha prejuízos com isso.

Outra característica contemporânea com a qual convivemos é a globalização. A internet e a redes sociais aproximaram pessoas distantes, com essas tecnologias mesmo em continentes diferentes as pessoas podem se comunicar todos os dias se assim desejarem, embora essa aproximação dos distantes tenha acontecido houve também um afastamento dos mais próximos. Muitas vezes dentro da mesma casa, os familiares pouco se falam, em encontros de família aos finais de semana ou em jantares entre amigos conversas reais acabam sendo substituídas por conversas

on-line, amizades virtuais substituem conversas olho no olho, uma roda de amigos onde

estes acabam interagindo pouco, pois cada um mantêm o foco no seu individual, cada um interage com sua tela.

Como antigamente a televisão, a rede a nova Besta Negra que ameaça a nossa espécie do ponto de vista simbólico, promovendo o narcisismo maligno que fará de nós espectadores autistas da telinha, vestidos de capacete e luvas, imbuídos no gozo real da realidade virtual. Em suma, a globalização do mercado produz sua retórica particular, e novos efeitos nas subjetividades (também novas censuras; ou melhor, formas novas da censura de sempre) (GOLDENBERG, 1997, p. 11).

Podemos pensar que essas relações virtuais são características da sociedade contemporânea por essa ser focada no individualismo. “A ligação de computadores em rede expandiu-se com o uso de programas que viabilizaram uma teia mundial voltada para o usuário” (CASTELLS, 1999, p.98).

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Protegidos pelas telas, as relações tornam-se mais fáceis, assim fica muito mais simples por exemplo, manter as relações apenas com aqueles que pensam de forma semelhante, se a conversa não vai bem ou se algo desagradou existe um recurso, então você pode deixar de seguir ou até mesmo bloquear aquela pessoa.

O individualismo vem crescendo, não começou neste século mas aqui ganhou forma definitiva. O homem moderno se concebe como autônomo, como não dependendo da série de circunstâncias que o teceu. Pensa que é uma célula capaz de sobreviver sozinho, ou pelo menos poderia ser se tivesse uma auto-estima suficiente para prescindir de todos os outros. Nunca perde a esperança de alcançar a pretensa suficiência. Cada vez mais aposta em saídas individuais do que coletivas (CORSO, 2000, não paginado).

A globalização, anteriormente citada, é outra característica do mundo contemporâneo.

A globalização tem dois aspectos: um, é o da totalidade, as economias são regionais, e até se fala de uma economia mundial, um mercado mundial. Por outro lado há um problema de velocidade. A informação faz com que a economia, as operações financeiras, que também são economia, sejam extremamente velozes e produzam efeitos transformadores, em uma temporalidade não controlável (ABRAHAM, 2000, p.13).

Na atualidade há, em algumas organizações, uma maior flexibilidade no quesito horário a ser cumprido pelos funcionários e até mesmo quanto a estar presente no escritório, já sendo possível trabalhar em casa, aparentemente um funcionário com maior liberdade. No entanto, segundo Sennett (2015) a questão é mais complexa do que em primeira vista parece pois, de acordo com o autor, esses trabalhadores do flexitempo precisam ligar para a empresa de tempo em tempo durante o dia, além de terem seus e-mails checados em supervisões intrarrede.

A nova organização social e econômica baseada nas tecnologias da informação visa a administração descentralizadora, trabalho individualizante e mercados personalizados e com isso segmenta o trabalho e fragmenta as sociedades. As novas tecnologias da informação possibilitam, ao mesmo tempo, a descentralização das tarefas e sua coordenação em uma rede interativa de comunicação em tempo real, seja entre continentes, seja entre os andares de um mesmo edifício (CASTELLS, 1999, p.330).

Com o flexitempo uma falsa ideia de liberdade foi criada, trabalhando em casa o sujeito tem controle sobre o seu local de trabalho, mas não sobre o processo em si, sendo que a cobrança eletrônica se torna maior que a que tinha cara a cara com seu superior no escritório. O trabalho com metas a serem batidas faz com que o

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trabalhador exceda a carga horaria que cumpriria na empresa para alcançar suas metas.

Com todas essas modificações no mundo do trabalho, como o flexitempo, a possibilidade de se trabalhar em casa, as metas a serem cumpridas, existe uma época de relações muito mais liquidas do que sólidas, como era no passado. Na atualidade se estabeleceu, no mundo do trabalho, uma lógica de risco, na qual o indivíduo não tem estabilidade nas empresas, independente da função ou cargos ocupados, não existe mais uma segurança, tudo se modifica rapidamente e para acompanhar esse processo é preciso adaptabilidade às exigências de não falhar, não sofrer e não adoecer, sobre esse aspecto da saúde, Bauman (2001) escreve o seguinte:

Refere- se a uma condição corporal e psíquica que permite a satisfação das demandas do papel socialmente designado e atribuído - e essas demandas tendem a ser constantes e firmes. "Ser saudável" significa na maioria dos casos "ser empregável": ser capaz de um bom desempenho na fábrica, de "carregar o fardo" com que o trabalho pode rotineiramente onerar a resistência física e psíquica do empregado (BAUMAN, 2001, p. 91).

A grande questão é a produtividade, que não pode parar, mesmo que isso signifique horas extras, inclusive horas extras não remuneradas. “Convoca-se uma disponibilidade absoluta do sujeito, ao ponto de que os intervalos de tempo livre [...] sejam invadidos pelas demandas de trabalho” (GIONCO, 2000, p. 266). Todos esses fatores acabam sendo geradores de sofrimento no trabalho.

O trabalho com toda sua significação de provedor de um lugar de direito do sujeito, está hoje como um fomentador do não reconhecimento das singularidades e dos tempos de cada um que trabalha. O tempo vem cruel e adoece a todos, os que mergulham na sua lógica de produção sem medida, e os que não o conseguem seguir. Percebendo toda essa questão de levar trabalho para casa, da necessidade de se ter energia para produzir e ser rentável, uma marca de energéticos mundialmente conhecida propagandeia o seu produto como fonte dessa energia necessária, como pode se ver na imagem:

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Fotografia 3 - Gondola de energéticos no supermercado

Fonte: Fotografado pelo autor (2018).

Nesse contexto, então, o trabalhador ideal seria aquele indivíduo capaz de adaptar-se a todas as situações, de fazer calar em si “seus estados d’alma”, de considerar os problemas em sua frieza, mostrado como exemplo de guerreiro ou esportista, capaz de ultra- passar seus limites, de ter formas de “comunicação afirmativa”, de ser obcecado pela “excelência” e que deve, portanto, conformar-se à nova ideologia do ganhador, do lutador, livre de promessas, dos sonhos e dos questionamentos (ENRIQUEZ, 2010. p.146 apud BORGES; RIBEIRO, 2013, p.22).

Não há tempo para adoecer, não se pode ficar triste, o sofrimento não tem espaço para ser ouvido e precisa ser silenciado para que não contamine os demais.

Assim, numa sociedade como essa, os deprimidos são o inconveniente que não tem voz e nem vez, devem mesmo recolherem-se, calearem seus ‘discursos’ silenciosos [...] e não tentarem com sua apatia e frustação ‘afundar a nau dos bem adaptados’ (KEHL, 2009, apud BORGES; RIBEIRO 2013).

Barbarini e Carrasqueira (2010), destacam que as condições nas quais o trabalho é realizado podem transformá-lo em algo agradável e fortalecedor da identidade, ou em uma experiência penosa e dolorosa, levando ao sofrimento. Nesse sentido a forma como o trabalho está organizado pode ser entendida como a principal determinante das vivências de prazer ou sofrimento. “Esse sofrimento decorre do confronto entre a subjetividade do trabalhador e as restrições das condições socioculturais e ambientais, relações sociais e organização do trabalho, que por sua

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vez são reflexo de um modo de produção específico” (MENDES E MORRONE, 2002

apud BARBARINI; CARRASQUEIRA, 2010, p. 10).

A pós-modernidade tal como é apresentada por Bauman (1998) pode ser compreendida como a organização social atual, o mundo contemporâneo. A ideia desse autor apresentada a seguir vem corroborar com o restante do quem vem sendo apresentado, de que no mundo contemporâneo há uma liberdade muito maior que outrora, porém essa “liberdade” tem um preço, e esse preço é uma menor segurança individual. Liberdade e segurança que dizem respeito também ao mercado de trabalho, atualmente se tem uma liberdade maior no quesito de horários por exemplo, mas não se tem mais uma segurança ou estabilidade nas empresas.

Você ganha alguma coisa e, em troca, perde outra coisa: a antiga norma mantém-se hoje tão verdadeira quanto o era então. Só que os ganhos e as perdas mudaram de lugar: os homens e as mulheres pós-modernos trocaram um quinhão de suas possibilidades de segurança por um quinhão de felicidade. Os mal-estares da modernidade provinham de uma espécie de segurança que tolerava uma liberdade pequena demais na busca da felicidade individual. Os mal-estares da pós-modernidade provém de uma espécie de liberdade de procura do prazer que tolera uma segurança individual pequena demais (BAUMAN, 1998, p.10).

Essa modificação da relação com o tempo altera também as relações com o outro que se vê compreendido como um contexto de produção de bens e serviços, segundo Mendes, Morrone e Rocha (2012).

Quando a relação com o ‘outro’, ocasiona inúmeras restrições e/ou bloqueios intersubjetivos, sem possibilidade de qualquer forma de transformação do status quo pelo trabalhador, instala-se o sofrimento psíquico, que, uma vez agravado, faz surgir o adoecimento (MENDES et al, p. 381, 2012).

Também em algumas empresas tem se estabelecido uma rotatividade de funcionários entre setores ou filiais da empresa, para que uma pessoa não fique muito tempo em um determinado lugar. Dessa forma não se estreitam vínculos de amizade dentro da organização, tudo isso na expectativa de que aquele funcionário seja o mais produtivo que pode ser, e fortalecendo o individualismo (SENNETT, 2015). Para Contardo Calligaris o individualismo pode ser entendido da seguinte forma: “Individualismo, neste contexto, não tem conotações psicológicas ou morais; não significa egoísmo, etc. Trata-se de apontar que, ao centro da cultura ocidental; está a primazia do indivíduo como valor social.” (CALLIGARIS,1993, p.188).

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A reestruturação de empresas e organizações, possibilitada pela tecnologia da informação e estimulada pela concorrência global, está introduzindo uma transformação fundamental: a individualização do trabalho no processo de trabalho. Estamos testemunhando o reverso da tendência histórica da assalariação do trabalho e socialização da produção que foi característica predominante na era industrial. A nova organização social e econômica baseada nas tecnologias da informação visa a administração descentralizadora, trabalho individualizante e mercados personalizados e com isso segmenta o trabalho e fragmenta as sociedades (CASTELLS, 1999, p. 330).

Essas novas configurações de trabalho chamadas flexíveis, a relação apressada que tem se estabelecido com o tempo, o consumo exagerado são atributos da contemporaneidade. Com isso se tem pessoas vivendo de aparência, consumindo tudo que podem na tentativa de preencherem suas faltas, as quais nunca serão preenchidas, porém se isso não é refletido acaba por ser gerador de sofrimento, pois o social promete a felicidade acessível em tantas formas, mas esta acaba ficando distante ou nessa busca, se abre mão de relações interpessoais de amizade sincera, de uma boa conversa, pois não há tempo, não se pode parar, é preciso agir, produzir cada vez mais, buscar reconhecimento.

Seu consumo é a medida de uma vida bem sucedida, da felicidade e mesmo da Essência humana, então Foi retirada a tampa dos desejos humanos: nenhuma quantidade de aquisições e Sensações emocionantes Tem qualquer probabilidade de trazer satisfação da maneira como o " manter-se ao nível dos padrões" outrora prometeu: não há padrões a cujo nível se manter-- a linha de chegada avança junto com o corredor, e as metas permanecem continuamente distantes, enquanto se tenta alcançá-las (BAUMAN,1998, p. 56).

Então diante dessa corrida onde a linha de chegada avança de distância toda vez que o corredor se aproxima, num mundo que promete felicidade, realizações através do consumo, mas que nunca satisfaz o sujeito, como não sofrer? A questão é que se precisa compreender o homem como um ser faltante, e saber lidar com essa falta. Não é preciso tamponar tudo com objetos ou substâncias químicas, e também compreender que essa felicidade midiática é utópica. Precisa-se ter clareza que mesmo que as máquinas tenham acelerado os processos de produção e de muitas formas contribuído com o desenvolvimento mundial, não se pode equiparar o ser humano a elas, precisa-se reconhecer as limitações de velocidade e eficiência que os eles apresentam e ainda, e não menos importante, o sentimento que as pessoas têm e que não pode ser desconsiderado.

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Intimamente nada mudou, para pensar e sentir ainda somos os mesmos. Para aprender e assimilar os golpes da vida, o tempo cobra o mesmo preço. O mundo nos exige a velocidade da máquina, mas às vezes somos nós que nos espelhamos em nossa criação e queremos ser como ela: rápida, eficiente e sem sentimentos (CORSO, 2013, não paginado).

Diante dessa configuração os sujeitos sofrem, pois de determinada maneira a felicidade nunca será alcançada. É como se o sujeito nunca fosse bom o suficiente, por mais que se dedique, a sociedade capitalista sempre estará lhe cobrando, que produza mais, que tenha um emprego melhor, que ganhe mais dinheiro, que case, que tenha filhos, que seja bem sucedido amorosa e financeiramente e ainda que não demore muito tempo para alcançar tudo isso. Com a crença de que a vida é uma só, e muito curta para desperdiçar o tempo, tornamo-nos uma sociedade apressada, que pisa fundo no acelerador, e corre, conforme Corso (2000, não paginado) sugere: “convenhamos, qualquer clínico sabe o quanto a pressa é uma das máscaras da angústia, vamos ver quanto tempo ainda levaremos para nos dar conta disso”, dando conta disso é que se pode intervir.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a pressa regendo a vida contemporânea, em uma sociedade mais individualizada, onde os sujeitos só são reconhecidos através da sua capacidade produtiva e de consumo, pelo ter e pelo aparecer, o sofrimento psíquico aparece junto. A pressa em produzir e consumir, muitas vezes anula os sujeitos, não há espaço para que falem de seus sofrimentos, até porque os demais não querem saber sobre como o outro está, cada um olha apenas para si mesmo.

Quando se fala do capitalismo como um discurso social, gerador do sintoma social do consumismo, diz-se que a sociedade está organizada nesse discurso, e apresenta esse sintoma. Tomar consciência disso, parar para pensar sobre essa organização social talvez seja algo que algumas pessoas nunca tenham feito. Reconhecer que nascemos em uma sociedade que já estava organizada dessa forma e que também apresentamos esse sintoma social pode não ser fácil. Mesmo inconscientemente fazemos parte da massa consumidora que precisa ter para aparecer e, quando isso é dito abertamente, pode chocar.

O propósito desse trabalho foi realizar uma análise, no entanto sem a intenção de dizer que a sociedade capitalista é melhor ou pior que as sociedades tradicionais, uma vez que cada uma tem suas peculiaridades, boas e ruins.

A crítica aqui apresentada é em relação a aceleração na sociedade contemporânea e o quanto essa vida apressada, o culto a velocidade, pode ser causador de sofrimento psíquico nos sujeitos, o quanto a pressa serve de disfarce para angústias.

Para além de fazer uma crítica, também se precisa pensar de que forma os profissionais de psicologia são afetados por conta desse discurso. Na lógica do consumo, a hipermedicalização está acontecendo cada vez mais. É como se as pessoas não pudessem suportar nenhuma dor, se estas sofrem com a perda de um ente querido durante mais de quinze dias já é sinal de alerta, como se o luto tivesse que ser vivido por todos da mesma forma. No entanto, não é assim. Esse processo, assim como outros, é subjetivo, podendo ser para alguns mais longo que para outros. O ser humano não é máquina, ele ainda sente dor física e também emocional e essa dor precisa ser escutada.

A sociedade vive apressada e prima por soluções rápidas para seus problemas, buscando sempre as saídas mais fáceis. Nesse sentido, muitas vezes, um sujeito em

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sofrimento psíquico busca outros profissionais ou até mesmo soluções “mágicas”, ficando o profissional de psicologia muitas vezes como o último a ser procurado, quando deveria ser uma das primeiras opções.

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